DIÁRIO DE QUARENTENA – UMA: LHEGUELHÉ
DESENTURMADO - Nunca consegui me situar direito nas coisas,
sempre um tanto deslocado. Melhor dizendo: bastante por fora, mesmo. Quando não
passo batido, a oportunidade é adiada e cai no esquecimento. Foi. Com os da
minha idade, uma ou outra interlocução bem precária. Os mais velhos, uma barra
para superar a distância. Os mais novos, assim, meio que desencontrados. Com as
mulheres, ah sim, com elas tantas interações, só elas. Nem sempre. É que sou
daquele que atira no que vê e acerta no que nem está, péssima pontaria, pior
jogador. Só passei a me equilibrar melhor quando ouvi Fritz Perls: O primeiro e
último problema do indivíduo é integrar-se internamente e ainda assim, ser
aceito pela sociedade. Não é à toa que me sinta sempre peixe fora do
aquário, hehehehe. Vou.
DOIS: CARTA FORA DO BARALHO OU SEI LÁ O QUÊ – Nos
meus deslocamentos, tanto fiz que nem sei se um deu certo, eu estava errado,
isso sim; ou seja, se acertei, não era nada. Quando errei, parece que aprumou
no êxito, coisa assim, nem lá nem cá, ia e pronto. Se não havia como, arrumava
um jeito de proceder de qualquer forma. Ia mesmo. Foi aí que Edgar Morin chegou: Compreender não só aos outros como a si
mesmo, a necessidade de se autoexaminar, de analisar a autojustificação, pois o
mundo está cada vez mais devastado pela incompreensão, que é o câncer do
relacionamento entre seres humanos. Muito para aprender no meio de
conflitos e desenquadradas, vou assim mesmo.
TRÊS: QUANDO NÃO PISAVA NA BOLA, DAVA UM BRANCO GÉLIDO – Mesmo
assim eu perseverava: escorregando ali, topadas acolá, ia e vinha, isso quando
fazia a melada de ficar ou com a cara no chão, ou me fazendo que não havia
nada, de tão deslocado. Aprendi com Moraes Moreira: As horas em que mais errei
foram as que mais me ensinaram. Mas não tinha jeito, errava toda hora,
reincidente, sucumbente. Até que Patativa do Assaré poetou: É melhor escrever
errado a coisa certa do que escrever certo a coisa errada... Tinha jeito
nada, nunca me levei a sério, nem posso. Na linha, só o trem; quando eu,
qualquer coisa. Vou. Até amanhã. © Luiz Alberto
Machado. Direitos reservados. Veja mais abaixo e aqui.
DITOS & DESDITOS: A mulher da classe
trabalhadora me mostra muito mais do que as mulheres que são totalmente
limitadas pelo comportamento convencional. A mulher da classe trabalhadora
mostra-me as mãos, os pés e os cabelos. Ela me permite ver a forma e o corpo de
suas roupas. Ela se apresenta e a expressão de seus sentimentos abertamente,
sem disfarces. Senti que não tenho o direito de me retirar da responsabilidade
de ser uma advogada. É meu dever expressar os sofrimentos das pessoas, os
sofrimentos que nunca terminam e são tão grandes quanto as montanhas. Estou
gradualmente me aproximando do período da minha vida em que o trabalho vem
primeiro. Para o trabalho, é preciso ser duro e empurrar para fora de si o que
você viveu. Força é tomar a vida como ela é, sem se deixar quebrantar, e, sem
queixas ou excessivo choro, para fazer o próprio trabalho com vigor. Passei por uma revolução e estou convencida de que não
sou revolucionária. Eu pensei que era uma revolucionária e era apenas uma
evolucionária. Pensamento da escritora, gravurista, escultora, desenhista
e pintora alemã Käthe Kollwitz (1867-1945).
AS FÁBULAS DE LA FONTAINE
Ao longo
da tua vida tem cuidado para não julgares as pessoas pelas aparências. Aprendei
que todo o adulador vive à custa de quem o escuta. Nada há de mais perigoso do
que um amigo ignorante; mais vale um sábio inimigo. Não falar para o seu século
é falar com surdos. O símbolo dos ingratos não é a Serpente, é o Homem.
LA FONTAINE – As fábulas do poeta e fabulista francês Jean de
La Fontaine (1621-1695), foram escritas em três partes, seguindo o
estilo do grego Esopo, tendo para o significado de que: É uma pintura em que
podemos encontrar nosso próprio retrato. Por esta razão tornou-se o responsável
pelo desenvolvimento da fábula moderna e integrando o inventário humano através
dos séculos. Veja mais aqui e aqui.
A ARTE DE MÔNICA
BURITY
A arte da premiada bailarina, intérprete, criadora e
professora Mônica Burity, que é graduada em Dança pela UniverCidade, integra
a Focus Cia. de Dança e atuou em espetáculos como Eles Assistem e Eu Danço – Estudo para Mônica Burity (2005),
Samba Variationen (2002), Fauno
(2018) e Malditos (2019), entre outros. Veja mais aqui.
PERNAMBUCULTURARTES
Quem nasce no interior vivencia situações e conhece tipos que,
dificilmente, fariam parte da vida de alguém da cidade grande. O dinheiro até
que tem dado para tomar água de coco, mas preciso publicar e espalhar meus
livrinhos nas escolas públicas. Eu
sou o tipo do cara realizado, por vários motivos. Pela família, pelos amigos,
pela saúde. Tenho 80 anos e todas as minhas taxas estão normais.
A arte
do folclorista e etnólogo Mário Souto Maior (1920-2001), que escreveu e publicou mais de 70 livros, tornando-se um
dos mais destacados pesquisadores do folclore nordestino. Veja mais dele aqui,
aqui & aqui.
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A
história de amor de Fernando e Isaura, do escritor e dramaturgo Ariano Suassuna
(1927-2014) aqui.
Fisionomia
e espírito do mamulengo, do escritor, dramaturgo e advogado Hermilo
Borba Filho (1917-1976) aqui.
A poesia de do poeta, jornalista, professor e crítico
literário Cesar Leal (1924-2013) aqui.
Jutaí
menino, do escritor Gilvan Lemos (1928-2015) aqui.
Contribuição
à história do Ginásio Municipal dos Palmares, do Professor Brivaldo Leão de Almeida aqui.
Rio Una, a música de Jorge
de Altinho aqui.
A arte de
Paulo Profeta, IbaValeUna &
Pintando na Praça aqui.
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