LUPE, A MORTA
COM A CABEÇA NA PRIVADA... – Aquela linda jovem bem-humorada era uma Maria
de San Luis Potosi, a que diziam ser filha de uma cantora de ópera e que fora
educada num colégio de freiras. Na verdade, perdera o pai em combate durante a
Revolução Mexicana – o mesmo que a impedira de usar seu sobrenome no teatro,
apenas o da mãe. Era Guadalupe, a dançarina canceriana – a que diziam que
passou a juventude em um convento, mas as más línguas diziam que sua mãe a
vendia aos homens em programas noturnos. O que se sabia de mesmo era que estreou
no Teatro Principal do México e, depois, dividiu o palco como assistente de
vendas. Estreou no cinema como estrela no Hal Roach. E tornou-se Lupe -
uma linda mexicana com 19 anos de idade, que se tornaria a primeira latina de
Hollywood, a personalidade explosiva que protagonizou espetáculos e paródias
com talento de atriz e dançarina. Os apaixonados caiam aos seus pais, até Chaplin!
Mais os altos e baixos: ela tentou matar a tiros um dos namorados, por sorte
errou todos os disparos. E inventou o estereótipo de latina temperamental –
vendiam-na por infantil, instável, aos arroubos, enquanto brilhava no
vaudeville com os ombros de fora. Tempestuosa, incendiária, possuía uma coleção
de expressões faciais para estrelar The Gaucho para a fama e glória. Foi
apelidada de muitas coisas, Furacão Mexicano, O Tamale Picante, a Whoopee Lupe.
Quantos relacionamentos amorosos, amores desfeitos, vítima de xenofobia,
polêmicas e divórcio – um prato cheio pros tabloides sensacionalista! Um
turbulento casamento e muitas especulações - quem lá sabe sua verdadeira vida no
meio de tantas controvérsias... Durante toda sua vida administrou a mania e
depressão – diziam até acometida de transtorno bipolar. Desafiava convenções
morais e findou grávida de um homem casado, sozinha e falida. Na última noite floriu
todo ambiente da casa, velas acesas no quarto cheio de espelhos, um jantar com
a melhor comida mexicana, maquiou-se com esmero no vestido mais bonito e um
bilhete de despedida: Que Deus o perdoe e perdoe a mim também, mas prefiro
tirar minha vida e de nosso bebê do que trazer vergonha a ele ou matá-lo...
Embebedou-se com uma mistura letal: uísque e muitos barbitúricos. Acordou de
repente, cambaleou vomitando pelo quarto até enfiar a cabeça no vaso – não era a
morte glamourosa que queria... afogada na privada – um estrondo em Beverly
Hills e a glória final nas cenas de Andy Warhol. Veja mais abaixo e mais aqui e
aqui.
DITOS &
DESDITOS - A primeira vez que você compra uma casa, você vê como a pintura é
bonita e a compra. A segunda vez, você olha para ver se o porão tem cupins. É a
mesma coisa com os homens. Em uma igreja, eu sou uma santa. Em um lugar
público, eu sou uma dama. Em minha própria casa, eu sou um demônio... Minha
casa é onde eu posso fazer o que eu quiser, gritar e berrar e dançar e cair no
chão se eu quiser. Eu sou eu mesma quando estou em minha casa. Pensamento
da atriz e dançarina mexicana Lupe Vélez (María Guadalupe Vélez de
Villalobos – 1908-1944).
ALGUÉM FALOU: Sim, somos tudo, cada experiência que já tivemos,
e em alguns de nós, muito disso se traduz e cria padrões, poemas. Mas, meu Deus, nem começamos a tocar nisso. Há uma quantidade enorme, mas podemos tocar tão pouco...
Acho que essa é uma das coisas que nossas mentes fazem; elas classificam, de alguma forma, frequentemente, e
criam padrões de coisas significativas para nós. E acho que nossas mentes fazem isso por nós no escuro, e
então as oferecem de volta em poemas. Acho que sua mente cria seu poema antes de você recebê-lo. Você sabe, você recebe o poema de sua mente, você sabe
que recebe. Ela pega uma multidão de experiências, e toda essa
linguagem, e todo esse som, e os reúne nesses padrões que são significativos
para você e os devolve a você... Pensamento da atriz, cineasta e
roteirista estadunidense Ruth Stonehouse (1892-1941), autora do poema: O
campus, uma academia de árvores, \ sob a qual alguma mão, do vento, \ eu acho,
espalhou a luz pálida de milhares de belezas primaveris, \ pétalas manchadas
com veias rosadas;
\ secretas, florescendo por si mesmas.
\ Nós nos sentamos entre elas.
\ Seus dedos longos, corpo magro, e ossos longos de gênio improvável;
\ algum gene disperso como Kafka deve ter tido.
\ Sua voz profunda, essa poeira passageira de milagres.
\ Aquele simples que era eu, meio consciente, \ como se cada momento fosse uma
página onde as palavras apareciam; \
o martelo dobrado do tipo
batido contra a fita em movimento.
\ O ar leve, as folhas inquietas;
a ondulação do tempo distorcida por nossa saudade.
\ Ali, como se fôssemos pintados por algum impressionista desconhecido. Já na obra In the Next Galaxy (Copper Canyon Press, 2002), ela
expressou: […] Todas as coisas chegam ao fim?
Não, elas duram para sempre. [...] e o que não está lá sempre há mais do que
está lá. [...] Violar a beleza é a essência do
desejo sexual.
Procriar é a essência da decadência. [...] Os
vídeos mais lindos vêm da leitura de poesia.
E eles estão na sua cabeça. [...] visionário cego que trava a lua no lugar;
Eu sou a peneira simples que bebe o universo. [...].
QUERIDO LADRÃO – [...] É isso que a escrita faz com você, ao que parece:
transforma objetos que costumavam ser apenas coisas na sua vida em coisas que
devem ser descritas e, ao mesmo tempo, faz com que pareçam cada vez mais
indescritíveis. [...] Há liberdade ali; sempre há liberdade no passado. O eu que você deixou para trás vive em infinitas
possibilidades. Quanto mais velho você fica, maior e mais selvagem o
passado se torna, um lugar que nunca mais pode ser cuidado e que, portanto, é
propenso àquela beleza que acontece em terrenos baldios e desertos, onde a
grama cresceu sobre sucata e o trigo brotou em rachaduras entre o concreto e
não há uma forma regular para a luz incidir diretamente, então ela se abobadou
e se multiplicou e você quer ir para lá. Você quer ir para lá como quer ir para um amante. [...] Nada mudou desde
aqueles dias, exceto que tudo se degradou e duas décadas de luz fizeram as
cores recuarem um pouco. [...] enquanto para se
casar é preciso apenas um sim, para se divorciar é preciso dizer não tantas
vezes, de tantas maneiras diferentes e com tanto custo, que nem sempre parece
valer a pena o esforço. [...] Não cabe a nós tentar
mudar o mundo para algo que nos seja mais adequado, mas sim mudar, nos curvar a
um peso maior. [...]. Trechos extraídos da obra Dear Thief (Ecco Press, 2014), da escritora inglesa Samantha
Harvey.
CANÇÕES DE AMOR - Eu a vi um \ Espalhado de fantasias\ Peneirando o
avaliativo\ Pig Cupid seu excinho rosado\ Lixo erótico enraizamento\ "E
uma vez" \ Puxa uma anedi de tom branco estrela-topped\ Entre aveia
selvagem semeada em membrana mucosa\ Eu faria um olho em uma luz de Bengala\ Eternidade
em um sky-rocket\ Constelações em um oceano\ Cujos rios não funcionam mais
fresco\ Do que um gotejamento de saliva\ Estes são lugares suspeitos\ Eu devo
viver na minha lanterna\ Aparar a cintilação subliminal\ Virginal para os
berdores\ Da experiência\ Vidro colorido. II - Com a sua misericórdia \ O nosso
Universo\ É apenas\ Uma cebola incolor\ Você derrobe\ Bainha por bainha\ Permanecendo\
Um odor desanimador\ Sobre suas mãos nerd. III - A noite \ Pesados com
pesadelos de flores fechadas\ Meio-dia \ Curado ao solitário\ O núcleo do\ O
sol. IV - A evolução cai em despachar\ Igualdade sexual\ Prettily miscalcul\ Similitude
(pesimidão)\ Seleção não natural\ Raça esses filhos e filhas\ Como jibber um no
outro\ Criptonyms não interpretáveis\ Sob a lua\ Dê-lhes alguma maneira de sã
sutiã\ Para chamadas ascu es cuidadosas\ Ou para hiccoughs homofônicos\ Transponha
a risada\ Deixe-os supor que as lágrimas\ São gotas de neve ou melaço\ Ou
qualquer coisa\ Do que as insufficias humanas\ A implorar vértebras dorsais \ Deixe
a reunião ser a virada\ Para o antípoda\ E Forme um borrão\ Qualquer coisa\ Do
que seduzi-los\ Para o um\ Como uma simples satisfação\ Para o outro. V – Shuttle-cock
e porta de batalha\ Um pouco de amor rosa\ E as penas estão espalhadas. VI - Deixe
a Alegria ir solace-winged\ Para esvoar quem ela pode interessar. VII - Uma vez
em um mezanino\ O teto estrelado\ Cofreu uma família inimaginável\ Abortos
semelhantes a pássaros\ Com as gargantas humanas\ E os olhos da Sabedoria\ Quem
usava vestidos vermelhos de abajures\ E cabelo de lã\ Um deu-se um bebê\ Em um
porte-enfant acolchoado\ Amarrada com uma fita sarsenet\ Para as asas de seu
ganso\ Mas para as sombras abomináveis\ Eu teria vivido\ Entre seus móveis de
medo\ Para ensiná-los a me contar seus segredos\ Antes que eu adivinhou\ --
Varrendo a ninhada limpa. VIII - Meia-noite esvazia a rua\ Para a esquerda um
menino\ Uma asa foi lavada na chuva \ O outro nunca mais estará limpo...\ Puxando
campainhas para lembrar\ Aqueles que são aconchegados\ Para a direita, um
asceético de haloed\ Casas de rosca\ Probes feridas para as almas\ - Os pobres
não podem lavar em água quente -\ E eu não sei qual vir a tomar... IX - Nós
poderíamos ter acoplado\ No monopólio acamado de um momento\ Ou carne quebrada
uns com os outros\ Na mesa de comunhão profana\ Onde o vinho não está derramado
em lábios promíscuos\ Nós podemos ter dado à luz uma borboleta\ Com as notícias
diárias\ Impresso em sangue em suas asas. X - Em alguns\ Plágio pré-natal\ Buffoons
de metal\ Truques de Pego\ Da pantomima arquetípica\ Cordas de emoções\ Looped
aloft (emprés-do-lo\ Para os olhos cegos \ Que a natureza nos conhece com\ E a
maior parte da natureza é verde. XI - As coisas verdes crescem\ Saladas\ Para o
cérebro\ O renascimento do forrager\ E flummery florido\ Sobre as bellies
mandadas\ De montanhas\ Rolando no sol. XII - Derramando nossas pruderies
mesquinhas\ De cortar os olhos\ Nós nos acalmos\ Para a natureza\ aquele
pornografista irado. XIII - O vento enche a escória da rua branca\ Em meus
pulmões e nas minhas narinas\ Pássaros emocionantes\ Prolongar o voo para a
noite\ Nunca alcança. Poemas da escritora e artista visual inglesa Mina Loy
(Mina Gertrude Lowy – 1883-1966).
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