Ao som
dos álbuns Anima (CGD Leste-Oeste, 1997), Stanze (BMG, 1992), Ama
(Sony Music, 2002), Sozinho (EMI Classics, 2006), Instanti (Egeu,
2009), Le mie corde (Sony Classical, 2013)) e Stanze (Decca,
2014), da harpista, compositora, cantora e escritora italiana, Cecilia Chailly, com composições próprias
e partituras originais de Ludovico Einaudi.
A vida
passa e já vai longe... – Bati o pé e cá
comigo: não perdi o paraíso, mesmo que nada mais fosse que um sobrevivente dos
abismos pela deslizante dança dos dias. Confesso: escapei pelas frestas de
todas as espessuras, no meio dos gritos da noite e disparos de rumores, sequer
governei a mim mesmo. Comia distância para extirpar meus demônios, sei lá como!
Até prova em contrário, só me restava o brilho do sete-estrelo quando dava o ar
da graça, com todas as dúvidas pro acerto, todos os beijos pra celebração,
todas as vontades pro arrependimento e todos os passos pra consumação. Nada mais
insignificante para quem fugia da persistente ameaça da miséria, célere mais
que veemente no encalço da esperança e deleite das coisas, com promessa de
reservar pragora o melhor que sempre ficou pra depois. E de repente corresse o
fogo até as cinzas arremessadas aos ventos desatados, caindo nas chuvas pelas ondas
empinadas das correntes marítimas, arrebentando na areia a lamber a Terra para
que desse frutos sem que precisasse semear. Coisa mais sem graça, o mundo é tão
cedo como diverso e se fizesse tão belo mesmo escorregando pela encruzilhada
das horas e desse ali o não sabido, com uma topada no quatrivium da talmúdica Asmodéia
– a rainha esquecida de Sodoma e do avéstico Aeshma deva de Zoroastro, arrastando
o alarido de seus zis amantes. Dei de cara com a lascívia de suas 7 formas e
tremia mais que vara verde com a ira de sua luxúria, as tentações de compradora
de Sombras. Era a senhora dos descaminhos, dava fé, e com ela a solidão gemia e
o escuro jamais teria fim. Caçou-me brincante às suas jornadas para me jogar no
mar do esquecimento. Mesmo refém, não perdi minha sombra porque nunca venderia a
alma ao diabo, escapulia. A alma avessa não dizia meu nome, judiava do meu
pesar. Ao me caçar perdeu o sono e não arrastaria as malas na viagem em vão: apossou-se
da minha flauta de Pã e, vingativa, nela extraiu a dulcíssima canção dos seus
desvelos. Silenciei ao cabo de instantes sucessivos, sem que houvesse repouso: ela
dominava meus sentidos e me fez pervertido insone a perseguir de seus meneios e
passos. Quantas tentativas ousei a malograr diante da ameaça de ser corroído pela
metástase de seus feitiços: muros desabados, fortaleza vulnerável. Nada perdi porque
nunca tive e muito menos sei o que vou achar daqui pra diante. Mas não há nada
para sempre assim e a palavra prévia suscitou a chance: a sorte antiga debelada
ressuscitou e interviu shamir em meu socorro – como poderia, mesmo menor
que um grão de cevada, quebrou todas as pedras, ferro e diamantes, chamou-me a
atenção aos baques repetindo insistentemente: Ubuntu! Ubuntu! Não atinava, precisei de
muito tempo para assimilar: eu só sou porque você é... Assim me salvei,
acho, a vez do chega pra lá e peguei na virada - como se ela desencantasse e
comigo servisse: a humanidade para todos. Um dia e outro não é sempre igual, já
passou. E passará. Até mais ver.
Leonora Carrington: Quem pode dizer: um Deus para todo o universo? Acho que deve haver milhões de deuses! E nem todos são muito gentis... Veja mais aqui, aqui e aqui.
Mônica
Martelli: Escolher é renunciar. Se
opto estar aqui, não vou poder estar lá. Uma vez feita a escolha, tem que ir
com tudo, tem que pisar fundo... Veja mais aqui.
Tina Fey: Não desperdice sua energia
tentando mudar opiniões... Faça o que você faz e não se importe se eles gostam... Veja mais aqui.
QUATRO LONGOS MINUTOS
Imagem:
Acervo ArtLAM.
1 - Quatro longos minutos a andorinha riu dormindo (as
noites são curtas aqui) e murmurou e suou sob a asa, então ela suspirou e voou
para longe a negócios. — as poupas cortam o ar com seu semicírculo - (sul), - a
manhã do queijo cottage continua sem data - (de repente). Quatro longos minutos
a chuva soltou e escondeu suas garras, e Chvirik ouviu: la-la, a música caiu de
folha em folha, caiu e flutuou para longe (desapareceu). — é hora de revelar
como ele é, Chvirik: - Ele não tem um terno decente. - toc-toc, diz o pássaro,
o outro responde: piar, - O que Chvirka realmente está pensando?
2 - Mas a questão é que Chvirik não é um pássaro.
3 - Ele quer escrever algo, e o caderno se desfaz. Três
longos minutos – e aquele caderno desapareceu. Em dois minutos a floresta
desmoronou, tornou-se lixo, pó, nudez. Um minuto não foi suficiente para a
subida íngreme, para derramar no pequeno lago lá de cima. Chvirik foi esse
momento.
4 - Oh Chvirik, quando sou uma sombra sorridente fico
envergonhado Eu deslizarei para este mundo, construído por nós em carne e osso
(o que é estranho), voando pelas encostas das árvores, com sua vida presa na
casca... - Oh Chvirka, não pense nisso, então vamos embora daqui. - Ó Chvirik,
diga-me: sem engano? - Chvirka, oh minha chvirka! Os pássaros ouviram e
começaram a rir: hee-hee. 0 E não existe tal minuto, e não há minuto, nem
terceiro nem quarto, nem o primeiro nem o segundo.
Poema da premiada escritora russo-alemã Olga Martynova, autora de obras como Postup´yanvarskikh sadov
(1989), Sumas`shedshiy kuznechik (1994), Chetyre vremeni nochi (1998),
Frantsuzskaia biblioteka (2007) e Ó Vvedenskom. O Chvirike i Chvirke
/ Issledovaniya v stikhakh (2010).
CUSTO
DE VIDA – [...] A vida desmorona. Tentamos nos controlar
e nos manter firmes. E então percebemos que não queremos nos manter firmes. [...] Nunca deixarei de
lamentar meu antigo desejo por um amor duradouro que não reduza seus
protagonistas a algo menor do que eles são. [...] A liberdade nunca é de
graça. Quem já lutou para ser livre sabe o quanto isso custa. [...]. Trechos extraídos da obra The Cost of Living: A Working Autobiography (Bloomsbury, 2019), da escritora e dramaturga britânica Deborah Levy, que na obra Hot Milk (Bloomsbury, 2017), ela expressou que: […]
Confesso que
muitas vezes me perco em todas as dimensões do tempo, que o passado às vezes
parece mais próximo que o presente e muitas vezes temo que o futuro já tenha
acontecido. [...]. Noutra de suas obras, a Things I Don't Want to Know (Hamish
Hamilton, 2018), ela expressa que: […] Para me tornar um ESCRITOR, tive
que aprender a INTERROMPER, a falar mais alto, a falar um pouco mais alto, e
depois MAIS ALTO, e então apenas falar com minha própria voz, que NÃO É NEM UM
POUCO ALTA. [...]. Na obra Swimming Home (Bloomsbury, 2012), ela
observou que: […] A vida só vale a pena ser vivida porque esperamos
que ela melhore e que todos cheguemos em casa em segurança. Mas você tentou e
não conseguiu chegar em casa em segurança. Você não conseguiu chegar em casa de
jeito nenhum. [...]. Por fim, na sua obra Pillow Talk in Europe and Other Places (Dalkey
Archive Press, 2004), ela considerou que:
[…] Certifique-se de aproveitar a linguagem,
experimentar maneiras de falar, ser exuberante mesmo quando não tiver vontade,
porque a linguagem pode tornar o seu mundo um lugar melhor para se viver. [...].
GREVE
PELAS MUDANÇAS CLIMÁTICAS – [...] Minha
geração sabe que as mudanças climáticas serão o maior problema que
enfrentaremos [...] É perturbador que minha geração tenha que pressionar
esses líderes a agir. Não vamos parar de fazer greve até que mais leis sejam
aprovadas. [...]. Trechos do depoimento recolhido na matéria We won't
stop striking': the New York 13 year-old taking a stand over climate change
(The Guardian, 2019), em que a jovem ativista climática estadunidense Alexandria Villaseñor, faz um alerta de greve por conta
das mudanças climáticas. Ela é adepta do movimento Fridays for Future, cofundadora
da US Youth Climate Strike e fundadora da Earth Uprising. Durante a solenidade da Child petitioners protest lack of
government action on climate crisis (UNICEF Headquarters, 2019), ela assinalou que: Estamos aqui como cidadãos do planeta, como vítimas da poluição que tem
sido despejada descuidadamente em nossa terra, ar e mar por gerações, e como
crianças cujos direitos estão sendo violados. Hoje estamos lutando. Há 30 anos
o mundo nos fez uma promessa. Praticamente todos os países do mundo concordam
que as crianças têm direitos que devem ser protegidos. E os países que
assinaram o 3º Protocolo Facultativo sobre Comunicação se comprometeram a nos
permitir apelar às Nações Unidas quando esses direitos estiverem sendo
violados. Então é exatamente isso que estamos fazendo aqui hoje. Cada um de nós
teve seus direitos violados e negados. Nossos futuros estão sendo destruídos. E na matéria New
York’s Original Teen-Age Climate Striker Welcomes a Global Movement (de Carolyn
Kormann, no The New Yorker, 2019), ela expressou: Vejo mais as estruturas
que a sociedade criou. E é por isso que a minha geração teve tanto impacto no
movimento climático. Estamos nos organizando fora das estruturas em que os
adultos trabalham. Desde que me envolvi, vejo como o sistema está quebrado, e
isso é uma das coisas que precisam mudar.
A ARTE
MONUMENTAL DE MARIANNE PERETTI
[...] Enquanto
houver um artista com talento e capaz de desenhar em tamanho real e artesão com
sabedoria e paciência, teremos vitrais para iluminar nossa vida [...] Os
grandes tamanhos me agradam, porque neles posso me exprimir com mais liberdade
e sempre estou incorporando elementos novos e também diferentes dessas linguagens,
uns aos outros, tudo com muita liberdade [...].
Trechos
extraídos do catálogo da exposição A arte monumental de Marianne Peretti
(Museu Nacional – Conjunto Cultural da República, Brasília, 2016), da
vitralista e artista plástica Marianne Peretti (Marie Anne Antoinette
Hélène Peretti – 1927-2022). Veja mais aqui, aqui, aqui & aqui.
&
ROMEU
& JULIETA, COM ARAMIS TRINDADE
ITINERARTE
– COLETIVO ARTEVISTA MULTIDESBRAVADOR:
Veja mais sobre MJ
Produções, Gabinete de Arte & Amigos da Biblioteca aqui.
& mais:
Livros Infantis Brincarte
do Nitolino aqui.
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Literatura Indígena:
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Poemagens aqui.
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lobisomem Zonzo aqui.
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