terça-feira, abril 07, 2015

RAVI SHANKAR, GREGÓRIO, MISTRAL, WORDSWORTH, ALMADA-NEGREIROS, IRENE JACOB, MEIMEI CORRÊA & CURSO DE ORATÓRIA!!!


A TERRA – Na antologia poética da poeta chilena Gabriela Mistral (1889-1957), destaco o seu belíssimo poema A Terra, na tradução de José Jeronymo Ribera: Indiozinho, se estás cansado / Tu te recostas sobre a Terra, / fazes igual se estás alegre, / vai, filho meu, brinca com ela... / Que de coisas maravilhosas / soa o tambor índio da Terra: / se ouve o fogo que sobe e desce / buscando o céu, e não sossega. / Roda e roda, se ouvem os rios / em cascatas que não se contam. / Se ouve mugir os animais; / comer o machado a selva. / Ouve-se soar teares índios. / Se ouvem trilhos e se ouvem festas. / Aonde o índio está chamando, / o tambor índio lhe contesta, / e tange perto e tange longe, / como o que foge e que regressa... / Tudo toma, tudo carrega / o corpo sagrado da Terra: / o que caminha, o que adormece, / o que se diverte e o que pena; / os vivos e também os mortos / leva o tambor índio da Terra. / Quando eu morrer, não chores, filho: / peito a peito junta-te a ela / e se dominas o teu fôlego / como quem tudo ou nada seja, / tu ouvirás subir seu braço / que me jungia e que me entrega / e a mãe que estava quebrantada / tu a verás tornar inteira. Veja mais aqui.

Imagem: Female nude (for the decoration of Bristol club), do pintor português Almada-Negreiros (1893-1970)

Ouvindo: Concerto for sitar and orchestra (BGO Records, 1990), do compositor e músico indiano Ravi Shankar (1920-2012), arranjos de Ali Arkbar Khan e o autor, conductor André Previn and London Symphony Orchestra.

BOCA DO INFERNO – O romance Boca do Inferno (Companhia das Letras, 1990), da escritora Ana Miranda é desenvolvido no séc. XVII na Bahia colonial, durante o governo tirânico do militar Antonio de Souza de Menezes, alcunhado de Braço de Prata, por usar uma peça deste metal no lugar do braço perdido numa batalha naval contra os invasores holandeses. Entre os perseguidos pela fúria do brutal governador, está o grande poeta brasileiro Gregório de Matos Guerra (1633-1696), envolvido por suas ligações com os Ravasco e por suas sátiras aos poderosos, perdendo seus cargos e tendo que fugir com medo de ser preso ou morto. Ilustra bem a situação esse soneto da lavra desse autor: A cada canto um grande conselheiro, / Que nos quer governar cabana e vinha; / Não sabem governar sua cozinha, / E podem governar o mundo inteiro. / Em cada porta um bem frequente olheiro, / que a vida do vizinho e da vizinha / Pesquisa, escuta, espreita e esquadrinha, / Para o levar à praça e ao terreiro. / Muitos mulatos desavergonhados, / Trazidos sob os pés os homens nobres, / Posta nas palmas toda a picardia, / Estupendas usuras nos mercados, / Todos os que não furtam muito pobres: / E eis aqui a cidade da Bahia. Veja mais aqui e aqui.

O CARVALHO DE GUERNICA – Em uma coletânea de poemas selecionados por David Ferry (Dell Publishing, 1960), reunindo poemas do maior poeta romântico inglês, William Wordsworth (1770-1850), destaco o seu poema O carvalho de Guernica: O antigo / carvalho de Guernica, conta Laborde na sua descrição da Biscaia, é o monumento natural / mais venerável. Fernando e Isabel, em 1476, depois de ouvirem missa na Igreja de Santa / Maria la Antígua, dirigiram-se para essa árvore, sob a qual juraram aos biscaínos / respeitar os seus foros. Que outro interesse esteja ligado a ele no espírito desse povo / é o que se verá do seguinte (soneto) supostamente falando ao mesmo. 1810. / Carvalho de Guernica! Árvore mais / Sagrada que em Dodona a que escondia / Uma divina voz (a fé o cria) / Dando da aérea fronde altos sinais! / Como podes florir em tempos tais? / Que esperança o Sol te traz, ou que alegria? / São-te trazidas pela maresia, / Ou por leves orvalhos matinais? / Benvindo seja o golpe que em ti caia, / E em terra alongue a tua fronde imensa, / Se nunca mais, à sua sombra densa, / Venham legisladores sentar-se uivantes, / Senhores e camponeses, como dantes, / Guardiães das liberdades da Biscaia. Veja mais aqui.

TROIS COULEURS: ROUGE – O drama Trois couleurs: Rouge (A fraternidade é vermelha, 1994), é o terceiro filme da Trilogia das Cores do cineasta polonês Krzysztof Kieslowski (1941-1996), conta a história de uma jovem modelo Valentine que está dirigindo seu carro de volta para casa quando atropela algo em seu caminho. Ao descer do veículo, encontra uma cadela ferida, com o endereço de seu dono na coleira, quando conheceu um juiz aposentado que termina seus dias espionando as conversas telefônicas de seus vizinhos. Por trás deste estranho comportamento, está o enigma de um homem cujo motivo vital é tomar posse da intimidade daquelas pessoas e acompanhar passo a passo o desenrolar de seus destinos. Destaque para o trabalho da atriz franco-suíça Irène Jacob no papel da protagonista. Veja mais aqui.



Veja mais sobre:
Dois quentes & um fervendo, a poesia de James Joyce, A música viva de Koellreutter & Carlos Kater, a pintura de Jan Sluijters, a arte de Karel Appel, a música de Brahms & Giorgia Tomassi aqui.

E mais:
Exercício de admiração de Emil Cioran, Abril despedaçado de Ismail Kadaré, o teatro de Meyerhold, a arte de Fridha Khalo, a música de Badi Assad, a pintura de Karel Appel, o cinema de Carla Camurati & Marieta Severo, Carlota Joaquina & Clube Caiubi de Compositores aqui.
Doro na Caixa do Fecamepa aqui.
Constitucionalização do direito penal aqui.
Literatura Infantil, a poesia de Hermann Hesse, o teatro de Constantin Stanislavski, Leviatã de Thomas Hobbes, o cinema de Krzysztof Kieslowski & Juliette Binoche, a música de Tom Jobim & Lee Ritenour, Tiquê: a deusa da fortuna, a arte de Bette Davis, a pintura de Jean-Honoré Fragonard & Alexey Tarasovich Markov aqui.
O lado fatal de Lya Luft, a literatura de Marcia Tiburi, Afrodite & o julgamento de Páris, a música de Diana Kral, o teatro de Cacilda Becker & José Celso Martinez Corrêa, o cinema de Krzysztof Kieslowski & Julie Delpys, a arte de Jeanne Hébuterne, a pintura de Débora Arango & Enrique Simonet aqui.
A salvação bidiônica depois da bronca, o pensamento de István Mészarós, Mal de amores de Ángeles Mastretta, Horror econômico de Viviane Forrester, A gaia ciência de Friedrich Nietzsche, a pintura de Auguste Chabaud, a música de Tatjana Vassiljeva, a arte de Lia Chaia & Wesley Duke Lee aqui.
Colocando os pingos nos iiiiis, A teoria da viagem de Michel Onfray, Discurso & argumentação de Débora Massmann, A gaia ciência de Friedrich Nietzsche, Neurofilosofia & Neurociência, a música de Natalia Gutman, a poesia de Viviane Mosé, a fotografia de Cris Bierrenbach, a arte de Mira Schendel, Conversa de bar & filho não reconhece pai & Quando se pensa que está abafando, das duas, uma: ou contraria ou se expõe ao ridículo. Cadê o simancol, meu aqui.
A gente tem é que fazer, nunca esperar que façam por nós, O enigma do artista de Ernest Kris & Otto Kurz, Os catadores de conchas de Rosamunde Pilcher, As viagens de Marco Polo, A gaia ciência de Friedrich Nietzsche, Respeito aos idosos, a música de Silke Avenhaus, a arte de Beth Moyses & Antonio Saura, Os passos desembaraçados nos emaranhados caminhos & Quando os ventos sopram a favor, tudo fica mais fácil aqui.
Que coisa! Quando eu ia, todos já voltavam, a poesia de Sylvia Plath, Estruturas sociais da economia de Pierre Bourdieu, Rede e movimentos sociais de Maria Ceci Misoczky, Gravidez na adolescência de Laura Maria Pedrosa de Almeida, A gaia ciência de Friedrich Nietzsche, a música de Coeur de Pirate, a arte de Luciah Lopez, O feitiço do amor & Quando algo der errado, não adianta chilique: cada um aprende mesmo é com suas escolhas aqui.
No reino da competição todo mundo tem de ser super-homem – o ser humano não é nada, As causas da pobreza de Simon Schwatzman, A crise da educação de Hannah Arendt, a literatura de Abraham B. Yehoshua, Aprender e suportar o equivoco de Clemencia Baraldi, A gaia ciência de Friedrich Nietzsche, A primeira paixão de Ximênia, a música de Ernesto Nazareth & Maria Teresa Madeira, a pintura de Arturo Souto & Mikalojus Konstantinas Ciurlionis aqui.
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