A MULTA DO FIM DO MUNDO – Imagem: arte sem título de Auber Fioravante Junior - Sempre cumpridora dos compromissos, Vera
jamais ousaria acarretar prejuízo a quem quer fosse. E ser canetada por uma
multa, seria, pra ela, o fim do mundo! Principalmente porque nem o mais reles
inseto seria capaz dela inadvertidamente espragatar, quanto mais causar
qualquer dano no trânsito. Isso não! Podia chamá-la de tudo, menos de
irresponsável. Notadamente ao volante, isso nunca! Direção defensiva, primeiros
socorros, estudos com choferes abalizados, mecânicos juramentados, gente da
melhor cepa dera-lhe instruções dela dirigir de lambreta à jamanta
Romeu&Julieta, até treminhão, se brincar. Trator? A danada já saiu
manipulando marcha até em patrol! E sempre com rigor exigido: de luvas e EPÍ.
Correta, bote na conta do pontual; se era para pagar, antecipava. Nunca soubera
de inadimplência. Sempre em cima da risca. Mas aquela multa a tirou do sério.
Como poderia? Fez uma ginástica mental para identificar a causa. Sempre
respeitou faixa de pedestre, meio-fio, parada regulamentar, preferência ao da
direita, retrovisor pronto para sinalizar pra quem viesse ou fosse, nunca
avançou um sinal vermelho, jamais além do limite de velocidade permitido, o que
fosse: nenhuma infração de trânsito na vida. Uma multa? Não, não era possível.
E de trânsito. Como? Veículo sempre nos conformes legais, nada sujeito à qualquer
possível intervenção: do pisca-pisca, passando pelo extintor até o cano de
escape saindo lá trás com fiscalização pra não poluir nada. Mas ficou: uma
multa? Como? O guarda mostrando o filme e ela passando na cabeça cada detalhe
do dia da multa. 24 de abril. Uma terça. Na Avenida. Remoendo mais as catracas.
Lembrava que havia respeitado todas as faixas de pedestres. Todas. Sim, todas
as faixas de pedestres respeitadas. Uma a uma. Como poderia? Estava pronta para
armar o maior barraco. Justo ali, àquela hora, respeitadora de tudo, dona de
todas as razões, infringir um sinal vermelho? Se havia respeitado todas as
faixas de pedestres, por que infringira a lei? Quando o funcionário passa o
filme: realmente, ela havia respeitado e quando os pedestres passaram, ela
botou marcha e seguiu, conforme as últimas quatro faixas de pedestres. Só que
nessa última, o sinal estava vermelho, não viu. E ela se valeu da faixa. Mas o
sinal, Vera, o sinal estava vermelho. Ela não viu, só a faixa e a passagem dos
pedestres. Quando eles passaram, ela engatou marcha, não viu o semáforo, estava
fechado e ela passou. A infringência. Não era a faixa, era o semáforo, Vera! Veja
mais aqui, aqui e aqui.
Imagem: Doku, 2012, do artista plástico do surrealismo e da arte fantástica suíço Hans Rudolf Giger (1940-2014)
Ouvindo Concerto for Violin, Piano & String Quartet Op. 21 (1891) in D Major / D -Dur / en ré majeur 1, do compositor francês Ernest Chausson (1855-1899), com Franco Giulli, Enrica Cavallo & Tartini Quartet. Veja mais aqui e aqui.
RELIGIÃO E SAÚDE MENTAL – Como resultados de investigações científicas que redundaram na obra Religião, psicopatologia & saúde mental,
de Paulo Dalgalarrondo, dão conta de
que estudos empíricos realizados identificam associações positivas entre
religião e saúde mental, inclusive para racionalização do ódio, preconceito e
discriminação. Entretanto, diversos outros estudos relataram associações
negativas entre essas duas dimensões, alegando que universitários religiosos
tendem a ter traços de personalidade como conformismo, homofobia, dependência,
atitudes defensivas, baixa autoestima, pior ajustamento, perfeccionismo,
insegurança e ódio autodirigido. Outros estudos assinalam que pessoas
exacerbadas religiosamente apresentam dependência, culpa excessiva, pensamentos
obsessivos, ansiedade e perfeccionismo, evidenciando que a religião incrementa
sentimentos de depressão, culpa, vergonha, erodia sentimentos de competência e
autoestima, encorajando ao isolamento, intensificando dificuldades de percepção
de falhas pessoais ou relacionadas a vida pessoal e subjetiva. Entre os fatores
mais negativos estão aquelas religiões que proíbem o uso de vacina, transfusão
de sangue e outros tipos de medicação quando de enfermidades e necessitando
para saúde. Em suma, destaca então o autor que apesar da maioria das evidencias
empíricas apontar para uma associação positiva entre saúde mental, religião e
religiosidade, também há, embora em menor numero, evidencia empírica de que,
para alguns subgrupos, em determinadas situações e condições de vida, e em
certos contextos religiosos, o maior envolvimento com a religião pode, ao
contrário, estar associado a aspectos negativos da saúde física e mental. Veja
mais aqui.
ALMOÇO NU – O escritor, pintor, ator e panfletário
estadunidense William Seward Burroughs
(1914- 1997), entre as inumeráveis obras, escreveu o romance Almoço Nu (1979, Naked Lunch), que virou filme realizado por David Crinenberg.
Trata-se de um romance autobiográfico narrado por um junkie que assume uma
diversidade de pseudônimos contando um pesadelo de quinze anos submerso no
mundo das drogas. Dessa sua obra-prima destacamos: [...] Rápido... flash branco... o inseto mutilado grita... Acordei com gosto
de metal na boca, de volta dos mortos, rastreando o cheiro incolor da morte
placenta de murcho macaco cinzento dores fantasma da amputação... — Taxiboys
esperando um cliente — disse Eduardo, e morreu de superdose em Madri... Trens
de pó queimam através de circunvoluções róseas da carne intumescente...
disparam lâmpadas flash do orgasmo... fotos casuais de movimento preso... o
lado marrom liso raspa para acender um cigarro... Estava ali, de pé, com um
chapéu de palha de 1 920 que alguém lhe dera de presente... suaves e
mendicantes palavras caem como pássaros mortos na rua escura... — Não mais...
Não mais... No más... Um mar palpitante de britadeiras na penumbra púrpura,
tingida com o cheiro podre de metal dos gases do esgoto... rostos de
trabalhadores jovens vibram e saem fora de foco, em halos amarelados de
lanternas de pilha... canos rompidos ex põem suas entranhas... — Estão
reconstruindo a Cidade. Lee concordou com um ar ausente... — Sim... Sempre...
Para qualquer lado que se mova, é ruim para o lado oriental... Se eu soubesse,
ficaria feliz por poder lhe contar... — Nada bem... no bueno... estou me
vendendo... — Num tem... Volte sexta-feira. Tânger, 1959.[...]. Veja mais aqui, aqui e aqui.
HENFIL - O cartunista, jornalista, quadrinista e escritor
brasileiro Henrique de Souza Filho, o Henfil
(1944-1988) foi uma das figuras mais emblemáticas da imprensa e do humor
brasileiro nas décadas de 1970/80, por sua obra que foi popularizada pelas
tiras, cartuns e livros publicados. Entre suas obras estão os livros Cartas à mãe, o Diário de um Cucaracha (1976), Hiroshima,
meu amor (1966), Dez em humor (coletânea, 1984), o popularíssimo Diretas Já! (1984) Henfil na China
(1980) Fradim de Libertação (1984) Como se faz humor político (1984),
além filme Tanga: Deu no New York Times?
(1987). Aqui a nossa mais solene e celebrada homenagem. Veja mais aqui, aqui e aqui.
O PORTEIRO DA NOITE – Um dos mais maravilhosos filmes que tive a
graça de assistir foi o drama italiano O
porteiro da noite (Il portiere di
notte, 1974), com roteiro e direção de Liliana Cavani e história de Barbara
Alberti. Esse filme traz a história da transgressão sexual no nazismo, quando
um sobrevivente de um campo de concentração e seu torturador se encontram
novamente treze anos depois da II Guerra Mundial para um relacionamento
sadomasoquista. O ex-oficial nazista interpretado por Dirk Bogarde se depara
com uma das suas vítimas abusadas na sessões nazistas e pela qual se apaixona e
fica obscecado pela sobrevivente Lucia Atherton, personagem vivido pela trabalho
extraordinário da atriz britânica Charlotte
Rampling, que pode denunciá-lo e os seus comparsas que vivem impunemente se
reunindo num hotel onde o mesmo é porteiro. Para essa grande atriz os aplausos
da nossa campanha todo dia é dia da mulher. Veja mais aqui.
Veja mais sobre:
João Guimarães Rosa, Maria Helena Kühner,
Affonso Romano de Sant´Anna, Marilda Vilela Yamamoto, Dmitri Dmitriyevich
Shostakovich & Mstislav Rostropovich, Albert Marquet, Pra Frente Brasil
& Gloria Swanson aqui.
E mais:
Nise da Silveira, Marilena Chauí, O
Serviço Social & Marilda Iamamoto, Guimar Namo de Mello & Arriete
Vilela aqui.
Onde não tem mata-burro a gente manda ver
no trupé, Maíra
Dvorek & Pedro Nonato da Cunha aqui.
Rainer Maria Rilke, Gaston Bachelard, Darcy Ribeiro, Raquel de Queiroz, Mozart, Montaigne,
Maria de Medeiros, Kees van Dongen & A Seca do Nordeste aqui.
Poemas de José Marti aqui.
A corrupção no Brasil, Tchekhov, Radamés
Gnatalli, Germaine Greer, Linda Buck, Leo Gandelman, Clóvis Graciano &
Emmanuelle Seigner aqui.
Lacan, Locke, Liebniz, Distanásia,
Coaching & Mentoring, Comportamento do Consumidor, Vendas & Lara
Vichiatto aqui.
Mahatma Gandhi, Educação, Michelangelo
Antonioni & Vanessa Redgrave, Gênesis & Phil Collins, Carlos Zéfiro,
Jennifer R. Hale & Maria Luísa Mendonça aqui.
Hora de Chegada, Zygmunt Bauman, Tunga, Kenzaburo Oe,
Schubert & Maria João Pires, Ken Wilber, Tereza Costa Rego & Kate
Beckinsale aqui.
Todo dia o primeiro passo, Gilberto Mendonça Teles, José Orlando Alves, Lia Rodrigues
Companhia de Danças, Belle Chere, David Ngo & Maria Núbia Vítor de Souza aqui.
Pelos caminhos da vida,
A lenda Tembé do incêndio universal e o dilúvio, Benedicto Lacerda, Alessandro
Biffignandi, Ferdinand Hodler, Clodomiro Amazonas, Diane
Arbus & Ligia Scholze Borges Tomarchio aqui.
O que esperar do amanhã,
José Joaquim da Silva, Montserrat Figueras, Araki Nobuyoshi, Gerda Wegener,
Rajkumar Sthabathy & Angel Popovitz aqui.
Na calçada da tarde, Yara Bernette, António Botto, William-Adolphe
Bouguereau, Maria Lynch, Rosa Bonheu & Patricia
de Cassia Porto aqui.
O mergulho das manhãs e noites nas águas
profundas do amor, Luchino Visconti, Constança Capdeville,
Spencer Tunick, Aubrey Beardsley, Luciah Lopez & Escola Estadual Joaquim
Fernando Paes de Barros Neto aqui.
O amor é lindo, O Circo, Marcos Frota & Leonid Afremov aqui.
As misérias do processo penal de
Francesco Carnelutti aqui.
A cidade das torres & a radiosa
cidade corbusiana, Antônio Cândido: o discurso e a cidade aqui.
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CRÔNICA DE AMOR POR ELA
CANTARAU: VAMOS APRUMAR A CONVERSA
Recital
Musical Tataritaritatá - Fanpage.