quarta-feira, março 26, 2025

ERICA JONG, JUNG CHANG, GABOR MATÉ & CANTINHO DO BAR BRASIL

 

 Imagem: O céu azul de Madalena – Acervo ArtLAM.

Ao som dos álbuns Hiromi Live in Concert (2005), Hiromi’s Sonicbloom Live in Concert (2007), Another (2003), Brain (2004), Spiral (2006), Place too Be (2009) e Spark (2016), da pianista e compositora japonesa Hiromi Uehara. Veja mais aqui & aqui.

 

O primeiro de muitos dias no céu de Madalena... - Ontem ouvi estrelas e o mundo era ela crepuscular, insuspeitavelmente caleidoscópica, na varanda de todos os momentos. Sorriu intensidade pacífica e seus olhos teciam sonhos habitáveis na mansidão das nuvens acolhedoras e apontavam o túmulo do jardim, como se revelasse a promessa de que ali também estaria comigo para presenciar a minha ressurreição e o meu semblante duplo: de um lado, aquele que se valia da magnificência imprescindível - a minha face serena com as quedas das águas, as brisas da tarde, o desabrochar das flores e folhas, a frieza da noite estrelada, o silêncio das pedras... Do outro, o que sou de deteriorado com todas as muitas máscaras superpostas pelo intransponível à fronteira do escancaro, o intransferível e as intercessões, o flagelo e as distorções do tempo, a vertigem dos espaços, a compulsão das esquinas e encruzilhadas, os gatilhos dos instantes encurralados, o estresse estampado nas vitrines, a degeneração das fisionomias e das coisas, pensamentos intrusos, situações aversivas, ruminações nos sentimentos dos defeitos e o caos na paleta de cores: eram as mordidas de ferro e aço, fedor de gasolina – os motores trituravam minha carne e fizeram desaparecer o meu agora. Caindo em qual lugar, ali era tudo que conhecia porque comigo memórias redivivas, o que fui e serei enquanto sendo, como se ressignificasse o privativo nas minhas transcendências e invisibilidade - um diário de temores e inquietações. Nela me via e exorcizava a vida como arte – era o que dela sou muitos em mim –, a vida e o que há de impaciente, como se eclodisse minha autorrepresentação, meu autorretrato, alter ego ambulante, apenas voo. Até mais ver.

 

Shirin Neshat: A arte é nossa arma. A cultura é uma forma de resistência... Arte não é crime. É responsabilidade de todo artista fazer arte que seja significativa... Veja mais aqui & aqui.

Marge Piercy: Nunca duvide que você pode mudar a história. Você já mudou... Veja mais aqui & aqui.

Lauren Weisberger: Não há pânico que você não possa acalmar, nenhum problema que você não possa resolver... Concentre-se em si mesmo: faça o que quiser, quando quiser, sem ter que considerar a agenda de ninguém... Veja mais aqui & aqui.

 

NÓS APRENDEMOS

Imagem: Acervo ArtLAM.

Nós aprendemos o decoro do fogo, \ Simetria curiosa da chama, \ o calor azul no centro das coxas, \ o vermelho cintilante dos quadris, \ & o ouro do sebo dos seios \ iluminado de dentro \ pela lanterna nas costelas. \ Você se afasta de mim \ Como um ramo que anseia por ser enxertado \ em uma árvore frutífera, \ pêssego e pera \ cruzados uns com os outros, \ figo & banana servido em um prato, \ a folha e o caracol luminoso \ Isso se apega a isso. \ Nós aprendemos que o rasgo \ Pode ser uma adesão, \ Que o fogo está cintilando \ Pode ser um acendimento, \ que o velho decoro do amor... \ para morrer no poema, \ Deixando o amante solitário com a caneta... \ Era tudo uma mentira antiga. \ Então nós banimos o mau-olhado: \ você tem que ser infeliz para criar; \você tem que deixar o amor morrer antes que ele escreva; \ você tem que perder a alegria de ter o poema... \ E reexaminamos as nossas vidas com fogo. \ Veja este manuscrito coberto \ com palavras cor de carne? \ Ele foi escrito em tinta invisível \ E apertou a nossa chama. \ As palavras escureceram na página \ Enquanto afundamos um no outro. \ Nós somos tinta e sangue \ e todas as coisas que fazem manchas. \ Nós nos tornamos dourados enquanto nos repassamos, \ Dourar as peles um do outro como sóis. \ Segure-me até a luz; \ Você vai ver poemas. \ Segure-me no escuro; \ Você verá a luz.

Poema da escritora e educadora estadunidense Erica Jong. Veja mais aqui, aqui, aqui, aqui, aqui & aqui.

 

IRMÃS: A MAIS VELHA, A MAIS NOVA... [...] Aprendemos com a observação que nenhuma nação pode se destacar a menos que suas mulheres sejam educadas e consideradas iguais aos homens moralmente, socialmente e intelectualmente... [...]. Trecho extraído da obra Big Sister, Little Sister, Red Sister: Three Women at the Heart of Twentieth-Century China (Jonathan Cap, 2019), da escritora chinesa Jung Chang, que na sua obra Empress Dowager Cixi: The Concubine Who Launched Modern China (Knopf; Primeira, 2013), expressou que: […] Talvez não se possa confiar na magia deles; mas não podemos confiar nos corações e mentes das pessoas? […] Temos apenas os corações e mentes das pessoas para depender. Se os deixarmos de lado e perdermos os corações das pessoas, o que podemos usar para sustentar o país? […] Se apenas cruzarmos os braços e nos rendermos a eles, eu não teria rosto para ver nossos ancestrais após a morte. Se devemos perecer, por que não lutar até a morte? […]. Veja mais aqui, aqui & aqui.

 

O MITO DO NORMAL & CULTURA TÓXICA[...] O trauma não é o que acontece com você, mas o que acontece dentro de você [...] Quer percebamos ou não, é a nossa ferida, ou a forma como lidamos com ela, que dita muito do nosso comportamento, molda os nossos hábitos sociais e informa as nossas formas de pensar sobre o mundo […] Se pudéssemos começar a ver muitas doenças em si não como uma reviravolta cruel do destino ou algum mistério nefasto, mas sim como uma consequência esperada e, portanto, normal de circunstâncias anormais e não naturais, isso teria implicações revolucionárias para a forma como abordamos tudo relacionado à saúde […] Uma das coisas que muitas doenças têm em comum é a inflamação, agindo como uma espécie de fertilizante para o desenvolvimento de doenças. Descobrimos que quando as pessoas se sentem ameaçadas, inseguras — especialmente por um longo período de tempo — nossos corpos são programados para ativar genes inflamatórios. […] Pressões de trabalho, multitarefas, mídias sociais, atualizações de notícias, multiplicidade de fontes de entretenimento — tudo isso nos induz a nos perder em pensamentos, atividades frenéticas, gadgets, conversas sem sentido. Somos pegos em buscas de todos os tipos que nos atraem não porque são necessárias, inspiradoras ou edificantes, ou porque enriquecem ou acrescentam significado às nossas vidas, mas simplesmente porque obliteram o presente. […] Na ausência de alívio, a resposta natural de um jovem — sua única resposta, na verdade — é reprimir e se desconectar dos estados de sentimento associados ao sofrimento. A pessoa não conhece mais seu corpo. Estranhamente, esse autoestranhamento pode aparecer mais tarde na vida na forma de uma força aparente, como minha capacidade de ter um desempenho de alto nível quando estou com fome, estressado ou fatigado, avançando sem consciência da minha necessidade de pausa, nutrição ou descanso. […] As crianças, especialmente as altamente sensíveis, podem ser feridas de várias maneiras: por coisas ruins que acontecem, sim, mas também por coisas boas que não acontecem, como suas necessidades emocionais de sintonia não serem atendidas [...] Não importa se podemos apontar para outras pessoas que parecem mais traumatizadas do que nós, pois não há comparação de sofrimento. Nem é apropriado usar nosso próprio trauma como uma forma de nos colocar acima dos outros — “Você não sofreu como eu” — ou como um porrete para rebater as queixas legítimas dos outros quando nos comportamos de forma destrutiva. Cada um de nós carrega suas feridas à sua maneira; não há sentido nem valor em compará-las com as dos outros. […] Nossa outra necessidade essencial é a autenticidade. As definições variam, mas aqui está uma que eu acho que se aplica melhor a esta discussão: a qualidade de ser verdadeiro consigo mesmo e a capacidade de moldar a própria vida a partir de um profundo conhecimento desse eu. […]. Trechos extraídos da obra The Myth of Normal: Trauma, Illness and Healing in a Toxic Culture (Avery Publishing, 2022), do medico húngaro-canadense Gabor Maté, autor de obras como In the Realm of Hungry Ghosts: Close Encounters with Addiction (2008), When the Body Says No: The Cost of Hidden Stress (2003) e Scattered: How Attention Deficit Disorder Originates and What You Can Do About It (1999).

 

CANTINHO DO BAR BRASIL

O Cantinho do BarBrasil é uma realização do Projeto Chá da Vida Brasil, comandado pelo escritor, músico, compositor e ativista cultural Jones Pinheiro - Hupomone Vilanova, que em parceria com a Biblioteca Pública Municipal Prof. Felenon Barreto, realizou o Sarau Castro Alves, com a participação de Zé Ripe, do historiador Alcides Alves e os alunos do 8º ano B, do Ginásio Municipal dos Palmares, entre outros participantes.

&

COLETÂNEA DE SENTIMENTOS POÉTICOS

[...] Foi por todos estimado \ com carinho e muito amor \ sempre será aqui lembrado \ como o grande e querido PROFESSOR.

Poema Ao mestre, com carinho, extraído da obra Coletânea de sentimentos poéticos (Alumiá, 2023) do poeta Manoel Vitor, em que homenageia o saudoso poeta e professor Amaro Matias. Veja mais aqui, aqui & aqui.

 

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segunda-feira, março 17, 2025

TABITHA KING, JUDITH GODRÈCHE, INGRID KOUDELA, GARAICOA & TERRA DE SANGUE DO GIVA

 

 Imagem: Acervo ArtLAM.

Ao som dos álbuns A dança (1998) e Sucuridan (2012), da multiinstrumentista, regente, diretora, cantora contemporânea, pesquisadora e compositora, Andrea Drigo.

 

Evasão da tempestade & dos fantasmas famintos... - A bela paisagem do dia quase não me revelou: aqui é a ilha perdida de Sicorax e os meus braços rasgam a Terra, a corrente do Una se extravia das margens atravessando a noite púrpura pelos vales. Lá longe ouvi a voz do relâmpago na primeira cachoeira e sou Próspero de Greenaway sonhando no exílio um futuro feliz para as filhas, no meio das gotas de chuva marcando o tempo, páginas soltas na ventania. Um coral de velas acesas resistia aos ventos: o fogo é a música da regeneração e sou Ariel aprisionado ao tronco, enquanto minhas mãos inventam inúteis galhos para que brotem rosas de libertação. Na verdade, sou mesmo Calibã a salvar náufragos com suas conspirações arrivistas e recompensado pela fala da escravidão na saliva sanguínea, que lava minha inquietação constante entre o vasto e o incerto, a chance e o fardo, a escolha e a punição de ser traído porque só queria: mostrar a ilha em troca de amor... Sou refém da sedução de Miranda e os fantasmas famintos esvaziaram o inferno para que houvesse festa feita de porão âmbar: a calamidade depois do temporal. Com a utopia de Gonzalo estava prestes o meu definitivo naufrágio pela epômina tempestade com desafetos insulares. Não há despedidas sem dor e o privilégio de ser livre: sou apenas um autor perdido na hestória e a minha voz é o pêndulo espalhando o ar, como se escrevesse no chão chutando névoas, ondas, fumaça e redemoinhos. Joguei fora todos os pesares, o meu grito tornou-se silêncio: Somos da mesma substância que os sonhos... A festa acabou e todos derreteram no ar sem deixar vestígios. Sobrou o que havia de mais insuportável, enquanto aguardava a expiação do crime ancestral e a vida encerrada no sono... Só restava partir exausto pela degradação, antes que tudo apodrecesse de vez. Até mais ver.

 

Alicia Kozameh: Uma manhã acordei com uma espécie de ansiedade, uma urgência emocional, como se tivesse tido um sonho do qual não conseguia me lembrar, e com a ideia fixa de que precisava escrever sobre o exílio... Veja mais aqui & aqui.

Philomena Lee: Tenho certeza de que há muitas mulheres até hoje - elas são iguais a mim; elas não disseram nada... Isso faz meu coração doer... Veja mais aqui & aqui.

Heather Graham Pozzessere: Sempre há uma calmaria antes da tempestade... Ao longo dos nossos caminhos escolhidos, todos nós encontramos demônios. Devemos encontrá-los e batalhar contra eles, mesmo quando eles não são nada além de névoa na noite... Veja mais aqui.

 

EU NUNCA VOU DEIXAR VOCÊ...

Imagem: Acervo ArtLAM.

Eles não te veem \ Tudo o que eles veem são cicatrizes. \ Eles olham direto para você \ Eles nem sabem quem você é. \ Você se sente invisível agora \ Desaparecendo no fundo. \ Você está se sentindo sozinho, como \ Ninguém quer você por perto. \ É uma luta diária \ Para permanecer feliz de qualquer maneira. \ Você não pode mais fazer isso \ Você está pronto para desistir. \ Mas mantenha a cabeça erguida \ Mesmo que a chuva possa cair, \ Recomponha-se \ Quando você não aguenta mais. \ Mantenha o queixo erguido \ Mantenha-o erguido, \ Pare de ficar adivinhando \ Pare de deixar o tempo passar. \ Reúna sua força \ É hora de sair da sua concha. \ Apenas seja você mesmo e dê \ Os haters têm algo bom para contar. \ Apenas espere porque \ Prometo ser sua rocha. \ Eu sempre terei um ouvido pronto \ Se você precisar conversar. \ Saiba que alguém se importa \ E eu sempre vou te pegar, \ Então se você alguma vez tentar cair \ Só saiba que eu nunca vou deixar você fazer isso!

Poema da escritora estadunidense Tabitha King. Veja mais aqui, aqui & aqui.

 

QUEM SOU & O QUE É VOCÊ... - Afinal, eu também sou uma multidão. Uma multidão de frente para você. Uma multidão que está olhando você nos olhos esta noite... Já faz algum tempo que vozes foram soltas, a imagem idealizada de nosso pais foi destruída, o poder parece estar quase em um estado de turbulência. Será possível olharmos a verdade de frente?... Eu sei que é assustador. Perda de subsídios. Perdendo papéis. Perder o emprego. Eu também. Eu também estou com medo. Abandonei a escola aos 15 anos, não tenho diploma do ensino médio, nada. Seria complicado estar na lista negra de tudo. Não seria divertido. Passeando pelas ruas de Paris com minha fantasia de hamster. Sonhando comigo mesma como um ícone do cinema francês... Na minha rebelião, pensei nos termos que usamos no set. Silêncio. Role a câmera. Para mim, o silêncio já dura trinta anos. Mas ainda consigo imaginar a melodia incrível que poderíamos compor juntos. Feito de verdade. Não doeria tanto assim. Eu prometo. Apenas um arranhão na carcaça da nossa família peculiar. Não é nada comparado a um soco no nariz. Para uma criança sendo atacada como uma cidade sitiada por um adulto todo-poderoso, sob o olhar silencioso de uma equipe. A um diretor que, sussurrando, me arrasta para sua cama sob o pretexto de precisar entender quem eu realmente sou. Realmente nada comparado a 45 tomadas, com duas mãos nojentas nos meus seios de 15 anos. O cinema é feito do nosso desejo de verdade. Os filmes nos observam tanto quanto nós os observamos. Também é feito da nossa necessidade de humanidade. Não? Então, por quê? Por que permitir que essa arte que tanto amamos, essa arte que nos une, seja usada como disfarce para o tráfico ilícito de meninas?... Pensamento da atriz e escritora francesa Judith Godrèche, que escreveu o poema Pequena canção de ninar: Meus braços entrelaçados, eles são você, todas as meninas no silêncio, \ Meu pescoço, meu pescoço dobrado, é você, todas as crianças em silêncio, \ Minhas pernas bambas são vocês, os jovens que não conseguiram se defender. \ Minha boca trêmula, mas também sorridente, são vocês, minhas irmãs desconhecidas... Veja mais aqui.

 

PASSADO, PRESENTE, FUTUROO passado gera uma relação dialógica com o futuro, desalinhando o presente... Pensamento da escritora, tradutora, encenadora e professora Ingrid Koudela, que é autora dos livros Texto e Jogo (Perspectiva, 2010), Brecht: um jogo de Aprendizagem (Perspectiva\EdUSP, 2011) e Jogos teatrais (Perspectiva, 1984). No seu estudo Alegoria com miúdos - quando o teatro é tema do teatro (Perspectiva, sd), ela expressou: [...] A ancestralidade, como princípio filosófico, rompe com os muros da academia e chega como voz de sabedoria. As ancestralidades manifestadas em mitos, histórias, segredos, mistérios, rituais, crenças, valores, saberes dizeres, fazeres produzem compreensão de existência [...] É uma opinião antiga e fundamental que uma obra de arte deve influenciar todas as pessoas, independentemente da idade, status ou educação (...) todas as pessoas podem entender e sentir prazer com uma obra de arte porque todas têm algo de artístico dentro de si [...] existem muitos artistas dispostos a não fazer arte apenas para um pequeno círculo de iniciados, que querem criar para o povo. Isso soa democrático, mas em minha opinião não é democrático. Democrático é transformar o pequeno círculo de iniciados em um grande círculo de iniciados. Pois a arte necessita de conhecimento. A observação da arte só poderá levar a um prazer verdadeiro se houver uma arte da observação. [...] Está contido na arte um saber que é saber conquistado através do trabalho [...] Ser miúdo é tornar-se criança, reencontrar, permitir, brincar. Precisamos silenciar nossos entendimentos, tão repletos de razão e abrir espaço para a produção de subjetividades. Miúdo não é faixa etária. É antes a prontidão para ser brincante. Podemos sempre voltar a ser brincantes. Ser brincante não é o contrário de ser sério. O contrário do ser brincante é cair na realidade. O brincar é efêmero. É acessível para o jovem e para o adulto. Não há distinção entre as faixas etárias. Considero meus espectadores jovens e os jovens alunos nas universidades meus miúdos [...]. Veja mais aqui & aqui.

 

TERRA DE SANGUE, SANGUE NA TERRA

Reivindicar a memória indígena, é criar uma nova perspectiva para que possamos avançar e constituir um movimento social abrangente que consiga repactuar a sociedade com a natureza e os seres sociais entre si...

Lançamento da obra Terra de sangue, sangue na terra: o rastro do colono-capitalismo em Pindorama (2025), do educador, comunicador e militante indígena Givanildo M. da Silva, que é o idealizador e coordenador da Tv Imbaú. Veja mais aqui & aqui.

&

A ARTE DE CARLOS GARAICOA NA USINA DE ARTE

A arte do artista cubano Carlos Garaicoa. Veja mais aqui, aqui & aqui.

 

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DIA DA POESIA & SARAU CASTRO ALVES

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segunda-feira, março 10, 2025

TOLBA PHANEM, MARCELA FUENTES, CHARLES EISENSTEIN & CELULAR NA ESCOLA

 

 Imagem: Acervo ArtLAM.

Ao som do show Som Protagonista, contos e lendas do mundo (2021), da pianista, compositora, educadora e pesquisadora, Camila Lordy, que é formada em composição e regência pela Faam-FMU (2000), graduada em História na USP e mestrado na linha de pesquisa em História e Cultura Social pela UNESP (2021). Ela excursionou com a companhia do Teatro da Vertigem em festivais internacionais, gravou e participou dos trabalhos de diversos artistas nacionais, integrou a Banda Glória e faz parte do projeto Música de Brinquedo, da banda mineira Pato Fu.

 

Antes do tempo em que as coisas passaram a ter nome de gente... - A manhã era um rio levando as hestórias de todas as matas, seres e coisas. A tarde mormaçava com tudo bulindo numa dança vital. A noite esfriava refletindo as estrelas na festa da Lua. Aí os que não foram matados fugiram pronde pudessem viver em paz, enquanto uma asquerosa rainha ali se instalava inexoravelmente devoradora, adoçando o sangue pros seus e mudando o cenário: os antepassados reprimidos à força para um outro presente na marra parando o tempo nas recordações mais recentes. A expansão da poderosa escondia o que passou há muito tempo. Tudo que havia foi enterrado por camadas de asfalto e má-fé. A vida passava a ser servidão e houve quem se divertisse sabe-se lá com o quê disso! Via-se apenas o que se vendia ou trocava, ou mesmo alugasse afinidades e contrastes, calçadas assimétricas, ladeiras, buracos, quebra-molas, trepidações, vitrines, luminárias, antenas, andaimes, empréstimos, penhoras, serviços, zoadas, de quase sequer se dar conta de chegadas e partidas. Havia o convite tácito para ouvir como os de antes dali viviam. Olvidavam, viviam como podiam, morriam como se deus quisesse. Eis que o tempo se embaraçou: não havia cabeça, só cabaça! Todos estavam de saída quando nem sequer chegavam. E se tornavam povoações em cidades de mil cores e se espichavam disformes e barulhentas: as notícias do rádio, as atrações da tevê, os alto-falantes das lojas, os carros de som, os motores das máquinas, a coleta do lixo, as sirenes, as buzinas, as rezas ruidosas e o paroxismo pelas ofertas promocionais, estampidos, pisadas, alvoroços, desejos, interesses, intrigas, mexericos e dissimulações. Tudo enterrava as dores dos vivos - para que não ouvissem lamúrias latentes. Assim ali existia e todos se achavam ocupados com qualquer coisa. Olhares por toda parte e nenhum sorriso ou aceno. O local dizia tudo o que faziam seus sobreviventes. E ali todos esqueciam do mundo. Viviam a olhar para trás o que houvesse mais perto – uma ameaça de perseguição. Era a sensação do passado, não havia como enxergar o presente, porque descobriam o que nunca tiveram e sonhavam com o que jamais terão. Havia um cinismo escondido no esquecimento, tanto é que ninguém sabia, ou fingiam não saber, o que se sucedeu. Só celebrações dos supostos heróis milagreiros e poderosos de mando e fé, ninguém mais - mesmo que soasse lá longe o eco do último suspiro dos mortos aos ventos e ninguém escutava, muita zoada. Se olhassem pra frente não enxergavam caminho algum. Então cada lugar tinha algo de extraordinário e assim cancelavam os que nela viviam, não sabendo nem o que seria, apenas estavam lá com os louvores da graça perdida e só o que passou ontem ou anteontem valia lembrar. Ali eu me sentia como quem desarnava a desembestar na vida! E mais uma vez à baixa-mar, vazante de maré. Só que alguém fugiu de madrugada e levou todos os sonhos que seriam talvez o futuro. Quem? Sabe-se lá, ora! A cidade passou a ser feita só de agora quando ontem tudo era outra vida que jamais será amanhã. Agora só lembranças de instantes e momentos, nada mais. Qual itinerário... Aí é outra hestória. Até mais ver.

 


Pattie Boyd: Eu amo a vida. Há tanto para aprender e ver o tempo todo, e nada é mais agradável para mim do que acordar e o céu está azul... Veja mais aqui & aqui.

Kate Bornstein: Você pode ter grande autonomia nas coisas que escolhe aprender e perseguir em seu próprio tempo. Quando você está aprendendo coisas que lhe interessam, desafiam e fazem a vida valer a pena, obter uma educação pode ser uma bênção e estimulante... Veja mais aqui, aqui & aqui.

Nancy Fraser: Tendo envenenado a atmosfera, ridicularizado todas as pretensões de governo democrático, esticado nossas capacidades sociais até o ponto de ruptura e piorado as condições de vida em geral para a vasta maioria, essa iteração do capitalismo aumentou as apostas para cada luta social, transformando esforços sóbrios para vencer reformas modestas em batalhas campais pela sobrevivência... Veja mais aqui, aqui & aqui.

 

CANÇÃO DOS HOMENS

Imagem: Acervo ArtLAM.

Quando uma mulher de certa tribo da África sabe que está grávida, segue para a selva com outras mulheres, e juntas rezam e meditam até que aparece “A canção da criança”. \ Quando nasce a criança, a comunidade se junta e lhe cantam sua canção. Logo, quando a criança começa sua educação, o povo se junta e lhe canta a sua canção. \ Quando se torna adulto, a gente se junta novamente e canta. \ Quando chega o momento de seu casamento, a pessoa escuta sua canção. \ Finalmente, quando a sua alma está para ir-se deste mundo, a família e amigos aproximam-se e, como em seu nascimento, cantam sua canção para acompanhá-la na “viagem”. \Nesta tribo da África, tem outra ocasião na qual os homens cantam a canção. \ Se em algum momento da vida a pessoa comete um crime ou um ato social aberrante, levam-no até o centro do povoado e a gente da comunidade forma um círculo ao seu redor. Então lhe cantam “sua canção.” \ A tribo reconhece que a correção para as condutas antisociais não é o castigo; é o amor e a lembrança de sua verdadeira identidade. Quando reconhecemos nossa própria canção, já não temos desejo nem necessidade de prejudicar ninguém. \ Teus amigos conhecem a “tua canção”. E a cantam quando a esqueces. Aqueles que te amam não podem ser enganados pelos erros que cometes, ou as escuras imagens que mostras aos demais. Eles recordam tua beleza quanto te sentes feio, tua totalidade quando estás quebrado, tua inocência quando te sentes culpado e teu propósito quando estás confuso.

Poema da poeta africana e ativista pelos direitos humanos Tolba Phanem.

 

MALAS - [...] A tristeza nunca te deixa [...] Embora, verdadeiramente, o pensamento de superar sua dor parecesse uma traição. Ela manteve isso em segredo agora. Era como um hematoma que ela sentia o tempo todo, mas ela conseguia representar uma ausência de dor. [...] Depois dos filhos, você nunca mais poderá ser inteira. Depois de dar à luz, seu corpo volta incompleto. Você está sozinha dentro de si mesmo, como nunca esteve antes [...]. Trechos extraídos da obra Malas (Viking, 2024), da escritora e ensaísta mexicana Marcela Fuentes, tratando acerca da lenda de La Llorona (a Mulher Chorona), unindo as histórias de duas mulheres de diferentes gerações em uma cidade fronteiriça do Texas. Quando as duas se encontram nos anos 1990, sua conexão — incluindo um amor compartilhado por Selena — ameaça trazer à tona segredos enterrados da cidade, como um grito que é uma erupção vocal de emoção — alegria, tristeza, raiva, amor, orgulho — e às vezes o som da rebelião. Na música, é um grito catártico, amplificando a emoção.

 

A CAMINHADA & O LUGAR - A cerimônia define o tom de cada ato e a palavra alinhando-os com o que realmente somos, o que queremos ser e o mundo em que queremos viver. A cerimônia oferece um vislumbre de um destino sagrado, um destino em que: Todo ato é uma cerimônia. Toda palavra uma oração. Toda caminhada uma peregrinação. Todo lugar um santuário... Pensamento do escritor e filósofo estadunidense, Charles Eisenstein, que no seu livros The Yoga of Eating: Transcending Diets and Dogma to Nourish the Natural Self (New Trends Publishing, 2003), ele expressa que: [...] A verdadeira disciplina é apenas autolembrança; não é necessário forçar ou lutar [...] Mesmo a mudança mais completa acontece uma escolha de cada vez [...]. Na sua obra Sacred Economics: Money, Gift, and Society in the Age of Transition (North Atlantic Books, 2011), ele expressa que: […] Quando tudo está sujeito ao dinheiro, então a escassez de dinheiro torna tudo escasso, incluindo a base da vida e felicidade humanas. Essa é a vida do escravo — alguém cujas ações são compelidas pela ameaça à sobrevivência. Talvez a indicação mais profunda da nossa escravidão seja a monetização do tempo. [...] A atual convergência de crises – em dinheiro, energia, educação, saúde, água, solo, clima, política, meio ambiente e muito mais – é uma crise de nascimento, que nos expulsa do velho mundo para um novo. [...] Quando tivermos que pagar o verdadeiro preço pelo esgotamento dos dons da natureza, os materiais se tornarão mais preciosos para nós, e a lógica econômica reforçará, e não contradirá, o desejo do nosso coração de tratar o mundo com reverência e, quando recebermos os dons da natureza, usá-los bem. [...]. Já na sua obra The More Beautiful World Our Hearts Know Is Possible (North Atlantic Books, 2013), ele expressa que: […] O estado de interser é um estado vulnerável. É a vulnerabilidade do altruísta ingênuo, do amante confiante, do compartilhador desprotegido. Para entrar nele, é preciso deixar para trás o abrigo aparente de uma vida baseada em controle, protegida por muros de cinismo, julgamento e culpa. [...] Vício, autossabotagem, procrastinação, preguiça, raiva, fadiga crônica e depressão são todas maneiras pelas quais retemos nossa participação plena no programa de vida que nos é oferecido. Quando a mente consciente não consegue encontrar uma razão para dizer não, o inconsciente diz não à sua própria maneira. [...] Estamos todos aqui para contribuir com nossos dons para algo maior do que nós mesmos, e nunca ficaremos satisfeitos se não o fizermos. [...].

 

USO CONSCIENTE DE CELULARES EM ESCOLAS

A Editora Trato lançou recentemente a coleção “O Uso Consciente do Celular”, visando promover o uso crítico e cuidadoso dos dispositivos eletrônicos entre crianças e adolescentes, alinhando a proposta ao previsto na Lei nº 15.100/2025, que regulamenta o uso de aparelhos eletrônicos portáteis pessoais durante aulas e intervalos em toda a educação básica. A coleção é composta por seis livros paradidáticos voltados ao público infantojuvenil e um guia informativo para educadores, todos com foco no bem-estar físico e mental. A coleção aborda questões atinentes aos efeitos do uso excessivo de dispositivos e incentiva práticas educativas que valorizam o aprendizado desconectado e o fortalecimento de relações interpessoais. Entre os volumes, destacam-se “Por que não posso usar o celular na escola?”, “O Dia em que o Celular Sumiu”, “O Diário de Júlia e o Celular”, “Desligando para Aprender” e “Desconectando para Conectar”. O guia para educadores oferece orientações práticas para aplicação do novo diploma legal em sala de aula e propõe atividades que promovam uma reflexão crítica sobre o uso da tecnologia. Com esta iniciativa a Editora Trato destaca seu compromisso com a valorização da cultura, história e geografia das cidades brasileiras, estimulando o sentimento de pertencimento e a preservação da memória coletiva. Veja mais aqui e aqui.

 

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segunda-feira, fevereiro 24, 2025

JENNY ODELL, SALOMÉ ESPER, KATARINA FROSTENSON & APOCALIPSE LÍRICO

 

 Imagem: Acervo ArtLAM.

Ao som dos álbuns Refúgio (2000), Duas Madrugadas (2005), Eyn Okan (2011), Andata e Ritorno (2014), Retalhos do Brasil (2019) e Noites e dias (2022), da pianista, compositora, arranjadora e diretora musical, Christianne Neves, que é Mestre em Música pela Unicamp e integrou a Orquestra Heartbreakers e Havana Brasil.

 

Textículo capitular a contar hestórias nos dedos... - Ao Sol celebrei as mulheres: o canto da alma! Porque todo dia o mar é só o mar, o rio é só o rio e entre o prazer e o tédio sorrio surpreso com o sátiro dionisíaco, que teima invadir minha solidão, com piadas de pegar borboleta, queimar o arroz, plantar bananeira, dar o dedo, bater rebote, dribles de corpo, firulas, bundacanascas & escárnio às risadagens. O que havia de mim os dedos contavam coisas duma devoção esburacada por um bicho de não sei quantas cabeças, uma manhã a mais a renovar esperança. Tivesse eu tão perto e os longínquos sonhos arrefeceriam a cada passada. Dissesse o tanto que calei esborraria o peito e nada mais resistiria ao aceno ignorado. Se não soubesse o que vi e ouvi tudo seria obscuro. Só desci do morro da solitude porque não tinha nada mais para dizer: pétalas se aquietavam diante de uma mente parva, a flor fenecia com a aspereza dos que odeiam. Só havia o naufrágio do erro, o palimpsesto da treva. Documentos soterravam vivos duas vezes e a voz de fome inaudível antes que o dia esganasse a noite, quando ela, por vingança, escurecia para que tudo fedesse à guerra. Só sei que sobrevivo aos uivos de júbilos à miséria. E há muito ninguém mais sorriu, caíram de medo nos lábios trêmulos nada luzidios, ao que se deu e tomou até esmorecido feito e desfeito: ninguém viu as dores dos meus dias. Talvez uma hestória & duas outras coisas nada mais valessem para nem caberem em lugar algum na passagem das horas desencontradas. Ouvi o canto da luz eterna, o vento murmurava nas marés, como quem falava de amor e palavras de destino. Pudesse eu acaso vários versos também cantar quanto vivi e valeu quem soubesse onde o abrigo das mãos espalmadas. Quanto mais sentia, menos entendia e era bom: amar é ter alguém que não tenha mesmo nada pra dar. Isso, sim. Até mais ver.

 

Margaret Mead: Nunca duvide que um pequeno grupo de indivíduos comprometidos e pensativos pode mudar o mundo. Na verdade, é a única coisa que já mudou... Veja mais aqui, aqui, aqui & aqui.

Agneta Pleijel: Nós somos ficção. Nós nos construímos a partir de palavras... Eu resgatei detritos do passado, não podia usá-lo por muito tempo, ninguém quer isso... Veja mais aqui, aqui & aqui.

Ann Leckie: Unidade, pensei, implica a possibilidade de desunião. Começos implicam e requerem finais... Veja mais aqui, aqui & aqui.

 

DOIS POEMAS

Imagem: Acervo ArtLAM.

POSIÇÃO - Olha, lá está ela, a grande morta, no pálido \ brilho claro de um prado pantanoso muito próximo \ de uma cana. Virado e brilhando na lama. Dele \ cadáver, formigas caminham por ele melancolicamente \ na luz, a loira cacheada, e atormenta a carne \ abertamente. Olhe bem lá dentro, a fissura é deslumbrante. \ Sobre seu cadáver, onde tantos pensamentos brincavam, \ tecidos tensos e testas descansadas. Laranja \ cinza opaco da grama. É uma parte elevada do mundo \ à força com a testa contra o chão, com a carne estriada \ através das barras pálidas dos juncos. \ A testa dele cai sobre o corpo dela \ afundando em sua carne. Na lama da loira silenciosa. \ Nunca. Nunca, embora quase entorpecido, ele pensa: talvez \ Eu sou aquele que vive enterrado lá embaixo. O que ele vê e vivencia \ na perna dele: sobre meu cadáver eu sou aquele que \ está lá fora.

GARGANTA DE ECO - O osso vermelho, \ o recife do pescoço, \ onde ele fica? \ cortando e afiando \ sua serra \ Voz, que tipo de animal você é \ debaixo da pedra \ cinco braças \ de profundidade, o coral.

Poemas da escritora e dramaturga sueca Katarina Frostenson. Veja mais aqui.

 

A SEGUNDA VENDA – [...] Se houve dor em perder o que era seu, doeu em dobro perder o que se ganhou, o carinho conquistado, o abraço conquistado, a confiança conquistada. Para onde vai esse esforço quando é o outro quem desiste primeiro? Para onde vai a coragem que permitiu sair de si mesmo, forçando cada milímetro para chegar ao outro que habitava o mundo com facilidade? Para onde vão aqueles que ficam? [...] Deus estava lá, só que deformado e assustador, doloroso e zombeteiro, talvez por isso mais presente e real do que antes, agachado naquele quarto que começava a escurecer, olhando com desdém e olhos brilhantes, pronto para saltar com suas patas traseiras de lagosta, para usar seu poder ilógico em outras pessoas infelizes. [...] Minha mãe sempre diz que Deus nos dá o que podemos suportar, mas não acredito que isso seja verdade. Nós perseveramos porque eles nos ajudam. Você não pode nem ser feliz sozinho. [...]. Trechos extraídos da obra La segunda venida de Hilda Bustamante (Sigilo, 2023), da escritora argentina Salomé Esper.

 

NÃO FAZER NADA - […] O que significa construir mundos digitais enquanto o mundo real está desmoronando diante de nossos olhos? […] Nossa própria ideia de produtividade é baseada na ideia de produzir algo novo, enquanto não tendemos a ver manutenção e cuidado como produtivos da mesma forma. [...] Extrapolando isso para o reino dos estranhos, me preocupo que, se deixarmos que nossas interações na vida real sejam controladas por nossas bolhas de filtro e identidades de marca, também corremos o risco de nunca sermos surpreendidos, desafiados ou mudados — nunca ver nada fora de nós mesmos, incluindo nossos próprios privilégios. [...] Nós vivenciamos as externalidades da economia da atenção em pequenas gotas, então tendemos a descrevê-las com palavras de leve perplexidade como "irritante" ou "distraidor". Mas essa é uma grave interpretação errônea de sua natureza. No curto prazo, as distrações podem nos impedir de fazer as coisas que queremos fazer. No longo prazo, no entanto, elas podem se acumular e nos impedir de viver as vidas que queremos viver ou, pior ainda, minar nossas capacidades de reflexão e autorregulação, tornando mais difícil, nas palavras de Harry Frankfurt, "querer o que queremos querer". Portanto, há profundas implicações éticas espreitando aqui para a liberdade, o bem-estar e até mesmo a integridade do eu. [...] Minha experiência é aquilo que concordo em atender. Somente aqueles itens que percebo moldam minha mente — sem interesse seletivo, a experiência é um caos total. [...] Numa situação em que cada momento de vigília se tornou o tempo em que ganhamos a vida, e quando submetemos até o nosso lazer à avaliação numérica através de gostos no Facebook e Instagram, verificando constantemente o seu desempenho como se verifica uma ação, monitorizando o desenvolvimento contínuo da nossa marca pessoal, o tempo torna-se um recurso económico que já não podemos justificar gastar em “nada” [...] No final das contas, defendo uma visão do eu e da identidade que é o oposto da marca pessoal: algo instável e mutável, determinado por interações com outras pessoas e com diferentes tipos de lugares. [...].Trechos extraídos da obra How to Do Nothing: Resisting the Attention Economy (Melville House, 2019), da artista, escritora e educadora multidisciplinar estadunidense Jenny Odell.

 

APOCALIPSE LÍRICO, DE VCA.

A linguagem é uma descoberta diária \ algo que move a alma (imobilizada \ pela usura sucessiva dos dias prósperos \ e das noites morta e lúcidas) \ e invento o mundo. É o centro \ do dínamo, a máquina transformadora \ o que há de transcendente neles é a poesia [...].

Trecho do poema Introdução a mim, extraído do livro Apocalipse lírico (CriaArt, 2025), do poeta e advogado Vital Corrêa de Araújo. Veja mais aqui, aqui, aqui & aqui.

 

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ERICA JONG, JUNG CHANG, GABOR MATÉ & CANTINHO DO BAR BRASIL

    Imagem: O céu azul de Madalena – Acervo ArtLAM . Ao som dos álbuns Hiromi Live in Concert (2005), Hiromi’s Sonicbloom Live in Concert...