segunda-feira, fevereiro 17, 2020

MARVEL MORENO, KRISHNAMURTI, ADRIANA FARIAS &PEDRO CABRAL



ESTÁ TUDO MUITO LOUCO, GENTE! UMA & OUTRA: Nunca me vi engomadinho, nem achegado a engravatados e ourinadas, grifados ou posudas. Nunca fui de andar na linha – tem cada trem, ó, trubufus e cagarraios! -, nem andar de patota. Sempre andei só e levando todo mundo comigo no coração e estradas. Nunca me enquadrei em fôrmas ou moldes, doutrinas pro beleléu; teorias, maior confusão. Sempre soube que evolução não é decadência, nem nunca me empanturrei com modismos ou arrotando o politicamente correto. Só corto o cabelo e faço a barba por conta do calor, o Nordeste é quente! (E para não parecer um bicho, embora reconheça que sou o bitcho muito feioso). Nesses tempos de felicidade urgente, açougues de glamour, algoritmos, cápsulas, drágeas de tudo, cédulas e moedas, fantoches e simulacros, todo mundo quer berrar pelo umbigo. Quem quiser que meta a cabeça contra muro, arraste seus grilhões, couraças, redomas e interditos – nada mais épico de tão notável, ou patético de tão desagradável -, já dei cabeçadas demais. Sei que sou muito doido, valho-me do Erasmo: A pior das loucuras é, sem dúvida, pretender ser sensato num mundo de doidos. E eu sei que sou muito doido, incoerente, quem não? Estou com a lição de Krishnamurti: Não é sinal de saúde estar bem adaptado a uma sociedade doente. DUAS DE OUTRA: Nesses tempos obscuros de censura, nada de novo. A gente só faz repetir, por exemplo, o que se passou com Giordano Bruno, que excomungado por calvinistas e luteranos, rejeitado por todas as igrejas cristãs e foi acusado de insubordinação ao papa, tido como herege pela santíssima inquisição e acabou queimado vivo na fogueira do Campo dei Fiori, em Roma. Isso porque ele não deu uma de Galileu: defendeu o copernicanismo e confirmou Kepler e o seu heliocentrismo que já era tema de Aristarco na Grécia Antiga. Pois é, a história se repete desde não sei quando de tão antes de antigamente. A melhor dele: Somente uma coisa me fascina: aquela em virtude da qual me sinto livre na sujeição, contente no sofrimento, rico na indigência e vivo na morte. TRÊS PARA FECHAR: Uma treta da boa foi aquela da semana que virou três dias em 1922, reunindo a saparia do Bandeira com os Andrades e outros encasacados da Arte Moderna. A coisa empenou entre apupos, quando Lobato arreou a lenha nos modernos financiados pela oligarquia paulista. O negócio esquentou! O evento assim passou por desimportante, só muito depois que foi se tornou  um marco na história das artes brasileiras. Coisas de Brasil, essa de saber das coisas muito depois, quase esquecidas. Aqui tudo tarda, mas parece que não falha, tomara mesmo. © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja mais abaixo e aqui.

DITOS & DESDITOS: [...] Fora da ilusão, os ruídos se tornaram vulneráveis, eles poderiam ser exorcizados. Maria ensaiou truques, senti feitiços, pensei que um dia respirando no momento de ouvi-los iria empurrar para trás. E eles se afastaram. Eles eram soluções momentâneas: ruídos sempre foram ressuscitados e seu breve devaneio aprendeu a contornar o exorcismo. [...] Maria pegou com as pontas dos dedos e jogou para o mar, e o cheiro do mar era então todo o dia na sua mão: mais áspero, mais denso que o de chuvas e caracóis pretos que ressoavam no seu bolso do avental enquanto caminhava lentamente para siga o passo da tia, ouvindo-a falar sobre os velhos vezes, quando criança, andava com Sergio ao longo da mesma praia e nas noites de luar a areia brilhava como se cada grão escondesse um alfinete de cristal. Eles não eram cristais, mas algas fosforescentes, Tia Oriane explicou sorrindo. Mas durante anos Sergio e ela acreditavam na existência de um tesouro escondido no outro extremo da praia, sob a rocha onde o mar estava mexendo, explodindo em ondas espumas e apareciam ocasionalmente, aparadas contra a primeira clareza do dia, a figura do desconhecido. Isso assustou Fidelia. [...] Eles nunca foram para o rock. Sua tia não suportava o brilho do sol nos olhos e voltou a meio caminho. Depois, marcharam às pressas, porque tia Oriane insistia em tomar o café da manhã às oito da manhã. Mesmo que ele não entendesse os caprichos deles, Maria se adaptaria a eles com certa cumplicidade. [...]. Trechos extraídos da obra Oriane, tía Oriane y otros cuentos (Universidad del Norte, 2016), da escritora colombiana Marvel Moreno (1939-1995).

LIÇÕES DE SEMPRE – Os ensinamentos são importantes por si mesmos e intérpretes ou comentadores apenas os distorcem, sendo aconselhável ir diretamente à fonte, os próprios ensinamentos, e não valer-se de nenhuma autoridade. A verdade não pode ser trazida para baixo; é o individuo que deve fazer o esforço de ascender até ela. O autoconhecimento é o começo da sabedoria, em cuja tranquilidade e silêncio encontra o imensurável. Sabedoria não se aprende de outros, nem nos livros. Pensamento do filósofo, escritor e educador indiano Jiddu Krishnamurti (1895-1986). Veja mais aqui.

A MÚSICA ADRIANA FARIAS
Curtindo a beleza e o talento da cantora, violonista, compositora e violeira Adriana Farias. Veja mais aqui.

A ARTE DE PEDRO CABRAL
A arte do escritor, arquiteto, professor e artista plástico Pedro Cabral. Veja mais aqui, aqui & aqui.

A ARTE PERNAMBUCANA
A arte de Naná Vasconcelos (Juvenal de Holanda Vasconcelos - 1944-2016) aqui e aqui.
A parnaso-simbolista & a modernista poesia de Ascenso Ferreira aqui.
A arte de Silvio Hansen aqui, aqui, aqui, aqui & aqui.
A poesia de Admmauro Gommes aqui & aqui
O Lobisomem Zonzo aqui.
O Município de Venturosa aqui & aqui
&
Oficinas ABI aqui & aqui.


ALICIA PULEO, CRISTINA GÁLVEZ MARTOS, TATYANA TOLSTAYA & BARRO DE DONA NICE

    Imagem: Acervo ArtLAM . Ao som dos álbuns Britten Piano Concerto (1990), MacGregor on Broadway (1991), Outside in Pianist (1998), D...