MANDANDO VER NO
CANTO – Cada um como tal: suas redes, as
teias dos seus enredos: desejos da noite insone, sofrências de dia longo, longe
vão quereres aos montes e muitos, mágoas, frustrações, fugazes delírios,
alucinações, oh não. O que tem que ser dito, diga logo, não deixar passar a
vez, a hora, cavernas de avestruz não serve mais. Aprende: risadas largas
ensolaradas valem mais que lágrimas soturnas pelo que perdeu, deixou de ser. Já
era, outro o devaneio. Cada um seu terreiro, seus limítrofes confins: quem não
tem nada, melhor; pois ter dá muito trabalho, só de acumular, perder, ganhar, o
que fazer pra mais quando menos é o que resulta depois de tanto pelejar por
horas a fio, cara ou coroa, lances de dados, cartas desmarcadas, tacadas de
cegueira, só quem erra aprende a acertar: melhor é ser como o dia que vai pela
tarde fagueira, quando nem a noite ainda escureceu e o crepúsculo é festa no
céu. Aproveita-se das águas, aprendizagem de peixe de rio e mar. Aproveita-se do
voo, aves de arribação. Aproveita-se do fogo, transformação. Aproveita-se da
terra: adubo de cinzas. Quando escuridão, melhor fechar os olhos: a luz vem de
dentro, pra toda direção é só seguir, ir em frente até sabor amanhecido. Cada qual
sua rota, estradas sem fim: teimosias de ontem, travessias de inverno: pra quem
não sabe outono, jamais terá primavera. Cada qual sua espera, paciência de Jó,
passo firme chão afora: pra quem viveu redoma de lagarta, aprende a liberdade
da borboleta. © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja mais
aqui.
RÁDIO TATARITARITATÁ:
Hoje na Rádio Tataritaritatá especiais
com a música do pianista e tecladista de jazz estadunidense Chick Corea: Live at
North Sea Jazz, Live at Montreux & Beneath the mask; da caontora,
compositora e instrumentista Joyce
Moreno: Feminina, Revendo amigos & ao Vivo; do
contratenor Edson Cordeiro: Baioque
& Habanera Carmen Bizet; da
premiada violinista búlgara Teodora Dimitrova: Otono Porteno Piazzolla, Adios
nonino Piazzolla & Sonata violin Beethoven. Para conferir é só ligar o som e
curtir.
PENSAMENTO DO DIA - [...] ir em busca dos ancestrais é buscar a si
mesmo [...] Qualquer literatura é uma
busca e uma articulação do eu que sempre implica o saber dos ancestrais [...].
Pensamento da escritora francesa Maryse
Condé, extraído da obra Conversation
with Maryse Condé (University Nebraska Press, 1996), de Françoise Pfaff.
CABANOS EM ALTINHO - [...] a
luta com os salteadores “cabanos” concentrados nas matas de Jacuípe, Panelas e
imediações, e constando a este governo que, quando eles ali são aperetados
mandam-se disfarladamente para diferentes distritos, por isso cumpre V.Sa., não
consinta que pessoa alguma durante a mesma guerra vá residir em seu distrito
senm que apresente o competente passaporte do Juiz de Paz do Distrito, donde
tiver vindo, recomendando V. Sa., todo o escrúpulo e vigilância em tal negócio,
fazendo prender aqueles que se fizerem suspeitos [...]. Trecho da Circular
de 20 de fevereiro de 1834, expedida pelo Presidente da Província pros Juizes
de Paz de Altinho e de outros municípios pernambucanos, extraída da obra
Cronologia pernambucana: subsídios para a história do agreste e do sertão –
1834-1835 (CEHM, 2015, do historiador, jornalista, lexicógrafo,
pesquisador e compositor Nelson Barbalho (1918-1993), autor da
obra Altinho de antes da Fazenda até a Freguesia de Nossa Senhora do Ó (CEHM,
1988), integrante da Coleção Biblioteca Pernambucana de História Municipal:
história sistemática dos municípios pernambucanos. Em sua cronologia, o autor
ainda registra a respeito do assunto: [...] o
décimo distrito de Altinho principiará da Fazenda da Laje pelo Rio Una acima
até a Fazenda Cachoeirinha, inclusive o Riachão do Morais, e, para a parte Sul,
todas as suas águas, inclusive o Rio Chata, e pelo norte todas as suas águas
inclusive todo o termo que antigamente havia Juizes de Paz e que hoje não
existem e nem se pode aviar pela falta de habitantes [...]. Fora da zona conflagrada, permanecia o
inconformismo dos moradores de Altinho, do Caruaru e dos Bezerros pela elevação
do Benito às categprias de Vila/Município e de Comarca. Alegavam que o lugar,
muito novo ainda, não tinha condições, inclusive financeiras, para a manutenção
de um tão grande privilégio [...] A
denúncia contida no objetivo relatório do Cel. Souza, diz bem do desprezo em
que viviam, já na metade da quarta década do sec. XIX, as populações de
Cachoeiras, Lagoa dos Garos, Panelas, Agrestrina, Altinho, etc., em cujas
terras a lei era a do mais forte e religião era coisa distante e quase
desconhecida de todos. Tudo ali estava por ser feito, tudo corria ao sabor da
natureza, e seus habitantes, no geral, portavam ignorância tomanha que nem pareciam
criaturas racionais. Ao menos para o descobrimento dessa triste realidade a
Guerra dos Cabanos torna-se útil e necessária, pois sem sua ocorrência, é possível
que o calamitoso estado daquela pobre gente prosseguisse inalterado até o séc.
XX, pelo menos [...]. A representação
bonitense era indelicada e infeliz, pois na verdade, o padre-deputado Francisco
José Correia apenas apresentava projeto de lei no sentido de que a vila a ser
criada dentro da jurisdição da comarca do Bonito, ao invés de Altinho, como
propusera o juiz Altnio Batista Gitirana, fosse situada em Bezerros. [...].
Já na obra História de Lagoa dos Gatos
(CEHM, 1981), do contador e funcionário público João Pereira Callado, trata
acerca do ataque Cabano a Altinho, da seguinte forma: Estava chegado o mês de abril de 1833, em que um grande acontecimento
se deu na povoação de Altinhoi, do qual resultou a morte do chefe
tenente-coronel João Francisco Vaz do Pinho Carapeba, o qual foi o seguinte:
parecia a todos que a Guerra dos Cabanos havia tocado o seu término, sendo
manifesto engano [...] Entre os
mortos, contava-se o Benevides que foi encontrado em seu sobradinho, por feito
de uma bala perdida. Tiveram mais dez feridos, entre os quais, o comandante
Carapeba. Quanto ao prejuízo dos Cabanos não foi possível tomar conhecimento,
porque eles costumavam conduzir seus mortos e feridos, sendo, todavaia, algum
tenmpo depois, encontrados alguns mortos nos matos perto da povoação. [...]
A pequena povoação de Altinho, naqueles
temerosos dias, viveu o seu angustioso período de incerteza e pavor. As forças
legais, na pessoa do estado maior, temiam um mais vigoroso ataque dos Cabanos, porque
ali estava grande parte de sua munição e armamento. Felizmente, isso não
aconteceu. [...]. Na enciclopédia dos municípios do interior pernambucano
(FIAM/DU, 1986): Alktinho teve sua origem
da fazenda do Ó, situada no lugar deste nome que ainda assim se conserva, e
pertencente ao território da então freguesia de Garanhuns, localizada à margemn
direita do Rio Una. [...] A Lei
provincial 1560, de 20 de maio de4 1881, criou o município de Altinho,
desmembrado do município de Caruaru, tendo sido instalado em 11 de abrul de
1884. Foi elavado à categoria de ciadade por Lei Estadual 400, de 28 de junho
de 1899. Atualmente, no dia 28 de junho, o município comemora sua emancipação
política. Administrativamente é formado pelo distritos: sede e Itaguaçu e pelos
povoados de Cabeça de Negro, Guaraciaba e Taquara de São Pedro. Veja mais aqui,
aqui e aqui.
EXALTAÇÃO - [...]
querem-me sem inclinações, sem opinião,
igual a todos. Meu Deus. É preciso que eu siga a trilha comum, que diga sim,
após o sim, de toda uma geração, que tenha o pensamento que vinte mil cérebros
já elaboraram. [...]. Vivi uma
loucura, amei o meu amor pelas rosas: tive delas sobre o corpo branco e fino,
seu êxtase divino... No côncavo das mãos, ao longo dos braços, nos ombros,
pelos cabelos, debruando-me as linhas separando-me os dedos, no perfil, na
boca, nos olhos, presas nos dentes, rosas em abundancia, rosas lívidas, rosas
escarlates... As rosas da manhã a sangrar ardores; as rosas estranhas, violadas
pela noite; as rosas passivas das sombras [...] E era a rosa de todas as rosas, a Rosa da vida, a Rosa do amor, a Rosa imutável
que não se desfolha; a Rosa Orgânica de um desejo selvagem e imensurável. [...].
Trechos extraídos da obra Exaltação (Jacintho Ribeiro dos Santos, 1916), de da
escritora Albertina Bertha (1880-1953).
O
CONTO DO MOLEIRO
– [...] Ela era uma jovem agradável, seu corpo era
delgado/ Como qualquer doninha e era macio e tenro;/Ela usava um cinto com
debrum de seda;/ Seu avental era branco como o leite da manhã/ Todo ele coberto
de babados./ Branca também era a camisa, toda bordada/ O modelo de sua gola,
frente e atrás/ Dentro e fora era de seda preta,/ O laço de fita que usava/ Era
feito para combinar com a gola;/ E a fita larga nos cabelos, atada nos
cabelos,/ E certamente ela tinha um olhar malicioso./ E ela tinha as
sobrancelhas depiladas, curvas,/ Elas eram elegantes e arqueadas, negras como
abrunho;/ E a sua visão era realmente bem-aventurada/ Ela era mais florida que
a pereira,/ E mais suave do que a lã do carneiro;/ De sua cintura pendia uma
bolsa de couro,/ Com borlas de seda e contas de latão;/ Se fosse buscar pelo
mundo/ O mais sábio dos homens você encontrasse/ Ele não a imaginaria;/ Sua
pele tinha mais brilho/ Que uma moeda nova cunhada na Casa Real./ Seu canto era
estrondoso e vivo/ Como de uma andorinha gorjeando numa pilha de feno;/ Ela
pularia ou jogaria qualquer jogo/ Como uma criança ou bezerrinha atrás da mãe/
Sua boca era doce como o hidromel – dizem/ Ou um amontoado de maçãs sobre o
feno./ Ela era leviana e jovial como um potro,/ Alta como um mastro e reta como
uma flecha/ Saída de um arco. Seu decote era fechado/ Por um broche grande como
um escudo/ Pelas pernas subiam as tiras com que atava os sapatos/ Ela era uma
margarida ou um doce/ Para qualquer homem nobre levar para a cama/ Ou algum
fazendeiro de estirpe desposar. [...] Por
ser ele velho e ela jovem e selvagem;/ Ele vivia aflito, com medo de ser
corneado./ Ele deveria Conhecer Cato que diz/ Um homem deve casar com alguem
como ele,/ Deve escolher alguem de sua idade./ Juventude e velhice estao sempre
em debate./ Mas tendo caido na armadilha,/ Tinha de viver nessa aflicao como
tantos outros. [...] Trechos extraídos da obra Os contos da Cantuária (T.
A. Queiroz, 1988), do escritor, filosofo, cortesão e diplomata
inglês Geoffrey Chaucer (1343 –
1400), obra esta que inspirou o filme homônimo do cineasta,
poeta e escritor italiano Pier Paolo
Pasolini (1922-1975), Veja mais aqui.
FALANDO DE DIREITOS HUMANOS
Participando da 11º Mostra de Cinema & Direitos
Humanos, tratando os temas Índios no Poder & Diversidade Religiosa, na programação
da Semana Nacional de Ciência e Tecnologia, no Campus Palmares do IFPE, que
acontecerá até o dia 26/10, numa promoção do Instituto Federal de Pernambuco
(IFPE). Veja mais aqui e aqui.
Veja mais:
&
ARTE DE FERNANDO
LÚCIO
A arte do artista plástico Fernando Lúcio, participante do projeto
Pintando na Praça, Palmares – PE. Veja mais aqui.