VAMOS
APRUMAR A CONVERSA? BIG SHIT BÔBRAS - Bastou
ser anunciado o maior evento de todos os tempos no Brasil, o Big Brother – a
big shit da televisão brasileira -, para se saber qual assunto será
predominante na escola, no hospital, no Congresso, nas Assembleias e Câmaras,
no Tribunais e Comarcas, nas delegacias, nos salões de beleza, nas filas dos
bancos, nas academias de ginástica e em todas conversas, debates e discursos de
todas as instituições públicas e privadas do país. De antemão já se sabe que os
intelectuais selecionados servirão de ícones e verdadeiros fabricantes de
opiniões, de penteados, de cacoetes, de enriquecimento da língua nacional, dos
conhecimentos mais relevantes da pós-modernidade e das condutas mais virtuosas
para o engrandecimento da patriamada. Com certeza, baterá todos os recordes de
audiência, demonstrando cientificamente a grande máxima do primeiro escriba
peró que aqui aportou, de que aqui, em se plantando, tudo dá – jeitinho,
manobras, camuflagens e prestidigitações, os símbolos mais nobres da nossa
índole. Haverá até concurso para ver qual tipo de intelectual será seguido,
copiado e adorado – definindo-se evidentemente quais serão os heróis prediletos
e, também, os vilões que serão contemplados com o opróbrio geral -, cultuados
tanto pela mídia nacional, como por todas as gentes de todos os quadrantes de
Pindorama. Devotados estarão noitedia louvando ou condenando aqueles e aquilo
que for feito na alcova, na cozinha, na mesa da sala, na piscina e em todos os
cafundós da residência faustosa - mantida à custa de merchandising, propaganda
subliminar e pelo verdadeiro desvelo de como atua e funciona a mão invisível -,
que acomodará os grandiosos vultos da nossa futura história. Será, sem dúvida,
um movimento tão importante que servirá de símbolo pátrio, a exemplo da
bandeira, do hino e de todas as insígnias representativas da nação. Será tão
devastador que, bastou seu anúncio, já provocou uma verdadeira debandada no que
de mais original existe na terrinha boa de Alagoinhanduba: o Big Shit Bôbras (BSB). A primeira baixa foi o desengate do Padre Bidião da
sua inseparável beata, baixando a batina e arrastando o chinelo para participar
de tal evento, seguido na hora pelo Doro e todos os comparsas que engrossavam a
participação de tão singelo espetáculo da paróquia. Sobraram apenas as mulheres
que se viram tão escanteadas e de mãos abanando que resolveram, de pronto e com
a revolta mais aguda de suas vidas, a criação de uma original e verdadeira
greve de sexo para quando os inconfidentes retornarem ao rincão. Já se vê que o
negócio está pegando e que, indubitavelmente, vai pegar mais. Enquanto isso, vamos
aprumar a conversa aqui e aqui.
PICADINHO
Imagem: a arte da artista visual Julia Broad.
Curtindo a música Qualquer Coisa a Haver Com o Paraíso (Milton Nascimento - Flávio
Venturini) com Milton Nascimento
& Peter Gabriel e todo o álbum Angelus (1994), em que o
Milton reúne além desse convidado outros como Pat MNetheny, John Anderson,
Wayne Shorter, James Taylor, Herbie Hancok, entre outros. Veja mais aqui.
EPÍGRAFE – Quid
legis sine moribus, frase utilizada nas Memórias,
do escritor, músico, historiador e sociólogo Alfredo d'Escragnolle Taunay (1843-1899): Constituições magníficas, pactos fundamentais, cheios de rutilantes
promessas, mas daí à prática vai um mundo; tudo letra morta... Demais, quid
leges sine moribus? [...]. Veja mais aqui.
CULTURA,
ARTE & PÓS-MODERNIDADE
- No livro Cultura de consumo e
pós-modernismo (Nobel, 1995), do sociólogo e editor britânico Mike Featherstone, encontro que: [...] São pessoas fascinadas com a identidade, a
apresentação, a aparência, o estilo de vida e a busca incessante de novas
experiências [...] Atuando entre a
mídia e a vida intelectual, acadêmica e artística, eles promovem e transmitem o
estilo de vida dos intelectuais e artistas para um público mais amplo e se
aliam a eles, intelectuais e artistas, para converter temas menos nobres, como
moda, esporte, musica popular, cultura popular, em campos legítimos de análise
intelectual e hierarquias simbólicas que se baseavam em distinções
pretensamente nítidas entre alta cultura e cultura de massas, além de contribuir
para educar e criar um público maior e mais receptivo para os bens e
experiências artísticos e intelectuais. Veja mais aqui.
REFLEXÃO
IMORAL – No livro Memórias póstumas de Brás Cubas (1881 - W.
M. Jackson Inc, 1938), do escritor Machado
de Assis (1839-1908), encontro o trecho que ele fala de uma reflexão
imoral: Ocorre-me uma reflexão imoral,
que é ao mesmo tempo uma correção de estilo. Cuido haver dito, no capítulo XIV,
que Marcela morria de amores pelo Xavier. Não morria, vivia. Viver não é a mesma
cousa que morrer; assim o afirmam todos os joalheiros desse mundo, gente muito
vista na gramática. Bons joalheiros, que seria do amor se não fossem os vossos
dixes e fiados? Um terço ou um quinto do universal comércio dos corações. Esta
é a reflexão imoral que eu pretendia fazer, a qual é ainda mais obscura do que
imoral, porque não se entende bem o que eu quero dizer. O que eu quero dizer é
que a mais bela testa do mundo não fica menos bela, se cingir um diadema de
pedras finas; nem menos amada. Marcela, por exemplo, que era bem bonita,
Marcela amou-me... [...]. Veja mais aqui e aqui.
TRÊS
SONETOS DE AMOR – No
livro Sonetos e outros poemas (FTD,
1994), do poeta português Manuel Maria Barbosa l´Hedois du Bocage
(1765-1805), destaco inicial um dos seus belos sonetos, o primeiro: Fiei-me nos sorrisos da Ventura, / em mimos
feminis. Como fui louco! / Vi raiar o prazer; porém tão pouco / momentâneo
relâmpago não dura. / No meio agora desta selva escura, / dentro deste penedo
úmido e oco, / pareço, até no tom lúgubre e rouco, / triste sombra a carpir na
sepultura. / Que estância para mim tão própria é esta! / Causais-me um doce e
fúnebre transporte, / áridos matos, lôbrega floresta! / Ah!, não me roubou tudo
a negra Sorte: / inda tenho este abrigo, inda me resta / o pranto, a queixa, a
solidão e a morte. O segundo: A teus
mimosos pés, meu bem, rendido, / confirmo os votos que a traição manchara; /
fumam de novo incensos sobre a ara, / que a vil ingratidão tinha abatido. / De
novo sobre as asas de um gemido / te ofr’eço o coração, que te agravara;
saudoso torno a ti, qual torna à cara, / perdida pátria o mísero banido. /
Renovemos o nó por mim desfeito, / que eu já maldigo o tempo desgraçado / em
que a teus olhos não vivi sujeito; / concede-me outra vez o antigo agrado; que
mais queres: eu choro, e no meu peito / o punhal do remorso está cravado. Por
fim, o terceiro: Os garços olhos, em que
Amor brincava, / os rubros lábios, em que Amor se ria, / as longas tranças, de
que Amor pendia, / as linda faces, onde Amor brilhava; / as melindrosas mãos,
que Amor beijava, / os níveos braços, onde Amor dormia, / foram dados, Armânia,
à terra fria, / pelo fatal poder que a tudo agrava. / Segui-te Amor ao tácito
jazigo. / Entre as irmãs cobertas de amargura. / E eu que faço (ai de mim!)
como os não sigo? / Que há no mundo que ver, se a Formosura, / se Amor, se as
Graças, se o prazer contigo / jazem no eterno horror da sepultura? Veja
mais aqui e aqui.
AS
MALVADAS & ATRAVÉS DA TELA
- A trajetória da atriz, cantora e compositora Alessandra Maestrini,
começou quando ela passou a integrar a temporada 1997/98 da peça teatral As
malvadas, seguindo-se Ó abre alas (1999), Aí vem o dilúvio (1999), Rent
(1999/2000), Les misérables (2002), Mamãe não pode saber (2002), A ópera do
malandro (2003), O casamento do pequeno burguês (2004), Utopia (2006), A ópera
do malandro Em concerto (2007), 7, o musical (2007/2008), Doce deleite (2009) e
New York, New York (2011/2013). No cinema ela atuou nos filmes Fica comigo esta
noite (2006), O labirinto (2007), Polaroides urbanas (2008), Primeiro ato
(2009) e Através da tela (2009). Também tem feito muito sucesso na televisão,
na qual atualmente participa do elenco do Toma lá, dá cá. Veja mais aqui.
FICA
COMIGO ESTA NOITE – A
comédia Fica comigo esta noite
(2006), dirigido por João Falcão e baseada na peça homônima de Flávio de Souza,
conta a história de um casal de jovens que se conhecem ainda jovem e se casam
alguns anos mais trade, atravessando uma crise no casamento. Isso acontece na
mesma época em que o marido morre assim, repentinamente, acontecendo o fato de
que ele não sair sem se despedir e precisando resolver tudo com ela. Com isso,
traz o enredo de uma história de um amor desgastado pelo cotidiano, reavivado
na situação limite da morte. O destaque do filme, como não poderia deixar de
ser, vai para a atriz Alessandra Maestrini. Veja mais aqui.
IMAGEM
DO DIA
O repouso do escultor (1933), do pintor,
escultor, ceramista, cenógrafo, poeta e dramaturgo espanhol Pablo Picasso (1881-1973). Veja mais
aqui.
DEDICATÓRIA
A edição de hoje é dedicada à atriz,
escritora e roteirista Maria Martha.
AS PREVISÕES DO DORO PARA 2016
LEITORA TATARITARITATÁ
Imagem: foto de Fox Harvard.