domingo, junho 06, 2010

SOUTO MAIOR, JOHNY ALF, CAMINHA, FRISH, RICARDO RAMOS, GILMAR LEITE, EROTISMO & LITERATURA ERÓTICA



LITERATURA ERÓTICA: EROS & EROTISMO –A literatura, conforme Moisés (2004) “(...) é a expressão dos conteúdos da ficção, ou da imaginação, por meio de palavras polivalentes ou metáforas”, deixando claro que literatura é ficção ou imaginação, além de ser um tipo de conhecimento expresso por signos verbais polivalentes. Em Brasil (1978) encontra-se que a literatura é o “(...) conjunto de conhecimentos, falados ou escritos, que despertam o sentimento do belo pela perfeição das formas e excelências das idéias”, sendo, pois, a arte de ler e escrever. Com base na revisão da literatura realizada pode-se compreender que literatura erótica é um gênero literário que faz utilização do erotismo em sua forma de expressão. Porém, com base em Alexandrian (1993), Stalloni (2003) e Durigan (1985), não se deve chegar ao reducionismo quanto a conceituação deste tipo de literatura, em razão de sua natureza polêmica e, também, por envolver uma série de outros não menos contraditórios temas que se encontram no âmbito de sua realização. Isto se deve ao fato de se estar usualmente inerente ao seu conceito, os debates acerca do erotismo e da pornografia, incendiando as controvérsias que vão desde o conservadorismo mais canhestra aos extremistas liberais mais escancarados, dando o sinal de que o tema não é tão pacificado quanto se tem ideia. Para tanto se faz necessário uma abordagem acerca do erotismo, sua raiz etimológica, conceitual e histórica, de seu confronto na afiada lâmina com a pornografia e suas derivações expressivas para se chegar a um possível conceito de Literatura Erótica, passando por filosofia, literatura, psicanálise, sociologia, ética e, sobretudo, sexo e sexualidade. EROS & EROTISMO: – Para se falar de Literatura Erótica é preciso abordar o Erótico e o Erotismo, buscando sua raiz para se projetar o entendimento. Erotismo e Erótico vêm de Eros, o deus grego do amor, que também é conhecido como Cupido, personificando todos os sentimentos ligados ao amor e ao desejo, inclusive a paixão física e a atração homossexual. Por isso, Eros significa amor sensual, amor físico. É a palavra usada pelos gregos para falar sobre sexo. Na Mitologia Grega, Eros é filho de Afrodite e de Ares. Conta-se tratar de um menino travesso e caprichoso, dotado de asas e armado de arco e flechas. É o mais jovem dos deuses. As flechas que atira têm a propriedade de deixar o coração dos mortais e dos imortais completamente inflamados de amor. Conta-se mais que Eros, sob os ardis da mãe Afrodite, é conduzido pela vingança a atrair Psiquê e que, ao contrário, se apaixonou por ela. Casaram-se, mas ele nunca permitiu que lhe visse as faces. Porém, atiçada pelas irmãs mais velhas, certa noite ela, armada por um candeeiro, viu o rosto do deus que, ao ser reconhecido, ergueu vôo e desapareceu, iniciando o sofrimento dela em busca do marido, se submetendo aos desafios da deusa-mãe. Conseguindo o apoio de Zeus, Eros resgata Psiquê e a transforma em deusa, unindo os dois para toda eternidade. Em outros mitos, Eros é dado como filho de Íris e de Zéfiro. Em outras ocasiões é dado como filho de Ártemis e de Hermes, sendo ainda encontrado como filho de Afrodite e de Hermes, ou de Afrodite e de Ares. Em Hesíodo (2005), Eros é apresentado como uma das forças primordiais que emergiram do Caos; saindo de um ovo posto por Nix, imaginado então como um enorme pássaro de asas negras. Para ele, o princípio impalpável de Eros, o Amor, criador de toda a vida, emergiu de uma força que uniu todos os contrários, isso porque Eros fez Gaia unir-se a seu filho Urano e gerar os Titãs, os Ciclopes, os Hecatônquiros - forças rebeldes da natureza em desordem. O Amor, força universal de atração, é que poderia justificar que os seres se unissem, produzindo as linhas de descendência que acabara por ligar todos os imortais e todos os mortais, e mesmo os deuses aos homens. Já Parmênides (1978), defendia que os deuses, antes de todos, pensaram no Amor, assinalando que: “Mulher e homem quando juntos misturam sementes de Vênus, nas veias informando de sangue diverso a força, guardando harmonia nos corpos bem forjados e modela. Pois se as forças, misturando o sêmen, lutarem e não se unirem no corpo misturado, terríveis afligirão o sexo nascente de um duplo sêmen”. E mais, no Banquete de Platão, Parmênides diz: “Primeiro de todos os deuses Amor ela concebeu”. Para ele, o grau mais baixo na escala do amor é o amor físico, que consiste no desejo de possuir o corpo belo para gerar no belo um outro corpo. Esse amor físico já constitui desejo de imortalidade e eternidade, "(...) porque a geração, realizada na criatura mortal, é perenidade e imortalidade". E é mau aquele amante popular, que ama o corpo mais que a alma; pois não é ele constante, por amar um objeto que também não é constante. Com efeito, ao mesmo tempo em que cessa o viço do corpo, que era o que ele amava, "alça ele o seu vôo" sem respeito a muitas palavras e promessas feitas. Ao contrário, amante do caráter, que é bom é constante por toda a vida, porque se funde com o que é constante. Depois, existe o grau dos amantes que se mostram fecundos, não quanto aos corpos, mas quanto às almas, portadores de germes que nascem e crescem na dimensão do espírito. Entre os amantes na dimensão do espírito se encontram, numa escala de progressão ascensional, os amantes das almas, os amantes da justiça e das leis, e os amantes das ciências puras. Finalmente, no ápice da escala do amor, encontra-se a visão fulgurante da Idéia do Belo em si, do Absoluto. No pensamento platônico encontra-se a ascese erótica que traz a idéia de que quando conduzida por Eros, a alma é levada da contemplação da beleza física à contemplação final de toda beleza. Com isso, Eros aparece como um "daimon" – uma força espiritual misteriosa, intermediário entre os deuses e os homens. Tomadas as dimensões de Eros e do Erotismo, encontra-se Bataille (2004) que traz o sua interpretação sobre o segundo: “(...) Creio que o erotismo tem para os homens um sentido que o esforço científico não pode atingir. O erotismo só pode ser considerado se levarmos o homem em consideração. Em particular, ele não pode ser considerado independentemente da história do trabalho, ele não pode ser considerado independentemente da história das religiões”. Tendo por base tal condução intelectual, passa-se à abordagem histórica da literatura erótica e erótica através dos tempos. Veja mais aqui, aqui e aqui.


Imagem: Eco de uma carta, do artista plástico Ricardo Paula.


Curtindo o álbum Johnny Alf - Eu e a Bossa - 40 anos de Bossa Nova (2001), do compositor, cantor e pianista Johnny Alf (1929-2010). Veja mais aqui.

EPÍGRAFE – [...] Esta terra, senhor, me parece que da ponta, que mais contra o sul vimos, até a outra ponta, que contra o norte vem, de que nós deste porto houvemos vista, será tamanha, que haverá nela XX ou XXI léguas de costa. [...] em tal maneira é graciosa que querendo a aproveitar dar-se-á nela tudo, por bem das águas que tem pero o melhor fruto que nela se pode fazer me parece que será salvar esta gente [...],  extraído do texto Os Brasis e o Brasil (Rio de Janeiro, 1929), do escrivão que veio na frota de Cabral e, do Brasil, escreveu a Dom Manuel, dando notícia do descobrimento, Pero Vaz Caminha. Veja mais aqui e aqui.

DICIONÁRIO FOLCLÓRICO DA CACHAÇA – O livro Dicionário folclórico da cachaça (Fundaj, 1980), do escritor, advogado, pesquisador e folclorista Mário Souto Maior (1920-2001), reúne verbetes com estudo, explicações, pesquisa, poesias e comentários acerca de tudo que circunda o universo do aperitivo popular cachaça, com prefácio de José Américo de Almeida e comentários de Carlos Drummond de Andrade e Jorge Amado. Veja mais aqui, aqui e aqui.

ENTRE A SECA E A GAROA – O livro Entre a seca e a garoa (Ática, 1998), do escritor Ricardo Ramos (1929-1992), reúne contos de outras obras do autor, a exemplo de Tempo de espera (1954), Os amantes iluminados (1988), entre outros, além de uma entrevista imaginária aproveitando trechos autobiográficos. Destaco da obra o trecho do conto Asa Branca: [...] Ali cantando no escuro. A canção conhecida, esquecida quase, num instante acordada. Com o arrepio dos seus versos. Com a sua ave de arribação, asa branca, se retirando também [...] para nunca mais voltar. Veja mais aqui.

O SER POETA - Entre os poemas do poeta Gilmar Leite, destaco O ser poeta: O poeta diz no verso o indizível, / Faz o belo surgir de qualquer canto; / Bota o riso no âmago do pranto, / E percebe o visível, no invisível. / É um ser, construído do sensível, / Pra mostrar os sentidos com encanto, / E fazer através do desencanto, / O possível, surgir do impossível. / Seu poder modifica a pedra em flor! / Faz o ódio morrer nas mãos do amor, / E se aflige, na dor dos oprimidos. / Ele enxerga, a aurora no crepúsculo, / Vê o grande oculto no minúsculo, / E é a voz dos que vivem esquecidos. GILMAR LEITE – O excelente blog do poeta, escritor, declamador, professor e pesquisador pernambucano Gilmar Leite, é uma das páginas mais representativas da rede internética. Reunindo parcialmente seu trabalho poético, enriquece seu espaço com fotos, clipes e outras importantes informações acerca de sua estrada e trajetória. Ele é natural da cidadezinha sertaneja pernambucana São José do Egito, às margens do Rio Pajeú, onde teve toda sua vida voltada para apreciação dos grandes nomes da literatura de cordel, tornando-se autor de livros Como “Libertação”, “Êxtase” e “Nascimento”, imprescindíveis para os apreciadores da boa poesia. Além disso é compositor de gabarito com parcerias musicais invejáveis. Veja mais aqui.



BIEDERMANN E OS INCENDIÁRIOS – A peça teatral Biedermann e os incendiários, do dramaturgo suíço Max Frisch, conta a história de uma cidade assolada por incêndios criminosos e o casal Biedermann hospeda um estranho e se mostra incapaz de agir quando ele e um parceiro começam a lidar com galões de gasolina, tratando-se de uma metáfora grotesca da alienação em forma de humor negro, satirizando povos e pessoas que se deixam levar poor uma morte silenciosa na esterilidade e inercia. Veja mais aqui.

CINZAS DO PARAÍSO – O filme Cinzas do paraíso (1997), dirigido pelo argentino Marcelo Piñeyro, conta a história de um juiz que cai no terraço do Palácio da Justiça e na mesma noite o corpo de uma moça é encontrado esfaqueado  em sua casa. Os três filhos do juiz declaram-se culpados do assassinato da jovem e uma juíza procura desvendar a relação entre as duas mortes. Destaque para a atuação da atriz e cantora argentina Letícia Bretice. Veja mais aqui.

IMAGEM DO DIA
Todo dia é dia da atriz e cantora argentina Letícia Bretice.




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