

CHAME
ALEJANDRA, DE ESPIDO FREIRE
[...]
A moda foi feita para aqueles sem gosto, a etiqueta para aqueles sem
educação e as igrejas para aqueles sem fé. [...] Se você vive
de acordo com sua consciência, a fé não é tão importante. [...] Em tempos de paz,
vemos as barrigas das mulheres. Em tempos de guerra, vemos os movimentos dos
poderosos. [...] O amor cantava dentro de nós, e era para sempre. A realidade
tomou conta. [...] Às vezes, as lembranças me salvam da dor. Outras
vezes, é muito difícil para mim lembrar da nossa vida passada, que nunca foi
fácil, mas certamente mais confortável. [...].
Trechos
extraídos da obra Llamadme Alejandra (Booket, 2018), da escritora espanhola Espido Freire (Laura Espido Freire). Veja mais aqui, aqui
& aqui.
QUANDO
ÉRAMOS ÓRFÃOS, DE KAZUO ISHIGURO
[...]
esta cidade o
derrota. Cada um trai o seu amigo. Você confia em alguém, e ele se revela a
soldo de um gângster. O governo são gângsters também. [...] Esses chefes militares na verdade não
passavam de bandidos glorificados, mas tinham exércitos, tinham o poder de
zelar pelos carregamentos. [...] Pleiteamos junto aos chefes militares. Apelamos para seu orgulho racial.
Fizemos notar que estava na mão deles pôr termo à lucratividade do tráfico de
ópio, reverter o único grande obstáculo para os chineses assumirem o controle
de seu próprio destino, de sua própria terra. [...] Hoje é uma sombra fantasmagórica da cidade
que foi um dia.
[...] Nada resta senão
tentar levar a cabo nossas missões o melhor que pudermos, pois até o fazermos,
calma alguma nos será permitida. [...] Esta cidade, em outras palavras, tornou-se o meu lar, e não me importa
se tiver de viver o resto de meus dias aqui. Contudo, há instantes em que uma
espécie de vazio me preenche as horas [...].
Trecho extraído
da obra Quando éramos órfãos (Companhia das Letras, 2000), do escritor japonês Kazuo Ishiguro. Veja
mais aqui & aqui.
