CRÔNICA
DE AMOR POR ELA: CONVITE - Plena
tarde e o céu inteiro na pradaria: um mar espalmado que se resume ao rumor da
nudez inundando todas as súplicas dos meus quereres tostados de fogo ardente. À
espreita vou requestado com toda luxúria de minha alma herege confiscar toda
mansa fragrância do seu milagre fabuloso, da sua majestosa divindade nua, feita
para amar, para apertar com jeito, para vibrar em mim danada do céu queimando a
lenha do que se faz predador e presa entre nós. Tudo é demasiado próximo no
hálito quente da sua sedução a céu aberto e entregando todo o tesouro do
coração, todas as posses, suplícios, encantos e eu possesso aos bocados,
desesperado e faminto de emoções poderosas a morder com trela a tarde da
primavera no ninho do seu corpo nu que me embriaga com o veneno da paixão. Aceito
o convite e ébrio dou fé do olhar ardente na insônia de quem ama devendo o
beijo, o abraço e a garanhagem libertadora. E estendida sobre o meu desejo traz
o colo e sua macia tepidez para a incursão de nossa refrega a transpor toda
doçura e vício na vertigem de nossas entregas. Esta a canção que afaga o dorso
nu num duelo de dentes cerrados e se faz servidão na ponta dos seios duros e
tomada pela pele acetinada que eterniza minha loucura em êxtase enquanto
transgredimos de nós, das regras, da arena no êxodo do mundo, duelando com o
passado de vigília e arrependimentos, duelando com a vida pelo que já foi e o
que virá das venturas e destroços que se redimem no ardor do incenso de seu
corpo que governa e que se faz tarde nas minhas mãos errantes. E do seu corpo
roubo a paz que se faz tisana alquímica no meu estertor, sorvo seu sexo dando
vazão a minha agonia gulosa que faz abluções no charco empoçado de delícia nas
entrepernas e que se faz contenda tirânica na nossa luta corporal munida de
armas das carícias até sermos derrotados, vencidos pela vida. Só o amor resiste
aos escombros. E renascinzas, o amor assim é na entrega servil dos amantes. (Luiz
Alberto Machado. Veja o vídeo deste poema aqui e mais aqui).
VEJA MAIS CRÔNICA DE AMOR POR ELA:
PICADINHO
Imagem: Eve, do pintor do maneirismo
italiano Girolamo Francesco Maria Mazzola (1503-1540), mas conhecido como Parmigiano. Veja mais aqui.
Curtindo o álbum Kiri sings Gershwin
(EMI, 1987), com músicas do compositor estadunidense George Gershwin (1898-1938), na interpretação da soprano Kiri
Te Kanawa. Veja mais aqui e aqui.
EPÍGRAFE
– O homem é um deus quando sonha e não passa de um mendigo
quando pensa, recolhida
do livro Reflexões (Relume-Dumará, 1994), do poeta lírico e romancista
alemão Friedrich Hölderlin (1770-1843).
Veja mais aqui.
A
PÓS-MODERNIDADE - No
livro O mal-estar da pós-modernidade
(Zahar, 1998), do sociólogo
polonês Zygmunt Bauman, encontro
que; [...] A multiplicidade de
estilos e gêneros já não é uma projeção da seta do tempo sobre o espaço da
coabitação. Os estilos não se dividem em progressistas e retrógrados, de
aspecto avançado e antiquado. As novas invenções artísticas não se destinam a
afugentar as existentes e tomar-lhes o lugar, mas se juntar às outras,
procurando algum espaço para se mover por elas próprias no palco artístico
notoriamente superlotado. Num cenário em que a sincronia toma o lugar da
diacronia, a co-presença toma o lugar da sucessão e o presente perpetuo toma o
lugar da história, (já não trata mais) de missões, de advocacia, de
profetização, de uma e única verdade firmada para estrangular as
pseudoverdades. Todos os estilos, antigos e novos, devem provar seu direito a
sobreviver. [...] Quando a competição
domina, há pouco espaço para [...] a
confraria de ideias, escolas disciplinadas e disciplinadoras [...] Há pouco espaço, portanto, para normas e
cânones coletivamente negociados e coletivamente proclamados. Toda obra de arte
recua diante do quadrado e não pensa em criar família [...]. Veja mais
aqui, aqui, aqui e aqui.
MENINO
PRECOCE – O livro Garoto linda dura (Autor, 1966), do
escritor, radialista, jornalista e compositor Sérgio Porto (Stanislaw Ponte Preta, 1923-1968), reúne crônicas do
autor, entre as quais destaco Menino precoce: Diz que era um menino de uma precocidade extraordinária e vai daí a
gente percebe logo que o menino era um chato, pois não existia nada mais chato
que menino precoce e velho assanhado. Todos devemos viver as épocas condizentes
com as nossas idades; do contrário, enchemos o próximo. Mas deixemos de
filosofias sutis e narremos: diz que o menino era tão precoce que nasceu
falando. Quando o pai soube disso não acreditou. O pai não tinha ido à
maternidade, no dia em que o filho nasceu, não só porque não precisava, como
também porque tinha que apanhar uma erva com o Zé Luís Magalhães Lins, para
pagar a délivrance que era quase o preço de um duplex, pois a mulher cismou de
ir para casa de saúde do Guilherme Romano. Mas isto também não vem ao caso. O
que importa é que o menino já nasceu falando. Quando o pai soube da novidade,
correu à maternidade para ouvir o que tinha o menino a dizer. Chegou perto da
incubadeira e o garoto logo se identificou com um “oba”. O cara ficou
assombrado e mais assombrado ficou quando o nenenzinho disse: - Papai vai
morrer às 2 horas! – dito o que, passou a chupar o bico da mamadeira e mais não
disse nem lhe foi perguntado. O cara voltou para casa inteiramente abilolado.
Sem conter o nervosismo, não contou pra ninguém a previsão do menininho
precoce, mas ficou remoendo aquilo. Dez e meia, 11, meio-dia... e o cara
começou a suar frio. Uma da tarde, o cara já estava praticamente arrasado e
quando passou da hora prevista um minuto ele começou a se sentir mais aliviado.
E estava dando o seu primeiro suspiro, quando ouviu um barulho na casa do
vizinho. Uma gritaria, uma choradeira. Correu para ver o que era: o dono da
casa tinha acabado de falecer. Veja mais aqui, aqui, aqui, aqui e aqui.
MÚSICA
DE MANIVELA & CANTO DO REGRESSO À PÁTRIA – O livro Pau Brasil
(1925), do escritor, ensaísta e dramaturgo do Modernismo brasileiro, Oswald
de Andrade (1890-1954), reúne poemas do autor, entre os quais, destaco
inicialmente Música de manivela:
Sente-se diante da vitrola / e esqueça-se
das vicissitudes da vida / na dura labuta de todos os duas / não deve ninguém
que se preze / descuidar dos prazeres da alma / discos a todos os preços. Tanto
o Canto do regresso à pátria: Minha terra
tem palmares / onde gorjeia o mar / Os passarinhos daqui / Não cantam como os de lá / Minha terra tem mais
rosas / E quase que mais amores / Minha terra tem mais ouro / Minha terra tem
mais terra / Ouro terra amor e rosas / Eu quero tudo de lá / Não permita Deus
que eu morra / Sem que volte para lá / Não permita Deus que eu morra / Sem que
volte pra São Paulo / Sem que veja a Rua 15 / E o progresso de São Paulo.
Veja mais aqui, aqui e aqui.
A
CASA DE ANAÏS NIN – A
peça teatral A casa de Anaïs Nin
(Casa de Prostituição de Anaïs Nin), de Francisco Azevedo, conta a história da paixão
que envolveu os escritores Anaïs Nin
e Henry Miller. Tive a oportunidade de assistir a peça no Teatro Alfa Real, em
São Paulo, no ano de 1998, com direção de Ticiana Studart e atuação
inesquecível da atriz Lucélia Santos.
Veja mais aqui, aqui, aqui e aqui.
CARNE
TRÊMULA – O filme Carne trêmula
(1997), dirigido pelo cineasta, ator e roteirista espanhol Pedro Almodóvar, conta a história uma prostituta que tem um filho
em um ônibus, quando tentava chegar na maternidade, e ali mesmo lhe dá o nome
de Victor. Após vinte anos, esse menino se torna um homem, que está começando
sua vida adulta e tenta se encontrar com uma desconhecida, que uma semana antes
teve relações sexuais com ele dentro de um banheiro. Quando telefona, ela não
tem ideia de quem ele é e mesmo dizendo, ela pede que ele não ligue mais.
Apesar deste corte, ele não desanima e consegue ir até o prédio dela. Pensando
ser outra pessoa, ela abre a porta através do porteiro eletrônico, mas quando o
vê fica bastante irritada, pois para ela foi uma transa, quando estava
"doida", mas para ele foi a primeira vez. Ela decide expulsá-lo,
ameaçando-o com uma arma. Os dois brigam e acontece um tiro acidental, que não
fere ninguém, mas chama a atenção de uma vizinha, que alerta a polícia. Ao ver
os dois policiais, ele se apavora e chega a ameaça-la colocando o revólver em
sua cabeça. Eles se envolvem numa briga, a arma dispara, mas desta vez a bala
atinge um deles que fica paralítico. A história se desenrola com destaque para
a atriz espanhola Penélope Cruz Sanchez.
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IMAGEM DO DIA
Todo dia é dia da soprano sul-coreana Sumi Jo.
DEDICATÓRIA
A edição de hoje é dedicada à maravilhosa
pessoa, poeta e blogueira Luciah Lopez.
Veja aqui, aqui e aqui.
DIA
INTERNACIONAL DO OBRIGADO
TODO
DIA É DIA DA MULHER
Veja as homenageadas aqui.