quinta-feira, julho 09, 2020

RASHIDA JONES, HARVEY, CARMEN FAUSTINO, MARIANNE WILLIAMSON, DURIEU, FLÁVIO CARVALHO, LUDMILA FOBLOVA, RACHEL DAISY ELLIS & LITERÓTICA



DIÁRIO DE QUARENTENA – UMA: NINGUÉM PERDEU A VIAGEM - Vou coração atravessando grades, o amor brotando da carne, adiante. Nem pergunto se vale a pena, pouco importa, o que fica da canção feita de emoções, versos da garganta aos ventos, tons dedilhados a voar, alma comungada. Do que passou para o que virá, canta Mercedes Sosa, o Corazón Libre de Rafael Amor: Durar não é estar vivo, viver é outra coisa. Não dá para prever se será pela última vez, nunca se sabe, tudo passa e só importa viver. E vivo.

DUAS: DE AMOR & ARTE, AMORARTE – Sempre fui muito presepeiro, desde menino. Não parava quieto, buliçoso. Ouvisse o que se dissesse, curioso, queria saber mais, sempre mais. E não fiz nada na vida a não ser aprendiz no amor e na arte, nada mais. Quando ouvi do Somerset Maugham: Só o amor e a arte tornam a existência tolerável, eu já sabia na Primavera de Ginsberg: Só a poesia torna a vida suportável!

TRÊS: POESIA É A VIDA E SÓ RESTA VIVER – Então, se apanhei demais, errei além da conta, paguei o pato e ainda não quitei o que porventura deva ou apareça pelos catabís e entroncamentos mundo afora, nada demais, sigo adiante com aquela do poetinha Vinicius de Moraes: A vida é a arte do encontro, embora haja tanto desencontro pela vida. Só sei que dos espermatozoides fui o único que escapei, abri a porteira do mundo e vou pra vida sem me importar com sorte ou azar, o presente é o meu presente todo dia e agora. Vou. Até amanhã. © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja mais abaixo e aqui.

DITOS & DESDITOS: [...] Em muitos relacionamentos, o homem se sente ameaçado pela magnificência da mulher, e descobre uma infinidade de meios para fazê-la questionar sua própria beleza e força. Um homem seguro não se sente ameaçado pelo poder intelectual ou emocional de uma mulher, mas celebra a oportunidade que essa feliz parceria lhe oferece. […]. Trecho extraído da obra O valor da mulher (Rocco, 1995), da escritora Marianne Williamson, que propõe às mulheres uma viagem mais difícil antes de conquistar o mundo: a descoberta da dimensão espiritual e o conhecimento da vida interior. Ela defende que: O amor é o sentimento com o qual nascemos. O medo é o sentimento que aprendemos aqui.

 

OUTROS DITOS

Eu sei que na vida haverá doenças, devastação, decepções, sofrimentos — é um dado adquirido. O que não é garantido é a maneira como você escolhe superar tudo isso. Se você procurar com atenção, sempre encontrará o lado bom...

Pensamento da atriz, cantora, escritora e modelo estadunidense Rashida Jones. Veja mais aqui.

 

AS CONTRADIÇÕES & FIM DO CAPITALISMO

[...] O capital carrega em si uma definição dissecante não apenas da imensa diversidade do mundo natural, mas também do enorme potencial da natureza humana para desenvolver livremente suas próprias capacidades e poderes. A relação do capital com a natureza e com a natureza humana é alienante ao extremo. [...] Qualquer estratégia dita "radical" que busque empoderar os desfavorecidos no âmbito da reprodução social, abrindo-o à monetização e às forças de mercado, está indo exatamente na direção errada. Oferecer aulas de educação financeira para a população em geral simplesmente exporá as práticas predatórias dessa população, que busca administrar seus próprios portfólios de investimentos como peixinhos nadando em um mar de tubarões. Oferecer microcrédito e microfinanças incentiva as pessoas a participarem da economia de mercado, mas o faz de forma a maximizar a energia que elas têm para gastar, minimizando seus retornos. Fornecer título legal para a propriedade da terra na esperança de que isso traga estabilidade econômica e social às vidas dos marginalizados quase certamente levará, a longo prazo, à sua desapropriação e despejo daquele espaço e lugar que já detêm por meio de direitos de uso consuetudinário. [...] Os capitalistas também, como observou o romancista Charles Dickens, gostavam de pensar em seus trabalhadores apenas como "mãos", preferindo esquecer que tinham estômago e cérebro. Mas, diziam os críticos mais perspicazes do século XIX, se é assim que as pessoas vivem suas vidas no trabalho, como podem pensar de forma diferente quando chegam em casa à noite? Como seria possível construir um senso de comunidade moral ou de solidariedade social, de modos coletivos e significativos de pertencimento e de vida que não sejam contaminados pela brutalidade, ignorância e estupidez que envolvem os trabalhadores no trabalho? Como, acima de tudo, os trabalhadores podem desenvolver algum senso de domínio sobre seus próprios destinos e fortunas quando dependem tão profundamente de uma multidão de pessoas distantes, desconhecidas e, em muitos aspectos, incognoscíveis, que colocam o café da manhã em sua mesa todos os dias? [...].

Trechos extraídos da obra Seventeen Contradictions and the End of Capitalism (Oxford University Press, 2015), do professor e geógrafo britânico David Harvey, autor das obras Rebel Cities: From the Right to the City to the Urban Revolution (2012), The Enigma of Capital and the Crises of Capitalism (2010), A Companion to Marx's Capital (2010), A Brief History of Neoliberalism (2005), The Condition of Postmodernity: An Enquiry into the Origins of Cultural Change (1989) e The Limits to Capital (1982), entre outras. As suas crônicas anticapitalistas formam verdadeiro guia para a luta de classes no século XXI, mencionando que: O capital se tornou muito sofisticado em absorver o tempo livre das pessoas porque ele não quer que você tenha tempo livre, porque você pode PENSAR... Veja mais aqui & aqui.

 

MEU ORGASMO É CURA

Quando a explosão \ Toma conta \ E aquece o estado \ Líquido... \ Toda dor \ Que esse mundo criou \ Para me levar \ A exaustão de banzo \ Evapora... \ Meu corpo \ Transcende \ Como brisa leve \ Beleza africana \ Consagração \ De um espírito livre \ Quilombola \ De quem goza \ Por rebeldia e pirraça \ Pois o meu prazer \ Você racista \ Não mata.

Poema extraído da obra Estado de libido: ou poesias de prazer e cura (Oralituras, 2020), da poeta, editora, educadora, gestora e ativista Carmen Faustino (Carmen Lucia Faustino). Veja mais abaixo & mais aqui & aqui.

 

O BAILADO DO DEUS MORTO, DE FLÁVIO CARVALHO
[...] V1: e o pelo do Deus... L (cadenciadamente): para fazer pincel... V1: e os ossos do Deus... L: para farinha de osso... [...] V1: E o sangue do deus... L (bem alto): farinha para as galinhas... [...] V1: e as partes imprestáveis... L: para guano... para guano... [...] A banha lubrificará o moto-contínuo... [...] V1: e as glândulas do pescoço... os gânglios... os gânglios... L: [...] eu sou o médico... com o pescoço e os gânglios... fabricarei o novo deus... V1 (secamente): não pode... V3: não pode.. não pode... V1: não pode... V2: não pode... Cai o pano.
O BAILADO DO DEUS MORTO - Trecho extraído da obra teatral A origem animal de Deus e o bailado do deus morto (Difusão Europeia do Livro, 1973), do teatrólogo, filósofo, escritor, músico, pintor e artista modernista Flávio de Carvalho (1899-1973), que é um rito-espetáculo de curta duração, apresentado com longa e dura ação reflexiva sobre o patriarcado, a religiosidade e sua ligação com a fome, o medo e o sexo destronador da mulher inferior que tira o deus animal do mato, o faz homem civilizado, sem a condição de deus, enquanto todos ficam perplexos, porque as benesses do deus são distribuídas para humanos em produtos industrializados num mundo mecanizado que não pode criar outro deus. Escrita em 1933, a peça foi proibida durante suas apresentações, sendo remontada pelo Teatro Oficina Uzyna Uzona, com os atores e músicos usando réplicas das máscaras da montagem original. Trata-se, portanto, de uma obra moderna com crítica radical e histórica do mundo artístico e seu contexto. Ele é autor de outras obras, tais como Experiência n.2 realizada sobre uma procissão de Corpus-Christi: uma possível teoria e uma experiência (Nau, 2001) Experiência #3 (Performance, 1956) e Os ossos do mundo (Ariel, 1936). Sobre sua obra encontra-se Flávio de Carvalho, o revolucionário romântico (Philobiblion, 1985), de Sangirandi Júnior; Modernismo e vanguarda: o caso Flávio de Carvalho (Estudos Avançados, 1998), de Rui Moreira Leite; Flávio de Carvalho (1899-1973) entre a experiência e a experimentação (Tese de doutoramento ECA-USP, 1994), de Rui Moreira Leite; Flávio de Carvalho - o comedor de emoções (Brasiliense/Unicamp, 1994), de J. Toledo; A arqueologia do resíduo: os ossos do mundo sob o olhar selvagem (Antiqua, 2013), de Marcus Rogério Salgado; História d’O Bailado do Deus Morto: uma radical modernização do teatro no Brasil. (Dissertação de mestrado – UFMG, 2002), de William Golino; e Flávio de Carvalho (Cosac Naify, 2009), de Luiz Camilo Osório. Veja mais aqui.

A ARTE DE EUGÈNE DURIEU
A arte do fotógrafo francês Jean Louis Marie Eugène Durieu (1800-1974), que teve muitos dos seus modelos pintados por Eugène Delacroix. Veja mais aqui.
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A FOTOGRAFIA DE LUDMILA FOBLOVA
A arte da fotógrafa tcheca Ludmila Foblova. Veja mais aqui.

PERNAMBUCULTURARTES
 
O premiado documentário curta-metragem Mini miss (2018), da produtora, diretora e escritora Rachel Daisy Ellis, que apresenta a moda sob a perspectiva das crianças, mostrando pequenas modelos de uma perspectiva única: a câmera se posiciona exatamente na mesma altura delas, meninas de todos os cantos do Brasil, porém todas elas brancas. Ela é formada com mestrado em Políticas Sociais e, em 2010, tornou-se co-fundadora da produtora independente Desvia que produz conteúdo audiovisual para o cinema que pesquisa narrativas inovadoras.
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Fome: um tema proibido, do médico, professor catedrático, pensador, ativista político e embaixador do Brasil na ONU, Josué de Castro (1908-1973) aqui.
CAOS – Arte e Tecnologia nas questões sociais aqui.
Silêncio, da poeta Edjane Leal Cruz aqui.
O Bom Pastor: as histórias e os afetos, organizado por Karina Vasconcelos aqui.
A música de Manoel Carvalho & Brapo aqui.
A fotografia de Natalí Paiva aqui.
A contribuição sociológica da poesia de Ascenso Ferreira, de Maria do Socorro Barros y Durán & José Avani Tavares de Azevedo aqui.
O fantasma da Maria Fumaça aqui.
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Jupi aqui & aqui.

 

CRÔNICA DE AMOR POR ELA

É nela que sou vivo: ela nua é linda...

Literótica & muito mais aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui & aqui.

  



ASTRID ROEMER, AMANDA MONTELL, CRISTINA RIVERA GARZA, CUMADI FULOZINHA & ARTE DA ESCOLA

  Imagem: Acervo ArtLAM . [...] a questão-chave investigada nesta pesquisa diz respeito a desconstruções estéticas vocais - com foco na m...