TRÍPTICO DQP: Valuna – Ao som do Rio Una (Super Duelo, 2015),
de Jorge de Altinho. – É nas Capoeiras da Serra do Quati a minha
nascente agreste, caminheiro carijó de São Bento que subiu a Serra da Mandioca de Ibirajuba
e esqueceu tudo que passou na vida pelo Riachão do Gama de Cachoeirinha e ajeitou o Calçado
que escapulia do calcanhar por causa da extinção da indiada de Tacaimbó na Pedra Furada de Venturosa. Sei que voo pelo Brejo da
Cinza de Canhotinho e de lá poderia
viver mais em Quipapá, fugindo das abelhas
Cupira que estão doidas pra me
atazanar e não teria saída diante do que passou. Se der tempo vou até Maratona
de Cruzes de Panelas para não perder
a viagem com os papangus de Bezerros,
os que me trouxeram a vida pelos ventos de Caetés
e me ensinaram que viver é muito mais que tudo isso que vivi. E se der pra
pernoitar na Barra de Guabiraba, lá
vou presenciar a volta dos salteadores cabanos de Altinho, esperando a moça bonita do Bebedouro de Agrestina ao saudar a passagem do
artistamigo Rivail Azevedo. É ela
que vai me levar com o que sobrou na cacunda de todos os pesos, cruzando com os
devotos de São Benedito e os que
vieram dos sertãozinhos de Maraial.
Com ela vou namorar lá por Corubas de Jaqueira
porque acharemos na cacimba de Lagoados Gatos e que soubemos do socorro que não foi salvar o trem que virou de Cortês pra Bonito. Só nos restará aprumar caminho pra Camocim de São Félix e cruzar com quem veio de São Joaquim do Monte pegando bigu no Coco da Barriguda de Sanharó, ouvindo a Banda Sinfônica de São Caetano na Malhada do Couro de Jucati. Quero amanhecer nas malocas de Jupi e saber das notícias de quem vem
de Jurema pra almoçar nos caldeirões
de Lajedo e jantar na Batateira de Belém de Maria. De lá tomar banho na
cachoeira de Xexéu, porque mais
tarde vou danado com a Mulher da Sombrinha de Catende, Deus me
livre de passar por Palmares, vou
mesmo pela rodagem do Badalejo de Água Preta, depois de Pumaty do Joaquim Nabuco pra tirar uma soneca na Cachoeira Lisa de Gameleira, botar o pé na estrada do Saltinho de Rio Formoso que na verdade é Tamandaré e findar perdido da botija de
Barreiros na várzea de São José da Coroa Grande, um losango
oeste-leste bem na beirinha do mar.
Enterrem meus sonhos na primeira esquina... –
Imagem: arte de Oswaldo Goeldi. – Sou
teimoso e driblo ideologias para não ser mais um que eu mesmo na minha ingênua
forma de ser e estar, sóbrio da minha pequenez de muitos e nada. Ouço ao
primeiro passo a gentil chegada de Elizabeth Goudge: A humanidade pode ser dividida em três tipos de pessoas -
aqueles que encontram conforto na literatura, aqueles que encontram conforto em
adornos pessoais e aqueles que encontram conforto na comida... Ela gargalha na minha aflição,
como se fosse Ginsberg em riste: Nossas cabeças são redondas para que o
pensamento possa mudar de direção. Siga seu luar interno; não esconda a
loucura. A franqueza desarma a paranoia. Eu não acho que haja alguma verdade.
Existem apenas pontos de vista. Eu sei e duvido de tudo, impossível esperar
da humanidade que fracassou em si e que só resta rachar o planeta em bandas e
nos sacudir atirados aos abismos das galáxias usando o arsenal de todas as
bombas atômicas e fuderosas e que dinamitem ao bel prazer todos os meus sonhos
delirantes e façam deles tiro ao avaro, quanta ingenuidade essa minha de me
perder na primeira esquina.
Néstogas a mais... - As mitologias dagora empestam toda
tarde: há muita religião pros temores, quanto interdito velado. Onde a coragem
de quem coração sereno possa apaziguar as algaravias dos termômetros
escatológicos. Se de um lado Frances Power Cobbe: Eu não poderia suportar
isso se não acreditasse em outra vida para as pobres vítimas inofensivas, onde
seus erros serão recompensados, e posso acrescentar também em outra vida para
seus perseguidores desumanos, onde todos se arrependerão em agonia moral pior
do que a dor física. de suas pobres vítimas. De outro, Saul Bellow compassivo: Apaixonar-se,
apesar de tudo, é uma prova de sanidade mental, pois no amor descobrimos uma generosidade
ilimitada. Às vezes desperdiçamo-nos: o nosso verdadeiro desejo é deixar de
viver exclusivamente para nós próprios. A felicidade só pode ser encontrada se
você se libertar de todas as outras distrações. E o que eu flancos
vulneráveis escapo: o gatilho, a porcaria replicada, reclamações e tudo deu errado;
as abreviaturas das abstrações, devires, e os agnósticos e niilistas: não
bastam pandemia e genocídio, eis o xis da questão. Outras difamações e o
haurido, o êmulo e o circunscrito, ah, dissimulada ironia e o que não logrei
tudo malogrou, verdadeiro pastiche das coisas emboloradas no meio das
fatuidades. Restava Ruth Prawer Jhabvala: Eles
não são mais os mesmos porque eu mesmo não sou mais a mesma. O país sempre muda
as pessoas, e eu não fui exceção. Sobrou o bocejo e as decepções esgarçadas
na compreensão. Antes que a pandemia e a patifaria dos governantes apertem o
pitoco da desgraça geral, o que sou entre todos, néstogas a mais. Até mais ver.
Um livro, uma caneta, uma criança e um professor podem mudar o mundo.
Vamos pegar nossos livros e canetas. Eles são nossas armas mais poderosas. Uma
criança, um professor, uma caneta e um livro podem mudar o mundo. A educação é
a única solução.
Pensamento
da ativista paquistanesa Malala Yousafzai. Veja mais Educação aqui; Contação de História aqui; Grupo de
Leitura da ABI aqui e muito mais aqui.