Quem ama
persegue o alcandor
E segue adiante
o alvo da paixão
Vai mais
distante seja pra onde a flor
Desabrocha o
amor no seu coração
Mantem a luta
do que alcançou
A desfrutar
para sempre o seu quinhão
Maior a dívida
do seu penhor
Porque o amor
É mútua
condecoração
É o amor
Quem manda
agora
Todo carisma
Como num prisma
Rolasse a hora
Do amor
O AMOR - Os olhos dela nos meus: uma fisgada de pegar na
beca – preste atenção! -, desarrumando vinco, colarinhos, certezas, tudo em
desalinho, a captura do amor na hora certa. E um beijo seu, primário do nada,
profundo de todo, insensato de loucura prévia, me invade a remover todos os
meus muros e minhas mortes, assaltando as quatro paredes da minha solidão, a me
devolver a vida no que me resta de ser. E me envolve e afeta meu coração a
bater descontrolado por saber da soberania do seu reinado que me toma o céu
para reinar com seu reluzente jeito, descartando lembranças e sarando meus
ferimentos para remissão de todas as perdas. E colhe com carinho as flores
murchas dos meus jardins tristonhos para a semeadura da sua magnifica presença
a me salvar dos perigos com a manhã luminosa do seu beijar que não contém seus
ímpetos e nem perdeu a ocasião de me fazer feliz. E me ronda e espreita para
dar-me a paz com o afago da sua amanhecida carícia e a me enfeitiçar nas horas
dos meus sonhos com o deslumbrante emanar do hálito morno do seu sopro vivente.
E me abraça para me defender do perecível e me socorrer da vida miserável do
meu isolamento, e me encoraja para que eu não fraqueje na ruína da memória a
permitir que floresça em mim um ânimo por demais afortunado. E assim eu sou em
suas mãos ternas já entardecidas nas minhas. E ela as mantém entrelaçadas em
sua alma aconchegante para que eu não seja errante na brisa leve que vem do
leste do seu afago. E me traz a fragrância do seu perfume na dança dos meus
desejos que germinam ao toque de carícia dos seus dedos por minhas faces
perdidas. E sinto o seu sorriso amoroso com meus beijos e escuto o suspiro dos
seus segredos mais escondidos e acendo em sua boca ardente os sussurros do seu
coração. E toda a sua majestade se manifesta para me contemplar a alma com as
riquezas de sua entrega. E posso escolher entre as suas faces para proclamá-la
deusa minha com seu manto transparente de visível beleza estival no triunfo da
formosura, e eu com vivas a me embebedar com o místico aroma do incensório que
emana de seu ser. Tomo-a em meus braços e sinto em meu peito o pulsar do prazer
de seu corpo trêmulo para o meu extravio no seu rosado entardecer e ela inteira
amadurece nas minhas mãos para que eu recolha a colheita de seus prados
enquanto sacode o quadril na travessura dos seus lábios que juram safras
exitosas. E escuta meu coração atenta e envolta ao meu pescoço a se descobrir
presa fácil na troca do meu coração com o seu, se derramando impaciente a
sacudir a cabeça para se erguer altiva e idolatrada nas minhas libações
profundas do meu arado em suas plantações. E se precipita celebrada como quem
cumpre a quem merece com empenho e devoção, como quem esculpe uma obra de arte
no meu corpo e me ensina a voar sobre as águas enquanto passeia o seu
deslumbrante emanar no meu riso. Eu voo e na sua viagem sem pressa lugar algum
será longe no seio de suas numerosas noites, como nenhum prazer jamais será
fugaz no esplendor de sua gloria. Ela ascende máxima e exalta com seus
preciosos aromas deleitosos e completamente destemida na paixão, faz-se roçar
com seu ímpeto lascivo o meu corpo de eleito da sua beleza revelada e a me
ofertar o reservado quinhão que me cabe de sua magnífica presença no centro da
sua noite iluminada. E adivinha com o véu das nuvens de seu abraço a
transbordar apressada com a urgência dos meus mais exaltados sentimentos,
quando o eco dos seus desejos perpassa minha carne no voo dos seus penhascos e
se me revelam o ancoradouro no qual meu nome e o seu está inscrito e apenas o
querer nos separa de tudo que nos falta e me faz atado pelo elo da paixão
desesperada. E assim tenho o prêmio do ardor de todo o seu prazer vivo nas suas
luzes extremadas que me dão a perícia suprema de que seus passos farão as
trilhas do meu caminho lado a lado até enlanguescer na caminhada para repousar
o meu prazer na sua fonte profusa que jorrar o nosso prazer. Veja mais aqui,
aqui & aqui.
DITOS &
DESDITOS - Mesmo que uma pessoa experimente picos invejáveis de felicidade,
uma vida plena, toda felicidade ainda carrega consigo a solidão inerente ao
ser humano... Pensamento da escritora japonesa Riku Onda,
que no seu livro The Aosawa Murders (Bitter Lemon Press, 2005), ela
expressou: [...] Se minha vida fosse um livro, a parte mais grossa, a que tem mais
páginas com orelhas de cachorro, seria a que fala daquele caso. A lombada
estaria torta de tanto ser aberta naquelas páginas. E o livro sempre cairia
aberto naquele lugar. É assim que eu vejo. [...] Foi assim que escolhi
lidar com isso. Senti que não tinha outra escolha. [...]. Veja mais aqui.
ALGUÉM FALOU: As
democracias foram, e os governos são chamados, livres; mas o espírito de
independência e a consciência de direitos inalienáveis nunca foram
antes transfundidos nas mentes de um povo inteiro... O sentimento de igualdade
que eles orgulhosamente acalentam não procede da ignorância de sua
posição, mas do conhecimento de seus direitos; e é esse
conhecimento que tornará tão extremamente difícil para
qualquer tirano triunfar sobre as liberdades de nosso país... São
necessários apenas alguns fios de esperança para que o coração hábil no segredo
teça uma teia de felicidade... Nesta era de inovação, talvez nenhum experimento
tenha uma influência mais importante no caráter e na felicidade da nossa
sociedade do que conceder às mulheres as vantagens de uma educação sistemática
e completa... Pensamento da ativista poeta estadunidense Sarah Hale
(1788-1879). Veja mais aqui e aqui.
PEREGRINAÇÕES:
LEI, FORMA & EVENTO - [...] O sentimento
sublime não é mero prazer como o gosto é – é uma mistura de prazer e dor...
Confrontada com objetos que são muito grandes de acordo com sua magnitude ou
muito violentos de acordo com seu poder, a mente experimenta suas próprias
limitações. [...]. Trecho extraído da obra Peregrinations: Law, Form, Event
(Wellek Library Lectures (Columbia University Press, 1, 1990), do filósofo
francês Jean-François Lyotard (1924-1998), que no seu livro Driftworks
(MIT Press, 1984), expressou: [...] O desejo
confunde o conhecimento e o poder. [...]. A sua
filosofia pós-moderna defende que: Simplificando ao extremo, defino pós-moderno como
incredulidade em relação às metanarrativas. O conhecimento é e será
produzido para ser vendido, é e será consumido para ser valorizado numa nova
produção: em ambos os casos, o objetivo é a troca. Nosso trabalho não é
fornecer realidade, mas inventar alusões ao concebível que não pode ser
apresentado. Os séculos XIX e XX nos deram tanto terror quanto podemos
suportar. Pagamos um preço alto o suficiente pela nostalgia do todo e do um,
pela reconciliação do conceito e do sensível, da experiência transparente e
comunicável. Sob a demanda geral por afrouxamento e apaziguamento, podemos
ouvir os murmúrios do desejo por um retorno do terror, pela realização da
fantasia para tomar a realidade. A resposta é: vamos travar uma guerra contra a
totalidade; vamos ser testemunhas do inapresentável; vamos ativar as diferenças.
Veja mais aqui, aqui, aqui, aqui & aqui.




