segunda-feira, maio 12, 2025

DEBORAH LEVY, OLGA MARTYNOVA, ALEXANDRIA VILLASEÑOR & MARIANNE PERETTI

 

 Imagem: Acervo ArtLAM.

Ao som dos álbuns Anima (CGD Leste-Oeste, 1997), Stanze (BMG, 1992), Ama (Sony Music, 2002), Sozinho (EMI Classics, 2006), Instanti (Egeu, 2009), Le mie corde (Sony Classical, 2013)) e Stanze (Decca, 2014), da harpista, compositora, cantora e escritora italiana, Cecilia Chailly, com composições próprias e partituras originais de Ludovico Einaudi.

 

A vida passa e já vai longe... – Bati o pé e cá comigo: não perdi o paraíso, mesmo que nada mais fosse que um sobrevivente dos abismos pela deslizante dança dos dias. Confesso: escapei pelas frestas de todas as espessuras, no meio dos gritos da noite e disparos de rumores, sequer governei a mim mesmo. Comia distância para extirpar meus demônios, sei lá como! Até prova em contrário, só me restava o brilho do sete-estrelo quando dava o ar da graça, com todas as dúvidas pro acerto, todos os beijos pra celebração, todas as vontades pro arrependimento e todos os passos pra consumação. Nada mais insignificante para quem fugia da persistente ameaça da miséria, célere mais que veemente no encalço da esperança e deleite das coisas, com promessa de reservar pragora o melhor que sempre ficou pra depois. E de repente corresse o fogo até as cinzas arremessadas aos ventos desatados, caindo nas chuvas pelas ondas empinadas das correntes marítimas, arrebentando na areia a lamber a Terra para que desse frutos sem que precisasse semear. Coisa mais sem graça, o mundo é tão cedo como diverso e se fizesse tão belo mesmo escorregando pela encruzilhada das horas e desse ali o não sabido, com uma topada no quatrivium da talmúdica Asmodéia – a rainha esquecida de Sodoma e do avéstico Aeshma deva de Zoroastro, arrastando o alarido de seus zis amantes. Dei de cara com a lascívia de suas 7 formas e tremia mais que vara verde com a ira de sua luxúria, as tentações de compradora de Sombras. Era a senhora dos descaminhos, dava fé, e com ela a solidão gemia e o escuro jamais teria fim. Caçou-me brincante às suas jornadas para me jogar no mar do esquecimento. Mesmo refém, não perdi minha sombra porque nunca venderia a alma ao diabo, escapulia. A alma avessa não dizia meu nome, judiava do meu pesar. Ao me caçar perdeu o sono e não arrastaria as malas na viagem em vão: apossou-se da minha flauta de Pã e, vingativa, nela extraiu a dulcíssima canção dos seus desvelos. Silenciei ao cabo de instantes sucessivos, sem que houvesse repouso: ela dominava meus sentidos e me fez pervertido insone a perseguir de seus meneios e passos. Quantas tentativas ousei a malograr diante da ameaça de ser corroído pela metástase de seus feitiços: muros desabados, fortaleza vulnerável. Nada perdi porque nunca tive e muito menos sei o que vou achar daqui pra diante. Mas não há nada para sempre assim e a palavra prévia suscitou a chance: a sorte antiga debelada ressuscitou e interviu shamir em meu socorro – como poderia, mesmo menor que um grão de cevada, quebrou todas as pedras, ferro e diamantes, chamou-me a atenção aos baques repetindo insistentemente: Ubuntu! Ubuntu! Não atinava, precisei de muito tempo para assimilar: eu só sou porque você é... Assim me salvei, acho, a vez do chega pra lá e peguei na virada - como se ela desencantasse e comigo servisse: a humanidade para todos. Um dia e outro não é sempre igual, já passou. E passará. Até mais ver.

 

Leonora Carrington: Quem pode dizer: um Deus para todo o universo? Acho que deve haver milhões de deuses! E nem todos são muito gentis... Veja mais aqui, aqui e aqui.

Mônica Martelli: Escolher é renunciar. Se opto estar aqui, não vou poder estar lá. Uma vez feita a escolha, tem que ir com tudo, tem que pisar fundo... Veja mais aqui.

Tina Fey: Não desperdice sua energia tentando mudar opiniões... Faça o que você faz e não se importe se eles gostam... Veja mais aqui.

 

QUATRO LONGOS MINUTOS

Imagem: Acervo ArtLAM.

1 - Quatro longos minutos a andorinha riu dormindo (as noites são curtas aqui) e murmurou e suou sob a asa, então ela suspirou e voou para longe a negócios. — as poupas cortam o ar com seu semicírculo - (sul), - a manhã do queijo cottage continua sem data - (de repente). Quatro longos minutos a chuva soltou e escondeu suas garras, e Chvirik ouviu: la-la, a música caiu de folha em folha, caiu e flutuou para longe (desapareceu). — é hora de revelar como ele é, Chvirik: - Ele não tem um terno decente. - toc-toc, diz o pássaro, o outro responde: piar, - O que Chvirka realmente está pensando?

2 - Mas a questão é que Chvirik não é um pássaro.

3 - Ele quer escrever algo, e o caderno se desfaz. Três longos minutos – e aquele caderno desapareceu. Em dois minutos a floresta desmoronou, tornou-se lixo, pó, nudez. Um minuto não foi suficiente para a subida íngreme, para derramar no pequeno lago lá de cima. Chvirik foi esse momento.

4 - Oh Chvirik, quando sou uma sombra sorridente fico envergonhado Eu deslizarei para este mundo, construído por nós em carne e osso (o que é estranho), voando pelas encostas das árvores, com sua vida presa na casca... - Oh Chvirka, não pense nisso, então vamos embora daqui. - Ó Chvirik, diga-me: sem engano? - Chvirka, oh minha chvirka! Os pássaros ouviram e começaram a rir: hee-hee. 0 E não existe tal minuto, e não há minuto, nem terceiro nem quarto, nem o primeiro nem o segundo.

Poema da premiada escritora russo-alemã Olga Martynova, autora de obras como Postup´yanvarskikh sadov (1989), Sumas`shedshiy kuznechik (1994), Chetyre vremeni nochi (1998), Frantsuzskaia biblioteka (2007) e Ó Vvedenskom. O Chvirike i Chvirke / Issledovaniya v stikhakh (2010).

 

CUSTO DE VIDA – [...] A vida desmorona. Tentamos nos controlar e nos manter firmes. E então percebemos que não queremos nos manter firmes. [...] Nunca deixarei de lamentar meu antigo desejo por um amor duradouro que não reduza seus protagonistas a algo menor do que eles são. [...] A liberdade nunca é de graça. Quem já lutou para ser livre sabe o quanto isso custa. [...]. Trechos extraídos da obra The Cost of Living: A Working Autobiography (Bloomsbury, 2019), da escritora e dramaturga britânica Deborah Levy, que na obra Hot Milk (Bloomsbury, 2017), ela expressou que: […] Confesso que muitas vezes me perco em todas as dimensões do tempo, que o passado às vezes parece mais próximo que o presente e muitas vezes temo que o futuro já tenha acontecido. [...]. Noutra de suas obras, a Things I Don't Want to Know (Hamish Hamilton, 2018), ela expressa que: […] Para me tornar um ESCRITOR, tive que aprender a INTERROMPER, a falar mais alto, a falar um pouco mais alto, e depois MAIS ALTO, e então apenas falar com minha própria voz, que NÃO É NEM UM POUCO ALTA. [...]. Na obra Swimming Home (Bloomsbury, 2012), ela observou que: […] A vida só vale a pena ser vivida porque esperamos que ela melhore e que todos cheguemos em casa em segurança. Mas você tentou e não conseguiu chegar em casa em segurança. Você não conseguiu chegar em casa de jeito nenhum. [...]. Por fim, na sua obra Pillow Talk in Europe and Other Places (Dalkey Archive Press, 2004), ela considerou que: […] Certifique-se de aproveitar a linguagem, experimentar maneiras de falar, ser exuberante mesmo quando não tiver vontade, porque a linguagem pode tornar o seu mundo um lugar melhor para se viver. [...].

 

GREVE PELAS MUDANÇAS CLIMÁTICAS – [...] Minha geração sabe que as mudanças climáticas serão o maior problema que enfrentaremos [...] É perturbador que minha geração tenha que pressionar esses líderes a agir. Não vamos parar de fazer greve até que mais leis sejam aprovadas. [...]. Trechos do depoimento recolhido na matéria We won't stop striking': the New York 13 year-old taking a stand over climate change (The Guardian, 2019), em que a jovem ativista climática estadunidense Alexandria Villaseñor, faz um alerta de greve por conta das mudanças climáticas. Ela é adepta do movimento Fridays for Future, cofundadora da US Youth Climate Strike e fundadora da Earth Uprising. Durante a solenidade da Child petitioners protest lack of government action on climate crisis (UNICEF Headquarters, 2019), ela assinalou que: Estamos aqui como cidadãos do planeta, como vítimas da poluição que tem sido despejada descuidadamente em nossa terra, ar e mar por gerações, e como crianças cujos direitos estão sendo violados. Hoje estamos lutando. Há 30 anos o mundo nos fez uma promessa. Praticamente todos os países do mundo concordam que as crianças têm direitos que devem ser protegidos. E os países que assinaram o 3º Protocolo Facultativo sobre Comunicação se comprometeram a nos permitir apelar às Nações Unidas quando esses direitos estiverem sendo violados. Então é exatamente isso que estamos fazendo aqui hoje. Cada um de nós teve seus direitos violados e negados. Nossos futuros estão sendo destruídos. E na matéria New York’s Original Teen-Age Climate Striker Welcomes a Global Movement (de Carolyn Kormann, no The New Yorker, 2019), ela expressou: Vejo mais as estruturas que a sociedade criou. E é por isso que a minha geração teve tanto impacto no movimento climático. Estamos nos organizando fora das estruturas em que os adultos trabalham. Desde que me envolvi, vejo como o sistema está quebrado, e isso é uma das coisas que precisam mudar.

 

A ARTE MONUMENTAL DE MARIANNE PERETTI

[...] Enquanto houver um artista com talento e capaz de desenhar em tamanho real e artesão com sabedoria e paciência, teremos vitrais para iluminar nossa vida [...] Os grandes tamanhos me agradam, porque neles posso me exprimir com mais liberdade e sempre estou incorporando elementos novos e também diferentes dessas linguagens, uns aos outros, tudo com muita liberdade [...].

Trechos extraídos do catálogo da exposição A arte monumental de Marianne Peretti (Museu Nacional – Conjunto Cultural da República, Brasília, 2016), da vitralista e artista plástica Marianne Peretti (Marie Anne Antoinette Hélène Peretti – 1927-2022). Veja mais aqui, aqui, aqui & aqui.

&

ROMEU & JULIETA, COM ARAMIS TRINDADE

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segunda-feira, maio 05, 2025

JANET MOCK, OLGA DÍAZ, ATHENA FARROKHZAD, SETÍGONO, ASCENSO & ARTE NA ESCOLA

 

 Imagem: Setígono – Acervo ArtLAM.

Ao som de I give you the end of a golden string (2013), In the Land of Uz (2017), Concerto para Oboé (2018), The Prelude (2018–2019), The True Light (2018), By Wisdom (2018), Music, Spread Thy Voice (2022), Like as the hart (2022) e Begin Afresh (2022), da compositora britânica Judith Weir.

 

Setígono outra vez, pálin!(Fechando a conta)... - Na primeira lapada: Um título se fez verso nas brumas do meu coração... E como um verso nunca vem sozinho, um puxoutro e trouxe outra cipoada: Semanada já sextou pro clima do alto astral... E o papo foi e veio noutro, porque era 31 de março e aniversário do meu saudoso pai. E a ideia voou, foi lá pra trás quando eu só tinha 4 anos pra comemorar o dia dele e conheci de frente aquele que se fez inimigo: estava fardado, marchava com civis pariceiros e até conhecidos, se pareciam comigo e com os meus, a mesma língua e pátria, e fizeram-se aminimigos da minha gente e do meu povo. O susto paterno não era só dele: foi longa a noite dos anos que se passaram. Meu pai se acomodou e, em mim, as feridas abertas sangravam até fechar a primeira conta: como se um heptágono desse um pentágono dentro. E deu, foi o jeito. Veio mais outra pancada: A segunda foi no toitiço e na caixa dos peitos! E queria de néstogas apreender, porque no dia 8 de janeiro vi repetir-se a face desfigurada daqueles outros tais inimigos da minha Terra e do meu país. Era domingo e eles em festa: um golpe de tantos outros anos a fio, recorrente dos antros e fanáticos que amavam idolatrados outros, outra língua, outra bandeira, outra pátria que não as nossas e o ódio de dentes rangendo sobre o que sou e os meus. Por que tinha que ser assim, hem? Cicatrizes reabertas pelas veias que ainda doíam de antanho. Precisava me apaziguar, mais que necessário. Nada como mudar de ares, de cara e das ideias. Não virei casaca e parti prum modo jeitoso de martelada, castigando nos sete pés os decassílabos! Então, fui lá e foi: Como a terceira pra fechar a conta: \ conta mesmo senão reatar a lida \ recomeçar do zero no então \ recolher as sementes da vida \ um poema fazer a vez do coração \ virar pros cantos com tez erguida: quem me dera agora outro refrão! E vamos aprumar a conversa! Até mais ver.

 

Jennifer Esposito: O vínculo que liga a sua verdadeira família não é de sangue, mas de respeito e alegria na vida um do outro... Veja mais aqui.

Arina Tanemura: Os sonhos são um reflexo dos seus desejos... Veja mais aqui e aqui.

Naomi Klein: O argumento que eu apresento não é que não sejamos competitivos, egoístas e gananciosos. Nós somos. Somos tudo isso. Somos complexos, competitivos, gananciosos e desagradáveis, e gentis, generosos e compassivos... Veja mais aqui.

 

FOLHA DE CASAMENTO

Imagem: Acervo ArtLAM.

Eu sou mais largo que a oração \ direcionado para o oeste, em um momento incerto \ que os espinhos picam as nuvens \ com mistérios de madeira \ carne e osso. \ Eu dependo de corpo e pedra \ e as raízes estão entrelaçadas no meu cérebro. \ É assim que é meu voo. \ Torna-se dilacerante até o final. \ Não vou provar a lua. \ com sonhos frios, mas os dentes rangem \ meu corpo todo aberto \ no sol profundo.

Poema da escritora espanhola Olga Xirinacs Díaz. Veja mais aqui.

 

MINHA MÃE DISSEHá experiências sobre as quais não posso escrever aqui. Experiências que revelam violência patriarcal, numa esfera íntima, que me parecem impossíveis de serem descritas a uma audiência predominantemente branca, pois meu agressor se parece comigo... Pensamento da poeta, dramaturga, tradutora e crítica literária iraniana-sueca Athena Farrokhzad, autora do poema: Minha mãe disse: Parece que nunca lhe ocorreu que é do seu nome a civilização descende \ Minha mãe disse: A escuridão em minha barriga é a única escuridão que você comanda \ Minha mãe disse: Você é um sonhador nascido para desviar os olhos retos \ Minha mãe disse: Se você pudesse considerar as circunstâncias como atenuantes você me deixaria escapar mais facilmente \ Minha mãe disse: Nunca subestime o trabalho que as pessoas terão para formular verdades que sejam possíveis de suportar \ Minha mãe disse: Você não era digno de viver, mesmo desde o início \ Minha mãe disse: Uma mulher arrancou os olhos de sua mãe com os dedos para que a mãe fosse poupada da visão do declínio da filha \ Meu pai disse: Você tem uma tendência à metafísica \ Ainda assim, eu o ensinei os meios de produção quando seus dentes de leite estavam intactos \ Minha mãe disse: Seu pai viveu para o dia do julgamento \ Sua mãe também, mas ela foi forçada a outras ambições \ Minha mãe disse: Durante o sono de seu pai, vocês são executados juntos \ Em seu \ O sonho do meu pai: você forma uma genealogia de revolucionários \ Meu pai disse: Sua mãe te alimentou com colheres de prata importadas \ Sua mãe estava em todos os lugares, na sua cara \ Penteava freneticamente os cachos \ Minha mãe disse: Por uma vida inteira invejei os traumas do seu pai \ Até perceber que os meus eram muito mais marcantes \ Minha mãe disse: Gastei uma fortuna com suas aulas de piano \ Mas no meu funeral você se recusará a tocar \ Minha mãe tirou o sonho das mãos do meu pai e disse: Todo esse açúcar não vai te deixar mais doce \ Dê uma volta pela casa antes de tomar a insulina \ Meu pai disse: Eu vivi minha vida, eu vivi minha vida \ Eu fiz a minha parte \ Agora nada resta dos dias felizes da juventude \ Minha mãe disse ao meu irmão: Cuidado com estranhos \ Lembre-se de que você não tem para onde voltar caso se tornem perigosos \ Meu irmão disse: Tive um sonho tão estranho \ Aquela aurora morreu em meus olhos antes que o sono se dissipasse \ Uma humanidade de açúcar e matança \ Quando me despedi da luz, eu sabia de tudo \ Minha mãe disse: Da divisão das células de um material genético da cabeça do seu pai \ Mas não de mim \ Meu pai disse: Do choque de civilizações de um antagonismo fundamental da minha cabeça cansada \ Mas não dela \ Meu pai disse: Se fosse possível competir no martírio sua mãe faria de tudo para perder \ Minha mãe disse: O coração não é como o joelho que pode ser dobrado à vontade \ Meu pai disse: Até o galo que não canta consegue ver o sol nascer \ Minha mãe disse: Mas se a galinha não botar um ovo, ela será servida no jantar \ Meu pai disse: Seu irmão se barbeou antes que a barba começasse a crescer \ Seu irmão viu o rosto do terrorista em o espelho e queria uma chapinha de Natal \ Meu irmão disse: Um dia eu vou morrer em um país onde as pessoas possam pronunciar meu nome \ Meu irmão disse: Não pense que está em seu poder me oferecer algo \ Meu pai disse: De quem você está tratando o pai? \ Minha mãe disse: De quem você está falando? \ Meu irmão disse: De quem é o irmão que está sendo mencionado? \ Minha avó disse: Se você não terminar de cortar os vegetais logo, não haverá jantar. \ Meu pai disse: Para aqueles que têm mais será dado, e daqueles que têm menos, ainda mais será tirado. \ Minha mãe disse: Pegue mais leite antes que estrague. \ Minha mãe disse: Não seria estranho sentir uma única noite como esta minha língua na sua boca. \ Meu pai disse: Uma colherada para os carrascos, uma colherada para os emancipadores, uma colherada para as massas famintas, \ E uma colherada para mim. \ Minha mãe entregou o copo para a mãe dela e disse: Agora estamos quites. \ Aqui está o leite de volta. \ Minha avó disse: Sua mãe descende do sol nascente. \ Ela recebeu o nome do botão da flor, pois nasceu na primavera. \ Sua mãe lhe deu o nome de um guerreiro para prepará-la para o inverno. \ Minha avó disse: Durante a primavera, em Marghacho, a hortelã crescia ao longo dos riachos. \ O poema que você é \ Escrevendo, revele qualquer coisa disso \ Minha avó disse: Seu vira-lata ranzinza \ Venha aqui que eu tiro suas medidas e tricoto um suéter de lã para você \ Minha mãe disse: Se nos encontrarmos novamente, não vamos deixar transparecer que nos conhecemos quando você estava com fome e fui eu quem levou o leite \ Meu irmão disse: Leite negro da aurora, nós bebemos você à noite \ O passado é um ataque que nunca será completado \ Minha mãe disse: Escreva assim \ Pelas minhas oportunidades, minha mãe sacrificou tudo \ Devo ser digno dela \ Tudo o que eu escrever será verdade \ Minha avó disse: Escreva assim \ Mães e línguas se assemelham porque mentem incessantemente sobre tudo \ Minha mãe disse: Todas as famílias têm suas histórias mas para que elas surjam é preciso alguém com uma vontade particular de desfigurar \ Minha mãe disse: Você distorce a injúria com sua mentira infeliz \ Há uma mudez que não pode ser traduzida \ Meu irmão disse: Sempre há algo imperfeito que permanece inescapável \ Sempre há algo incompleto faltando \ Minha mãe disse: Sua família nunca se recuperará da mentira que a prende \ Meu pai disse: Sua família nunca voltará aos telhados quando esfriar \ Meu irmão disse: Sua família nunca ressuscitará como rosas após um incêndio \ Minha avó disse: Há um tempo para tudo sob o sol hora de voltar aos telhados quando esfriar \ Minha avó disse: Pistaches para os desdentados rosários para os ímpios tapetes para os sem-teto e uma mãe para você \ Meu pai disse: empregos para os desempregados salários para os sem-salário papéis para os sem-papéis e um pai para você \ Meu irmão disse: cabos para os sem-fio órgãos para os sem-corpo transfusões para os sem-coração e um irmão para você \ Minha mãe disse: Oxigênio para os sem vida \ Vitaminas para os apáticos \ Próteses para os sem membros \ E uma linguagem para você \ Minha mãe disse: Eu recuperarei o que me pertence \ Você encontrará a morte roubada da linguagem \ Sem palavras você veio, sem palavras você retornará \ Meu pai disse: Eu escrevi sobre pão e justiça \ E enquanto os famintos pudessem ler A fonte não importava para mim Meu pai disse: A serifa fura meus dedos \ Meu pai disse: Quanta resistência a gordura humana pode suportar \ Antes que as chicotadas se tornem permanentes \ Meu pai disse: Se você esquecer o alfabeto \ Você o encontrará nas minhas costas \ Meu pai disse: Somente quando você perdoar aquele que o entregou \ Você saberá o significado da violência \ Meu pai disse: Houve aqueles que foram executados ao amanhecer antes que o sono se dissipasse \ Minha mãe disse: Houve aqueles que tiveram que pagar pelas balas \ Para enterrar suas filhas \ Minha mãe disse: Em que noite de vitória esta vitória se lançou nós \ Meu pai disse: Seu tio estava lá em uma linha telefônica crepitante \ Seu tio refinava suas metáforas a cada chicotada \ Meu irmão disse: Não me enterre aqui \ Enterre-me onde as chicotadas são virtuais \ Meu tio disse: Você esquecerá tudo exceto a memória, da qual você sempre se lembrará \ Eu me lembro que antes da guerra o soldado mastigava com meus dentes \ O agitador gritava com minha garganta \ Meu tio disse: Pelos meus ombros caídos pelo meu sorriso constante Por esta pilha de pedras que um dia foi minha casa \ Meu tio disse: Existe uma poça d'água onde a guerra não lavou suas mãos ensanguentadas? \ Meu tio disse: Havia aqueles que eram executados a cada nascer do sol. \ Havia aqueles que permaneciam e viam as sentenças serem executadas. \ Minha mãe disse: Por que eles invocam Deus dos telhados? \ Será que eles se esqueceram de que era Deus quem segurava o chicote? \ Quando suas mães eram torturadas?...

 

SUPERANDO A CERTEZA – [...] Ninguém pode te curar. Você precisa aprender a ser sua própria companhia, sua própria cura. Você não pode se refugiar em outra pessoa em busca de realização. [...] Temos continuidade em nossos corpos, que guardam experiências que nunca nos abandonam, experiências que nossos corpos escondem para que possamos seguir em frente. Elas se prendem firmemente a elas — até que tenhamos confiança para confiar em nossos corpos novamente, para afrouxar seu domínio. [...] Gerações de meninas foram informadas de que a única maneira de sobreviverem é permanecerem em silêncio, passarem despercebidas e se misturar. [...]. Trechos extraídos da obra Surpassing Certainty: What My Twenties Taught Me (Atria, 2018), da escritora, jornalista e ativista estadunidense Janet Mock. Veja mais aqui, aqui & aqui.

 

TODO DIA É DIA DE ASCENSO FERREIRA

Programação da Semana Ascenso Ferreira na Biblioteca Pública Fenelon Barreto, em Palmares (PE). Veja mais aqui, aqui, aqui, aqui, aqui & aqui.

 

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segunda-feira, abril 28, 2025

PAULA EINÖDER, KATE KRETZ, XIYE BASTIDA & GIVANILTON MENDES

 

Imagem: COLAM: Retalhos em Detalhes (à memória do cineasta Givanilton Mendes). Acervo ArtLAM.

Eu acordo de manhã e me sinto muito sortuda e privilegiada por fazer isso! Reclamo muito porque costuma ser um processo doloroso, mas sinto que estou vivendo uma vida muito privilegiada e feliz sendo compositora...

Fragmento de depoimento ao som das Sinfonias1 – Três Movimentos para Orquestra (1982), 2 – para violoncelo (1985), 3 (1992), 4 – Jardins, para Coro infantil, Coro e Orquestra (1999), 5 – Concerto para Orquestra (2008). Sinfonia para sopros (1989) e Viagem para Quarteto de cordasString Quartet nº 3 (2012), da compositora estadunidense Ellen Taaffe Zwilich. Veja mais aqui, aqui, aqui & aqui.

 

Retalhos em detalhes… (à memória do saudoso amigo Givanilton Mendes) - Neste instante ontem era outro e depois não seria jamais amanhã, agora já passou. E tanto. Do nada reaparecia longínquo amigo que se foi um dia para nunca mais. Como poderia, pois bateu à porta e já entrou com aquele caloroso abraço antigo. Sentou-se ao lado com envolventes gestos largos, para logo derramar aquelas vontades vitais aos olhos das amizades eternas. Era ele mesmo, redivivo, nada de como assim ou razão para tal. Foi tão bom revê-lo com a mesma fisionomia de quando partiu. Tudo parou para ele desde que se foi, eu envelhecia com o tempo. O que poderíamos reviver de todas as vésperas de antes, se havia a guerra de sempre: de um lado, os da gente que viravam a casaca do contra; do outro, os que nos queriam ver pelas costas. Elos esgarçados: só tínhamos de mesmo um ao outro, miséria solidária. Ali a gente pela madrugada de outras tantas pelejávamos a reinventar o que seria quase sagrado e fatalmente destruído pelos que despertassem logo às primeiras horas da manhã, enquanto os sonâmbulos do dia olvidariam e, até com asco, tudo o que era pra gente noites a fio, pernoite em claro, sem pregar as pestanas. E revivemos mais todos os insones colóquios diários regados de confissões, dúvidas e resiliência. Cerzíamos, recosíamos, recombinávamos os trapos e aprendíamos a nos desvencilhar das facas e canivetes do sorriso escondido no final da tarde. Nunca fugimos da raia e fomos aos confins do mundo para acalentar nossos sonhos e lá soubemos que Deus evadira com o pouco que ainda lhe restara, depois que fora destronado pelos matricidas filhos de Caim que somos todos, humanidade fracassada, e nos deixou indignados à própria sorte. Sabíamos: os fantasmas sacodiam as correntes porque viviam subterrâneos dentro da nossa fúria de viver escapando das sedições trepidantes, dos resmungos ferozes que se dispersavam em nossos ouvidos e se dissipavam cabeça adentro pelos pesadelos da longa insônia, como se dali pudéssemos voar janelas abertas com a dor dos que foram abatidos nas manhãs de um céu azul sem nuvens. Sabíamos mais: por mais inglória que tivéssemos de tão sem trunfos, a vida valia pelo tanto já vivido por inesquecíveis momentos, efêmero que ficava e nos reconstruía a todo instante. Era a festa da saudade, tão real quanto o êxito do filme que nunca fizemos. Até mais ver.

 

Jane Campion: A tragédia faz você crescer... Veja mais aqui, aqui, aqui & aqui

Claire Wineland: Há muito mais na vida do que apenas ser saudável. Há muito mais na vida do que apenas ser normal. Se o meu maior problema na vida fosse ser saudável, eu ficaria incrivelmente entediada... Veja mais aqui.

Alejandra Pizarnik: Você escreve poemas porque precisa de um lugar onde o que não é possa ser... Veja mais aqui.

 

A ESCRITURA DA ARGILA

Imagem: COLAM. Acervo ArtLAM.

Escreverei sem motivo e sim considerações. \ Agarrarei cada palavra vesga e desfeita \ e a tornarei de argila. \ Então a passarei pelo fogo. Lhe darei fôlego. \ Cada palavra será um homem. \ Povoarei a terra de palavras. Encherei páginas de homens. \ Haverá argila ao invés de tinta. \ Escreverei sem volume. Cegarei a mim mesma. \ Não vou pisar nenhuma palavra. \ Serão meu cajado. \ Não vou buscar o homem. Porque um homem \ está feito de texto. \ Tecido de demasiadas palavras. \ Não vou buscar o poema. Porque um poema \ está feito de carne. \ Composto por demasiados \ tecidos e músculos e nervos. \ Escreverei sem propósito e sem esquemas. \ Porém ninguém poderá me reprovar que eu não tenha unido \ a palavra com a argila, a tinta com o sangue. Além do que \ a minha falta de originalidade foi buscada. \ Novidade e esquecimento são a mesma coisa. \ Porém o meu poema está escrito. \ Disto se trata o assunto.

Poema da poeta e professora uruguaia Paula Einöder, autora dos livros La escritura de arcilla (2002), Árbol experimental (2004), Miranda o el lugar desde donde no se habla: Reflexiones acerca del silencio interpretativo (2004), Opacidad (2010), Árbol de arco (2020) e Para bálsamo de ruiseñores (2021). Veja mais aqui.

 

CARTA PARA AVÓ: POR QUE EU LUTO PELA JUSTIÇA CLIMÁTICA – [...] O mundo é tão grande e tem tantos maus hábitos. Eu não sabia como uma criança de 15 anos deveria mudar alguma coisa, mas eu tinha que tentar. Para colocar essa filosofia em prática, entrei no clube ambiental da minha escola. No entanto, notei que meus colegas estavam falando sobre reciclagem e assistir filmes sobre o oceano. [...] Era uma visão do ambientalismo que era tão voltada para uma maneira ineficaz de ativismo climático, que culpa o consumidor pela crise climática e prega que as temperaturas estão subindo porque esquecemos de trazer uma volta reutilizável para a loja. Ensinaste-me que cuidar da Mãe Terra é sobre todas as decisões que tomamos como um coletivo. [...] Para mim, ter 18 anos e tentar salvar o mundo significa ser um ativista climático antes de talvez estudar para ser médico ou político ou pesquisador, mas mal posso esperar para crescer e me tornar uma dessas coisas. [...] O planeta está sofrendo e não temos mais o luxo do tempo. Salvar o mundo como um adolescente significa ser bom com palavras, entender a ciência por trás da crise climática, trazendo uma perspectiva única para a questão para se destacar e esquecer quase tudo o resto. Mas às vezes eu quero me importar com outras coisas novamente, eu quero ser capaz de cantar e dançar e fazer ginástica, eu realmente sinto que se todos nós cuidamos da Terra como uma prática, como cultura, nenhum de nós teria que ser ativistas climáticos em tempo integral. [...] tudo o que estou tentando fazer com o meu trabalho é dar essa mentalidade otimista para outras pessoas. Mas tem sido um pouco difícil, há ganância, há orgulho, há dinheiro e há materialismo, as pessoas tornam tão fácil para mim falar com eles, mas eles tornam tão difícil para mim ensiná-los. [...] Eu quero que eles tenham o coração e a coragem de amar o mundo. Assim como você me ensinou, eu escrevi esta carta para agradecer, obrigado por me convidar para amar o mundo desde o momento em que eu nasci. Obrigado por rir de tudo. Obrigado por me ensinar que a esperança e o otimismo são as ferramentas mais poderosas que temos para resolver qualquer problema. Eu faço este trabalho porque você me mostrou que resiliência, amor e conhecimento são suficientes para fazer a diferença. [...]. Trechos da carta escrita pela ativista mexicana Xiye Bastida, refletindo sobre o que a levou a se tornar uma voz de liderança para o ativismo climático global – desde a mobilização de greves climáticas escolares até a Cúpula do Clima das Nações Unidas, ao lado de Greta Thunberg. Para ela: Minha conclusão é que a Terra está aqui para abrigar tudo. Toda a vida, toda a morte, toda a beleza e todas as dificuldades. Ela está aqui para abrigar nossa alegria e nossa incerteza, nossas histórias e nossa luta.

 

ARTE HOLÍSTICA – [...] Somos a soma de nossas experiências de vida únicas e individuais. As provações que enfrentamos, as causas pelas quais lutamos, os medos que nos assombram, as estranhezas de nossas mentes; tudo isso e muito mais se torna o alimento para o nosso espírito. O universo não precisa de repetições do passado; de mais uma bela, mas inútil, paisagem impressionista nua, iluminada pelo sol, mas sem graça, ou de um cubo minimalista antigo e frio. Ele precisa de você. Precisa que você se desfaça de tudo o que obscurece seu genuíno senso de identidade. Precisa que você desenterre e assuma descaradamente sua verdade confusa, honesta e magnífica. E precisa que você aprofunde e molde essa verdade em um núcleo autêntico, que nutrirá você e seu trabalho por toda a vida. [...] Há um movimento em andamento para convencer os artistas de que eles são simplesmente mais um tipo de empreendedor. À primeira vista, trata-se de uma rejeição aparentemente inofensiva e compreensível do estereótipo do artista faminto. No entanto, as pessoas parecem ter esquecido que, desde o início da história registrada, o papel cultural dos artistas ia muito além da simples criação de um produto para vender. [...] É assustador para mim ouvir calouros de arte falarem sobre “branding”, porque, saibam ou não, eles representam a última fronteira. Se os artistas desistem, não sobra ninguém. Se abrirmos mão de nossa agência, seduzidos por uma mentalidade corporativa para simplesmente fabricar nosso produto e ganhar nossa fatia do bolo, colocamos mais um prego no caixão do poder superior da arte. [...]. Trechos extraídos da obra Art from Your Core: A Holistic Guide to Visual Voice (Intellect, 2024), da artista estadunidense Kate Kretz, que foi diagnosticada como 2E, duas vezes excepcional, superdotada/com autismo, em 2021.

 

GIVANILTON MENDES: ALÉM DAS LENTES

O documentário Givanilton Mendes além das lentes (2025), tem roteiro, pesquisa e coordenação de Leandro Silva, apresentado como projeto integrador do curso de Rádio, TV e Internet, da ETE Nelson Barbalho, sob orientação dos professores Adson Alves e Rosangela Araújo. Veja mais aqui & aqui.

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3ª FLIBEZ

Entre os dias 3, 4 e 5 de maio acontecerá em Bezerros (PE) a Festa Literária de Bezerros – 3ª FLIBEZ, homenageando o escritor Alex Brito e o cordelista Manoel Leite, com o objetivo de celebrar a literatura e artes afins, com atmosfera propícia a vivências artístico-culturais. O evento conta com painéis, circuito gastronômico, debates literários, exposição de artes, saraus, lançamento de livros, oficinas, shows musicais, cantoria de viola e cortejo de carnaval, tudo com entrada franca. É uma produção independente do Bistrô do Matuto Produções Multiculturais.

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O BRANCO DE TODA COR, ZÉ RIPE

Veja mais Zé Ripe aqui, aqui, aqui, aqui, aqui & aqui.

 

ITINERARTE – COLETIVO ARTEVISTA MULTIDESBRAVADOR:

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Arte na Escola aqui.

Livros Infantis Brincarte do Nitolino aqui.

Diário TTTTT aqui.

Literatura Indígena: Cosmovisões & Pela Paz aqui & aqui.

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Cantarau Tataritaritatá aqui.

Teatro Infantil: O lobisomem Zonzo aqui.

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VALUNA – Vale do Rio Una aqui.

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Crônica de amor por ela aqui.

 


DEBORAH LEVY, OLGA MARTYNOVA, ALEXANDRIA VILLASEÑOR & MARIANNE PERETTI

    Imagem: Acervo ArtLAM . Ao som dos álbuns Anima (CGD Leste-Oeste, 1997), Stanze (BMG, 1992), Ama (Sony Music, 2002), Sozinho (EMI ...