A
TERRA
– Na antologia poética da poeta chilena Gabriela Mistral (1889-1957), destaco o
seu belíssimo poema A Terra, na tradução de José Jeronymo Ribera: Indiozinho,
se estás cansado / Tu te recostas sobre a Terra, / fazes igual se estás alegre,
/ vai, filho meu, brinca com ela... / Que de coisas maravilhosas / soa o tambor
índio da Terra: / se ouve o fogo que sobe e desce / buscando o céu, e não
sossega. / Roda e roda, se ouvem os rios / em cascatas que não se contam. / Se
ouve mugir os animais; / comer o machado a selva. / Ouve-se soar teares índios.
/ Se ouvem trilhos e se ouvem festas. / Aonde o índio está chamando, / o tambor
índio lhe contesta, / e tange perto e tange longe, / como o que foge e que
regressa... / Tudo toma, tudo carrega / o corpo sagrado da Terra: / o que
caminha, o que adormece, / o que se diverte e o que pena; / os vivos e também
os mortos / leva o tambor índio da Terra. / Quando eu morrer, não chores,
filho: / peito a peito junta-te a ela / e se dominas o teu fôlego / como quem
tudo ou nada seja, / tu ouvirás subir seu braço / que me jungia e que me
entrega / e a mãe que estava quebrantada / tu a verás tornar inteira. Veja mais aqui.
Imagem: Female nude (for the decoration of Bristol club), do pintor português Almada-Negreiros (1893-1970)
Ouvindo: Concerto for sitar and orchestra (BGO Records, 1990), do compositor e músico indiano Ravi Shankar (1920-2012), arranjos de Ali Arkbar Khan e o autor, conductor André Previn and London Symphony Orchestra.
BOCA
DO INFERNO
– O romance Boca do Inferno (Companhia das Letras, 1990), da escritora Ana
Miranda é desenvolvido no séc. XVII na Bahia colonial, durante o governo
tirânico do militar Antonio de Souza de Menezes, alcunhado de Braço de Prata,
por usar uma peça deste metal no lugar do braço perdido numa batalha naval
contra os invasores holandeses. Entre os perseguidos pela fúria do brutal
governador, está o grande poeta brasileiro Gregório
de Matos Guerra (1633-1696), envolvido por suas ligações com os Ravasco e
por suas sátiras aos poderosos, perdendo seus cargos e tendo que fugir com medo
de ser preso ou morto. Ilustra bem a situação esse soneto da lavra desse autor:
A cada canto um grande conselheiro, / Que nos quer governar cabana e
vinha; / Não sabem governar sua cozinha, / E podem governar o mundo inteiro. / Em
cada porta um bem frequente olheiro, / que a vida do vizinho e da vizinha / Pesquisa,
escuta, espreita e esquadrinha, / Para o levar à praça e ao terreiro. / Muitos mulatos desavergonhados, / Trazidos
sob os pés os homens nobres, / Posta nas palmas toda a picardia, / Estupendas
usuras nos mercados, / Todos os que não furtam muito pobres: / E eis aqui a
cidade da Bahia. Veja mais aqui e aqui.
O
CARVALHO DE GUERNICA – Em uma coletânea de poemas selecionados
por David Ferry (Dell Publishing, 1960), reunindo poemas do maior poeta
romântico inglês, William Wordsworth (1770-1850), destaco o seu poema O
carvalho de Guernica: O antigo / carvalho
de Guernica, conta Laborde na sua descrição da Biscaia, é o monumento natural /
mais venerável. Fernando e Isabel, em 1476, depois de ouvirem missa na Igreja
de Santa / Maria la Antígua, dirigiram-se para essa árvore, sob a qual juraram
aos biscaínos / respeitar os seus foros. Que outro interesse esteja ligado a
ele no espírito desse povo / é o que se verá do seguinte (soneto) supostamente
falando ao mesmo. 1810. / Carvalho de Guernica! Árvore mais / Sagrada que em
Dodona a que escondia / Uma divina voz (a fé o cria) / Dando da aérea fronde
altos sinais! / Como podes florir em tempos tais? / Que esperança o Sol te
traz, ou que alegria? / São-te trazidas pela maresia, / Ou por leves orvalhos
matinais? / Benvindo seja o golpe que em ti caia, / E em terra alongue a tua
fronde imensa, / Se nunca mais, à sua sombra densa, / Venham legisladores
sentar-se uivantes, / Senhores e camponeses, como dantes, / Guardiães das
liberdades da Biscaia. Veja mais aqui.
TROIS COULEURS: ROUGE – O drama Trois couleurs: Rouge (A fraternidade é vermelha, 1994), é o terceiro filme da Trilogia das Cores do
cineasta polonês Krzysztof Kieslowski (1941-1996), conta a história de uma
jovem modelo Valentine que está dirigindo seu carro de volta para casa quando
atropela algo em seu caminho. Ao descer do veículo, encontra uma cadela ferida,
com o endereço de seu dono na coleira, quando conheceu um juiz aposentado que
termina seus dias espionando as conversas telefônicas de seus vizinhos. Por
trás deste estranho comportamento, está o enigma de um homem cujo motivo vital
é tomar posse da intimidade daquelas pessoas e acompanhar passo a passo o
desenrolar de seus destinos. Destaque para o trabalho da atriz franco-suíça Irène Jacob no papel da protagonista.
Veja mais aqui.
Veja mais sobre:
Dois quentes & um fervendo, a poesia de James Joyce, A música viva
de Koellreutter & Carlos
Kater, a pintura de Jan Sluijters, a arte de Karel
Appel, a música de Brahms & Giorgia Tomassi aqui.
E mais:
Exercício de admiração de Emil Cioran,
Abril despedaçado de Ismail Kadaré, o teatro de Meyerhold, a arte de Fridha
Khalo, a música de Badi Assad, a pintura de Karel Appel, o cinema de Carla
Camurati & Marieta Severo, Carlota Joaquina & Clube Caiubi de
Compositores aqui.
Doro na Caixa do Fecamepa aqui.
Constitucionalização do direito penal aqui.
Literatura Infantil, a poesia de Hermann Hesse, o teatro de
Constantin Stanislavski, Leviatã de Thomas Hobbes, o cinema de Krzysztof
Kieslowski & Juliette Binoche, a música de Tom Jobim & Lee Ritenour,
Tiquê: a deusa da fortuna, a arte de Bette Davis, a pintura de Jean-Honoré
Fragonard & Alexey Tarasovich Markov aqui.
O lado fatal de Lya Luft, a literatura de
Marcia Tiburi, Afrodite & o julgamento de Páris, a música de Diana Kral, o
teatro de Cacilda Becker & José Celso Martinez Corrêa, o cinema de
Krzysztof Kieslowski & Julie Delpys, a arte de Jeanne Hébuterne, a pintura
de Débora Arango & Enrique Simonet aqui.
A salvação bidiônica depois da bronca, o pensamento de István Mészarós, Mal de
amores de Ángeles Mastretta, Horror econômico de Viviane Forrester, A gaia
ciência de Friedrich Nietzsche, a pintura de Auguste Chabaud,
a música de Tatjana Vassiljeva, a arte de Lia
Chaia & Wesley Duke Lee aqui.
Colocando os pingos nos iiiiis, A teoria da viagem de Michel Onfray, Discurso
& argumentação de Débora Massmann, A gaia ciência de Friedrich Nietzsche,
Neurofilosofia & Neurociência, a música de Natalia Gutman, a poesia de
Viviane Mosé, a fotografia de Cris Bierrenbach, a arte de Mira Schendel,
Conversa de bar & filho não reconhece pai & Quando se pensa que está
abafando, das duas, uma: ou contraria ou se expõe ao ridículo. Cadê o simancol,
meu aqui.
A gente tem é que fazer, nunca esperar
que façam por nós, O
enigma do artista de Ernest Kris & Otto Kurz, Os catadores de conchas de
Rosamunde Pilcher, As viagens de Marco Polo, A gaia ciência de Friedrich
Nietzsche, Respeito aos idosos, a música de Silke Avenhaus, a arte de Beth
Moyses & Antonio Saura, Os passos desembaraçados nos emaranhados caminhos
& Quando os ventos sopram a favor, tudo fica mais fácil aqui.
Que coisa! Quando eu ia, todos já
voltavam, a poesia
de Sylvia Plath, Estruturas sociais da economia de Pierre Bourdieu, Rede e
movimentos sociais de Maria Ceci Misoczky, Gravidez na adolescência de Laura
Maria Pedrosa de Almeida, A gaia ciência de Friedrich Nietzsche, a música de Coeur de Pirate, a arte de Luciah Lopez, O feitiço do amor
& Quando algo der errado, não adianta chilique: cada um aprende mesmo é com
suas escolhas aqui.
No reino da competição todo mundo tem de
ser super-homem – o ser humano não é nada, As causas da pobreza de Simon Schwatzman, A crise da
educação de Hannah Arendt, a literatura de Abraham B.
Yehoshua, Aprender e suportar o equivoco de Clemencia Baraldi, A gaia ciência
de Friedrich Nietzsche, A primeira paixão de Ximênia, a música de Ernesto
Nazareth & Maria Teresa Madeira, a pintura de Arturo Souto & Mikalojus Konstantinas Ciurlionis aqui.
História da mulher: da antiguidade ao
século XXI aqui.
Palestras: Psicologia, Direito &
Educação aqui.
A croniqueta de antemão aqui.
Livros Infantis do Nitolino aqui.
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CRÔNICA DE AMOR POR ELA
Art by Ísis Nefelibata
CANTARAU: VAMOS APRUMAR A CONVERSA
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