quarta-feira, abril 29, 2020

ALEJANDRA PIZARNIK, MARIETTA BLAU, MARIKA GIDALI, ADRIANA CARNEIRO & NEM CARNE, NEM PEIXE


NO REINO DAS INTERJEIÇÕES & ONOMATOPÉIAS – UM OH – Nesse caso, não é uma interjeição! Oh! Que será? Somente um asteroide raçudo que está passando numa baguela pelas proximidades da Terra. Ooooooh! É; a Nasa diz que é besteira, o 1998 OR2, apelidado de OH, tem cerca de 4Km de diâmetro, passará longe, perto duns 6 milhões e lá vai tampão de lonjura e numa velocidade arretada duns 30 mil por hora, quer dizer, foderoso mesmo! (E ainda chamam isso de sobrevoo, quando se trata de um objeto potencialmente perigoso pela sua grandeza!). Ooooooh! É verdade. E passará aqui perto lá pelas 19hs de Brasília (que pelo jeito, pode ser qualquer hora, basta o Coisonário querer, né?). Não é o maior, acalme-se. Porém, se aproxima de outro já conhecido, o 3122 Florence, que tirou um fino por aqui um dia desses lá de 2017. Oooooh! Dizem mais: se ele tiver de abalroar com a Terra, só acontecerá em 2079. Ah, tá. Entretanto, frisam que o tal é uma lapada razoavelmente grande e está razoavelmente perto. Vixe! Ou seja, sejamos razoáveis: tem mais outros 22 deles e que são maiores e estão mais próximos da Terra. Hem? É, isso segundo o Centro de Estudos de Objetos Próximos à Terra (CNEOS). PQP, meu! Nada, a chance de colisão, para eles, é zero. Ufa! Mas, vem cá: pra quem vive no Brasil em que tudo é manipulado e a gente não sabe de nada de tão subnotificado que a coisa ficou, melhor nem pensar, né? Contudo, e pensando bem, o que é que a gente pode mesmo fazer, hem? Isso dá a noção do tamanho da nossa insignificância perante o Universo e outras coisitas miudinhas mais, né não? Não bastaria só a Covid-19 fodendo meio mundo de gente por aí; ainda por cima, tem a ameaça da SARS-CoV-2 na concorrência, seria o cúmulo da ficção catastrófica (isso pra gente, ser humano, sacou?). Isso, pelo menos, dá para considerar que a gente não é tão desgraçado assim, mesmo porque já temos flagelos demais, como a de ser submisso a outro energúmeno no comando e sua equipe apatetada que mais dá com murros n’água do que qualquer outra coisa e sempre em favor só dos deles, toda população ao deus dará e o que mais for (por exemplo, isenta agropecuaristas de pagamento das multas do Ibama; porém, para renegociar a dívida dos estados da Federação, os pleiteantes têm que congelar o salário dos servidores por pelo menos perto de dois anos). Cada uma. Se isso não seria exploração escravocrata eu não sei mais o que diga. Vou de Alejandra Pizarnik: A verdade: trabalhar para viver é mais idiota do que viver. Eu me pergunto quem inventou a expressão ‘ganhar a vida’ como sinônimo de trabalhar. Me pergunto: onde está esse idiota. O que tem a ver uma coisa com outra? Ora, vá trabalhar por dois anos com a mesma merreca de salário que se ganha no serviço público estadual brasileiro e que não chega nunca ao final do mês e diga se não é uma forma de vampiricamente puxar o restinho de sangue que o sujeito possa ter, ora! Se bem que no Brasil já viu, né? É tudo para sucatear o serviço público e entregá-lo para o mercado encher a pança, aí sim é que são outros quinhentos, né? Basta de fatídicos, oxe! AH, DUAS - Sei não, não sei mesmo. Tenho a impressão de que o pior está por vir (lá vou eu de novo retomando o papo, puxa!). Revendo um século atrás sobre a Gripe Espanhola (aquela mesma que nasceu nos USA e foi cunhada diante da neutralidade que havia acometido o rei Afonso XIII e, por tabela, o então presidente do Brasil, Rodrigues Alves), e a censura vigente durante a Primeira Guerra Mundial que minimizava a mortalidade na Alemanha, Reino Unido, França e os USA, o filme parece o mesmo, como um vaticínio da Peste de Camus. E num é que é mesmo? Sei mesmo não, Kaváfis dá o tom: Do que está por vir, o sábio percebe que as coisas estão para acontecer. Ah, tá. Mas como não tenho habilitação para sábio e como procuro ser sempre um estúpido a menos nessa zona toda, valho-me sempre da intuição, sempre procurando algo a favor, tentando me salvar do que diz George Orwell: Todos os animais são iguais, mas alguns são mais iguais do que outros. Isso eu sei, por isso ele arremata ameaçante: O Grande Irmão está de olho em você! Vôte! A minha orelha já vive na frente da pulga há muito tempo, meu! TRÊS: PLOFT! - Ah, mas ao invés de ficar digerindo miolo de pote, melhor seria mesmo eu arranjar uma lavagem de roupa que fosse para ocupação de verdade, que esse negócio de ficar redigindo leseiras e compondo musiquinhas chunfrins não dão para sustento jeito nenhum! Preciso sair desse liseu todo, ora! Não dá mais só assar e comer, se bem que acostumado com aquela de fim de mês na penúria e catando moedas nas algibeiras para ver o que dá como dicomer. Os bolsos vazios e a angústia correndo no peito não encara bem Voltaire: O trabalho nos livra de três grandes males: o tédio, o vício e a pobreza. Isso porque eu trabalho que só e nunca me livrei de nenhum desses grandes males que ele fala. Talvez Luís Fernando Veríssimo esteja certo: Só consigo trabalhar tanto porque não sou organizado. Teibei! Acho que é isso, aliás, deve ser isso mesmo: um inútil desqualificado que não faz nada que preste, só sendo! Tá. Vou ali ver qual cometa de plantão está passando na área para dar uma voltinha e até amanhã. Fui! © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja mais abaixo e aqui.

DITOS & DESDITOS: [...] Estou tomando a liberdade de chamar sua atenção para um caso próximo ao meu coração. Há três anos, minha colega, a médica Dra. Marietta Blau, mora na Cidade do México... Conheço a senhorita Blau como uma física experimental muito capaz que poderia prestar um serviço valioso ao seu país. Ela é uma investigadora experimental no campo da radioatividade e dos raios cósmicos. [...]. Trecho de escrito do físico teórico alemão Albert Einstein (1879-1955), para o Ministério da Educação do México, em 1941, a respeito das atividades da física austríaca Marietta Blau (1894-1970), a quem foi creditada a invenção da emulsão nuclear (emulsão fotográfica destinada à fixação e observação da trajetória individual das partículas ionizantes e os eventos decorrentes destas atividades). Foi ela quem estabeleceu um método acurado de estudo das reações causadas por raios cósmicos e a primeira a usar emulsões nucleares para detectar nêutrons - observando prótons de recuo. Além disso, ela trabalhou por diversos anos sem vencimentos, contando ora com o suporte da família para viver, ora remuneração vinda da Associação Austríaca de Mulheres Universitárias. Por ser de família judaica, Marietta precisou sair da Áustria em 1938, o que causou um grande hiato em sua carreira científica. Foi por meio de uma intervenção de Einstein que ela conseguiu um cargo de docente no Instituto Politécnico na Cidade do México. Seus artigos científicos mais importantes foram confiscados por oficiais alemães nessa época, afora as condições de pesquisa no México muito difíceis. Daí, ela mudou-se para os Estados Unidos, em 1944 e lá trabalhou na indústria até 1948. Em seguida, trabalhou para diversas universidades, retornando à Áustria para trabalhar com pesquisa, mais uma vez, sem ser remunerada por isso. Por essa razão, morreu na miséria e vítima de câncer em 1970, devido o manejo sem proteção de substâncias radiativas, bem como o hábito de fumar durante muitos anos. Ela é o caso do que se pode chamar de Efeito Matilda, preconceito frequente contra reconhecer as contribuições de mulheres cientistas em pesquisas, cujo trabalho é frequentemente atribuído aos seus colegas homens. Sua vida é destacada na publicação Marietta Blau: Stars of Disintegration (Ariadne, 2006), de Brigitte Strhmaier, descrevendo o quanto ela foi considerada extraordinariamente talentosa por Albert Einstein e foi nomeada três vezes para o Prêmio Nobel de Física, duas vezes por Erwin Schrodinger. Por outro lado, nenhum obituário foi publicado a respeito de sua morte. Veja mais aqui.

NEM CARNE, NEM PEIXE
Não sou carne, nem sou peixe. / Ainda que nascido do peixe, ou carne. / Não sinto o mal que me faz a gente, / Porem os que de mim nascem, / O bem, e o mal como a gente sentem.
RAFAEL BLUTEAU - Esses versos constam do início de uma velha adivinhação que versa sobre o ovo, que trata sobre as pessoas amorfas, despersonalizadas, que não têm opinião, recolhida da Prosa Simbólica - Prosas portuguezas recitadas em differentes congressos academicos (Officina Joseph Antonio da Sylva, 1727-8), do religioso teatino e lexicógrafo francês Rafael Bluteau (1638-1734), autor de 8 tomos do monumental Vocabulário Português e Latino (1712-1721) e dos tomos do Suplemento (1727-1728). Recolhi dele na dissertação de doutoramento à Universidade do Porto, Hum fio de voz, naõ quebra silencio: Retórica e pedagogia do silêncio em Rafael Bluteau (2013), de Ana Isabel Araújo Marques Rafael, o poema Silêncio: Sou mais antigo que o Mundo, / E antes que Deos falasse, eu sou. / Desde a eternidade, o nada foy meu irmaõ. / Ainda hoje no Mundo reyno, / E o meu reynado he de noite. / Sou o que na agonia / Ao ultimo arranco se segue; / Sou o Benjamim de S. Bruno, / Sem pronunciar palavra, / Nas suas casas impero. / Sou a causa de naõ ser / Tudo o que se pódera dizer. / Naõ chego aos ouvidos, / Os olhos me naõ enxergaõ; / Nas praticas naõ deixo de servir, / Por mi logo se conhece / O que vay do discreto ao tolo. / Naõ persuado, nem dissuado; / Senaõ dou bons conselhos, / Nunca dey conselhos maos. / Sou a alma do segredo. / E sem recorrer a Galeno. / Para dores de cabeça sou bom. / Tomara dizer claramente / O que na realidade sou, / Mas sem deixar de ser o que sou, / Naõ he possivel que o diga. Veja mais aqui.

MARIKA GIDALI & O DIA INTERNACIONAL DA DANÇA
Não podemos esquecer que não somos nós que escolhemos a dança, é ela que nos escolhe.
MARIKA GIDALI – A arte da bailarina húngara radicada no Brasil, Marika Gidali, no Dia Internacional da Dança, instituído pelo Comitê Internacional da Dança (CID-UNESCO), no ano de 1982, em homenagem ao mestre francês Jean-Georges Noverre (1727-1810), que ultrapassou os princípios gerais que norteavam a dança do seu tempo para enfrentar problemas relativos à execução da obra. Da mesma forma o papel da bailarina na nova maneira de se fazer e apreciar dança no Brasil, fundando com Décio Otero, uma das mais importantes companhias do país, o Ballet Stagium, em 1971, em São Paulo. Veja mais dela aqui e aqui.

PERNAMBUCULTURARTES
O corpo a corpo, o corpo sistema, o sistema que agrega corpos e que se move em uma constante leva, às vezes circular, às vezes linear e, assim, cria a dança do indivíduo. Aquele que cria o seu próprio Umwelt, aceitando seu corpo como parte integrante de um sistema e que não existiria se não fosse a presença dos homens, dos corpos e das coisas.
A arte da bailarina Adriana Carneiro, que é formada em dança contemporânea na Áustria e encenou o premiado solo de dança Mundo ao Redor (2012), intperprete-criadora associada à teoria de Umwelt, do biólogo e filósofo estoniano Jacob Von Uexkül, que indica que a mente é quem interpreta o mundo e cria o seu ambiente.
O coronel de macambira: bumba-meu-boi em dois quadros, do poeta, dramaturgo, engenheiro civil, desenhista, professor e editor Joaquim Cardozo (1897-1978) aqui.
A música de Naná Vasconcelos (1944-2016) aqui e aqui.
A guerra dos cabanos, do advogado, geógrafo e historiador Manuel Correia de Andrade (1922-2007) aqui.
A poesia de Manoel Bentevi aqui.
Justiça X Injustiça aqui.
O Recife aqui, aqui & aqui
&
Vale do Una, Valuna & Unadia aqui, aqui & aqui.