DIA DA PAZ E DA COMPREENSÃO MUNDIAL
Imagem: Guernica, do pintor espanhol Pablo Picasso (1881-1973)
6 DE AGOSTO DE 1945
Uma
semi-canção pros pilotos do Enola Gay, Paul Tibbets e Robert Lewis
Luiz Alberto Machado
- “Meu Deus, o que fizemos?”
Era seis de agosto de mil novecentos e
quarenta e cinco.
Nem esperava um ataque cardíaco a vinte
de junho de mil novecentos e oitenta e três.
O bolso cheio de dinheiro.
A vida pela tirania.
E cem mil olhares perdidos rastejando sob
o sol.
- “Meu Deus, o que fizemos?”,
proferistes.
Porém, “teria feito tudo de novo“, como
se o seu orgulho norte-americano fosse superior em tudo e resolvesse a crise do
mundo, um mundo que é o mesmo em todos os quadrantes.
E era mais cem mil olhares perdidos
rastejando sob o sol. O mundo tremia e ainda treme. Tu ainda bates no peito e
diz: avante! E este mundo continua ameaçado por uma nova guerra, uma outra
catástrofe para que possas ressurgir salvador sob o símbolo da CRUZ DE PRATA e
da CRUZ AERONAUTICA DISTINGUIDA para que muitos façam e digam a mesma coisa. E
dirão.
E muitos milhões de olhares perdidos
rastejam sob o sol. E um novo cogumelo de radioatividade ameaça reluzir para o
gozo do teu prazer e de todos fodedores do mundo. E esse cogumelo reluzirá num
Japão que não será mais Japão, mas América, a América do fim do mundo. E este
confim será a Ilha de Guam onde o céu vai desaparecer com Susan Marcotte, a
filhinha querida que nem soube das duzentas mil mortes de ontem e da mortandade
futura.
Ela, Susan, vai dizer que é noite e não
tem onde dormir no meio da incandescência gloriosa da águia. E ela deitará sua
cabeça confusa no teu peito vibrante e verás que ela é uma Hiroshima
despetalada carente de ternura e amor. E ela estrebuchará para tua ufanidade. E
ela vai tentar fugir, correr, sumir, mas o Enola Gay será o terror cheio de
esconjuro e sangue. Ela chamará o tio Tibetts que verá toda agonia, ele
sorrindo, sem perceber o fogo destruindo a si e a todos do planeta.
Tibetts sorrirá, não sabe fazer outra
coisa a não ser sorrir.
Susan chorará, pois não saberá fazer
outra coisa a não ser chorar com os dez minutos que restarão para poder
sussurrar: “Meu Deus, o que fizemos?”.
Era seis de agosto de mil novecentos e
quarenta e cinco.
Nem se esperava um ataque cardíaco a vinte
de junho de oitenta e três.
Tudo cinza, pó, poeira, radioatividade.
Tio Sam sorri. E o mundo padece de fome e
miséria.
Tio Sam sorri e não há nada de novo sob o
sol. Apenas o fato de que agora estás seis vezes morto, sepultado teu
arrependimento, morta a tua glorificação.
©Luiz
Alberto Machado. Direitos reservados. In: Primeira Reunião. Recife:
Bagaço, 1992. Veja mais aqui.
QUAL O PAPEL DA FILOSOFIA? – No livro Introdução ao pensamento filosófico (Cultrix, 1965), o filósofo e
psiquiatra alemão Karl Theodor Jaspers
(1883-1969) trata acerca do papel da filosofia: [...] qual o papel da filosofia? Ensina, pelo menos, a não nos deixarmos
iludir. Não permite que se descarte fato algum e nenhuma possibilidade. Ensina
a encarar de frente a catástrofe possível. Em meio à serenidade do mundo, ela
faz surgir a inquietude. Mas proíbe a atitude tola de considerar inevitável a
catástrofe. Com efeito, apesar de tudo, o futuro depende também de nós. Se
fosse vigorosa em sua elaboração, convincente por seus argumentos e digna de fé
pela integridade de seus expositores, a filosofia poderia tornar-se instrumento
de salvação. Só ela tem o poder de alterar nossa forma de pensamento. Mesmo
diante do desastre possível e total, a filosofia continuaria a preservar a
dignidade do homem em declínio. Numa comunidade de destinos, que se apoie na
verdade, o homem encara face a face seja o que for. Não se confunde o declínio
com o nada. Em meio ao desastre, a última palavra cabe ao homem, que ama e
conserva confiança incompreensível no fundamento das coisas. Para falar sob
forma de enigma: a origem de que brotaram o universo, a terra, a vida, o homem
e a História encerra possibilidades que nos são inacessíveis. Enfrentando de
frente o desastre, asseguramo-nos dessas possibilidades. Fazemos uma tentativa,
à qual outras hão de seguir-se, continuadamente. Mas, presentes, por um
instante, nessa tentativa, o amor e a verdade atestam tratar-se de mais que uma
tentativa. Uma palavra de eternidade foi pronunciada. Nenhum pensamento
suscetível de ser concretizado, nenhum conhecimento, nada de fisicamente
tangível, nenhum dos enigmas por nós mencionados pode adentrar a eternidade.
Mas, para além de todos os enigmas, o pensamento penetra no silencio pleno de
insondável razão. Veja mais aqui.
Imagem do escultor e pintor da Pop Art e da Arte Moderna estadunidense Tom Wesselmann (1931-2004)
Ouvindo Complete Cantatas – Clori mia bela Cloria (HWV 92), Sans y penser (Cantate française) HWV 155, Clori vezzosa Clori HWV 95, Pensieri notturni di Filli (Nel dolce dell´oblio) HWV 134, Lungi n´andò Fileno HWV 128, do compositor alemão Georg Friedrich Händel (1685-1759) Soprano Stefanie True & Klaartje van Veldhoven, performed by Contrasto Armonico and directed by Marco Vitale, Gramophone Magazine, May 2012.
PERENIDADE E GRATIDÃO – A escritora e jornalista portuguesa
Fernanda Seno Cardeira Alves Valente, ou simplesmente Fernanda Seno (1942-1996) é autora de uma obra pouco conhecida no
Brasil, entre elas Obras As
Palavras Às Vezes (1984), Trilho de Pó (1991), Cântico Vertical (1992), Na
Fronteira da Luz (1997 - póstumo). Entre os seus poemas, o Perenidade é o mais conhecido: Mesmo depois do Tempo / ficaremos no coração
aberto dos / que amamos. / E no grande silêncio que restar,/ na ausência dos
gestos e do olhar / ainda assim estaremos / e seremos. / Mesmo depois do Tempo
/ quando formos lembrança evanescente, / seremos outra forma de presença /
porque o Amor subsiste / Eternamente.Em outro dos seus poemas, este em
agradecimento à homenagem que lhe foi feita, ela se expressou assim: Coroam-nos
de rosas e de glórias. / As rosas
cedo secam. / E as glórias / são todas transitórias como nós. / Os louros que
colhemos pelos caminhos / e essas alegrias que há nos dias, / são por causa da
luz misteriosa / que faz vibrar de canto a nossa voz. / As glórias e os
louvores não são para nós. / Somos apenas frágeis emissários / da melodia
esparsa no universo / que não cabe no mais excelso verso. / Somos só os lugares
de acontecer. / De tentar exprimir o Amor total. / Somos sinos. / Reflexos de vitral.
/ Passam por nós os sons de sinfonias, / cantares de água ou de lumes
crepitantes, / centelhas de poentes, / harmonias de ciareiras distantes. / Aves
intemporais pelos espaços / bebendo a luz dos astros e a cor / queremos erguer
as asas / e é de rastos, que tanta vez compomos o louvor. / É sempre aquém do
Sonho a nossa voz. / Tudo o que é Belo, Alto e Transcendente / está para além
de nós. / Somos o chão onde se pousam estrelas. / E o brilho não é nosso. O
brilho é delas. / Somos o espelho a refletir os céus, / mas por detrás do
espelho é que está Deus. / As glórias e os louvores não são para nós, / mas
para quem deu acordes de infinito / à nossa breve voz!Veja mais aqui.
VERSO DO AVESSO – Tenho acompanhado desde os anos 1990 a
trajetória da poetamiga e ativista cultural Sônia Maria Ferraresi, melhor
dizendo Soninha Porto.Ativíssima
batalhadora, ela que é formada em Relações Públicas, desenvolve um trabalho
superinteressante na rede, com a comunidade Poemas
à flor da pele e na promoção de antologias e eventos, tendo alguns de seus
poemas musicados por Anand Rao. Entre seus poemas destaco Verso do avesso em que ela se expressa assim: brotam do livro /
palavras às avessas / coisas sem nexo / o verso enjaulado / em momentos
dispersos / fala e não diz / ou diz e não toca / pura morfologia / plena
sintaxe / a rima de praxe / é um saco / pura monotonia / a boca não baba / o
poeta não se gaba / a poesia passa ao largo. Veja mais dela aqui.
Imagem: cena de Demi Mooreestrelando no filme Striptease
(1996), dirigido, produzido e escrito por Andrew Bergman.
DIA
DA SEDUÇÃO–Hoje é comemorado o Dia da
Sedução. Por isso, bastaria a foto acima da lindíssima Demi Moore, não estivesse
ela tão plastificada nem fosse o filme tão ruim que tornou-se ganhador de
diversos prêmios Framboesa de Ouro (1996) como pior filme. Na verdade, o filme
só vale pelas cenas da atriz, mais nada. Tentando, pois, salvar o dia, nada
melhor que corrigir a cena com a participação da atriz e modelo francesa Eva Greenprotagonizando o filme inglês
Craks (Sedução, 2009), da escritora Sheila Kohler, com roteiro de Bem Court,
Jordan Scott e Caroline Ip, dirigido por Jordan Scott e com música de Javier
Navarrete, em que ela é uma professora de espírito jovem e aventureiro numa
austera escola para garotas. O filme é belíssimo e a presença da atriz nas
cenas já paga o ingresso. E viva a sedução. Veja mais aqui.
Veja mais sobre:
Cybele, Molière, Marguerite Duras, Contos
de Panchatantra, Freud & Ida Bauer, Maurice de Vlaminck & Muddy Waters aqui.
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Segura o jipe, A prima de Vera Indignada & Pedro
Cabral aqui.
Fecamepa: enquanto os caras bufam por
aumento no governo, aqui embaixo a gente só paga mico, né aqui.
O recomeço a cada dia, Ibn el-Arabi & Indries Shah,
Petrina Sharp & Faisal Iskandar aqui.
Dignidade humana, educação & meio
ambiente, Esther
Hamburger, Nina Kozoriz & Niura Bellavinha aqui.
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As pedras se encontram nos mundos
distantes, Rafael
Piccolotto de Lima, Sing & Luciah Lopez aqui.
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& Martina Shapiro aqui.
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& Joaquín Sabina aqui.
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Al-Amar aqui.
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Mario Quintana, Wang Tu, Tácita, Vera
Drake, Eduardo Souto Neto, Mike Leight, Ansel Adams & Carlito Lima aqui.
Wystan Hugh Auden, Stanislaw Ponte Preta,
Anaïs Nin & Maria de Medeiros, Francisco Manuel da Silva, Alberti Leon
Battista & Luli Coutinho aqui.
Arthur Schopenhauer, José Cândido de
Carvalho, Johann Nikolaus Forkel, Luís Buñuel, Victor Brecherer, Iremar Marinho
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século XXI aqui.
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