A ANSIEDADE, A
DEPRESSÃO & A MEDICALIZAÇÃO - Imagem:
arte da escultora, gravadora, desenhista e professora Shirley Paes Leme. - A gente quer isso, compra aquilo, adquire
daquilo. A tônica é comprar, comprar, comprar sempre e cada vez mais. Uma
camisa grifada, uma calça da moda, óculos vistosos, sapato de luxo, relógio de
marca, cordão de ouro, uma bolsa com tudo dentro pra deixar a feiúra toda
embonecada, com um verdadeiro banho de loja. Ah, tem que ter o automóvel zero
recém-lançado, equipamentos com tecnologia de última geração, controle remoto
de todo tipo no lar e pra onde for. Não antes uma casa mobiliada de tudo que se
possa imaginar, uma outra na praia pra mostrar que tem e o que mais aparecer. Hoje
se compra de tudo: charme, glamour, pedigree, celebridade. Tenha ou não, a
ordem é essa: consumir - a compulsão é a mesma, tudo pra fabricar oniômanos ou shopaholic, como quiser. Na hora da
precisão é só recorrer às prateleiras: se ansioso, calmantes; se depressivo,
estimulantes. Basta querer e se elimina a distância entre o prazer e a
gratificação, quando não do desejo à frustração. E querer mais, sempre mais,
até demover todas as insatisfações, até substituir o espremido das dificuldades
que é estar vivo sem saber qual motivo pra isso. Entre o ter e o desfrutar, a
escravização pelo dinheiro para ser mais que os demais, de preferência um
emprego com ótimo salário, nada de trabalho, viver só pra ganhar e acumular dinheiro
e se mostrar realizado pelo que pode expor aos outros. Perder as novidades,
nunca. Ou se atualiza, ou sai fora. Aí, não dá. De preferência ser o primeiro
entre todos. Ah, pra tudo tem remédio, é só sacar do cartão de crédito, ou dos
cheques, do crédito ou, em última instância, da camaradagem dum fiado. Tem
jeito pra tudo! E por isso se perde o sono até insônia, o apetite até o fastio,
o ambicionar até a ansiedade, a insatisfação até a depressão. Não são poucos os
vícios, avalie. Recorre-se ao binômio formado pelo corporativismo
médico-farmacêutico, doses ministradas para qualquer mal-estar, só pra tirar o
desconforto, tudo é muito lindo na irrelevância humana num mundo de luzes,
cores, festa. Quando fecha os olhos, o desprazer. Vinte quatro horas no ar,
nada de perder tempo pensando o vazio que queima por dentro, quanto mais
badalação melhor. O espelho só pra conferir a lindeza e nunca deixar ver a
escuridão interior, um bota fora na solidão: é lindo ser bonito, admirado,
querido, enturmado. Nunca só, antes mal-acompanhado. Assim tudo gira na roda da
vida, pouco importa se há pobreza de espírito, inexperiência pelo
entretenimento fugaz feito perene, ou mediocridade pelo fútil e efêmero. Cada
qual, umbigo que fale mais alto! © Luiz Alberto Machado. Veja mais aqui.
Curtindo o Box (6cds) A
complete Schumann Collection (Delira Música, 2004), da pianista Maria Clodes Jaguaribe.
Veja mais sobre:
Quando Papai
Noel foi preso, Henryk
Górecki, Demócrito de Abdera, Jane Campion, Alfred Eisenstaedt, Frédéric
Bazille, Fernando Fabio Fiorese Furtado, A Comédia, Meg Ryan, A prisão de São Benedito & Luiz
Berto aqui.
E mais:
Oniomania & Shopaholic, Píndaro, Mestre Eckhart, Maimônides, Paulo Leminski & Gilton Della Cella aqui.
A depressão aqui.
Ansiedade: elucubrações das horas corridas aqui.
O sabor da princesa que se faz serva na manhã aqui.
Orçamento & Finanças Públicas & os quadrinhos de
Sandro Marcelo aqui.
Educação, Professor, Inclusão, Emir Ribeiro & Velta aqui.
A Lei de Responsabilidade Fiscal aqui.
Gilbela, é nela que a beleza se revela aqui.
&
DESTAQUE: JOSÉ CÂNDIDO DE CARVALHO
[...] Colocaram
para tratar do velho Saquarema menina tirada de capa de revista. Só de curvas
tinha para mais de dois carretéis. Diante de tamanhos argumentos, o velhote [...]
arribou. E no fim da semana pulou da cama
[...] A menina não quer dar um
bordejo com este São Pedro aí pelas abas das nuvens? [...] estava curado.
[...].
Trecho extraído da obra Um ninho de mafagafes, cheio de mafagafinhos (Rocco, 2005), do escritor, advogado e jornalista José
Cândido de Carvalho (1914-1989). Veja mais aqui e aqui.
CRÔNICA DE AMOR POR ELA
A
arte do artista plástico, ilustrador, pintor e escultor autodidata Aldemir Martins (1922-2006).
CANTARAU: VAMOS APRUMAR A CONVERSA
Paz na
Terra:
Recital
Musical Tataritaritatá - Fanpage.