NO REINO DAS INTERJEIÇÕES & ONOMATOPÉIAS –
UM OH – Nesse caso, não é uma interjeição! Oh!
Que será? Somente um asteroide raçudo que está passando numa baguela pelas proximidades
da Terra. Ooooooh! É; a Nasa diz que é besteira, o 1998
OR2, apelidado de OH, tem cerca de 4Km
de diâmetro, passará longe, perto duns 6 milhões e lá vai tampão de lonjura e numa
velocidade arretada duns 30 mil por hora, quer dizer, foderoso mesmo! (E ainda
chamam isso de sobrevoo, quando se trata de um objeto potencialmente perigoso
pela sua grandeza!). Ooooooh! É verdade. E passará aqui perto lá pelas 19hs de
Brasília (que pelo jeito, pode ser qualquer hora, basta o Coisonário querer,
né?). Não é o maior, acalme-se. Porém, se aproxima de outro já conhecido, o
3122 Florence, que tirou um fino por aqui um dia desses lá de 2017. Oooooh! Dizem
mais: se ele tiver de abalroar com a Terra, só acontecerá em 2079. Ah, tá. Entretanto,
frisam que o tal é uma lapada razoavelmente grande e está razoavelmente perto. Vixe!
Ou seja, sejamos razoáveis: tem mais outros 22 deles e que são maiores e estão mais
próximos da Terra. Hem? É, isso segundo o Centro de Estudos de Objetos Próximos à Terra
(CNEOS). PQP, meu! Nada, a chance de colisão, para eles, é zero. Ufa! Mas, vem
cá: pra quem vive no Brasil em que tudo é
manipulado e a gente não sabe de nada de tão subnotificado que a coisa ficou,
melhor nem pensar, né? Contudo, e pensando bem, o que é que a gente pode mesmo
fazer, hem? Isso dá a noção do tamanho da nossa insignificância perante o
Universo e outras coisitas miudinhas mais, né não? Não bastaria só a Covid-19
fodendo meio mundo de gente por aí; ainda por cima, tem a ameaça da SARS-CoV-2
na concorrência, seria o cúmulo da ficção catastrófica (isso pra gente, ser
humano, sacou?). Isso, pelo menos, dá para considerar que a gente não é tão
desgraçado assim, mesmo porque já temos flagelos demais, como a de ser submisso
a outro energúmeno no comando e sua equipe apatetada que mais dá com murros n’água
do que qualquer outra coisa e sempre em favor só dos deles, toda população ao
deus dará e o que mais for (por exemplo, isenta agropecuaristas de pagamento
das multas do Ibama; porém, para renegociar a dívida dos estados da Federação,
os pleiteantes têm que congelar o salário dos servidores por pelo menos perto
de dois anos). Cada uma. Se isso não seria exploração escravocrata eu não sei
mais o que diga. Vou de Alejandra Pizarnik: A verdade: trabalhar para viver é mais idiota do que
viver. Eu
me pergunto quem inventou a expressão ‘ganhar a vida’ como sinônimo de
trabalhar. Me pergunto: onde está esse idiota. O que
tem a ver uma coisa com outra? Ora, vá trabalhar por dois anos com a mesma
merreca de salário que se ganha no serviço público estadual brasileiro e que
não chega nunca ao final do mês e diga se não é uma forma de vampiricamente puxar
o restinho de sangue que o sujeito possa ter, ora! Se bem que no Brasil já viu,
né? É tudo para sucatear o serviço público e entregá-lo para o mercado encher a
pança, aí sim é que são outros quinhentos, né? Basta de fatídicos, oxe! AH, DUAS - Sei não, não sei mesmo.
Tenho a impressão de que o pior está por vir (lá vou eu de novo retomando o
papo, puxa!). Revendo um século atrás sobre a Gripe Espanhola (aquela mesma que
nasceu nos USA e foi cunhada diante da neutralidade que havia acometido o rei
Afonso XIII e, por tabela, o então presidente do Brasil, Rodrigues Alves), e a
censura vigente durante a Primeira Guerra Mundial que minimizava a mortalidade
na Alemanha, Reino Unido, França e os USA, o filme parece o mesmo, como um
vaticínio da Peste de Camus. E num é
que é mesmo? Sei mesmo não, Kaváfis
dá o tom: Do que está por vir, o sábio percebe
que as coisas estão para acontecer. Ah, tá. Mas como não
tenho habilitação para sábio e como procuro ser sempre um estúpido a menos
nessa zona toda, valho-me sempre da intuição, sempre procurando algo a favor,
tentando me salvar do que diz George Orwell: Todos os animais são iguais,
mas alguns são mais iguais do que outros. Isso eu sei, por isso ele
arremata ameaçante: O Grande Irmão está
de olho em você! Vôte! A minha orelha já vive na frente da
pulga há muito tempo, meu! TRÊS: PLOFT!
- Ah, mas ao invés de ficar digerindo miolo de pote, melhor seria mesmo eu
arranjar uma lavagem de roupa que fosse para ocupação de verdade, que esse
negócio de ficar redigindo leseiras e compondo musiquinhas chunfrins não dão
para sustento jeito nenhum! Preciso sair desse liseu todo, ora! Não dá mais só
assar e comer, se bem que acostumado com aquela de fim de mês na penúria e catando
moedas nas algibeiras para ver o que dá como dicomer. Os bolsos vazios e a
angústia correndo no peito não encara bem Voltaire:
O trabalho nos livra de três grandes
males: o tédio, o vício e a pobreza. Isso porque eu trabalho que só e nunca
me livrei de nenhum desses grandes males que ele fala. Talvez Luís Fernando Veríssimo esteja certo: Só consigo trabalhar tanto porque não sou
organizado. Teibei! Acho que é isso, aliás, deve ser isso mesmo: um inútil desqualificado que não faz nada que preste, só sendo! Tá. Vou ali ver qual
cometa de plantão está passando na área para dar uma voltinha e até amanhã. Fui!
© Luiz Alberto Machado. Direitos
reservados. Veja mais abaixo e aqui.
DITOS & DESDITOS: [...] Estou tomando
a liberdade de chamar sua atenção para um caso próximo ao meu coração. Há três
anos, minha colega, a médica Dra. Marietta Blau, mora na Cidade do México...
Conheço a senhorita Blau como uma física experimental muito capaz que poderia
prestar um serviço valioso ao seu país. Ela é uma investigadora experimental no
campo da radioatividade e dos raios cósmicos. [...]. Trecho de escrito do
físico teórico alemão Albert Einstein (1879-1955), para o Ministério da
Educação do México, em 1941, a respeito das atividades da física austríaca Marietta Blau (1894-1970), a quem foi
creditada a invenção da emulsão nuclear (emulsão fotográfica destinada
à fixação e observação da trajetória individual das partículas ionizantes e os
eventos decorrentes destas atividades). Foi ela quem estabeleceu um método
acurado de estudo das reações causadas por raios cósmicos e a primeira a usar
emulsões nucleares para detectar nêutrons - observando prótons de recuo. Além disso,
ela trabalhou por diversos anos sem vencimentos, contando ora com o suporte da
família para viver, ora remuneração vinda da Associação Austríaca de Mulheres
Universitárias. Por ser de família judaica, Marietta precisou sair da Áustria
em 1938, o que causou um grande hiato em sua carreira científica. Foi por meio
de uma intervenção de Einstein que ela conseguiu um cargo de docente no Instituto
Politécnico na Cidade do México. Seus artigos científicos mais importantes
foram confiscados por oficiais alemães nessa época, afora as condições de
pesquisa no México muito difíceis. Daí, ela mudou-se para os Estados Unidos, em
1944 e lá trabalhou na indústria até 1948. Em seguida, trabalhou para diversas
universidades, retornando à Áustria para trabalhar com pesquisa, mais uma vez,
sem ser remunerada por isso. Por essa razão, morreu na miséria e vítima de
câncer em 1970, devido o manejo sem proteção de substâncias radiativas, bem
como o hábito de fumar durante muitos anos. Ela é o caso do que se pode chamar
de Efeito Matilda, preconceito
frequente contra reconhecer as contribuições de mulheres cientistas em
pesquisas, cujo trabalho é frequentemente atribuído aos seus colegas homens. Sua
vida é destacada na publicação Marietta Blau: Stars of Disintegration (Ariadne, 2006), de Brigitte Strhmaier, descrevendo o quanto ela foi considerada
extraordinariamente talentosa por Albert Einstein e foi nomeada três vezes para
o Prêmio Nobel de Física, duas vezes por Erwin Schrodinger. Por outro lado,
nenhum obituário foi publicado a respeito de sua morte. Veja mais aqui.
NEM CARNE, NEM PEIXE
Não sou carne, nem sou peixe. / Ainda que
nascido do peixe, ou carne. / Não sinto o mal que me faz a gente, / Porem os
que de mim nascem, / O bem, e o mal como a gente sentem.
RAFAEL BLUTEAU - Esses versos constam do início de uma
velha adivinhação que versa sobre o ovo, que trata sobre as pessoas amorfas,
despersonalizadas, que não têm opinião, recolhida da Prosa Simbólica - Prosas portuguezas recitadas em differentes
congressos academicos (Officina Joseph Antonio da Sylva, 1727-8), do
religioso teatino e lexicógrafo francês Rafael Bluteau (1638-1734),
autor de 8 tomos do monumental Vocabulário Português e Latino (1712-1721)
e dos tomos do Suplemento (1727-1728). Recolhi dele na dissertação de
doutoramento à Universidade do Porto, Hum fio
de voz, naõ quebra silencio: Retórica e pedagogia do
silêncio em Rafael Bluteau (2013),
de Ana Isabel Araújo Marques Rafael, o poema Silêncio: Sou mais antigo que o
Mundo, / E antes que Deos falasse, eu sou. / Desde a eternidade, o nada foy meu
irmaõ. / Ainda hoje no Mundo reyno, / E o meu reynado he de noite. / Sou o que
na agonia / Ao ultimo arranco se segue; / Sou o Benjamim de S. Bruno, / Sem
pronunciar palavra, / Nas suas casas impero. / Sou a causa de naõ ser / Tudo o
que se pódera dizer. / Naõ chego aos ouvidos, / Os olhos me naõ enxergaõ; / Nas
praticas naõ deixo de servir, / Por mi logo se conhece / O que vay do discreto
ao tolo. / Naõ persuado, nem dissuado; / Senaõ dou bons conselhos, / Nunca dey
conselhos maos. / Sou a alma do segredo. / E sem recorrer a Galeno. / Para
dores de cabeça sou bom. / Tomara dizer claramente / O que na realidade sou, / Mas
sem deixar de ser o que sou, / Naõ he possivel que o diga. Veja mais aqui.
MARIKA GIDALI & O DIA
INTERNACIONAL DA DANÇA
Não podemos esquecer que não somos nós que escolhemos a dança, é ela que
nos escolhe.
MARIKA GIDALI – A arte da bailarina húngara
radicada no Brasil, Marika
Gidali, no Dia Internacional da Dança, instituído pelo Comitê
Internacional da Dança (CID-UNESCO), no ano de 1982, em homenagem ao mestre
francês Jean-Georges Noverre (1727-1810), que ultrapassou os princípios gerais
que norteavam a dança do seu tempo para enfrentar problemas relativos à
execução da obra. Da mesma forma o papel da bailarina na nova maneira de se
fazer e apreciar dança no Brasil, fundando com Décio Otero, uma das mais
importantes companhias do país, o Ballet Stagium, em 1971, em São Paulo. Veja
mais dela aqui e aqui.
PERNAMBUCULTURARTES
O corpo a corpo, o corpo sistema, o sistema que agrega corpos e que se
move em uma constante leva, às vezes circular, às vezes linear e, assim, cria a
dança do indivíduo. Aquele que cria o seu próprio Umwelt, aceitando seu corpo como parte integrante
de um sistema e que não existiria se não fosse a presença dos homens, dos
corpos e das coisas.
A arte da bailarina Adriana Carneiro, que é formada em dança contemporânea na
Áustria e encenou o premiado solo de dança Mundo ao Redor (2012), intperprete-criadora
associada à teoria de Umwelt, do biólogo e filósofo estoniano Jacob Von Uexkül,
que indica que a mente é quem interpreta o mundo e cria o seu ambiente.
O coronel de macambira: bumba-meu-boi em dois quadros, do poeta, dramaturgo, engenheiro civil, desenhista,
professor e editor Joaquim Cardozo (1897-1978) aqui.
A guerra dos cabanos, do
advogado, geógrafo e historiador Manuel Correia de Andrade (1922-2007)
aqui.
A poesia
de Manoel Bentevi aqui.
Justiça
X Injustiça aqui.
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