EROTISMO &
PORNOGRAFRIA, O TAMANHO DA HIPOCRISIA - Imagem:
arte do pintor, arquiteto e pensador português Nadir Afonso (1920-2013) - A gente nasce nu, os animais vivem nu e
até o rei que se achava elegantemente trajado, na verdade, estava nu. Imagino,
então, como seria a Terra vestida – aliás, a veste do planeta é a camada de
Ozônio que, por sinal, é transparente, isso para desgosto de alguns pudibundos -,
ou o Sol, o céu, as estrelas, a Lua, a infinitude cósmica do Universo, as árvores
– e isso além da casca, dos galhos, das folhas e flores – e os bichos – além dos
pelos e pele -, a cauda do piano e a proibição das curvas do violão, por aí. Mas
tudo é reprimido pelo moralismo canhestra a requerer obediência e pudicícia, o
que, para felicidade dos castos timoratos, a nudez é a transgressão que até
hoje tratada inexoravelmente por censurável e gerando constrangimentos que vão
desde os rubores inocentes até a violência dos prepotentes hipócritas. E me
espanto porque tudo é somente pela falta de diálogo, pelo temor, dúvida e
completo desconhecimento, muito menos saber encarar ou se relacionar com o
próprio corpo que, de forma descabida, choca ou impacta até a si mesmo. que
coisa!?! Ou seja, pra festa dos recatados, a secular manutenção do corpo como inimigo
do espírito, aquilo que é obsceno, perigoso, degradante ou maléfico, a aberração
que a moral vitoriana, os dogmas religiosos, a etiqueta ideológica e os tabus das
convenções da hipocrisia humana, há milênios, promovem como a trágica saída da
órbita do conforto, do regrado, do medido, do selecionado, Para mim, diga-se de
passagem, é a simples incapacidade de fruição da diferença, do imaginário, do
simbólico. Como se dos olhos, apenas a vergonha e o pecado. Fico cá comigo
matutando como se tudo que se apresenta na vida e na Natureza precisasse de
ordem e taxonomia – oh mania da gente de organizar o que não precisa -, como se
a sexualidade que é natural e está vinculada à intimidade, à ternura e à
afetividade nas relações corporais, psíquicas e sentimentais do ser humano, não
fosse além de um mal entendido da metáfora de Eros & Afrodite, como se um
não pudesse conviver com dois ou três ou mais, como se tivesse que escolher ou
optar por aquele ou aqueloutro, colocando cada qual no seu devido lugar e
dentro de uma ordem de excludência e preconceito. Tudo isso me faz refletir
qual seria mesmo a ordem definida (pré ou pós) na convivência entre as árvores
e umas às outras, entre os bichos e feras, entre o Sol e todo o Universo, como
se não se pudesse naturalmente distinguir doce do azedo ou salgado, o verde do
amarelo ou doutras cores, o fá do ré ou dos tons e semitons, isso ou aquilo
daquilo, as diferenças que devem ser entendidas e, definitivamente, humanamente
compreendidas. Pra mim, de resto, tudo está nu, como nos Cânticos de Salomão, n’O beijo
de Rodin, no erotismo de Bataille, na Definição
de Amor de Gregório Matos, nos Carmina
Burana, na Origem da Vida de
Courbet e, tal Drummond, oh! Sejamos pornográficos
(docemente pornográficos). Viva a nudez da vida! © Luiz Alberto Machado.
Veja mais aqui.
Curtindo o álbum (CDs+DVD) Maria Gadú ao vivo (Multishow, 2010), da cantora Maria Gadú.
Veja mais sobre:
O partoril de ponta de rua, Rainer Maria Rilke, Giacomo Puccini, Leucipo de Mileto, Jean-Luc
Godard, Maria Callas, Katiuscia Canoro, Anna Karina, Louis Jean
Baptiste Igout, Paolo Eleuteri
Serpieri & Julia Crystal aqui.
E mais:
Papai noel amolestado, Maceió, José
Paulo Paes, Egberto Gismonti, Paulo Leminski, Gerd Bornheim, Ralph
Burke Tyree, Marco Vicário, Laura
Antonelli, Daryl Hannah, Neurociência
& Educação aqui.
O prazer do amor na varada da noite aqui.
Bloomsday, Ulysses & James Joyce aqui.
Sistema Tributário & o cordel de Janduhi Dantas
Nóbrega aqui.
A retórica de Reboul, Cultura Popular & Jorge
Calheiros aqui.
Gestão do Conhecimento & o Clima Bom de Jorge
Calheiros aqui.
Chérie, Ma Chérie & LAM com Gal Monteiro no Programa
Vida de Artista aqui.
O catecismo de Zéfiro & O rol da paixão aqui.
Todo dia é dia da mulher aqui.
Palestras: Psicologia, Direito & Educação aqui.
Livros Infantis do Nitolino aqui.
&
Agenda de Eventos aqui.
Uma
parte de mim
é todo
mundo;
outra
parte é ninguém:
fundo
sem fundo.
Uma
parte de mim
é
multidão:
outra
parte estranheza
e solidão.
Uma
parte de mim
pesa,
pondera;
outra
parte
delira.
Uma
parte de mim
almoça e
janta;
outra
parte
se
espanta.
Uma
parte de mim
é
permanente;
outra
parte
se sabe
de repente.
Uma
parte de mim
é só
vertigem;
outra
parte,
linguagem.
Traduzir-se
uma parte
na outra
parte
— que é
uma questão
de vida
ou morte —
será
arte?
Traduzir-se, do poeta,
crítico de arte, tradutor e ensaísta maranhense Ferreira Gullar (1930 – 2016).
Veja mais aqui, aqui & aqui.
DESTAQUE: O SARTOR RESARTUS DE CARLYLE
[...] No Símbolo propriamente, no que podemos
chamar de Símbolo, há sempre, mais ou menos distinta e direta, alguma
encarnação e revelação do Infinito; o Infinito é feito para mesclar-se com o
Finito, para ficar visível, e por assim dizer acessível, ali. Pelos Símbolos,
por conseguinte, o homem é guiado e comandado, torna-se feliz, torna-se
desgraçado. Em toda parte encontra-se rodeado de Símbolos, reconhecidos como
tais ou não: o Universo não é senão um Vasto Símbolo de Deus; e mais, se
aceitares isso, o que é o homem ele próprio senão um Símbolo de Deus; não é
tudo o que faz simbólico; uma revelação para os Sentidos da Força mística dada
por Deus que está nele; um ‘Evangelho de Liberdade’, que ele, o ‘Messias da
Natureza’, prega, como pode, por atos e palavras? Ele não constrói uma Cabana
que não seja a encarnação visível de um Pensamento; que não sustente um
registro visível de coisas invisíveis; que não seja, no sentido transcendental,
simbólico bem como real. [...] Mas, no todo, assim como o Tempo acrescenta
muito ao teor sacro dos Símbolos, do mesmo modo em seu progresso ele afinal os
desfigura, ou mesmo os desconsagra; e os Símbolos, como todas as Vestes
terrestres, envelhecem. A Epopeia de Homero não cessou de ser verdadeira;
todavia não é mais a nossa Epopeia, mas brilha à distância, cada vez mais clara,
todavia também cada vez menor, como uma Estrela a afastar-se. Precisa de um
telescópio científico, precisa ser reinterpretada e aproximada de nós artificialmente,
antes que tenhamos condições de saber que fora um Sol. Do mesmo modo chega o dia em que o Thor Rúnico
com seus Eddas deve retirar-se para a obscuridade; e muita Mandinga africana, e
Pajé índio ser abolidos por completo. Pois todas as coisas, inclusive os
Luminares Celestiais, quanto mais os meteoros atmosféricos, têm sua ascensão,
seu clímax, seu declínio [...].
Trechos da obra Sartor
Resartus: The
Life and Opinions of Herr Teufelsdrockh – 1833-34, University of California
Press, 2000), do escritor, historiador, ensaísta e professor escocês Thomas Carlyle (1795-1881), recolhido
do artigo A tradução selvagem de Thomas
Carlyle: Sartor Resartus, da autora e professora Ana Helena Souza.
CRÔNICA DE AMOR POR ELA
Imagens:
as gravuras e ilustrações precursor britânico da Art Nouveau, Edmund Joseph Sullivan (1869-1933).
CANTARAU: VAMOS APRUMAR A CONVERSA
Paz na
Terra:
Recital
Musical Tataritaritatá - Fanpage.