DIÁRIO DE QUARENTENA – UM DIA & OUTRO, PARA
ONDE... – Ruas que me levam, calçadas, estradas, caminhos. Não sei para
onde vão, como se eu tão em vão tivesse para onde ir depois de tantos destinos
idos e vindos. Já não sei mais. Hoje é como se encontrasse Carl Sandburg para me dizer: Não
sei aonde vou, mas já estou a caminho. Para minha surpresa ele ainda
poetaria: O tempo é a moeda da sua vida.
É a única moeda que você tem, e somente você pode determinar como ela será
gasta. Tome cuidado para não deixar que outras pessoas a gastem por você. Tenho
apenas a luz do dia e a escuridão da noite, nada mais, vou terrares, voos para
onde.
DUAS TIRADAS & UMA SÓ – Nestes tempos tão adversos, a revelação da
tragédia. Confesso, jamais poderia sequer imaginar haver quem pudesse professar
o umbigo do bloco do eu sozinho no maior acinte de terraplanista e carteirada
negacionista com outros insultos preconceituosos e discriminatórios, nunca! Agora
que saquei aquela do Florestan Fernandes:
Um povo educado não aceitaria as
condições de miséria e desemprego como as que temos. Contra as ideias da força,
a força das ideias! Contudo, olhos arregalados: o inadmissível não é flagrado
cometido por incultos ou pobretões – esses são coagidos e punidos severamente
mesmo que nada devam, quando não recolhidos a um infecto amontoado nos presídios.
Muito pelo contrário, são praticados por impunes e execráveis autoridades e
ricaços que sob seu poder aviltam, sonegam, agridem e pisoteiam quem lhe
aparecer pela frente, fardados ou sem. Quem o exemplo, incabível; o Brasil se
dissolve e o complexo de vira-latas se avoluma inconcebível. Lembrei aquela do Manuel Puig: Esta vida é um sonho, o verdadeiro despertar é a morte que a todos
torna iguais. Não, aqui não é um sonho, pesadelo que se desenrola já alguns
anos e muitos sequer deram conta ainda da calamidade agora em dose dupla.
TRÊS TONS A MAIS & UMA CANÇÃO, ARDÊNCIA – O dedilhado
do violão era o verão incendiando o peito fronteira afora, labaredas inextinguíveis
da paixão. Acordes diminutos, bemóis e sustenidos de tons maiores ou menores,
harmonia para uma melodia das entranhas. Era dela a inspiração com seu sorriso
de Sol para iluminar minha vida e em minhas mãos o seu corpo para compor poemas
capazes de celebrar o amor em toda sua dimensão e uma canção para eternizá-lo. Até amanhã. ©
Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja mais abaixo e aqui.
DITOS & DESDITOS: [...] Apesar do fato de que em
alguns mortais de sorte, poesia e pensamento têm, poderia ter ocorrido
ao mesmo tempo e em paralelo, apesar de em outros. Felizmente, poesia e
pensamento poderiam ter se tornado um expressivamente, a verdade é que
pensamento e poesia enfrentam todos em toda a nossa cultura. [...] E assim vemos mais claramente a condição da
filosofia: admiração, sim, espanto. antes do imediato, para começar
violentamente a partir dele e lançar em outra coisa, algo que deve ser
buscado e perseguido, que não é dado a nós, que não revela sua presença.
Trechos extraídos da obra Filosofía y poesia
(México: Fondo de Cultura Económica, 2006), da filósofa e escritora espanhola María
Zambrano (1904-1991), que expressa em seu pensamento que: O próprio do homem é abrir caminho, porque,
ao fazê-lo, põe em exercício o seu ser; o próprio homem é caminho.
A LUA
NÃO PODE SER ROUBADA
Ryokan, um mestre
Zen, vivia o tipo mais simples possível de vida em uma pequena cabana no sopé
de uma montanha. Uma noite, um ladrão visitou a cabana e surpreendeu-se ao
descobrir que não havia nada nela para ser roubado. Ryokan voltou e o pegou. “Você
provavelmente veio de longe para me visitar”, disse ele ao gatuno, “e você não
deve voltar com as mãos vazias. Por favor, tome minhas roupas como um presente”.
O ladrão ficou completamente desnorteado. Ele pegou as roupas e escapuliu. Ryokan
sentou-se nu, observando a lua. “Pobre rapaz”, ele pensou, “eu gostaria de
poder ter dado a ele esta bela lua.
HISTÓRIAS
ZEN – Relato extraído
da obra Histórias
zen: uma coleção de escritos zen e pré-zen (Teosófica, 1999),
compilada por Paul Reps e traduzida por Pedro Oliveira. Veja mais aqui, aqui,
aqui e aqui.
A ARTE DE MERCEDES BAPTISTA
A arte da bailarina e coreógrafa Mercedes Baptista (1921-2014), a primeira afrodescendente a
integrar o corpo de baile do Theatro Municipal do Rio de Janeiro, responsável
pela criação do balé afro-brasileiro, inspirado nos terreorps de candomblé,
elaborando uma codificação e vocabulário próprio para essas danças. Sobre ela a
obra Mercedes Baptista: a criação da identidade negra na dança (Fundação Cultural Palmares, 2007), de
Paulo Melgaço e o documentário
Balé de
Pé no Chão – A dança afro de Mercedes Baptista (2007),
dirigido por Lílian Sola Santiago e Marianna Monteiro, afora a escultura elaborada
por Mario Pitanguy. Veja mais aqui.
PERNAMBUCULTURARTES
A arte
da performer, bailarina e coreógrafa Flávia
Pinheiro.
&
O
arranha-céu e outros poemas, do poeta, jornalista, professor e crítico
literário Cesar Leal (1924-2013) aqui.
Letrados
e ufanos: história do Club Litterario de Palmares
(1882-1910), do historiador, poeta e professor Vilmar Antonio Carvalho aqui.
A música
da Brasília Popular Orquestra (BRAPO), do maestro e professor palmarense da
Escola de Música de Brasília, Manoel
Carvalho aqui.
A arte
de Cícero Santos aqui.
Porque
era sábado no Una aqui.
&