A SOLIDÃO DE KÄTHE – Nasceu em Königsberg, onde
viveu até os vinte anos de idade, quando foi para Munique estudar desenho. Seguiu
para Berlim pros estudos de gravura. Retornou à cidade natal para pesquisar
figuras humanas pelos bares. Casou-se ainda na juventude
para ser mãe e dona de casa comum, tempos difíceis. A sua arte registrou
A Revolta dos Tecelões, pela qual o imperador negou-se a concessão de
uma medalha só por ser mulher. Passou a lecionar na Escola de Artistas de
Berlim. Os desenhos, as gravuras, as esculturas, as litografias, as
xilogravuras: Concordo que
minha arte tem um propósito. Quero trabalhar nesses tempos em que as pessoas
estão tão desamparadas e precisam de ajuda... Foi numa exposição de Dresden que
ganhou sua primeira Medalha de Ouro. Havia chegado a hora das gravuras de
Guerra Camponesa. Viajou para Paris para se familiarizar com as esculturas. E desagradou
outra vez os poderosos com seu cartaz para a exposição Trabalho doméstico na
Alemanha, com a recusa da imperatriz de ir à exposição enquanto seu cartaz não
fosse recolhido. Viajou para Florença e Roma, fez desenhos para o jornal
satírico Simplicissimus, demonstrando cada vez mais seu
comprometimento social e político, como denunciou a escassez de moradias na
cidade de Berlim, e foi censurada e proibida. Foi então que participou da
fundação da Associação de Arte da Mulher, tornando-se sua primeira presidente. Traumatizada com
a perda de um de seus filhos na primeira guerra, o assombro da morte e do luto
rondavam: Guerra nunca mais!... Engajada pacifista lidava com as catástrofes da
vida: Os pais em luto... Estava obcecada pela situação dos oprimidos,
perseguindo quais seriam as causas da paz e da justiça social. Foi então aceita
pela Academia de Belas Artes da Prússia, sendo nomeada professora, porém, não
foi possível assumir porque mulheres não podiam exercer cargos públicos. Foi mais
uma vez proibida de lecionar e teve seu trabalho rotulado por degenerado pelos
nazistas. Suas feridas expostas eram as dores de mãe autorretratadas. Refugiou-se
no seu pesadelo, a guerra roubava-lhe toda esperança e saúde, razão pela qual em
sua última carta: A guerra
permanece comigo até o fim...
Ela era um grito que ecoava pela vida. E agonizou sozinha em Moritzburg. Viva Kathe Kollwitz (1867-1945). Veja mais aqui, aqui,
aqui, aqui, aqui, aqui & aqui.
DITOS &
DESDITOS - Tenho
três apelos às pessoas. Apelo a cada indivíduo para não trair a humanidade. As
pessoas de hoje precisam de três membros: A cabeça para a mente, O coração para
a emoção, A coluna vertebral: Isto é para evitar rastejar na frente de qualquer
um.
Vi o quão pouco uma pessoa pode se contentar. Mas também vi que existe um
limite. Vi também o limite onde uma pessoa deixa de ser humana quando não há
ajuda das pessoas ao seu redor. Fiquei sabendo pobreza da forma mais dolorosa
para mim. Um poema é um momento
congelado, derretido por cada leitor para fluir o aqui e agora. Pensamento da
escritora alemã Hilde Domin (Hilde Palm - 1909-2006). Veja mais aqui.
ALGUÉM FALOU: A vida é um livro e há mil páginas que
ainda não li. Você suporta o que é insuportável e você suporta. Isso é tudo. Todas
as histórias são verdadeiras.
Pensamento da escritora estadunidense Cassandra Clare (pseudônimo de
Judith Rumelt), que no seu livro Clockwork Angel (Margaret K. McElderry Books, 2011), expressou que: [...] Somente os muito fracos de espírito se recusam a ser influenciados pela
literatura e pela poesia [...]. Já no seu livro City of Glass (Margaret K. McElderry Books, 2015), expressou que: […] Você poderia ter
tido qualquer outra coisa no mundo, e você perguntou por mim. Ela sorriu para
ele. Por mais
imundo que estivesse, coberto de sangue e sujeira, ele era a coisa mais linda
que ela já tinha visto. Mas eu não quero mais nada no mundo [...].
Veja mais aqui.
QUANDO A NOITE
CONSENTE FALAR COMIGO - [...] As religiões isentam
você de ouvir a Deus. [...] Na poesia, como entre os seres, o que vale
a pena vivenciar muitas vezes começa com uma emoção. [...] Prova de que a
poesia é realmente boa, como escreve o escritor romancista das Maurícias, um
presente de a vida, um “milagre, a antítese das certezas” [...] Uma mulher
revela sua misteriosa evidência, sem que as palavras percam seus significados
ocultos. Exploram o
secreto e o íntimo, perscrutam o mundo visível e invisível, provocando as
emoções que sugerem. E isto mesmo quando o autor evoca o desejo de poesia, a vida esmagada de
uma criança-soldado ou de uma jovem prostituta, a violência das relações de
dominação, o destino das mulheres, a sempre ardente questão da alteridade. Entre a doçura e a incandescência, o
desejo e a solidão [...] ela nos dá a escrita na pele das paixões e das
coceiras humanas. Fino e profundo, como ela, sempre ouvindo a promessa obscura do mundo [...] Álcool,
cigarro, comida, drogas, sexo, são os excessos que nos emocionam, que nos
fascinam. Sem eles, somos pálidas efígies fingindo viver. Sem eles, passaríamos
do nascimento à morte como sombras que nunca conheceriam a felicidade dos
prazeres proibidos. Somos a contradição viva dos nossos ideais de santidade e
saúde. Não fomos feitos para o jejum ou a abstinência, exceto como forma de
punição e autoflagelação. [...].
Trechos extraídos da obra Quand la nuit consent à me parler (Editions Bruno
Doucey, 2011), da escritora mauriciana Ananda Devi (Ananda Devi Nirsimloo-Anenden).
VOCÊ PODERIA - Se você nasceu\ em outra terra,\ você
poderia ser branco,\ você poderia ser negro...\ Outro país\ seria sua casa,\ e
você diria “sim”\ em outro idioma. \ Você teria sido criado\ de forma
diferente. \ Melhor, talvez. \ Talvez pior. \Você teria mais sorte\ ou talvez
mais sorte...\ Você teria amigos\ e jogos de um tipo diferente;\ você usaria \ vestidos\
de serapilheira ou seda\ sapatos de couro\ ou alpercatas ásperas,\ ou andaria
nua\ e perdida na selva.\ Você poderia ler\histórias e poemas,\ou não ter
livros \ou não saber escrever.\ Você pode comer\ coisas doces\ ou apenas \ croutons
secos de pão preto.\ Você poderia... você poderia...\ Por tudo isso ele acha\ importante
estar\ de mãos abertas\ e ajudar aqueles que vêm\ fugindo da guerra,\ fugindo
da dor\ e da pobreza.\ Se você nasceu \ na terra dele,\ a tristeza dele\ poderia
ser sua. Poema da escritora,
lexicóloga e bibliotecária catalã Joana Raspall i Juanola (1913-2013)
SACADOUTRAS