quinta-feira, agosto 03, 2017

NA ÁREA COM GRACILIANO, MORIN, LIBÂNEO, EDUCAÇÃO, DIREITO, PSICOLOGIA & NÓIS AQUI TRAVEIZ.


FUI ALI, JÁ VOLTEI, ÓI EU AQUI TRAVEIZ – Imagem: art by Russell Kaplan – Fui ali, mas já voltei. Demorei um tiquinho, num foi? Pois é, imprevistos acontecem. Desde semana passada meio sumido, involuntariamente. Todo dia a gente muda em alguma coisa. No meio disso, tem mudanças que são mais custosas, às vezes no de repente, atendendo interesses alheios, até mesmo despropositais. São essas mudanças que pegam a gente às vezes de calças curtas – ou com elas arriadas, o que é muito pior, né não? -, ou quando são propostas no amiudado e a gente projeta em cima da risca e quando vai ver na real, não é nada daquilo que se havia pensado ou planejado. Nem digo, muito às avessas. Tem gente que muda de cara, de cabelo, de pele, eu mesmo já mudei tantas vezes por dentro, que nem sei se sou o mesmo que aparento ser: parece que a cara e todo resto permanecem o mesmo – baixim, buchudim, tronchim e bunitim, só um pouco mais gasto de uso -, eu só mudei de mesmo por dentro, ah, isso sim. Coisas assim e me rio muito. De casa, um tanto de vezes: já fui dali prali e depois pracolá, andejo que sou, corri mundo metido e cheio das pregas. Aprendi uma coisa: terra boa é o lugar que se vive, raízes, vínculos, afetos. Eu mesmo sempre fui lá meio que deserdado, desgarrado à-toa. Com a graça de Deus tudo vai bem, ainda não sei o que não tem volta. Já mudei muitíssimas vezes minha regra, a ponto de não saber que regulamento de verdade rege o meu viver, nenhum. Sei que uns – como eu - pelejam e nada, outros até sem fazer nada sai tudo bom: coisa de um milhão que nem vale duzentos, acho. Pra mim o ter tem que ter gosto de vontade nos peitos, puxado na conquista, é que nunca soube direito o que é de mão beijada. Sei que tem gente de ganhador aberto, bunda pra lua. Na hora de acertar, seus princípios austeros, nem dá o dedo a torcer, fecham a cara em má decência. Enfim, no fim dá certo. Tudo dá certo mesmo no fim, quer queira, quer não. Para mim, o bom mesmo seria um jeito de ser menos custoso, destá, cada qual seus percalços. Mas nem ligo, pensar demais atrapalha viver, vou de cara, na horagá. An-han! Seja lá meio dia, seja meia noite, apátrida e ultramundos meus sempre fui e não mais sou de mim, tenho o que perdi. Quem bebeu das águas do Una sabe do que estou falando: o ânimo de quem procura, um alvo é sempre um sentido, não importa qual, coisas de sentir e que não se pode negar: o mundo sem valor, aquele feito das coisas que são boas porque são boas, mais nada, fazem bem ao coração, à vida sem cerimônia ou explicação. Coisas que fazem sorrir e que acontecem sem mais nem menos. Essas são mais duradouras, porque são invendáveis. As coisas compráveis em moeda líquida e certa, no tome lá dê cá, ou na valsa de não sei quantas prestações, me parecem efêmeras, logo se vão, vida útil pré-determinada. Até as amizades que se parecem acertadas, negociadas, compadrios feitos nas conveniências, logo se vão entre os dedos da gente nem saber como foi que a amizade virou intriga, porque não se sabia o interesse, que havia o dares e tomares, o útil pra mim que dou. Basta ter precisão que quando procura ver não sobrou um pé de gente. Melhor pra quem não tem nada, ter pelo menos, a cortesia, a boa intenção. Ah, sermos o sentido e medida de valor das coisas, mesmo que o sentido e a medida noves fora nada de tão módica ou inexistente, coisas assim, que são boas só porque são, nada demais ou carente, que não haja um centavo que seja de valia. Como pode? Ventos no eucalipto e a desordem do mundo, tudo de pernas pro ar, as correntes dos rios, a plantação, o pomar, nenhuma correspondência. Hoje tudo tem preço e prazo de validade, meu coração sangra, folgo feliz quando encontro um amigo que havia se perdido pelas esquinas do mundo. Alegro e não participo da festa dos luminosos. Para quê? Tudo foi em vão até agora, rebanhos, apenas, cegos furores, espasmos de ontens, eternidades sonhadas, apenas mesmo, soma de zeros no instinto social, inevitável caduco que retorna sem um final no nada esboroando o perecimento. Nada, nada. Por isso só as amizades forjadas na simpatia, no afeto, sem interesse, sem moeda de troca, persistiram e vão intactas com o tempo. Quando vi só escombros, uma rosa resistia florescer no concreto armado: era um amigo que acenava, de verdade. Parecia renascer da destruição, salvando-se de ser condenado à mesmice, ou votado à dominação. Em suma: só o desejo de viver e de novo. Os rios trazem de volta tudo que já foi em forma de outra vez, outras águas de Heráclito, mordendo a cauda, ou se alimentando dos próprios excrementos. Ou o marido pródigo Eulálio da prosa de Rosa que voltava sem mais nem menos da capital pros cafundós dos gerais, tudo certo, o desplanejado. O eterno retorno de Nietzsche: nunca chore por mim, não chore não. E o peito aberto cantando pra seguir a canção e a cada qual a sina de agora, desatino vadio da ilusão. O apito do trem me apressa a hora, marcando o compasso do meu coração. Cada rosto se expõe na dor que chora, quando o peito é varrido pela paixão. Já é tarde, estou indo, eu vou embora, é que o choro arrocha o nó da canção de quem vai se entregar, seja em qualquer lugar, aonde a sorte vier. Perdão dos amores desfeitos na tora, arrancados no véu da contramão, fizeram outono na minha história, atraindo abandono e distração. Pelas ruas ganhei a pose e o disfarce, o abraço e o perigo da delação. Para a vida ofereço a outra face e pra morte celebro a confissão de quem vai se entregar, seja em qualquer lugar, aonde a sorte vier. Vou, uma palavra diz tudo, não explica nada. Vou ali, volto já, até amanhã, quem sabe. © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja mais aqui.

Imagem: art by Massimiliano Ligabue

PLANEJAR É PRECISO – Tudo que se deseja realizar na vida precisa ser planejado nos mínimos detalhes. Quando não se planeja direito, a coisa sai entronchada. Só sai mesmo endireitado, quando usamos da imaginação, visualizamos os mínimos detalhes do que desejamos e nos pomos a planejar, definindo o que se quer, o porquê, quais os objetivos e metas, o disciplinamento de execução, coordenação dos meios e recursos utilizados para atingi-los, enfim, conceber aquilo que se quer antes mesmo que ele exista de fato. Por isso, planejar é preciso. Ver detalhes aqui.

O MUNDO MARAVILHOSO DO LIVRO – Quantos livros maravilhosos eu viajei mundo afora na imaginação: Alice, Gulliver, Mobu Dick, muitas e tantas aventuras. Veja mais aqui.

VIDAS SECAS & SEM TERRA - [...] Vidas secas além de antecipar o que realmente aconteceria nos anos que se seguiram, continua a alertar aos novos movimentos, sobre a precarização das possibilidades de conscientização das famílias fabianas. O movimento que hoje envolve os trabalhadores rurais não tem sua base nos necessitados da seca que, como ação coletiva, possuem no final do século vinte, apenas o saque como proposta. Continuam migrando isoladamente para os lugares que, esporadicamente, oferecem alguma oferta de emprega, ou se colocam à margem nas cidades, continuando a viver como os sem. Concluir uma etapa na concepção dialética é, necessariamente, recomeçar. Recomeço aqui significa acompanha essa etapa da história dos sem terra, e a representação que a literatura fizer dessa nova forma de subjetivação, procurando desvelar a antecipação trazida pela arte como possibilidade. Trecho extraído de A representação metafórica dos caminhos do campesinato na década de trinta: os desejos de sinhá Vitória e a construção autoral de Graciliano Ramos em Vidas secas (Ufal, 1999), de Belmira Magalhães. Veja mais aqui.

A EDUCAÇÃO & O FUTURO - [...] A Humanidade deixou de constituir uma noção apenas biologia e deve ser, ao esmo tempo, plenamente reconhecida em sua inclusão indissociável na biosfera: a Humanidade deixou de constituir uma noção sem raízes: está enraizada em uma “Pátria”, a Terra, e a Terra é uma Pátria em perigo. A Humanidade deixou de constituir uma noção abstrata: é realidade vital, pois está doravante, pela primeira vez, ameaçada de morte; a Humanidade deixou de constituir uma noção somente ideal, tornou-se uma comunidade de destino, e somente a consciência desta comunidade conduzi-la a uma comunidade de vida; a Humanidade é, daqui em diante, sobretudo uma noção ética: é o que deve ser realizado por todos e em cada um. Enquanto a espécie humana continua sua aventura sob a ameaça da autodestruição, o imperativo tornou-se salvar a Humanidade, realizando-a. Na verdade, a dominação, a opressão, a barbárie humanas permanecem no planeta e agravam-se. Trata-se de um problema antropo-histórico fundamental, para o qual não há solução a priori, apenas melhoras possíveis, e que somente poderia tratar do processo multidimensional que tenderia a civilizar cada um de nós, nossas sociedades, a Terra. Sós e em conjunto com a política do homem, a política de civilização, a reforma do pensamento, a antropo-ética, o verdadeiro humanismo, a consciência da Terra-Pátria reduziriam a ignomínia no mundo. [...]. Trechos extraídos da obra Os sete saberes necessários à educação do futuro (Cortez/Unesco, 2000), de Edgar Morin. Veja mais aqui.

NATUREZA HUMANA, PSICOLOGIA & EDUCAÇÃO - [...] Não existe uma natureza humana definitiva, estável, como quer a psicologia corrente; ela vai se constituindo histórica e socialmente pela luta do homem com o ambiente, pela interação entre os indivíduos, pelo trabalho, pela educação. [...]. Trecho extraído da obra Psicologia educacional: uma avaliação crítica (Brasiliense, 1984), de José Carlos Libâneo. Veja mais aqui.

SOCIEDADE E DIREITO - A vida em sociedade implica, necessariamente, a existência de relações entre seus membros. As pessoas mantêm umas com as outras relacionamentos de várias espécies e de natureza diversa. Algumas dessas relações são objeto de regulamentação pelo Estado, que edita normas de conduta, cuja obediência é imposta a todas as pessoas. O Direito é, pois, um fenômeno humano e social. [...]. Assim, entre os homens ocorrem relações de natureza vária- de amizade, de cortesia, de religião, de negócios, etc. Quando uma dessas relações é regulada pela vontade da lei, qualifica-se de relação jurídica. O desrespeito a uma norma criada pelo Estado acarreta sempre uma sanção, que será mais ou menos severa, de acordo com a natureza da norma violada e do bem por ela tutelado. [...]. Trechos extraídos da obra Direito e processo: influência do direito material sobre o processo (Malheiros, 2003), de José Roberto dos Santos Bedaque. Veja mais aqui.

SOCIEDADE E PESQUISA SOCIAL - [...] Cientistas sociais e cidadãos comuns utilizam rotineiramente não somente mapas, mas uma grande variedade de outras representações da realidade social – alguns poucos exemplos aleatórios são filmes documentários, tabelas estatísticas ou as histórias que as pessoas contam umas às outras para explicar quem são e o que estão fazendo. [...] Pessoas numa variedade de disciplinas intelectuais e campos artísticos pensam saber algo sobre a sociedade que vale a pena contar para outros, e elas usam uma variedade de formas, mídias e meios para comunicar suais ideias e descobertas. Estudos comparativos destas maneiras de representar conhecimento sobre a sociedade mostram os problemas comuns que todas as representações envolvem e as diferentes soluções que as pessoas desenvolvem para situações diferentes. [...]. Trecho do ensaio Falando sobre a sociedade, extraído da obra Métodos de pesquisa em ciências sociais (Hucitec, 1999), de Howard Becker. Veja mais aqui.

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Art by Sara Riches from Australia.


MARIA RAKHMANINOVA, ELENA DE ROO, TATIANA LEVY, ABELARDO DA HORA & ABYA YALA

    Imagem: Acervo ArtLAM . Ao som dos álbuns Triphase (2008), Empreintes (2010), Yôkaï (2012), Circles (2016), Fables of Shwedagon (2018)...