A VIDA DUPLA DE CAROLYNE & SUA CHEBA BEIÇUDA – (Imagem recolhida do World Erotic Art Museum - WEAM) – Carolyne nasceu pobre de Jó e Maria Zefinha da Conceição, logo apelidada Maria Priquitão, razões pelas quais odiava sua vida. Entre brincadeiras e desgostos, ela cresceu e na adolescência resolveu mudar de tudo. A primeira paixão, o espelho; a segunda, o estojo de maquiagem; a terceira, o sutiã e os sapatos. Mudou de cara, cabelo, jeito e nome, não escapando de ser tratada às escondidas pelo codinome de nascença. Enrabichou-se por Tibonho, um vistoso curau que era enrolado de amores por uma bunduda doutro quarteirão, mais velho que ela e que passava amontado numa lambreta arrepiando corações. A coisa ficou mais braba quando, certo dia, o rapaz foi fazer uns serviços nos caibros de sua residência; no intervalo, ele foi mijar nas capoeiras e ela estava escondida numa grota. Aí, viu o membro avantajado do rapaz. É certo que ela não tinha lá discernimento ainda para ligar uma coisa à outra, se é que vocês me entendem. Assim, enquanto ela delirava de paixonite aguda por ele, o cabra nem seu silva de dar bola pra ela. Na mais completa desilusão sentimental, eis que lhe aparece Biuzinho, filho do então agiota e próspero comerciante, Biu Bregueço, que se engraçou para suas bandas. Sabida, segurou o promissor filho de novo rico na rédea curta até conseguir o que queria. Enquanto ela se embonecava as custas do namorico com cara de noivado às pressas e quase certo, o lerdo enamorado só queria ter acesso aos seus guardados, levado pelas cochichadas apimentadas sobre as suas partes pudedas. – Meu filho, espie só: aqui, só se vê a cor quando casar! -, dizia ela, enquanto ele enlouquecia com o jogo duro dela. Daí, encheu-a de presentes e de todas as manhas e dengos que mais envaidecem as mulheres, tendo sido, estranhamente, convocado a bancar, inclusive, uma consulta dela ao ginecologista, um certo médico afamado e de óculos fundo de garrafa e que, para ele, era bastante careiro. – Exigências de mulher, caprichos só! -, pensava o apaixonado. Depois de muita pacutia, ele conseguu levá-la ao profissional: - Doutor, quero que o senhor dê um jeito no meu priquito que é feio demais. Quando o médico foi conferir e que viu a intimidade da moça, disse para si espantado: - Nossa, essa é pior que a Pingueluda! Isso é um exagero da natureza! E ela: - Que foi, doutor? Tenho jeito? Minha filha, mulher com um negócio desse devia de ser muito feliz, porque se trata do sonho de qualquer cabra macho ter frente um bicho desse jeito! E com isso tentou convencê-la a não se submeter à cirurgia de estética vaginal. – Ah, doutor, incomoda, eu tenho que enrolá-lo pra caber na calcinha. Pudera, minha filha, quer vestir calcinha menor que seu manequim, ora! E enquanto conversavam a respeito, o doutor ficou pensando que para dar vencimento a um priquitão daquele só o Zé Corninho que tinha um prativai duns trinta centímetros. Mas, a vaidade falou mais alto e pediu logo orçamento pra intervenção cirúrgica, ficando acertado um determinado valor avultado para o desembeiçamento da cheba. Quando ela disse pro Biuzinho, o cara bufou: - Eita priquito caro da porra! Mas não deu outra, no dia aprazado, lá estava perna aberta aos cuidados médicos. Três meses depois, estavam marcando casamento. Ela feliz da vida, alcançava o que queria. Um ano e meio depois, devidamente casada de papel passado no cartório e em cerimônia ruidosa na igreja da matriz, ela era agora membro da família invejada dos Bregueços. O pai logo após o casório, encostou-se no filho e cochichou: - Hoje você vai ver o maior priquitão da história! Depois conta pra gente. Assim ia a vida, quando ela começou a desgostar do marido: ele não chegava junto, batia uma punheta e saía fora. Quando ela insistia no rala-e-rola, ele caiava. Por conta disso, ela resolveu ter a sua satisfação: comprar o passe do Tibonho sob o argumento de que era um primo de terceiro grau e eunuco. – Como? -, asseverou o marido: - Ora, se dizem que ele é o cara mais pimbudo da região e amasiado com Dora Bunduda! Nada, ele perdeu os colhões num acidente, só tem o membro grande e inútil. Como sempre, ela conseguiu, sabe-se lá por artes femininas que se conta, a anuência do marido e convocou o rapaz dos sonhos de infância para fazer serviços domésticos. Não demorou muito pros dois se arrocharem no maior chamegado, todavia, devido uma transação impensada do velho Bregueço na aventura de comprar uma usina de cana-de-açúcar, a fortuna dele foi pro ralo e com ele a beleza de Biuzinho com todo aparato de vida boa dela. Contudo, não menos atinada, ela conseguiu ainda esconder uns trocados no mealheiro, saindo-se ilesa do casamento e dos acochos de Tibonho para ganhar uma vida quase tranquila como funcionária pública da previdência social, por meio de concurso púbico prestado. Independente, como não deve satisfação alguma a seu ninguém, ela descobriu que todos os homens calçam quarenta e que só servem pra furunfar e fazer raiva. Por isso, sempre na dela e sem muito esforço, satisfaz-se aqui e ali com quem lhe cai na graça, o que é muito bem feito. © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja mais aqui.
Imagem: Nude, do pintor
polonês Boleslaw von Szankowski (1873-1953).
Curtindo o álbum New Skin for the Old Ceremony (Columbia
Records, 1974), do cantor, compositor e escritor canadense Leonard Cohen.
PESQUISA
Psicologia da arte (Martins Fontes, 1999), do psicólogo e
cientista bielorrusso Lev Vygotsky
(1896-1934), tratando acerca da psicologia e teoria marxista da arte e as leis
da dupla expressão das emoções e do menor esforço, as teorias do contágio, do
tom emocional e da empatia, entre outros assuntos atinentes à arte e pegagogia,
sentido social e vida, entre outros assuntos. Veja mais aqui, aqui e aqui.
LEITURA
Poemas (Companhia das Letras, 1998), do poeta,
dramaturgo e místico irlandês William Butler Yeats (1865-1939).
PENSAMENTO DO DIA:
Imagem: The School of Athens, do artista plástico italiano Raphael Sanzio (1483-1520) - Vatican
Museums.
A REPÚBLICA DE PLATÃO
[...] A
enfermidade física, como a enfermidade moral, é devida à ignorância. Uma
educação adequada eliminará as doenças em larga escola. Aos que, entretam, se
encontram incuravelmente doentes, deve-se peritir, misericordiosamente, que
morram. Porque uma morte rápida é preferível a uma longa enfermidade. [...]
Os advogados são um mal desnecessário.
Onde há conhecimento não há possibilidade de litígios. As leis que governam o
povo são pouco numerosas e de fácil interpretação, pois os dirigentes do Estado
sabem que cada lei nova traz em si a semente de uma nova classe de
contraventores. Esses dirigentes ensinam os cidadãos a governarem-se a si
mesmos, de sorte que a necessidade de policiá-los se reduz ao mínimo [...].
Trecho extraído de A República, do filósofo e matemático grego Platão (428/427 Atenas – 349/347 a.C.). Veja mais aqui e aqui.
IMAGEM DO DIA
Veja mais sobre Serenar na Crônica de Amor por Ela, Fernando Pessoa, André Van Lysebeth, Lev Vygotsky, Guinga, Philippe
Blasband, Lasar Segall, Ana Beatriz Nogueira, Manassés Borges & Luciano Freire aqui.
CRÔNICA DE AMOR POR ELA
Imagens
em exposição no World Erotic Art Museum
(WEAM), localizado no distrito Art Deco, em Miami (USA), com esculturas,
desenhos, pinturas e fotografias no museu e biblioteca com acervo de Rembrandt,
Picasso, Salvador Dalí, Botero, entre outros, voltadas para educação e história
da arte erótica.
CANTARAU: VAMOS APRUMAR A CONVERSA
Recital
Musical Tataritaritatá.