POLÍTICAS
EM DEBATE
Neste
sábado, a partir das 16hs, estarei no programa Políticas em Debate, na Rádio Farol FM 90,7, com apresentação de Manoca
Leão.
A
CRIANÇA E O ADULTO – Para a criança, só é
possível viver sua infância. Conhecê-la compete ao adulto. Contudo, o que ira predominar
nesse conhecimento, o ponto de vista do adulto ou o da criança? Se o homem
sempre começou colocando-se a si mesmo em seus objetos de conhecimento,
atribuindo a estes uma existência e uma atividade conformes à imagem que tem
das suas, o quanto essa tentação não deve ser forte quando se trata de um ser
que vem dele e deve tornar-se semelhante a ele – a criança, cujo crescimento
ele vigia, guia e a quem muitas vezes lhe parece difícil não atribuir motivos
ou sentimentos complementares aos seus. Para seu antropomorfismo espontâneo,
quantas oportunidades, quantos pretextos, quantas aparentes justificativas!
[...] Em suma, é o mundo dos adultos que
o meio lhe impõe e disso decorre, em cada época, certa uniformidade de formação
mental. Mas nem por isso o adulto tem o direito de só conhecer na criança o que
põe nela. E, em primeiro lugar, a maneira como a criança assimila o que é posto
nela pode não ter nenhuma semelhança com a maneira como o próprio adulto o
utiliza. Se o adulto vai mais longe que a criança, a criança, à sua maneira,
vai mais longe que o adulto. Tem disponibilidades psíquicas que outro meio
utilizaria de outra forma. Várias dificuldades coletivamente superadas pelos
grupos sociais já possibilitaram que muitas dessas disponibilidades se manifestassem.
Com a ajuda da cultura, outras ampliações da razão e da sensibilidade não estão
potencialmente na criança? Trechos extraídos da obra A evolução psicológica da criança (Martins Fontes, 2007), do
filósofo, médico e psicólogo francês Henri Wallon (1879-1962). Veja mais aqui.
CENTO E
VINTE MILHÕES DE CRIANÇAS NO CENTRO DA TORMENTA - Há dois lados na divisão internacional do trabalho: um em que alguns
países especializam-se em ganhar, e outro em que se especializaram em perder.
Nossa comarca do mundo, que hoje chamamos de América Latina, foi precoce:
especializou-se em perder desde os remotos tempos em que os europeus do
Renascimento se abalançaram pelo mar e fincaram os dentes em sua garganta.
Passaram séculos, e a América Latina aperfeiçoou suas funções. Este já não é o
reino das maravilhas, onde a realidade derrotava a fábula e a imaginação era
humilhada pelos troféus das conquistas, as jazidas de ouro e as montanhas de
prata. Mas a região continua trabalhando como um serviçal. Continua existindo a
serviço de necessidades alheias, como fonte e reserva de petróleo e ferro,
cobre e carne, frutas e café, matérias-primas e alimentos, destinados aos
países ricos que ganham, consumindo-os, muito mais do que a América Latina
ganha produzindo-os. São muito mais altos os impostos que cobram os compradores
do que os preços que recebem os vendedores [...] nós habitamos, no máximo, numa sub-América, numa América de segunda
classe, de nebulosa identificação. É a América Latina, a região das veias
abertas [...]. Trechos extraídos da obra As veias abertas da América Latina (Paz e Terra, 1979), do jornalista e escritor uruguaio Eduardo
Galeano (1940-2015). Veja mais aqui.
VISÃO DO
MUNDO - O mundo não tem sentido sem o
nosso olhar que lhe atribui forma, sem o nosso pensamento que lhe confere
alguma ordem. É uma ideia assustadora: vivemos segundo o nosso ponto de vista,
com ele sobrevivemos ou naufragamos. Explodimos ou congelamos conforme nossa
abertura ou exclusão em relação ao mundo. E o que configura essa perspectiva
nossa? Ela se inaugura na infância, com suas carências nem sempre explicáveis.
Mesmo se fomos amados, sofremos de uma insegurança elementar. Ainda que
protegidos, seremos expostos a fatalidades e imprevistos contra os quais nada
nos defende. Temos de criar barreiras e ao mesmo lançar pontes com o que nos
rodeia e o que ainda nos espera. Toda essa trama de encontro e separação,
terror e êxtase encadeados, matéria da nossa existência, começa antes de
nascermos. Trecho de A marca no
flanco, extraído da obra Perdas &
Ganhos (Record, 2003), da
escritora e tradutora gaúcha Lya Luft. Veja mais aqui, aqui e aqui.
CONTRASTES
FILOSÓFICOS – [...] Às vezes queremos
muito alguma coisa e fazemos tudo para obtê-la, mas nossos esforços não levam a
nada. Outras vezes, ao contrário, quando não fazemos senão esperar, quando
somos somente pacientes, as coisas acontecem naturalmente. Parece, então, que
nossa passividade agiu: fomos então ativos ou passivos? Talvez seja mesmo
necessário agir sobre si mesmo para saber esperar. Da mesma maneira, pensamos
às vezes que as paredes que sustentam o teto da casa são passivas, até o dia em
que desmoronam. Vemos então como elas agiam de maneira eficaz. Concluímos,
então, que tudo age sobre tudo sem que o percebamos. Tudo pode, portanto, ser
considerado, ao mesmo tempo, ativo e passivo. [...] Trecho extraído da obra
O livro dos grandes contrastes
filosóficos (Log On, 2008), de Oscar Brenifier e Jacques Després.
COISAS
DO AMOR - [...] Pelas quatro horas da
tarde, avistou-se a “Estrela da Manhã” e ela correu para avisar Fernando. O
doente estava muito mal e, quando avistou Isaura, olhou-a com terrível
expressão de ansiedade. – Isaura – falou ele – já se avista a Barcaça? – Já! –
respondeu a mulher, com o coração batendo no peito com tanta força que ela se
sentia sufocada. – E a bandeira está içada no mstrou? – perguntou ainda o
marido. – Está, sim! – disse Isaura; e acrescentou, antes que um bom impulso
pudesse detê-la: - Mas não é branca como você disse não, é treta! – Então não
posso mais! – falou Fernando, como se sua dor fosse tanta que ele não pudesse
reter a vida por mais tempo. Seus olhos fecharam-se e ele deixou pender a
cabeça. – Fernando! – gritou sua mulher desesperada e só agora acordando para a
gravidade do que fizera. – Fernand0, não é verdade! A bandeira é branca. Mas
era tarde. Fernando acabara de morrer. [...]. Trecho extraído da obra A história de amor de Fernando e Isaura
(Bagaço, 1994), do
escritor e dramaturgo Ariano Suassuna
(1927-2014). Veja mais aqui, aqui & aqui.
ÚLTIMAS
DO FECAMEPA
Ministério da Saúde informa: use
seringa por oito vezes, mas se contaminar, jogue fora, doido!
Ministério da Educação informa:
Ninguém precisa mais estudar! Quem quiser aprender que pague!
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ÁGUA VIDA ÁGUA
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Para falar de “Água Vida”
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Num curto espaço de tempo
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Deus, como escreves certo
“Por linhas tortas o ditado”
Um mundo cheio de encrencas
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Contra o mal e o pecado
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Sem ninguém compreender
Por isso desperdiçam tanto
No futuro pode não ter
É isso que a humanidade
Preciso logo saber
Por mais que nós eduquemos
Ninguém procura saber
Nem sabem da importância
Do que se faz pra viver
Por isso desperdiçam tudo
Coisas do “ser ou não ser?”
Seja a Água Potável
Ou a de Igarapé
Seja as dos Grandes Rios
Temos é que botar fé...
Mas o povo não entende
Valei-nos! Maria de Nazaré
Acham por que a Amazônia
Tem o grande potencial
Da Água desse Planeta
Nunca vai faltar, que tal?
Mas se esquecem duma coisa:
Da devastação que é o mal
[...]
Trecho
extraído da obra Água, Vida Água
(Autor, 2011), do poeta e ativista cultural João de Castro.
A arte
de Rivail Azevedo.