DIÁRIO DO GENOCÍDIO NO FECAMEPA – UMA: LUGAR,
LUGARES - Vou, tempespaço & simulacros, piso
em falso & ilusões de ótica: um lugar é qualquer, lugares se misturam na
diluição das paisagens, um caleidoscópio. Onde estou e para vou dá no mesmo,
com se fosse e voltasse o mesmo movimento, nos versos de Antonio Machado: Caminhante,
não há caminho; faz-se caminho ao andar. Todo ignorante confunde valor e preço. Passos
no encalço da liberdade, a culatrear: o meu país se esfacela, nação destruída como
uma dor do peito.
DUAS: UM ANO & 7 MESES - Quase 2 anos de estultices, bate-cabeça e bumba-fuá, ódio
e desmonte, incompetência e malvadeza. Não bastando o despreparo, a pandemia
vira genocídio entre subnotificações, má vontade política no combate e
aparelhamento para a blindagem das manipulações, a derrocada da democracia,
degeneração das instituições. Lembra o vaticínio de Jean Baudrillard: O pior
num ser humano é mesmo saber demais e ser inferior ao que sabe. Se a coesão da
nossa sociedade era mantida outrora pelo imaginário de progresso, ela o é hoje
pelo imaginário da catástrofe. Sobre milhares de cadáveres, Coisonário moteja: Não sou coveiro, mas
vou enricar com funerária! Esse o porvir crepuscular de um país, o epílogo do Fecamepa!
TRÊS: VOLUNTÁRIA QUARENTENA - Ao longe, o que antes mata ínvia, agora
canavial queimando matagal morro acima, terra abaixo. Meus olhos na fumaça do
futuro, lacrimeja agora. Carl Jung
alertava há tempos: É ilusório imaginar
que o homem possa dominar e controlar a natureza, se ele não foi ainda capaz de
controlar e enxergar a sua própria natureza. Sua visão se tornará clara somente
quando você pode olhar para o seu próprio coração. Quem olha para fora, sonha;
quem olha para dentro, desperta. Conto nos dedos os instantes circundantes,
tudo é muito trágico apesar do radiante Sol da manhã aquecendo a Terra tumular
e as dormentes cabeças suicidas. Até amanhã. ©
Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja mais abaixo e aqui.
DITOS & DESDITOS: Eu não sou uma pessoa
hoje. Eu sou um objeto em uma obra de arte. Eu
poderia ter dado um pouco mais de tempo. É divertido vender grandes
obras de arte - e é lucrativo. No final, um bom artista é
um artista rico. A maior parte do trabalho que colecionamos é sobre sexo ou
excremento. Gostamos de pensar em nós mesmos como conhecedores da subcultura da
arte. É preciso muita coragem para fazer o que ela faz. Ela vai muito
além de onde a maioria dos artistas tem inteligência ou audácia para operar. Expressão
da artista performática e escritora estadunidense Andrea Rose Fraser, durante a exposição performática Official Welcome, uma peça de 30
minutos. Ela desenvolveu ao longo dos anos as performances Museum Highlights (1989), Kunst muss hängen ("Art Must
Hang") (Galerie Christian Nagel/Cologne, 2001), Official Welcome
(2001), Untitled (2003), Little Frank and His Carp (2001) e Projection
(2008). Ela atualmente
é chefe de departamento e professor de estúdio interdisciplinar da Escola de
Artes e Arquitetura da UCLA na Universidade da Califórnia, Los Angeles.
A ARTE
DO SOM DE JANET
CARDIFF
Meu principal interesse no som é como ele nos rodeia e
nos influencia. É invisível, entra em nosso corpo, mas
nos atinge de uma maneira muito tridimensional. Se você
olhar para a partitura, é fascinante. Existem oito coros
diferentes, e dentro de cada coro há um baixo, barítono, alto, tenor e soprano.
Você pode ver a partitura movendo-se da esquerda para a direita
na página de um coro para outro, para outro, e então eles se agrupam. Quando vi isso, pensei que seria realmente incrível mostrar como o compositor
estava pensando sobre isso. Quando você entra no espaço,
está cercado por esse movimento da música de um coro para outro, e então ele
pula pela sala para outro coro. Em alguns pontos, vem em
ondas e ondula, quase como as ondulações de um rio. Era
como se o compositor fosse um escultor, e eu queria mostrar como a peça musical
era escultural.
JANET CARDIFF – A arte da artista belga-canadense Janet Cardiff que trabalha
principalmente com instalações sonoras na perspectiva de que o som pode trazer uma infinidade de lugares e tempos
juntos e tem um enorme potencial para tocar, envolver as pessoas. Em suas obras
ela explora a emoção, a memória, e através de efeitos ela cria espaços virtuais
ancorados na realidade, o que leva seus visitantes para o cruzamento entre
ficção e realidade, espaços ilusórios em que a percepção acústica, bem como a
estrutural, desempenha um papel importante onde se reúnem em intensidade
hipnótica e emocional. Entre seus trabalhos
estão The Murder of Crows
(2008), Dark
Pool (1995), The Paradise Institute (2001) e The
Killing Machine (2007), entre outros. Ela desenvolve
uma parceria com o alemão George Bures Miller, com quem realizou O Poço Negro
(1995), Paraíso Institute (2001), entre outros.
&
A MÚSICA DE GIANA VISCARD
Muito tempo se passou, mas o caminho aventureiro de criar arte, música
com o frescor do risco, do inusitado, ainda está comigo.
GIANA VISCARD - A arte musical da cantora e compositora Giana Viscard, que estudou no Centro
Livre de Aprendizagem Musical (CLAM/SP) e na Berklee College of Music, em
Boston, participou do Coral da USP e frequentou o Groove, Curso Livre de
Música, em São Paulo. Ela já lançou os álbuns Tinge (2003), 4321 (2005) e Orum
(2013) e fez turnês internacionais. Veja mais aqui.
A ARTE DE MARTHA ROSLER
Honestamente, comecei como pintora, e essas outras coisas
eram uma maneira de expressar algo que não era abstrato, porque fui treinado
como pintor expressionista abstrato. Gosto de trazer questões que são
relativamente abstratas até o nível pessoal. Eu sempre me interessei em abordar
pessoas, principalmente mulheres, mas não apenas mulheres, com a ideia de que
você me reconhece por outros seres humanos. Mesmo no nível das roupas, pensando
no meu trabalho anti-guerra, eu estava muito interessada em que as pessoas com
quem lutávamos não se parecessem conosco e era muito fácil demonizá-las.
Portanto, usando roupas como substituto da humanidade, em nosso mundo, fiz uma
instalação em que coloquei o nome, data de nascimento e número de prisioneiras
de algumas mulheres políticas presas pelo governo do Vietnã do Sul com roupas estadunidenses.
MARTHA ROSLER - A arte da artista conceitual estadunidense Martha Rosler, que
trabalha com fotografia e texto fotográfico, vídeo, instalação, escultura e
performance, além de escrever sobre arte e cultura, centrada na vida cotidiana
e na esfera pública, muitas vezes de olho na experiência das mulheres. Veja
mais aqui.
PERNAMBUCULTURARTES
O humor é uma resposta aos absurdos da
existência. Sempre quis ser escritora, mas precisava pagar as contas. Por isso
escolhi profissões que me mantiveram próxima do mundo da escrita enquanto não
tomava a decisão. Durante os anos de repórter, aprendi a escrever com foco,
rápido e sob pressão; rodei o Rio de Janeiro e o Brasil, conheci pessoas,
dramas, lugares. Depois, com a editora, aprendi sobre todas as etapas do
processo de edição. Quando eu me mudei para Nova York, fiz um mestrado e tinha
um bom emprego numa editora em Manhattan, mas faltava algo, ou, sendo sincera,
faltava tudo. Se eu sempre quis ser escritora, então, o que é que estava
fazendo ali, aos trinta e tantos anos, ajudando a editar os livros das outras
pessoas? Então comecei a escrever, sem me preocupar muito com o resultado. Era
mais um acerto de contas comigo mesma, uma decisão que me deixaria em paz com
as escolhas de vida.
A arte
da jornalista e escritora Martha Batalha,
autora das obras A vida invisível de
Eurídice Gusmão (2016) e Nunca houve
um castelo (2018).
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A literatura
do escritor, radialista e compositor Antonio
Maria (1921-1964) aqui.
Feito
d’versos, do poeta popular José Maria Sales Pica-Pau aqui.
Eita, Zé
Bestão aqui.
A música
de Alceu Valença aqui.
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