DIÁRIO DE QUARENTENA – UMA: APESAR DOS
CONTRAS, A GENTE PERSEVERA - Em que pese a plena vigência de duas
tragédias agora, seja pela hecatombe da pandemia, seja pela maledicência,
despudor e crueza do malsucedido desgoverno da morte com seus cacoetes mancos e
sectários, nada banal para a indignação que a miopia quanto o
antiintelectualismo, a gente persevera. Que o diga Nadine Gordimer: A arte
desafia a derrota pela sua própria existência, representando a celebração da
vida, apesar de todas as tentativas para degradá-la e destruí-la. Não podia
ser de outro jeito, escapando para sobreviver.
DUAS: QUE ENROLEM ALÉM DA CONTA, A GENTE SABE! - A herança
deixada pela festa do golpe tornou tudo insalubre pras nossas bandas. Há cinco
anos que a insolência subestima nossa capacidade de raciocínio e entendimento,
pensam que somos massa de manobra mesmo. Não há o menor pudor no disfarce para
o engodo de um pacto que perde sua justificativa todo momento que legitima
todas as forças retrogradas em detrimento dos anseios e desejos da população. Ah,
como enganam. Ouço Wole Soyinka: Poder é dominação, controle e, portanto, uma
forma muito seletiva de verdade, que é uma mentira. O homem morre em todos
aqueles que se calam diante da tirania. Como tudo se dissipa, até o que em
mim é feriado no que ensaio para encontrar um espaço para respirar meu país.
TRÊS: POETAR MESMO ASSIM – Mesmo que as máscaras desabem e outras
sejam repostas no truque das intenções, valho-me do que fez Arnold Schönberg: Nunca vi rostos, porque olhei nos olhos das pessoas,
apenas no olhar delas. E mesmo que a constatação contrarie e consterne como naquela
frase duma canção da dupla João Bosco/Abel Silva: O amor
quando acontece a gente logo esquece que sofreu um dia, há sempre o que
ressuscitar com Pablo Neruda: A poesia tem comunicação secreta com os
sofrimentos do homem. Os poetas odeiam o ódio e fazem guerra à guerra. A
verdade é que não há verdade. Assim voo, até amanhã. © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja
mais abaixo e aqui.
DITOS & DESDITOS: Estamos
sendo duramente apresentados a uma das formas do incompleto das nossas vidas,
na figura desse vírus avassalador. Estamos em perigo! Freud diferenciava - em
um texto escrito há exatos 100 anos, Além do Princípio do Prazer - três formas
distintas de reagir ao perigo: Angústia, Medo e Terror. Cito-o:
"Angústia" designa um estado como de expectativa do perigo e
preparação para ele, ainda que seja desconhecido; "Medo" requer um
determinado objeto, ante o qual nos amedrontamos; "Terror" se
denomina o estado em que ficamos ao correr um perigo sem estarmos para ele
preparados, o terror enfatiza o fator surpresa. A atual pandemia nos
aterroriza. É como se vivêssemos um combate de guerrilha. Nosso inimigo é pequenininho,
sabemos da sua existência, mas não temos ideia de como, quando e aonde ele vai
nos atacar. Ele nos surpreende dolorosamente. Não é correto diagnosticar os
efeitos psíquicos dessa pandemia como uma histeria. Ela é um terror. As reações
a esse terror é que podem assumir matizes variáveis, entre outros: histéricos,
obsessivos, perversos, paranoicos, psicóticos. Em uma situação dessas, cada
pessoa vai escarafunchar em seus sintomas de base e os expressa. O histérico
pode dramatizar excessivamente esse momento, ou fazer o contrário, ficar
indiferente (La belle indifférence). O obsessivo encontrará justificativa para
suas manias de limpeza, de distância, de rituais, ou pode hipertrofiar a
arrogância do 'comigo ninguém pode', do 'eu sou imbatível'. O perverso terá
dificuldade em disfarçar seu prazer sádico. O paranoico consolidará suas
teorias persecutórias. O psicótico se verá tomado de sentimentos
desagregadores. Em ocasiões desestabilizadoras, como dito, a pessoa recua e
hipertrofia seus sintomas mais habituais. É um mau tratamento do terror. O que
podemos almejar? Um duplo movimento: de um lado, no que é passível de
compreensão, ganhar terreno sobre o terror invasivo transformando-o em um medo
racional e objetivo. É o trabalho que médicos e profissionais de saúde estão
fazendo. Que ninguém pense que do terror virá uma grande alegria. Bobagem. Se
vier o medo, já teremos um caminho mais trilhável. Por outro lado, uma vez que
o incompleto e a surpresa não vão desaparecer, é de se esperar um aumento da solidariedade
humana, no momento em que um vírus desmascara nossa fragilidade constitutiva
comum. O 'eu preciso de você' é universal e não local. O que pode nos
preocupar? Que esse momento de confiança no laço social seja abalado pelo
desprezo de uma civilização que nos maltrata com suas respostas ruins, no
limite, com a possibilidade da fome e da morte. Aí, se isso ocorrer, o terror
se consolidará. Artigo Que
terror! - não temos ideia de como, quando e aonde ele vai nos atacar (HSM, maio 2020), do do médico psiquiatra e
psicanalista Jorge Forbes. Veja mais aqui.
A MÚSICA
DE MARIA
CLODES JAGUARIBE
A arte
da pianista Maria Clodes Jaguaribe (1928-2015)
que foi uma das mais conceituadas mestras do departamento de piano na Escola de
Música da Universidade Boston, nos Estados Unidos, e diretora das classes de
verão para jovens pianistas do famoso Festival de Tanglewood, desde 1975 e, por
isso, construindo um dos mais respeitados nomes entre os mestres de piano do
terriotório estadunidense. Ela realizou a gravação integral da obra para piano do músico e compositor alemão Robert Schumann (1810-1856). Veja mais
aqui.
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A MÚSICA
DE RENATA
ROSA
É uma experiência enriquecedora. Cada plateia reage de uma forma diferente.
Algumas músicas ganham sentidos diferentes para cada tipo público. Essa é a
melhor parte, nós já fizemos shows em teatros, com todo mundo sentado, e também
fizemos festivais ao ar livre. A influência disso acaba indo para o processo de
composição também.
RENATA ROSA - A arte da premiada cantora, atriz,
compositora, rabequeira, poeta e pesquisadora Renata Rosa, que estudou Letras e Fonoaudiologia na USP
(1992-1998) e Música com habilitação em Canto na Universidade Livre de
Música Tom Jobim (1995 - 2000) em São Paulo e integrou o Núcleo de Ação e
Performance do Polo Sul Americano do Ator Contemporâneo (1998 – 2002) no Rio de
Janeiro e em Cleveland (Ohio). Ela já gravou os álbuns Zunido da mata (2002), Manto
dos sonhos (2008) e Encantações
(2015), atuando no Cavalo-Marinho Boi Brasileiro, de Condado – PE, desde 1998,
e se apresentando por palcos europeus e mundo afora. Veja mais aqui.
A ARTE DE JOSELY CARVALHO
Minha obra como artista tem sido sempre baseada em longas pesquisas onde
a história se entrelaça e fortalece o momento atual. Houve também uma
identificação com o emigrante já que vivi muitos anos fora do Brasil
presenciando a realidade daquele que por várias razões sai do seu país e
enfrenta as dificuldades de não pertencer.
JOSELY CARVALHO - A arte da premiada poeta, pintora, escultora,
gravurista e artista de livros, vídeo e instalação, Josely Carvalho, que se tornou uma artista multidisciplinar por
incorporar em sua obra diversas mídias e procura dar voz à memória, à
identidade e à justiça social, enquanto desafia consistentemente as fronteiras
entre artista e público, arte e política. Veja mais aqui.
PERNAMBUCULTURARTES
A arte musical do Samba
de Coco Raízes de Arcoverde, fundado em 1992 pelo Mestre Lula Calixto (1952-1999), e incorpora elementos
das culturas indígena e negra, apresentando-se por todo país e exterior, a
exemplo da Alemanha, Bélgica, Itália Noruega e França com sua sonoridade
percussiva, depois de lançar dois álbuns, o primeiro em 2000 com o nome do
grupo e, o segundo, Godê pavão (2002),
mantendo o mote: A caravana não morreu
não morreu nem morrerá.
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A música do arranjador, maestro, compositor e
multi-instrumentista Moacir Santos (1926-2006) aqui.
Sem
fraude nem favor: estudos sobre o amor romântico (Rocco,
1998), do psicanalista e professor Jurandir Freire Costa aqui.
A arte do
poeta, compositor e intérprete Jessier
Quirino aqui.
O
protagonismo da mulher rural no contexto da dominação, da
pesquisadora Isaura Rufino Fischer aqui.
Jerry
Xemenexem aqui.
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