CRÔNICA DE AMOR POR ELA (Imagem:
O sonho dos outros – da exposição da
fotógrafa Claudia Andujar: No lugar do outro) – II – É ela na rua de todas as esquinas
e luzes e vitrines e olhares nas suas vestes encharcadas da álacre chuva dos
deleites da vida, com seus semáforos da noite luzidia de ir e de voltar. É ela do
penteado adornado de sonhos e luxo, pesadelos esdrúxulos na cabeça de vento
engajada na luta que é dela e mais ninguém. É ela das faces góticas, rouges e
sombras com suas sobrancelhas de espanto e olhos mais que vivos à espreita do
golpe da morte. É ela dos lábios carnudos e batom vivo vermelho na boca
sedutora de todos os prazeres e que fala manhosa grunhindo no ouvido com
todos os ferros que fustigam a pele cotidiana nas camas oníricas anoitecidas
entre viver e morrer. É ela o decote arraigado da vitória agida de todas as
guerras levadas no peito dos óvnis de Dois Irmãos que me acolhem
voluptuosamente maternos para que eu escale o íngreme aclive até voar asa delta
de um a outra com minha gula pra lá de insaciável. É ela umbigo de fora na
cinturinha de pilão dos quartos generosos que são ancas profusas sambando
noitedia no palco do meu coração, esquentando o meu sexo pronto para a erupção
vulcânica de todas as minhas vinganças de gozo. É ela o ventre da Terra com
todas as grutas escuras pra investigações provocantes, a me iniciar nos
mistérios de que a vida é além do se vê, sente e percebe no átimo de tudo. É
ela de coxas roliças macias pro aconchego do colo de veludo nos cafunés me
mimando no dengo do que sou de menino atrevido e peralta buliçoso traquino no
seu ninho de paz. É ela as pernas que guardam meu corpo no caminho de todas as
quimeras de atalhos e trilhas jamais revividas. É ela dos pés alados a me levar
por todas as estradas das rotas estelares que lançam na imensidão cósmica e nos
recônditos das brenhas abissais. É ela o corpo de chão com toda a fauna e flora
de todas as maravilhas do planeta dispostas pra mim, com a água de todos os
oceanos e rios e o vento de todas as aragens dos pontos cardeais. É ela a carne
saborosa de toda riqueza da Mãe Natura pra todo faminto repasto mais que
suntuoso. É ela o coração do mundo, a alma da vida que se faz de manhã eterna
cunhã caingang Iaravi filha do fogo e toda noite vem carregada de açoites e
sedução feita valquírya Freya pra me envolver com todos os seus poderes mágicos
do amor. © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja mais aqui, aqui e
aqui.
Imagem: Les demoiselles d'Avignon (As Senhoritas de Avignon - Bordel Filosófico, 1907), do pintor, escultor, ceramista, cenógrafo,
poeta e dramaturgo espanhol Pablo
Picasso (1881-1973). Veja mais aqui e aqui.
Curtindo a obra Progression-Form for cl.
and piano (Akua Keta Disco Theatre), do ocompositor,
pianista e maestro italiano Roberto
Carnevale.
PESQUISA
Novo
Manual de Teoria Literária (Vozes, 2007), do escritor, professor e
webjornalista Rogel Samuel,
apresentando os conceitos básicos e as modernas pesquisas feitas sobre os
gêneros literários, além do das teorias críticas, da literatura comparada e das
teorias pós-modernas. Veja mais aqui, aqui, aqui, aqui e aqui.
LEITURA
Os 120 dias de
Sodoma, ou Escola de
Libertinismo (Les 120
journées de Sodome or l'école
du libertinagem – 1785 - Iluminuras, 2008), do escritor libertino francês Donatien
Alphonse François de Sade, mais conhecido como Marquês de Sade
(1740-1814), uma novela que conta história de quatro ricos homens libertinos que
resolvem experimentar a definitiva gratificação sexual em orgias e, para isso, eles
se trancaram por quatro meses num castelo inacessível com um harém de quarenta
e seis vítimas, a maioria adolescentes de ambos os sexos, e recrutaram quatro cafetinas
para contar a história de suas vidas e suas aventuras. Veja mais aqui, aqui,
aqui e aqui.
PENSAMENTO DO DIA:
Por afrontamento do desejo
insisto na maldade de escrever
mas não sei se a deusa sobe à superfície
ou apenas me castiga com seus uivos.
Da amurada deste barco
quero tanto os seios da sereia.
Poema Nada, Esta Espuma, da
escritora e tradutora Ana Cristina César – Ana C. (1952-1983). Veja mais
aqui.
IMAGEM DO DIA
Cena da atriz australiana Linda
Marlowe no drama de terror Dyn Amo (1972), produzido por Michael Armitage e Maggie Pinhorn, baseado
na peça teatral Dínamo, do
roteirista, produtor e diretor Chris Wilkinson, que conta a história da distinção entre o eu e os outros, o sexual role-playing e o
masoquismo.
Veja mais sobre Cagliostro, Darel Valença Lins, Ana Cristina César, Marquês
de Sade, Nelson Rodrigues, Márcia Haydée
Salavarry Pereira da Silva, Banda Bicho de Pé & Janie Rhyne aqui.
CRÔNICA DE AMOR POR ELA
Hoje é o
Dia Internacional da Prostituta
marcando o evento ocorrido no dia 2 de junho de 1975, quando 100 prostitutas
entraram em greve e ocuparam a igreja de Saint-Nizier, em Lyon, na França, por
conta de dois assassinatos, a violência de cafetões e clientes, e da repressão
policial. O movimento durou 8 dias chamando atenção para sua situação, findando
sob ação policial. Por conta disso, a partir de 1976, o dia 2 junho passou a
ser uma data consagrada, lembrando a discriminação, as condições de vida
precária, o trabalho e a exploração. Em 2011, foi realizado em Bochum, na
Alemanha, o evento Mulheres sem quartos, numa manifestação contra as ações de
Dortmund de suprimir as prostitutas da vida pública. Outras datas importantes
são no mês de março quando ocorre Internacional
Sex Workers’ Rights Day (Dia Internacional dos Direitos dos Trabalhadores
de Sexo) e no dia 17 de dezembro, o International
Day to End Violence Against Sex Workers (Dia Internacional contra a
violência contra prostitutas).
CANTARAU: VAMOS APRUMAR A CONVERSA
A arte
gravadora, escultora, pintora, professora e artista multimídia Lygia Pape.
Recital
Musical Tataritaritatá