DIÁRIO DE QUARENTENA – UMA: NINGUÉM PERDEU A
VIAGEM - Vou coração atravessando grades, o amor
brotando da carne, adiante. Nem pergunto se vale a pena, pouco importa, o que fica
da canção feita de emoções, versos da garganta aos ventos, tons dedilhados a
voar, alma comungada. Do que passou para o que virá, canta Mercedes Sosa, o Corazón
Libre de Rafael Amor: Durar
não é estar vivo, viver é outra coisa. Não dá para prever se será pela última vez,
nunca se sabe, tudo passa e só importa viver. E vivo.
DUAS: DE AMOR & ARTE, AMORARTE – Sempre fui muito
presepeiro, desde menino. Não parava quieto, buliçoso. Ouvisse o que se
dissesse, curioso, queria saber mais, sempre mais. E não fiz nada na vida a não
ser aprendiz no amor e na arte, nada mais. Quando ouvi do Somerset Maugham: Só o amor e
a arte tornam a existência tolerável, eu já sabia na Primavera de Ginsberg: Só a poesia torna a vida suportável!
TRÊS: POESIA É A VIDA E SÓ RESTA VIVER – Então, se apanhei
demais, errei além da conta, paguei o pato e ainda não quitei o que porventura
deva ou apareça pelos catabís e entroncamentos mundo afora, nada demais, sigo
adiante com aquela do poetinha Vinicius de Moraes: A vida é a arte do
encontro, embora haja tanto desencontro pela vida. Só sei que dos
espermatozoides fui o único que escapei, abri a porteira do mundo e vou pra
vida sem me importar com sorte ou azar, o presente é o meu presente todo dia e
agora. Vou. Até amanhã. © Luiz Alberto
Machado. Direitos reservados. Veja mais abaixo e aqui.
DITOS & DESDITOS: [...] Em
muitos relacionamentos, o homem se sente ameaçado pela magnificência da mulher,
e descobre uma infinidade de meios para fazê-la questionar sua própria beleza e
força. Um homem seguro não se sente ameaçado pelo poder intelectual ou
emocional de uma mulher, mas celebra a oportunidade que essa feliz parceria lhe
oferece. […]. Trecho extraído da obra O valor da mulher (Rocco, 1995), da escritora Marianne
Williamson, que propõe às mulheres uma viagem mais difícil antes de
conquistar o mundo: a descoberta da dimensão espiritual e o conhecimento da
vida interior. Ela defende que: O amor é
o sentimento com o qual nascemos. O medo é o sentimento que aprendemos aqui.
O
BAILADO DO DEUS MORTO, DE FLÁVIO CARVALHO
[...] V1: e o pelo do
Deus... L (cadenciadamente): para fazer pincel... V1: e os ossos do Deus... L:
para farinha de osso... [...] V1: E o sangue do
deus... L (bem alto): farinha para as galinhas... [...] V1: e as partes
imprestáveis... L: para guano... para guano... [...] A banha lubrificará
o moto-contínuo... [...] V1: e as glândulas
do pescoço... os gânglios... os gânglios... L: [...] eu sou o médico...
com o pescoço e os gânglios... fabricarei o novo deus... V1 (secamente): não
pode... V3: não pode.. não pode... V1: não pode... V2: não pode... Cai o pano.
O
BAILADO DO DEUS MORTO - Trecho extraído da obra teatral A origem animal de
Deus e o bailado do deus morto (Difusão
Europeia do Livro, 1973), do teatrólogo, filósofo, escritor, músico, pintor e
artista modernista Flávio de Carvalho (1899-1973),
que é um rito-espetáculo de curta duração, apresentado
com longa e dura ação reflexiva sobre o patriarcado, a religiosidade e sua
ligação com a fome, o medo e o sexo destronador da mulher inferior que tira o deus animal do mato, o faz homem
civilizado, sem a condição de deus, enquanto
todos ficam perplexos, porque as benesses do deus são distribuídas para humanos
em produtos industrializados num mundo mecanizado que não pode criar outro
deus. Escrita em 1933, a peça foi proibida durante
suas apresentações, sendo remontada pelo Teatro Oficina Uzyna Uzona,
com os atores e músicos usando réplicas das máscaras da montagem original. Trata-se,
portanto, de uma obra moderna com crítica radical e histórica do mundo artístico
e seu contexto. Ele é autor de outras obras, tais como Experiência n.2 realizada
sobre uma procissão de Corpus-Christi: uma possível teoria e uma experiência (Nau, 2001) Experiência #3 (Performance,
1956) e Os ossos do mundo (Ariel,
1936). Sobre sua obra encontra-se Flávio de Carvalho, o revolucionário
romântico (Philobiblion, 1985), de Sangirandi Júnior; Modernismo e
vanguarda: o caso Flávio de Carvalho (Estudos Avançados, 1998), de Rui Moreira
Leite; Flávio de Carvalho (1899-1973) entre a experiência e a experimentação
(Tese de doutoramento ECA-USP,
1994), de Rui Moreira Leite; Flávio de Carvalho - o comedor de emoções
(Brasiliense/Unicamp, 1994), de J. Toledo; A arqueologia do resíduo: os
ossos do mundo sob o olhar selvagem (Antiqua, 2013), de Marcus Rogério
Salgado; História d’O Bailado do Deus Morto: uma radical modernização do
teatro no Brasil. (Dissertação de
mestrado – UFMG, 2002), de William Golino; e Flávio de Carvalho (Cosac
Naify, 2009), de Luiz Camilo Osório. Veja mais aqui.
A ARTE DE EUGÈNE DURIEU
A arte
do fotógrafo francês Jean Louis Marie Eugène Durieu (1800-1974), que teve
muitos dos seus modelos pintados por Eugène Delacroix. Veja mais aqui.
&
A FOTOGRAFIA DE LUDMILA
FOBLOVA
PERNAMBUCULTURARTES
O premiado
documentário curta-metragem Mini
miss (2018), da produtora, diretora e
escritora Rachel Daisy Ellis, que apresenta
a moda sob a perspectiva das crianças, mostrando pequenas modelos de uma
perspectiva única: a câmera se posiciona exatamente na mesma altura delas,
meninas de todos os cantos do Brasil, porém todas elas brancas. Ela é formada
com mestrado em Políticas Sociais e, em 2010, tornou-se co-fundadora da produtora
independente Desvia que produz conteúdo audiovisual para o cinema que pesquisa
narrativas inovadoras.
&
Fome: um
tema proibido, do médico, professor catedrático, pensador, ativista
político e embaixador do Brasil na ONU, Josué de Castro (1908-1973)
aqui.
CAOS – Arte e Tecnologia nas questões sociais aqui.
Silêncio, da poeta Edjane Leal Cruz aqui.
O Bom
Pastor: as histórias e os afetos, organizado por Karina Vasconcelos aqui.
A música de Manoel Carvalho & Brapo aqui.
A fotografia de Natalí Paiva aqui.
A
contribuição sociológica da poesia de Ascenso Ferreira, de Maria do Socorro Barros y Durán & José Avani Tavares de Azevedo aqui.
O fantasma da Maria Fumaça aqui.
&