quarta-feira, julho 22, 2020

MARÍA ZAMBRANO, MERCEDES BAPTISTA, FLÁVIA PINHEIRO & A LUA NÃO PODE SER ROUBADA



DIÁRIO DE QUARENTENA – UM DIA & OUTRO, PARA ONDE... – Ruas que me levam, calçadas, estradas, caminhos. Não sei para onde vão, como se eu tão em vão tivesse para onde ir depois de tantos destinos idos e vindos. Já não sei mais. Hoje é como se encontrasse Carl Sandburg para me dizer: Não sei aonde vou, mas já estou a caminho. Para minha surpresa ele ainda poetaria: O tempo é a moeda da sua vida. É a única moeda que você tem, e somente você pode determinar como ela será gasta. Tome cuidado para não deixar que outras pessoas a gastem por você. Tenho apenas a luz do dia e a escuridão da noite, nada mais, vou terrares, voos para onde.

DUAS TIRADAS & UMA SÓ – Nestes tempos tão adversos, a revelação da tragédia. Confesso, jamais poderia sequer imaginar haver quem pudesse professar o umbigo do bloco do eu sozinho no maior acinte de terraplanista e carteirada negacionista com outros insultos preconceituosos e discriminatórios, nunca! Agora que saquei aquela do Florestan Fernandes: Um povo educado não aceitaria as condições de miséria e desemprego como as que temos. Contra as ideias da força, a força das ideias! Contudo, olhos arregalados: o inadmissível não é flagrado cometido por incultos ou pobretões – esses são coagidos e punidos severamente mesmo que nada devam, quando não recolhidos a um infecto amontoado nos presídios. Muito pelo contrário, são praticados por impunes e execráveis autoridades e ricaços que sob seu poder aviltam, sonegam, agridem e pisoteiam quem lhe aparecer pela frente, fardados ou sem. Quem o exemplo, incabível; o Brasil se dissolve e o complexo de vira-latas se avoluma inconcebível. Lembrei aquela do Manuel Puig: Esta vida é um sonho, o verdadeiro despertar é a morte que a todos torna iguais. Não, aqui não é um sonho, pesadelo que se desenrola já alguns anos e muitos sequer deram conta ainda da calamidade agora em dose dupla.

TRÊS TONS A MAIS & UMA CANÇÃO, ARDÊNCIA – O dedilhado do violão era o verão incendiando o peito fronteira afora, labaredas inextinguíveis da paixão. Acordes diminutos, bemóis e sustenidos de tons maiores ou menores, harmonia para uma melodia das entranhas. Era dela a inspiração com seu sorriso de Sol para iluminar minha vida e em minhas mãos o seu corpo para compor poemas capazes de celebrar o amor em toda sua dimensão e uma canção para eternizá-lo. Até amanhã. © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja mais abaixo e aqui.

DITOS & DESDITOS: [...] Apesar do fato de que em alguns mortais de sorte, poesia e pensamento têm, poderia ter ocorrido ao mesmo tempo e em paralelo, apesar de em outros. Felizmente, poesia e pensamento poderiam ter se tornado um expressivamente, a verdade é que pensamento e poesia enfrentam todos em toda a nossa cultura. [...] E assim vemos mais claramente a condição da filosofia: admiração, sim, espanto. antes do imediato, para começar violentamente a partir dele e lançar em outra coisa, algo que deve ser buscado e perseguido, que não é dado a nós, que não revela sua presença. Trechos extraídos da obra Filosofía y poesia (México: Fondo de Cultura Económica, 2006), da filósofa e escritora espanhola María Zambrano (1904-1991), que expressa em seu pensamento que: O próprio do homem é abrir caminho, porque, ao fazê-lo, põe em exercício o seu ser; o próprio homem é caminho.

A LUA NÃO PODE SER ROUBADA
Ryokan, um mestre Zen, vivia o tipo mais simples possível de vida em uma pequena cabana no sopé de uma montanha. Uma noite, um ladrão visitou a cabana e surpreendeu-se ao descobrir que não havia nada nela para ser roubado. Ryokan voltou e o pegou. “Você provavelmente veio de longe para me visitar”, disse ele ao gatuno, “e você não deve voltar com as mãos vazias. Por favor, tome minhas roupas como um presente”. O ladrão ficou completamente desnorteado. Ele pegou as roupas e escapuliu. Ryokan sentou-se nu, observando a lua. “Pobre rapaz”, ele pensou, “eu gostaria de poder ter dado a ele esta bela lua.
HISTÓRIAS ZEN – Relato extraído da obra Histórias zen: uma coleção de escritos zen e pré-zen (Teosófica, 1999), compilada por Paul Reps e traduzida por Pedro Oliveira. Veja mais aqui, aqui, aqui e aqui.

A ARTE DE MERCEDES BAPTISTA
A arte da bailarina e coreógrafa Mercedes Baptista (1921-2014), a primeira afrodescendente a integrar o corpo de baile do Theatro Municipal do Rio de Janeiro, responsável pela criação do balé afro-brasileiro, inspirado nos terreorps de candomblé, elaborando uma codificação e vocabulário próprio para essas danças. Sobre ela a obra Mercedes Baptista: a criação da identidade negra na dança (Fundação Cultural Palmares, 2007), de Paulo Melgaço e o documentário
Balé de Pé no Chão – A dança afro de Mercedes Baptista (2007), dirigido por Lílian Sola Santiago e Marianna Monteiro, afora a escultura elaborada por Mario Pitanguy. Veja mais aqui.

PERNAMBUCULTURARTES
A arte da performer, bailarina e coreógrafa Flávia Pinheiro.
&
O arranha-céu e outros poemas, do poeta, jornalista, professor e crítico literário Cesar Leal (1924-2013) aqui.
Letrados e ufanos: história do Club Litterario de Palmares (1882-1910), do historiador, poeta e professor Vilmar Antonio Carvalho aqui.
A música da Brasília Popular Orquestra (BRAPO), do maestro e professor palmarense da Escola de Música de Brasília, Manoel Carvalho aqui.
A arte de Cícero Santos aqui.
Porque era sábado no Una aqui.
&
O município de Pesqueira aqui & aqui.