Fiery Dance - Dance
Painting, do artista
plástico russo Andrew Atroshenko
TRÊS POEMAS & A DANÇA REVELOU O
AMOR...
PAS DE
DEUX
Deutsche Operam Rhein Ballet Calendar, by Klaus Kampert
No palco do meu coração sedento jamais
houvera tamanha fascinação, jamais houvera, porque algo mais infrene se fizera
aroma de seiva na noite fria de agosto: a presença resplendente do seu corpo de
mulher.
Ah, jamais houvera tão irresistível: à
meia luz seu jeito maçã desolada, cabeça pendida no ombro da solidão. Na
horagá, a minha chegada de sempre: a captura. E franze o rosto, cerra as
pálpebras, morde os lábios e estremece suplicante a suspirar o magnetismo do
coração que palpita na sintonia que nos impele um ao outro. Nada a deter e o
amor embala na rede dos devaneios quando nos píncaros da sedução se insinua num
écarté para me provocar com requisições de gracejos acariciantes, a me
insultar no entalhe pujante de costas com o pé na barra a dar-me todos os regalos
de um ensaio fotográfico particular, ali exclusivo estourando meus sentidos.
Ah jamais houvera e nossos corpos fremem
de desejos e já me precipito envolvê-la para o embalo íntimo de um atittude
libidinoso, colados um no outro a inalar o incenso dos nossos laços de
sentimentos transpassados. Mas judia de mim a rodopiar com seu magnetismo.
Rodopia incólume na noite enquanto eu afio os dentes. E rodopia mais o seu
bailado sem fim, até que possessa, de repente, me leva ao nocaute num grand
decárt sobre meu corpo.
Ah, Cinderela exata do meu tope, Loba
certa do meu querer. E eu sou todo delírio nessa festa que jamais houvera. E na
agonia dos quereres imponho poder nas minhas mãos que se acercam de sua feição,
alisam seu rosto, se apossam de sua feitura para arrancá-la ao beijo, nos
enroscando na dança. E aos solavancos murmuramos arrastados pelo tapete de
pétalas no assoalho da pulsação vital, atrás da porta, das cortinas, esgotando
calcinados nosso parque de diversão que traz o repique dos sinos no júbilo, crepitando
a nossa fogueira de ímpeto selvagem nas alturas das suas nuvens para chover meu
amor, na invasão da sua selva com todos os segredos de entrega e felicidade.
Ah jamais houvera e ofegantes usufruímos
a vida e com ela nossos turbilhões mais que enlouquecidos derrubando colunas,
grilhões, capitéis, pedestais, leis e limites, até alcançar o podium do grand
finale a nos fartar embriagados da sidra dos nossos corpos desforrados.
Ah, jamais houvera pas de deux
como devaneio do amor na noite fria de agosto, jamais houvera.
BOLERO
Deutsche Operam Rhein Ballet Calendar, by
Klaus-Kampert
À
meia luz, mão na mão, passo a passo. E a pele lua de algodão pousa leve como um
pássaro levitando nos meus braços agudos.
São
dois passos lá demovendo todas as nuvens do meu sexo. Dois passos cá, uivando
nua, possuída de vida que não troca nada de si por nada desse mundo, só a girar
embalada pelo ensaio que se faz chama na fúria íntima e se alastra fogo vivo em
nossa alma.
Pro
mundo é noite calma, enquanto em nossa carne a terra cresce ruidosa,
desembestada, ciclone rompendo a órbita de todos os ventos que revolvem as
entranhas nos campos magnéticos da celebração dos quadris.
A
dança e o perfume me recolhem insepulto de ontem na noite, capturado pela teia
que arde e retorce nosso lençol de nada e eu como um deus sacudindo a vida
pelas labaredas da boca, pelas chamas do ventre à medida do coração.
A
cada enleio sua manha enreda e desvencilha e torna a enredar, infindável
urdidura na taça do meu sexo. E se adoça com os meus venenos até acender em sua
mão lépida efervescente e a fazer de mim lascivamente eletrizado até sentir-lhe
a boca do útero e tudo adensa e cresce rodopiante mundo, enquanto sou Ravel
extasiado e você bolero nas minhas veias até transbordar nossas emoções
avassaladoras.
A
dança e o corpo nu inteirinho colado ao meu, fincado no salão do amor,
inundando tudo, corpo saqueado no apelo do bolero e dançamos, rodeamos,
rodopiamos, mão na sua e na cintura, o salão, o corpo inteiro e a noite inteira
danças intensas até o último portal do prazer: começaria tudo outra vez.
CIRANDA
Early Spring,
do artista plástico Ton Dubbeldam.
Sim, foi você singela e nua quem veio do
fundo dos oceanos para redimir meu abandono, veraneando a minha vida enquanto
eu estava na beira da praia ouvindo as pancadas das águas do mar.
Foi exatamente com a sua súbita aparição
que meus devaneios revividos puderam entoar o enleio pelos estribilhos de
cirandeira, sua mão na minha mão, de braços dados e na cadência da zabumba,
tarol, saxofone, gingando descalços nas areias do mar.
Foi quando pude ter a noção de que seria
encurralado por seu domínio e por seu feitiço solaçoso, me iniciando em seus
mistérios no tamanho cósmico da nossa entrega na beira do mar.
Foi, portanto, a minha oportunidade de
ser feliz.
Foi e meu coração cresceu de amor e
exagerou na dose dos versos mais audaciosos, até saber-me cantor dos quereres
que nos anima a alma.
E cantei o amor porque essa ciranda quem
me deu foi Lia que mora na ilha de Itamaracá.
Sim, é o fogo do seu corpo que revitaliza
o meu, é a candura da sua alma que restabelece a minha, é a grandeza do seu
amor que me faz ser seu.
Black sugar, do artista plástico Jeremy
Mann.
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