A HISTÓRIA SE
REPETE! - Imagem: arte do pintor ítalo-brasileiro Alfredo Volpi (1896-1988). - O doutor
Zé Gulu estava com a gota naquele dia! Quanto mais gente ajuntava, mais ele
ficava afoito e aos berros: - A história se repete! É mesmo? Oxe, e é? Num
diga! Querem ver? Vou contar uma história: era uma vez, lá pelos idos duns cinco
ou seis milênios atrás, no tempo em que o planeta ainda não havia esborrado de
tanto fabricantes de bosta - os tais Fabos de hoje! -, quando um certo salafrário
alcunhado de Remetuam, oriundo das bandas lá do fim do mundo, de uma região chamada
de Sonrefni sob Otniuq, chegou às redondezas do reinado de Lisarbeam. Lá chegou
sem eira nem beira de tão pobre de Jó que era o pulha, arrastando uma cachorra
guenza pelo rabo, sem ter nem onde cair morto. Mas o patife era jeitoso, sabia
pedir e agradar e, aos poucos, foi amealhando o que desse pro sustento, até
prosperar de se ver granjeado por acoloiados e fortuna. Subindo cada degrau da
ventura, ascendeu à corte, vendo-se arrodeado pelos abastados da vassalagem
real e prestes a ser contemplado com a titulação nobiliárquica da nobreza. Antes
mesmo que essa benesse coroasse o seu compadrio, ele mesmo tomou a iniciativa
de furtivamente assassinar o rei, aprisionar a rainha no Hades e esposar a
princesa, tornando-se, então, o monarca. Com o feito, metade da população festejou
as alvíssaras, enquanto a outra metade, no maior rebuliço dos confrontos, protestou
com veemência, fato que levou a polícia imperial a dar cabo dum bocado de gente
que findou pendurada pelos testículos e queimados vivos em praça pública. Pronto,
bronca resolvida, veio a primeira medida: convidar todos os ricos dali e dos estrangeiros.
Assim fez e os reuniu em um lauto banquete no palácio, para asseverar que tudo
ali dele e dos convidados que agora convivas reais, desde que todos separassem
de tudo que produzissem e lucrassem, uma determinada parcela em percentual para
ele e pro resto da vida. Eis que entre os ricaços, um deles levantou-se e
perguntou: - E a floresta de Ainozama? Outro logo emplacou: - E o Lanatnap? E surgiram
perguntas e mais indagações a respeito dos recursos naturais, da Justiça, da
Polícia, dos bancos, dos transportes, etc e tal, quando ele com o ar de
soberano pediu calma e falou: - Tudo isso é de quem chegar primeiro e se
apossar, desde que se lembre de que parcela de tudo é meu! Não se esqueçam
disso. Tornou-se, então, um momento muito ruidoso, espocando novos
questionamentos: - E quem vai pagar a conta pelos serviços públicos? O povo. E
quem vai pagar os impostos por tudo? O povo. – E se o povo protestar? Pra que
serve pão e circo? Qualquer pé de peru deixa o povo entretido e amansado, deles
pagarem tudo sem nem fazer careta. E antes que perguntem mais, respondo: se um
banco falir, o povo paga; se uma empresa quebrar, o povo paga. Tudo que o povo
quiser usufruir terá de pagar: aposentadoria, saúde, direitos, segurança,
educação, tudo, se pagar terá tudo! Enquanto isso, a gente se desfruta: a gente
goza, eles pagam! Dito isso, um embecado lá do canto gritou de satisfação: - Então
isso aqui será o maior paraíso! É e será sempre, desde que de tudo que circular
tenha uma parcela destinada para meus bolsos! Quem assim agir, terá tudo e tudo
se lhe dará. Quem cagar fora do caco, pena de morte! Deu-se um silêncio
tumular. Foi, então, que o soberano ergueu a taça e berrou: - Vamos festejar! E
até hoje festejam. Agora pergunto: em que banda desse mundo de todos os deuses,
mundiças e doidices isso ainda não aconteceu? Hem? Sabe alguém dizer? Por isso
digo: a História se repete! Basta ter mais de duas pessoas dispostas a arengar por
seus interesses que a corrupção comerá no centro. Como o ser humano não evoluiu
nada deste que apareceu na Terra, então assim caminha a Humanidade. © Luiz
Alberto Machado. Veja mais aqui.
Curtindo o talento musical da pianista
albanesa Xheni Rroji.
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DESTAQUE: THE HOUSE OF MIRTH
O premiado drama/romance The house of Mirth
(2000), dirigido por Terence Davies, é baseado no premiado romance homônimo da
escritora e desenhista Edith Wharton
(1862-1937), conta a história de uma socialite encantadora que descobre
rapidamente como é difícil manter seus status social, quando sua beleza e
charme começam a atraia a inveja dos outros, razão pela qual ela decide
procurar um noivo rico, perdendo a chance de encontrar seu verdadeiro amor. O destaque
do filme fica por conta da atuação da premiada atriz estadunidense Gillian Leigh Anderson.
CRÔNICA DE AMOR POR ELA
A arte do pintor, gravurista, relator e
historiador de arte franco-israelente, Avigdor
Arikha (1929-2010).
CANTARAU: VAMOS APRUMAR A CONVERSA
Paz na
Terra:
Recital
Musical Tataritaritatá - Fanpage.