TODO
DIA É DIA DA MULHER: A MULHER NA ROMA ANTIGA – Com base na revisão da literatura
efetuada, encontrou-se que na Roma antiga, as influencias etruscas, gregas e
cartaginesas permearam a moralidade objetiva que se voltava exclusivamente para
a dedicação integral desse povo para a terra e a família, o que não
diferenciava, porém, de outros povos, nas condições em que as esposas e filhos
constituíam o bem dos homens, quando a grande maioria das mulheres pretendia
viver no casulo familiar, sob as formas do casamento que se efetivava sob três
formas: conferratio, coemptio e usus. O primeiro modelo, conferratio,
conferia um casamento com todo aparato cerimonioso para a construção de uma
união indissolúvel entre os nubentes. No segundo modelo, ocorria a compra da noiva, ou seja, tanto no conferratio como no coemptio,
a noiva saía da posse do pai com todos os seus bens e dotes para ser, a partir
de então, posse do marido. Já a terceira modelagem, usus, seria um tipo de experiência entre o casal, mantendo-se a
esposa pertencente à família dela e, só depois de decorrido um prazo
experimental, é que passava a pertencer legal e totalmente ao marido.
Entretanto, a mulher romana nesse período além de cuidar dos filhos e manter a
família, deveria, também, ter papel ativo nos negócios familiares, adquirindo,
por isso, uma consciência mais ampla sobre o seu papel na sociedade, vigiadas e
monitoradas pelo conselho de família. Para se ter ideia, foi editada nessa
época a lei oppiana que limitava os gastos das mulheres com brincos pulseiras e
carruagens, visando reprimir as suas extravagâncias. Como havia constantemente
guerras, elas se sujeitaram; todavia, depois da guerra, elas protestaram
ruidosa e persistentemente contra o que diziam delas: teimosas e
descontroladas. Cabiam aos maridos domá-las. Anos depois é que a lei foi
derrubada. E mesmo que elas gozassem de uma ampla liberdade, só o podiam desde
que não fizessem nada de construtivo: só gastar dinheiro, embelezar-se para os
amantes, adotar religiosidade ou processar divórcio. Ou como dizia Sêneca: elas
são mestras na arte laboriosa de fazer nada, vez que administravam o espelho,
as criadas e os potes de cosméticos, trabalhando em pentear os cabelos ou
colocar/retirar os cremes faciais ou cabelos importados da Índia para seus
penteados pela ornatrix, suas joias e liteiras. O símbolo cultuado era Vesta, a
deusa guardiã da lareira e do lar. As vestais eram arregimentadas com nove ou
dez anos de idade, garantida a virgindade, com a promessa de mantê-la por mais
trinta anos, passando os seus bens para o Estado. Houvesse qualquer derrota nas
guerras ou prejuízos nos negócios do Estado, as vestais eram culpadas e
condenadas porque, com certeza, haviam perdido a virgindade antes do trato. No
panteão das deusas, o culto romano à Vênus, deusa da agricultura e das
prostitutas que frequentavam o Circus Maximus na busca por homens excitados
pelos jogos, dos bordéis ou do acampamento da Guarda Pretoriana, incluía,
também, as mulheres casadas que adoravam a deusa no dia primeiro de abril de
cada ano, enquanto as prostitutas no dia vinte e três de abril. Há registro também de participação das
mulheres nos ritos báquicos, como cultuando outras deusas estrangeiras que também
se fizeram presentes na cultura feminina romana. Entre essas deidades estava Cibele,
por conta da profecia dos Livros Sibilinos, dando conta de que Roma só se
salvaria da guerra com a Grande Deusa, a Magma Mater, passando a ter uma
cerimonia cuidada por sacerdotes eunucos que usavam estranhas roupagens
orientais e desfilavam ao som da música de címbalos e pandeiros, flautas e
cornetas. Seguiu-se o culto à deusa Ísis, uma das favoritas das mulheres
romanas, até o dia que uma jovem e crédula matrona, Paulina, acreditando ter
passado a noite em sagrado intercurso com o deus Anubis no templo de Ísis,
descobriu que na verdade fora seduzida por um dos admiradores, resultando com a
descoberta da verdade, na crucificação dos sacerdotes e a deportação de
adoradores para a Sardenha. A prática do divórcio entre as romanas se dava por
conta de maridos que causavam tédio às suas esposas, comprovando a difícil
convivência entre eles naquela época. Exemplo disso é a conduta de Lívia que
era casada com um político e que, ao se divorciar dele, casou-se com o irmão
depois de uma briga entre eles. Augusto sobrinho e filho adotivo de César,
divorciou da esposa Scribônia por perversidade moral sob a alegação de ela se
antipatizara com uma das suas amantes, casando-se posteriormente com a
adolescente e já grávida de seis meses, Lívia Drusila. Foi o imperador Augusto
que introduziu penas severas contra a ofensa do adultério e, sempre, aplicadas
às mulheres, com banimento, despojada dos bens que possuísse e se tornando uma
ofensa criminal. Entre as mulheres de forte temperamento, registram-se os nomes
de Sempronia que se envolveu na conspiração Catilina; a bela, educada e fiel Cornélia,
esposa de Pompeu, e Lívia a consorte de Augusto que ajudou a estabilizar uma
nova ordem. Enfim, os romanos não se importavam com o que as suas esposas
fizessem, contanto que não os perturbassem. Nesse época as práticas
contraceptivas utilizadas pelas mulheres envolviam resina de cedro, opobálsamo
e gálbano, no hético intervalo entre o primeiro beijo e a consumação final.
Como esses produtos eram bastante caros, essas práticas fracassavam e as
mulheres inevitavelmente engravidavam, recorrendo à prática de aborto com
poções nauseantes e contorções físicas recomendadas pelos médicos de então. Por
conta disso, atribui-se aos romanos o invento do condom, usando bexigas de
cabra para tal finalidade. (Luiz Alberto Machado).
Veja mais:
PICADINHO
Imagem: a arte da artista plástica
britânica Carmen Tyrrel.
Curtindo o dvd A Celebration of Her Unique Enduring Gift
(2007), da violoncelista britânica Jacqueline
Du Pre (1945-1987).
EPÍGRAFE
– Per angustia ad augusta, frase recolhida da cena do quarto ato do drama Hernani
(1830), do escritor, dramaturgo e ativista dos direitos humanos francês, Victor Hugo (1802-1885), de uma frase
latina que era baseada num jogo de palavras que significa por estreitos
caminhos rumo às culminâncias. Veja aqui.
A
MULHER, O PATRIARCADO E A ESCRAVIDÃO
– No livro A mulher na sociedade de
classes: mito e realidade (Quatro Artes, 1969), da socióloga, professora e militante
feminista Helena Iara Bongiovani
Saffioti (1934-2010), encontro que: [...] Historicamente, nas antigas guerras do patriarcado e do racismo, os
vencedores, em suas conquistas no sistema dominação-exploração, as mulheres dos
vencidos eram transformadas em parceiras sexuais de guerreiros vitoriosos ou
por estes violentadas. Anda na época atual isto ocorre. Quando um país é
ocupado militarmente por tropas de outra nação, os soldados servem-se
sexualmente de mulher do que povo que combatem. [...] Na gênese do escravismo constava um tratamento distinto dispensado a
homens e a mulheres. Eis por que o racismo, base do escravismo,
independentemente das características físicas ou culturais do povo conquistado,
nasceu no mesmo momento histórico em que nasceu o sexismo. [...] As mulheres eram preservadas, pois serviam a
três propósitos: constituíam força de trabalho, importante fator de produção em
sociedades sem tecnologias ou possuidoras de tecnologias rudimentares; eram
reprodutoras desta força de trabalho, assegurando a continuidade da produção e
da própria sociedade; prestavam (cediam) serviços sexuais aos homens do povo
vitorioso. Aí estão as raízes do sexismo, ou seja, tão velho quanto o racismo.
Veja mais aqui.
UMA
ROSA PARA EMILY – No
conto Uma rosa para Emily (Cultrix,
1962), do escritor estadunidense e ganhador do prêmio Nobel de Literatura em
1949, William Faulkner (1897-1962),
destaco os trechos: Quando Miss Emily
Grierson morreu, toda a nossa cidade compareceu ao enterro: os homens em
atenção a essa espécie de carinho respeitoso que se tem por um monumento
tombado; as mulheres movidas pela curiosidade de ver o interior de sua casa,
onde ninguém entrara nos últimos dez anos, exceto um velho negro, ao mesmo
tempo cozinheiro e jardineiro. Era um casarão quadrado, de madeira, outrora
branco, decorado de cúpulas, de flechas, balcões, no estilo pesadamente frívolo
da época de 1870 [...] A casa de Miss
Emily era a única, levantando sua decrepitude teimosa e faceira acima dos
vagões de algodão e das bombas de gasolina. [...] Viva, Miss Emily fora uma tradição, um dever e um aborrecimento:
espécie de obrigação hereditária, pesando sobre a cidade desde o dia em que, em
1894, o Coronel Sartóris (o prefeito que baixou o decreto proibindo às negras
saírem à rua sem avental) a isentara do pagamento de impostos, isenção
definitiva, que datava da morte de seu pai. Isto não quer dizer que a Miss
Emily aceitasse a caridade. O Coronel Sartóris inventara a complicada história
de um empréstimo em dinheiro, feito pelo pai de Miss Emily à cidade e que a
cidade, por conveniência própria, preferia reembolsar dessa maneira. Só um
homem da geração e com as ideias do Corornel Sartóris poderia ter imaginado
semelhante coisa, e só uma mulher poderia ter acreditado. [...]. Veja mais
aqui e aqui.
METABÓLICO – Entre os poemas do livro Reflexo (Sioge, 1977), da premiada escritora,
dramaturga e roteirista Lenita Estrela de Sá, destaco o poema Metabólico: Me recuso a deglutir aquela mágoa / se me
apaixono pela ideia do texto. / Prefiro sair por aí / mirar brincos africanos
nas vitrines / marcar o chope, planger bandolins: / “descobrir que as coisas
mudam / e que tudo é pequeno / nas asa da Pan-Air” / ou ler escritos da poeta
urbana / feroz, finesse e fissura / a cabeça no punho da rede e além da calçada
/ Só não quero desaprender a espera / de uma alegria capaz de me prostar. Veja mais aqui.
NO
PALCO A PAIXÃO: CECÍLIO SÁ 50 ANOS DE TEATRO – No livro No palco a
paixão: Cecílio Sá 50 anos de teatro, da premiada escritora, dramaturga e
roteirista Lenita Estrela de Sá, é
desenvolvida uma pesquisa e iconografia do trabalho teatral de Cecílio Sá,
diretor de teatro popular, agraciado com a Medalha do Mérito Timbira por sua
relevante contribuição cultural ao Estado do Maranhão, tendo dirigido quatro
grupos teatrais – Grupo Ateniense, Grupo Arthur Azevedo, Grupo Teatral
renascença e Grupo Teatro Recreativo Amador do Maranhão – GRUTRAM. A obra serve
como importante documento histórico acerca da atividade teatral desenvolvida no
estado do Maranhão. Veja mais aqui.
THE
BLACK DAHLIA – O filme The Black Dahlia (2006), dirigido pelo
cineasta Brian De Palma, é baseado no romance homônimo do escritor James
Ellroy, conta a história da atriz estadunidense assassinada em 1947, Elizabeth
Short (1924-1947), mais conhecida como a Dália Negra, morta por razões e
assassino desconhecidos. Seu corpo foi encontrado mutilado e esquartejado em um
terreno baldio na cidade de Los Angeles, num crime que ficou eternizado não
apenas pela brutalidade, mas principalmente por permanecer até hoje sem
solução. Ela era uma jovem bonita, que estava determinada a ser famosa. O destaque
do filme vai para a atriz canadense Mia Kirshner. Veja mais aqui.
IMAGEM DO DIA
A arte do escultor francês Jean-Baptiste Pigalle (1714-1785).
DEDICATÓRIA
A edição de hoje é dedicada à escritora,
psicóloga, psicoterapeuta e especialista em desenvolvimento humano em empresas Lia Helena Giannechini & Além do Oceano.