A SOLIDÃO DE
DYLAN... - Ainda criança ouvia do seu pai, que era professor de escola primária,
o costume de Shakespeare. Essa audição o fez, ainda menino a escrever mais de duzentos poemas. Logo dirigiu o
jornal da escola e, na adolescência, largou tudo para ser repórter
júnior no Dailly Post. Abandonou o trabalho para se concentrar na poesia
em tempo integral. Mal completara 20 anos e seguiu para Londres, ganhador do
prêmio Poet’s Corner, publicando seus 18 poems – um volume composto de
cadernos de poesia escritos na adolescência. Começou a abusar do álcool, sem se
preocupar com questões intelectuais ou sociais, mergulhado nas influências
célticas, românticas e surreais. Quis servir à guerra, mas não foi convocado pelo
comitê de recrutamento por conta de seus problemas de saúde. Esta uma grande decepção
e somava-se às características da morbidez, pois já acreditava que não viveria
muito. Era um mar voraz, indomável como as ondas de seu país. Não reconhecia
nenhum limite em sua autodestruição
e indisfarçável egoísmo. Aliciado por seus próprios excessos, o divertimento
com sua obsessão, produzia e desperdiçava tempo, refugiando-se nos pubs.
Tornou-se
roteirista de cinema, fez documentários, uma
celebridade: sua voz seduzia milhares de ouvintes, atraia novos admiradores;
sua irreverência impressionava o mundo atônito. Um profundo solitário apaixonado
pela sonoridade das palavras e estilo incrivelmente pessoal. Não tinha um tostão
no bolso levado por suas fundas raízes telúricas, uma nostalgia pelo passado. Comportava-se
como um perdulário, muito embora demonstrasse para todos não possuir nenhuma
forma de usura ou de apego a bens materiais: um poeta puro, absoluto! Foi pros
Estados Unidos com sua romântica teatralidade e porres homéricos, tornando-se
figura lendária: um ídolo pros Beat. Arrebatou plateias com sua grave
voz ao ler seus versos, influenciando um jovem compositor: Robert Allen
Zimmerman – que tomaria seu nome para si. O inconformista que não deu certo com
secretos desígnios na escolha nada fortuita e tão imoderado na música das
ideias: A morte e a vida deixam de ser antíteses... Era visível seu declínio,
os atritos com a esposa mais se agravavam, deteriorando-se rapidamente. Implorava
por meio cartas desesperadas e pungentes uma reconciliação. E violentava-se a
si mesmo e às palavras: sofria paroxismos de culpa. Deixou cadernos de poemas
para trás e ingeriu quarenta canecas de cerveja: Este adorável planeta vai
arder sob os efeitos da hecatombe nuclear... O poeta que simbolizava a vanguarda
passou a ser visto como um personagem fora de moda e, com o declínio de sua
reputação, não ficou impune às sequelas das bravatas alcoólicas ou ao insulto
cerebral, nem a devastação perseguidora de uma legião de ninfomaníacas e, com os
versos da longa e magnífica Elegia inacabada, sucumbiu de vez como um enfant terrible no Chelsea Hotel, subjugado pelo cansaço
em Laugharme, de onde sua alma talvez jamais tenha saído. Veja mais abaixo e
mais aqui e aqui.
DITOS &
DESDITOS - A vida sempre lhe oferece uma segunda chance. Isso se chama amanhã... Um bom poema é uma contribuição à realidade. O mundo nunca mais é o mesmo depois que
um bom poema é adicionado a ele. Um bom poema de ajuda a mudar a forma do universo, ajuda a ampliar o
conhecimento de todos sobre si mesmos e sobre o mundo ao redor... Gosto de pensar
na poesia como declarações feitas a caminho do túmulo... Eu carrego uma fera,
um anjo e um louco dentro de mim. Aquele que busca descanso encontra tédio.
Aquele que busca trabalho encontra descanso. Alguém está me entediando. Acho
que sou eu. O amor é a última luz falada. Embora enlouqueçam, eles permanecerão
sãos; embora afundem no mar, eles se levantarão novamente; embora os amantes se
percam, o amor não se perderá; e a morte não terá domínio. Pensamento do
poeta gales Dylan Thomas (1914-1953), que ao nascer
recebeu o seu nome extraído do Mabinogton, uma coletânea de manuscritos
em prosa escritos em galês medieval, baseados em eventos históricos, no qual
cada um dos quatro contos termina com um colofão que diz: “Assim termina este ramo do mabinogi" e
que consta: “Nomearei
este criança, e o nome que lhe darei será Dylan”. Assim, conforme Ivan Junqueira,
no texto de Dylan Thomas, um perfil, da obra Dylan Thomas: poemas
reunidos (1934-1953) (José Olympio, 1991), assinala: Assim foi chamado o
menino de cabelos de ouro, e dirigiu-se diretamente para o mar. E, quando
alcançou a praia, tornou-se de imediato parte do mar, compartilhou de sua
natureza e nadou tão longe quanto a salamandra aquática. E, por essa razão foi
por ele chamado Dylan Eil Ton, filho marinho das ondas. Veja mais aqui,
aqui, aqui, aqui, aqui e aqui.
ALGUÉM FALOU: O pensamento expansivo é aquele que corre
ruidosamente e simultaneamente em todas as direções onde pode abrir caminho,
que irá constantemente e irregularmente adiante sem parar um momento para
contemplar com um olhar o terreno percorrido, e sem tentar construir um
monumento doutrinário... Pensamento
da filósofa francesa Hélène Metzger (1889–1944), que no seu estudo La méthode philosophique en histoire des sciences:
Textes 1914–1939 (Fayard, 1987), expressou que: [...] penetrar
com maior certeza e simpatia mais ativa o pensamento criativo do passado no
qual ele infunde nova vida, que ele revive por um momento. Além disso, há um
fator pessoal, subjetivo … que é impossível eliminar completamente; é melhor
admiti-lo honestamente do que negá-lo a priori . Os historiadores, como todos
os filósofos, como todos os cientistas e como todos os humanos, têm tendências
inatas, modos de pensar individuais, mas imperceptíveis, que ainda não são
opiniões ou mesmo sistemas de pensamento, mas que podem engendram tais opiniões
e sistemas. [...]. Ela também é autora dos estudos La genèse de la science des cristaux (1918), Les doctrines chimiques en
France du début du XVIIe à la fin du XVIIIe siècle (1923), Les Concepts
scientifiques (1926), Newton, Stahl, Boerhaave et la doctrine chimique
(1930), La chimie (1930), La Philosophie de la matière chez Lavoisier
(1935), Attraction universelle et religion naturelle chez quelques
commentateurs anglais de Newton (1938), La Science, l'appel de la
religion et la volonté humaine (1954), La Méthode philosophique en
histoire des sciences(1987), entre outros.
ONTEM – [...] Eu tinha apenas um desejo: ir embora, andar, morrer, tanto faz. Eu queria
fugir, nunca mais voltar, desaparecer, derreter na floresta, nas nuvens, não
ter mais memórias, esquecer, esquecer.
[...]. Trecho extraído da obra Yesterday (Random House, 1997),
da escritora húngara Ágota Kristof, que no seu livro Le grand cahier (Points, 1995)
expressou que: [...] Para decidir se é
“Bom” ou “Não Bom”, temos uma regra muito simples: a composição deve ser
verdadeira. Devemos
descrever o que é, o que vemos, o que ouvimos, o que fazemos. [...] Já no livro La prevue (Points, 1995), expressou que: [...] A dor diminui, as memórias desaparecem. O insone olha
para Lucas: —
Para diminuir, para esmaecer, eu disse, sim, mas para não desaparecer. [...]. Por fim, no seu livro Claus y Lucas (Booket, 2014),
expressou que: [...] Tenho convicção que
todo ser humano nasce para escrever um livro, só para isso. Um grande
livro ou um livro medíocre, não importa, mas quem não escreve nada é um ser arruinado,
que passou pela terra sem deixar vestígios.
[...]. Veja mais aqui.
DOIS POEMAS – ABISMO - Às vezes você vê gesso \ caindo das
cabeças. \ A fachada da razão se desfazendo. \ História novamente. \ Por que
voltar a isso, \ já que tudo está à nossa frente de qualquer maneira. \ Está
feito. Não pode ser desfeito. \ Sento-me sob qualquer céu antigo \ e ouço o que
a mediocridade tem a dizer. \ Nos livros de orações, \ um marcador anunciando \
aves anti-rugas. \ De todas as nações vocês sabem que \ Assassinos podem ser
eliminados. ESTUDE A MORTE - Estude
a morte. Aprenda de cor. \ Seguindo as regras de ortografia \ de palavras
mortas. \ Soletre-os juntos \ como comunidade ou linho. \ Não divida \ entre os
mortos. \ Você é o escolhido dos deuses. \ Estude a morte cedo. \ O amor ao
país \ também pode ser mortal. \ Estude a morte \ no amor. \ Estude a morte não
apenas \ para matar o tempo. \ O tempo pode ser suicida \ e ficar pendurado em
uma árvore por horas. \ Teste você mesmo. \ Um verdadeiro teste ao vivo. Poema da poeta polonesa Ewa Lipska.
Veja mais aqui.
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