quinta-feira, abril 30, 2020

HELEN LEVITT, AIREN WORMHOUDT, BARBARA HELIODORA, IZABEL LIVISKI & LEIDSON FERRAZ


PRECISO FICAR ZEN DIANTE DE TANTO PIPOCO, GENTE! - UMA: E DAÍ, QUAL QUE É, HEM? – Só escuto notícia do povo enchendo a rua de pernas, fofocas e pacutias, mangação de pirangueiros e intrusos, afora muito blábláblá. Ô povo converseiro! Ouvi dizer que ninguém aguenta mais devotar diante das imagens dos padroeiros, nem só conversar com as paredes, rádio e tevês ligadas, motores roncando e nenhum pé de gente por perto para peiticar ou se estranhar, como de costume. Isso é sinal de vida, o silêncio é um túmulo enlouquecedor. Com isso o termômetro da mortandade sobe todo dia e o Coisonário quer a todos feito um formigueiro no consumo, assim morre logo tudo duma vez por todas, porque a coisa está feia! A cara-de-pau de santarrão cospe o desdém: E daí? Digo eu: Deus te guie, zelação! Comigo os meus sentimentos são pelas palavras de Matilde Camus: A todos os meus compatriotas, do presente e do futuro com a felicidade de ter nascido nesta bela terra que é apaixonadamente amada... À vida que faz parte do tempo e a todos os meus, aqueles que a formam e aqueles que formaram o tempo da minha vida. É assim, sujeito paisano feito eu, asa quebrada, nordestino da gema embaixo de insolação, fadiga e mormaço meridional da entressafra canavieira falida, só minha afeição e ternura solidária por todos que sofrem enfermos e os que temem pelo pior neste meu imenso Brasilzão! Vamos sempre juntos! DOIS: EU CÁ COM MEUS BOTÕES - Na clausura, faço o que posso: converso com o papel em branco, livro aberto, revistas escancaradas, arquivos no computador, violão mudo, cadernos, resmas, canetas e guardanapos. Pura doidice! Tento até ressuscitar os amigos invisíveis da infância que esqueci e na maior interlocução com a tuia de personagem que inventei para as minhas lorotas. Bote aluamento no pedaço. Na verdade estou naquela do Carlos Scliar: Antes de mais nada, eu queria deixar bem claro que estou biruta. A-há! Desde nascença que não bato bem da bola, gente! E como bom estúpido amalucado, valho-me de Aristóteles: Nunca existiu uma grande inteligência sem uma veia de loucura. Háháháhá! É demais para mim, menos. Sou mais iconoclasta, parelha com a genial Marguerite Yourcenar: Creio que quase sempre é preciso um golpe de loucura para se construir um destino. Rir da própria desgraça também faz um bem danado, visse? TRÊS: NUNCA CURTIRAM JAZZ, MAS IMPROVISAM NA GAMBIARRA – Do noticiário só sobra uma constatação: estão batendo cabeça e não sabem o que fazer porque não entendem patavina do riscado! De mesmo, só sobra bulhufas! Se o país vai pela contramão de tudo, é que o piloto dirige pessimamente na sua grossura com a patetada zonza, ao que parece, só para ver a gente com o coração na mão ou bater as botas de vez num colapso! Puft! Ainda bem que existe esperança, jazz e Ernesto Sábato: A esperança não será a prova de um sentido oculto da existência, uma coisa que merece que se lute por ela? Aí ele conversa comigo em tom de maior intimidade: Minha cabeça é um labirinto escuro. Às vezes, há relâmpagos que iluminam alguns corredores. Eu nunca termino de saber por que faço certas coisas. Viver consiste em construir memórias futuras. Num estou dizendo, ora, pensei que era só eu com esse endoidecimento labiríntico de perder a razão por excesso de emoção. Ainda bem que o Miles Davis me absolve: Ninguém é obrigado a ter colhido algodão para tocar jazz. Só escuto, tocar não sei: o hábito não faz o Miles. Vou escapulir por ali para ver se pego ainda a lindeza do nascer do Sol, visse? Até amanhã. © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja mais abaixo e aqui.

DITOS & DESDITOS: Não me vingo, aproveito a deixa. Não sofro, improviso. Não fico solteira, entro em temporada. Não vivo, ensaio. Não morro, fecho a cortina. Pensamento da ensaísta, tradutora e crítica de teatro Barbara Heliodora (1923-2015), que escreveu críticas nos mais importantes veículos de comunicação, dirigiu o Serviço Nacional de Teatro (SNT), foi professora de História do Teatro no Conservatório Nacional de Teatro e na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Ela inspirou a comédia Barbara não lhe adora (1999), de Henrique Tavares. Em uma entrevista, ela assinalou: [...] É porque eles não sabem o que eu penso. Na maioria das vezes é exatamente o que eu penso, mas muitas coisas eu procuro dizer sem chegar ao delírio, porque a minha vontade era dizer assim: “Mas isso é uma estupidez, uma coisa horrorosa.” Algumas coisas me irritam, aí eu paro e só escrevo no dia seguinte. Não escrevo com raiva. Talvez eu faça um pouco menos de cerimônia. Se uma pessoa faz uma coisa que está toda errada e você, para ser bonzinho, diz que é ótimo, ela vai piorar cada vez mais. O ideal seria se todos tivessem um amigo que dissesse: “Isso está um horror, não está pronto, está uma porcaria.” Há muita autoindulgência. É preciso que se diga a verdade, mas a minha verdade não é de papa. [...]. Veja mais aqui.

A ARTE TEATRAL DE AIREN WORMHOUDT
Vivermos encarcerados nos nossos apartamentos e casas e entre grades criadas pelos nossos próprios medos, parece ser condição "natural" da contemporaneidade, sobretudo nas grandes metrópoles [...] questionadas sobre o fenômeno da violência, as pessoas recorreram aos estereótipos enquanto estratégia heurística. Assim é que, enquanto avaros mentais, dentre as informações pedidas pelo instrumento, os indivíduos informaram os sinais considerados relevantes para ambos os perfis (agressor e vítima). De fato, o "Monstro Cognitivo" tornou-se uma opção para um julgamento social, de sorte a justificar as relações intergrupais. Ou seja, para defender a identidade positiva do seu grupo (vítimas), as pessoas construíram uma imagem mais positiva desse mesmo grupo em contraposição ao grupo dos agressores. Portanto, a análise dos resultados indicou algumas questões: • A opção pelo sexo feminino enquanto vítima estaria pautada nas crenças de que as mulheres são mais frágeis e, portanto, mais vulneráveis a esses tipos de delito? • A exposição à violência levaria as pessoas a acreditarem que eventos violentos podem acontecer em qualquer horário? • O que estaria influenciando as pessoas quando estas optam pelo Sequestro e pelo Furto como crimes mais frequentes? [...].
AIREN WORMHOUDT - Trechos do artigo Violência urbana: estereótipo do agressor e da vítima (Psicólogo Informação, 2006), da atriz, psicóloga, dramaturga, roteirista, mímica, arte terapeuta e pós-graduando em dramaturgia, Airen Wormhoudt, fundadora Cia. Ellas En(Cena), criou o projeto MimeWeb e é autora de peças teatrais e dos livros Cena Hum Dramaturgia (Inverso, 2014) e coautora na obra Diz(Amor) com Zédú Neves. Ela realiza workshops e consultorias artísticas para coletivos de artes, bem como, escreve roteiros para audiovisual, desenvolve pesquisas unindo a mímica e a dramaturgia como instrumento na formação de plateias e democratização artística. Veja mais aqui.

A FOTOGRAFIA DE HELEN LEVITT
Apenas o que você vê. Se fosse fácil falar sobre isso, eu seria um escritor. Como sou inarticulada, me expresso com imagens.
HELEN LEVITT - A arte da fotógrafa estadunidense Helen Levitt (1913-2009), a mais célebre e menos conhecida de seu tempo.
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A ARTE DE IZABEL LIVISKI
A arte da fotógrafa, fotojornalista, professorae socióloga Izabel Liviski, editora da coluna InContros e coeditora da Revista ContemporArtes, articulista que, atualmente, pesquisa questões ligadas a temas sociais, como presídios, comunidades socialmente vulneráveis, direitos humanos e inclusão visual. Veja mais aqui.

PERNAMBUCULTURARTES
Pernambuco tem uma história forte no teatro nacional e não se colocou de maneira subserviente às demandas estéticas e temáticas que vinham de fora. Foi, antes de tudo, um processo de trocas, de disputas, e fazemos parte do momento de consolidação da Modernidade nos palcos nacionais.
A arte do jornalista e pesquisador da história do teatro pernambucano, Leidson Ferraz, autor das obras O Teatro no Recife dos Anos 50 – Tentativas de Reafirmação da Modernidade, O teatro para crianças no Recife: 60 anos de história no século XX e Um teatro quase esquecido: painel das décadas de 193 e 1940.
A música de Quinteto Violado aqui, aqui & aqui.
A poesia de Janice Japiassu aqui.
Sindicalismo X repressão – a história de Zé Eduardo, o líder do maior sindicato de camponeses do Brasil, de Paulo Profeta aqui.
Festival de Arte do Engenho Paul aqui & aqui.
A beleza de Dudinha – Eduarda Garcia Viana Menezes aqui.
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Cordel na Escola aqui.