DIÁRIO DE QUARENTENA – UMA: TUIA DE ASTEROIDES NA ÁREA – Para
quem estava roncando na madrugada nem viu um asteroide tirar um fino na Terra.
Como é? Foi. O 2020 LD passou a menos de 1 quilômetro de distância, como aquele
2002 NN4, isso segundo golpe de vista dos astronautas da EarthSky que aflitos
avisaram à NASA depois que passou raspando. Vixe! Na outra parte acordada do
mundo, nem deu tempo de ver o buruçu de tão atarefados com os seus afazeres,
também passaram batido. O pior é que já passaram um bocado deles, só cinco
deles por semanas consecutivas e outros tantos, como o 2013 XA22, 2020 KY e o
2020KZ3, estarão pela redondeza de deixar a gente torando aço pela ameaça
potencial. Já se pensa no desenvolvimento de um alerta precoce, o que demandará
tempo, muito embora haja a previsão de uma missão de defesa planetária, o Teste
de Direcionamento de Asteróides Duplos (DART), para não se sabe quando. Eita! Até lá a gente
fica entre as coincidências significativas e a sincronicidade junguiana, porque
já se sabe que dia desses aí um deles, entre os Objetos Próximos à Terra (NEO),
teibei. Até lá a gente fica naquela da Ella Fitzgerald: O otimismo é o conteúdo
dos homens pequenos em lugares altos. Por isso vou ficar aos pinotes
testando a impulsão para ver se chego lá em Vênus ou Marte e me livro disso.
Até parece.
DUAS: COISICÍDIO GERAL - E é mesmo! Isso não é nada, ora. Para quem
se ligou na bronca dos asteroides, esqueceu-se que aqui a gente vive muito
pior, principalmente agora que os coiteiros Zezuloides ecoam para que não se
estique a corda porque estão invadindo os hospitais e armando a maior
porqueira. Como é que pode, hem? Esses coisominions não se tocam, né? Eles
vivem numa Síndrome do Possível no meio do utilitarismo e dum economicídio maluco,
a ponto de se acharem incólumes dos desmandos do seu próprio líder coisonário! Haja
Covid19 para aplacar esses abestados. Aí Almada Negreiros solta essa na minha cara: As
palavras dançam nos olhos das pessoas conforme o palco dos olhos de cada um.
Danou-se! Enquanto o Brasil dança no meio dessa barulheira, está na hora da
gente entoar nossas canções, gente!
TRÊS: ORAÇÕES & CHAPOLETADAS – Ah, tenho uma melhor! Juremilda
ri à toa! Em que planeta ela vive, hem? Ela é evangélica só no dizer, uma buliçosa
achegada a umas vestes justas e decotadas que expõem suas formas saudáveis e
proeminentes, olhos vivos e imantados, batom vermelho nos salientes lábios e
uma risada larga e solta para todo lado. Um dia me chamou até um recanto do seu
quarto e me mostrou a razão de tudo isso: um oratório com o seu panteão
hagiológico, tudo encomendado sob seus requisitos: Essa aqui é Cidinha, minha
padroeira, e as santinhas da minha devoção. Esse é Tonhinho que vive mais de
cabeça pra baixo dentro dum copo cheio por não me dar um macho bom. Podia ser
esse aqui, né santo! E ri folgadamente me mostrando Zezim, Chiquim, Pedim, até
o Padim Ciucim, o único paramentado da forma usual, com um cordão saindo da
batina e, ao puxá-lo, aparece aquele pra-te-vai ajegado, dela soltar das suas
mais graúdas gaitadas. As santas todas em poses de pin-ups sedutoras, os santos como viris super-heróis só de sunga. No
alto, um crucifixo entalhado que ela encomendou com um Jesuisis pintudo, dela
beijar-lhe a testa, os pés e a pitoca sob reza contrita e prazerosa. Depois olha
para mim, levanta a saia e esfrega o crucifixo no pinguelo, de chegar a vê-la
virando os olhos às gargalhadas. Essa Juremilda é muito espalhafatosa, graças,
Deus mantenha. Quando a vejo lembro dum verso do Mihai Eminescu: As pessoas alegres
cometem mais loucuras do que as pessoas tristes, mas estas fazem-nas mais
graves. A-há! Com essa vou ali desobstruir a tripa gaiteira para desinchar
o bucho e até amanhã, visse? © Luiz Alberto
Machado. Direitos reservados. Veja mais abaixo e aqui.
DITOS & DESDITOS: Tenho a
crença inabalável e angustiante de que é nas aberrações que o Ser penetra na
superfície e revela sua verdadeira natureza. A verdade é terrível: descrever é
destruir. Descrever algo é como usá-lo – destrói; as cores vão perdendo a
nitidez, os cantos se embotam e, por fim, tudo que foi descrito começa a
desbotar, a desvanecer. Pois é, o corpo humano é certamente desumano.
Especialmente um corpo morto. Pensamento da premiada escritora e
roteirista polonesa e premio Nobel de 2018, Olga Tokarczuk, que é graduada em Psicologia pela Universidade de
Varsóvia e que atuou como terapeuta antes de se dedicar à literatura,
expressando que: O mundo é uma grande rede, é um todo único, e não existe nada que seja
isolado. Cada fragmento do mundo, até o menor deles, está interligado com os
outros através de um complexo cosmos de correspondências, onde uma mente
simplória dificilmente penetra.
A MÚSICA DE SONYA BACH
Acredito que minha origem étnica ajudou minha carreira
profissional. Sem dúvida, ajudou musicalmente. Meu país natal, a Coréia, tem
uma história escrita de mais de 5.000 anos e tenho muito orgulho de ser
coreano. Temos uma ótima tradição musical de diferentes gêneros - minha tia-avó
é um renomado músico tradicional coreano - que aprecio e gosto muito. Gosto
especialmente do pansori, um famoso gênero de música tradicional muito
semelhante ao flamenco espanhol, que é performance de vocal e percussão. A
música, no que diz respeito à performance do artista, existe apenas e
exclusivamente no momento em que está sendo executada. Assim, em todos os
efeitos, a música é sempre contemporânea nas características da interpretação.
SONYA BACH - A arte
da premiada pianista coreana Sonya Bach, que iniciou no piano ainda
criança, aos três anos de idade, e deu o seu primeiro concerto aos cinco,
estreando em orquestra aos nove. Tem-se apresentado nos mais prestigiados
palcos de concerto da Europa, América do Norte e Ásia. A par disso tem
transmitido as suas atuações ao vivo em vários canais televisivos e estações de
rádio. Veja mais aqui.
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A MÚSICA
DE GIANNA NANNINI
Quando eu tinha 18 anos, queria fugir de casa e da minha
cidade natal, Siena. Então eu fui para Milão. Pela minha música. Também
trabalhei para ajudar alguns pacientes em hospitais psiquiátricos, mas logo
descobrimos que tínhamos mais problemas do que as pessoas no hospital! (Risos)
Sempre foi meu sonho trabalhar em psicologia. No meu primeiro álbum, dediquei
uma música a uma mulher que estava em um hospital psiquiátrico. Tivemos um
grande movimento anti-psiquiátrico na Itália nos anos 70. Não quero essa marca de
homossexual ou heterossexual. A palavra pansexual significa apenas todos os
tipos, todos os tipos de amor. Temos heterossexismo, envelhecimento - o mundo
está cheio dessas palavras da prisão. Palavras podem aprisionar você! Para mim,
o pansexual é tão grande que você não pode tocá-lo. Você não pode colocá-lo em
um canto. Nunca coloque amor em um canto! Porque se você faz, com suas
palavras, você encurrala pessoas reais - você se divide.
GIANNA NANNINI - A arte da premiada cantora e compositora italiana Gianna
Nannini, que estudou piano e composição, e alcançou o sucesso a
partir dos anos 1980, sendo graduada em Filosofia pela Universidade de Siena e
tem realizado participações ativistas em nome da defesa do meio ambiente. Veja
mais aqui.
A ARTE DE ROBERT CRUMB
Eu nem sei mais o que amor significa. Eu amo minha filha, amo meu neto.
Mas você deve definir o amor como um tipo de sentimento egoísta por outra
pessoa? Há egoísmo no amor. Só que não quero que minhas relações com mulheres
sejam baseadas em egoísmo. Embora eu possa gostar muito de indivíduos
específicos, a humanidade em geral me enche de desprezo e desespero. Não leio
jornais. Ouço discos antigos e leio muitos livros. Virei um leitor voraz. Leio
livros de jornalismo investigativo, que expõem meandros do sistema financeiro,
da corrupção…
ROBERT CRUMB - A arte do artista gráfico, quadrinista e ilustrador
estadunidense Robert Crumb, um dos fundadores do movimento underground dos
quadrinhos, criador nos anos 1960 do gibi artesanal Zap Comix, além da sua famosa ilustração para o álbum Cheap Thrills de Janis Joplin. Veja mais
aqui.
PERNAMBUCULTURARTES
A arte
da cantora pernambucana Vanessa Oliveira
que lançou o álbum O outro lado da história, em 2012, e tem participado de
gravações dos mais diversos artistas.
A obra do
escritor, folclorista e pesquisador Mário Souto Maior (1920-2001) aqui.
Que futuro é esse?, da advogada e analista judiciária Ilana
Branco aqui.
A poesia
de Afonso Paulo Lins aqui.
Bandeira nordestina, do
poeta, compositor e intérprete Jessier
Quirino aqui.
Baile
Perfumado, dirigido por Lirio Ferreira e Paulo Caldas aqui.
A arte de Zé Galdino aqui.
Pernambuco
e o império colonial – comarca de Alagoas aqui.
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