DIÁLOGO ENTRE NINGUÉM
E COISA ALGUMA – Deu branco. Também, você
não ajuda. Não há como descobrir o que há de submerso nessa sua brancura. Sei
que está escondendo, está tudo aí, eu já careca de saber. Mesmo que eu vasculhe
essa sua intimidade, mais se encolhe – não há como fazer qualquer articulação
frasal, algum motivo aparente, alguma chance de sapecar um lero, tudo muito
truncado. Não falta assunto pra gente mangar das coisas desse país, nunca! Mas está
ficando sem graça só ter que falar o atropelo dos maiorais de se ajeitarem
trôpegos de soberba com os pés pelas mãos subestimando a inteligência da gente.
Aí, já viu! Zerou. Parece que a falta de imaginação está deletando todas as
possibilidades de se fazer alguma coisa neste país que possa valer a pena. Com
o clímax da mediocridade geral, desarranjo total. Não há pior que essa
felicidade gratuita de fachada, recheada de hipocrisia e com tantos pontos de
audiência. Como o umbigo está tão em moda, só se ver falas de si mesmo ou de
pigs dos bigs que tem o maior cartaz no reino das baboseiras ou dos paspalhos
da casa de não sei quem que fez uma asneira bombástica de bater o recorde na
corda dos admiradores do infame ou do brebote, quando tanta coisa mais
importante teria que ser debatida em cadeia nacional e eu com as minhas
doidices, dando uma trégua temporária no escárnio, só variando que nem tonto no
trânsito indecifrável, só sacando que todos somos tratados como quem está lá
onde morreu a cachorra. Indignado, confesso, pego o maior ar de quase estourar
a câmara de paciência! Consertar a desgraceira toda, não dá, pelo jeito a coisa
torou na emenda de não dá nem para passar no torno com um passo que possa
remendar no grau da satisfação. Ficou brabo de breu. E do que vai subindo pro
que vai descendo, tanto faz como tanto fez, dá no mesmo: nada de novo sob o
Sol. Ou melhor, como bem dizia Raul Pompeia: “Bem considerada, a atualidade é a mesma em todas as datas”. É a
farra do déjà vu, santa misericórdia!
Por isso mesmo, tenho levado em alta conta aquela do Doro: “Você parece mais que está se
auto-enlouquecendo-se!”. Pois é, não dá nem pra respirar seriedade, avacalharam
com tudo e sobra só na valia do pão e circo. Ainda bem que o pão é o que resta
pra todo liso mastigar, mesmo com a ameaça do dono da padaria de não mais
aguentar crescer o pindura que já está com proporções de avalanche, a ponto de
quase arrebentar com parede e prego da padaria duma vez só. Já o circo enrola, leva
tudo nas coxas, isso porque nos Três Poderes da Patriamada tudo só funciona na
tapiação doutras maiores necessidades fisiológicas. De mesmo: no aperto sem
latrina a coisa esborra e tem ouvidos e olhos atentos do telespectador que vai
formando seu arcabouço intelectual com a diarréia mental caudalosa, enquanto a
desgraça toma conta geral e só se ver a cara espantada de interrogação: - Que é
que está havendo mesmo, hem? Meleca geral. A bufa está catingando de norte a
sul, leste a oeste do Brasil todo. Na vera: a desgraça parece que vem como
aquelas enchentes que sai arrastando e atolando tudo de não se salvar unzinho
que seja! Sobra alguém vivo? Quem viver, verá! © Luiz Alberto Machado. Veja
mais aqui.
Curtindo o álbum Prelúdios e Canções de Amor
(Delira Música, 1983-1999), com a parceria da música do compositor e maestro Cláudio
Santoro (1919-1989) com a poesia de Vinicius
de Moraes (1913-1980), na interpretação da pianista Lilian Barreto e o tenor Aldo Baldin. Veja mais aqui.
Veja mais sobre:
Federico Fellini, Teophrastus Paracelso, Érico Veríssimo,
Mario de Andrade, Domenico Cimarosa, Gerd
Bornheim, Ewa Gawlik, Giulietta Masina, Márcio
Baraldi & Neila Tavares aqui.
E mais:
Todo dia é dia da educação aqui.
O alvoroço do poema na horagá do amor aqui.
O trabalho e a sua organização aqui.
A terrina da paixão aqui.
Os equívocos dos filhos de Caim aqui.
Eu & ela no sufoco da alcova aqui.
&
DESTAQUE: JUSSARA SALAZAR
Um morto é quem mata o outro morto. assim vão desenrolando
o fio encantado da vida, vão levando uns aos outros para o fim até o juízo
final, até as profundezas. Foi assim comigo. Um dia me vi, lápide vestido de
cambraia clara, hortênsias e o teto todo coberto de flores. Azul, celeste como
é minha graça.
Extraído da obra Natália (Travessa, 2004), da poeta, designer e artista plástica Jussara Salazar.
CRÔNICA DE AMOR POR ELA
A arte do pintor russo de origem komis Viktor Lyapkalo.
CANTARAU: VAMOS APRUMAR A CONVERSA
Paz na
Terra:
Recital
Musical Tataritaritatá - Fanpage.