sexta-feira, junho 26, 2020

MAGGIE O’SULLIVAN, ASSUMPTA MUGIRANEZA, MARTA MINUJÍN, EMILIA ELFE & CAMILA SALES LUNA



DIÁRIO DE QUARENTENA – PROCURA DA POESIA: SEMPRE É MÚSICA E PALAVRA - Dou-me aos passos, sou o impossível porque me é real. Voo pelas calçadas e o formigueiro de gente me assusta com suas faces estranhas e exaltadas. Aqui nada é meu, foi um dia, não mais. Só a amável Pearl Buck me reconhece no que posso ser entendido: Até prova em contrário, todas as coisas são possíveis - e mesmo o impossível talvez o seja apenas nesse momento. No mais, sou paisagem invisível que insiste em viver além das possibilidades.

OUTRA: MEU NAVIO A SORTE INVENTA - Bordejo dias e noites, à deriva. Sou-me como posso: aos ventos e correntes. No que me dou, piso em falso, singro o mar e seus desertos. Do que fiz, nada feito. Quase um verso esquecido do Ozymandias de Shelley: Em torno à derrocada / Da ruína colossal, areia ilimitada / Se estende ao longe, rasa, nua, abandonada. Palavras saltam aos olhos diante do nada, o lado inexiste, sou repleto de amor.

MAIS OUTRA: RECOMEÇO, PELO PRAZER – Sou a canção que reverbera inconclusa, o verso que se perde ante a surpresa do esquecimento. Páginas que se dissolvem em narrativas esgarçadas, para que eu se o vazio e nada mais para dizer. Ouço vozes e cantos no mote de YannMartel: Se nós, cidadãos, não apoiamos nossos artistas, sacrificamos nossa imaginação no altar da crua realidade e acabamos não acreditando em nada e sonhando inutilmente. Não pudesse ouvir as vozes de cantos tantas belas exposições, nem poderia existir direito, valh0-me dessas tantas expressões para ser-me, o que sou para mim mesmo. Até segunda. © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja mais abaixo e aqui.

DITOS & DESDITOS: [...] Globalização... uma palavra que você ouve da boca de todo mundo, mas cujo significado e fatos raramente são compreendidos de maneira abrangente. Nossa era está lutando para pensar sobre o progresso do mundo atual; e já estamos há muito tempo atrasados na criação de ferramentas apropriadas para entender os novos desafios da globalização e medir o impacto das novas tecnologias da informação na nossa existência. [...] Nosso mundo se abriu, e não é provável que pare; ele melhorou com a abertura, e não apenas nos aspectos comerciais. Nossa era conquistou a queda do Muro, a desintegração dos antigos blocos (Leste – Oeste), o fluxo mais livre da informação e o acesso quase incontrolável a ela. Se um vírus pode explorar os caminhos da nossa liberdade, é antes de tudo porque esses caminhos existem, e são múltiplos. [...] Pensamento multilateral de ação, na busca de apoio mútuo e solidariedade, tornará possível salvaguardar as áreas de liberdade que foram conquistadas, e superarão este vírus e outros. Há esperança no pensamento livre. Trechos extraídos de Reflexões sobre uma era (Goethe Institut/Redaktion, 2020), da socióloga ruadesa Assumpta Mugiraneza, fundadora e diretora do Zentrums für multimediales Erbe (IRIBA), um centro de arquivos audiovisuais para fala e diálogo sobre o processo de reapropriação do passado, que oferece e apoia programas psicossociais, pedagógicos e artísticos para a reconstrução de laços intergeracionais e para dar voz aos jovens.

A POESIA DE MAGGIE O’SULLIVAN
Para defender este / poema de seu próprio ataque, / direi que tanto a / margem esquerda como a direita irregular aparecem constantemente / como eventos significativos, interrompendo frequentemente o que / eu pensava que estava prestes a / escrever e me fazendo escrever algo / completamente diferente. Mesmo / voltando a reescrever, o problema ainda / reaparece a cada seis palavras. Portanto, este / e todo poema é uma / obra marginal, em um sentido bastante literal. / Os poemas em prosa são outra questão: mas, / como se identificam como poemas / através do estilo e do contexto de publicação, / tornam-se um subconjunto marginal de poesia, / em outras palavras, duplamente marginal.
II - A hera dos líquenes de lagarto levou a alavanca do ouriço a um ataque. / Traor terrestre rabiscado, as ações das patas tainy blee / scoa, scog azul.
III - Lave / Os seguintes animais principais: truta, cachorro, / tigre, coruja, mariposa, lobo, gato, drake, morcego, peixe, / porco, golfinho, búfalo, abelha, escorpião, cobra, / águia, caranguejo, cabra, salmão, tartaruga. É IMPORTANTE / LAVAR ESTES ANIMAIS COM CANÇÕES, / um canto, um canto, um movimento / áspero / e incontrolável.
IV - O dançarino - Jink - / articulou / uprised & Nascimento -/ Alongamento, Amarrado / Tarambola, baixa baixa em um campo distante / AY - PR - PRO - LONGA, LESQUING - DESLIGADA - DESLIGADA - / (caiu, caiu, suave) / Um remo quebrado - / Eixo / expulso - (Recuar, Abordar, Recuar) / (manchado, tração, trashing).
V - Lá, ele mede e examina os / gravetos. As longas, longas varas. E começa a construir / o Salto de Maçarico / Real de sua boca - Pálida Massitude de Cachimbo - / Cardo / Corneliano / Pulsing & Grave he / Bois pano de obras -/ No oeste / isso ocorre, / considere.
MAGGIE O’SULLIVAN - A arte da poeta e artista visual britânica Maggie O'Sullivan, autora de obras tais como An Incomplete Natural History (1984), In the House of the Shaman (1993), Red Shifts (2000) and Palace of Reptiles (2003), entre outras. Veja mais aqui.

A ARTE DE MARTA MINUJÍN
A arte é universal. Não é que não seja sexuado, boa arte, grande arte não faz sexo. Grande arte, uma sinfonia de Beethoven poderia ser escrita por uma mulher ou um homem. E uma grande obra, e as obras de arquitetura também, não se sabe se são mulheres ou homens. A menos que você queira e sinta isso.
MARTA MINUJÍN - A arte da artista conceitual e performática argentina Marta Minujín.
&
A ARTE DE EMILIA ELFE
A arte da artista visual russa Emilia Elfe, que cria gráficos decadentes de mídia mista e inspiração vintage. Veja mais aqui.

PERNAMBUCULTURARTES
A arte da atriz e modelo Camila Sales Luna.
&
A música de Quinteto Violado aqui.
O espetáculo O diário das frutas, da Cais Companhia de Dança sobre obra de Bruno Albertim e Tereza Costa Rêgo aqui.
Ave sólida, de Vital Corrêa de Araújo aqui.
A arte de Sílvio Hansen aqui, aqui, aqui, aqui & aqui.
O documentário Bora ocupar aqui.
Os escritos de Anelise Lorena aqui.
Alma caeté aqui.
&
Panelas aqui & aqui.


PATRICIA CHURCHLAND, VÉRONIQUE OVALDÉ, WIDAD BENMOUSSA & PERIFERIAS INDÍGENAS DE GIVA SILVA

  Imagem: Foto AcervoLAM . Ao som do show Transmutando pássaros (2020), da flautista Tayhná Oliveira .   Lua de Maceió ... - Não era ...