ORA, QUANDO NÃO VAI DUM JEITO, VAI DOUTRO - UMA: OUTRA DE FABOS &
CAFOS - Entre 1988-2010, a coisa parecia que ia mesmo dessa vez no
Brasil. Parecia, só. Na verdade se arrastava e empancava, ia e vinha, seguia rebocada
assim meio de banda, aos empurrões, lerda e quase na má vontade. Mas, ia. Bastou
virar a curva da última década, a força das verdinhas dos interesses
estadunidenses mandaram ver com suas manguinhas de fora e a vaca foi pro brejo ultimamente
- como naquela década 1954-64, dois anos a mais, apenas. Foi. Em nome de uma
sede de “justiça”, passaram grandes empresas, corruptores e corrompidos num
lava jato de num sobrar nem os farelos delas nem de mais nada do que restava de
uma meio fajuta democracia. Foi pinote como a praga! É que queriam passar a
limpo, mas tudo findou naquela do Fecamepa: o dia que o país resolveu ser levado a sério. Vazou o jato. Não foi dessa vez. Quase acreditei que seria, um pé lá
e outro cá, claro. Muito estardalhaço pra findar na maior melecada. Havia uma
catinga de golpe no ar e teve gente que se enganou e está até hoje fraudado pela
cor da chita. Pois a enrolada espremeu tudo, menos uns tantos achegados
saltitantes. Pois foi, era a vez da manobra: defenestraram a governante e
pegaram o suposto vilão pelos colhões, pronto, tudo resolvido, agora era só
inventar história. As abrobrinhas reinaram em cadeia nacional e horário nobre,
de tão repetidas pareciam na vera. Teve até quem rezasse genuflexo embaixo da
maior trovoada! Amém. E deu certo: Drácula ressuscitou no VladTemer que impune
abocanhou o que queria com seus acoloiados vampiros, armou o circo pro
Coisonário que empestou metade do país com a trupe de coisominions, e o
desdobramento foi despachar a vertigem agora na guerra com o Covid-19. Nossa! Pois
foi mesmo. E agora? Fico com a do Marcelo Gleiser: Há algo de muito patológico
numa espécie que se diz inteligente, mas só é capaz de garantir sua
sobrevivência pelo acúmulo de armas. Tá vendo? Mesmo que a gente esteja
careca de saber sobre o lamentável expediente da guerra, nessa, acho, que todos nos ferramos do primeiro ao
quinto, com centena e milhar. DUAS: UM
DOMINGO DESSE AÍ - Ia passando uma malta aguerrida – na verdade, uns gatos
pingados em marcha de Cafos -, com
palavras de ordem em apoio ao Coisonario. Na calçada apreciando a paisagem, uma
distinta senhora muito bem aquinhoada de gestos e modos, nem prestava atenção
direito ao que ocorria. Logo, um repórter de uma dessas tevês chapa branca,
aproximou-se dela, indagando o que achava do evento. Ela respondeu
simplesmente: Nada. Como assim? E coisa e tal. Diante da insistência do
profissional por chamar-lhe a atenção, ela dispensou à la Mae West: Ama o teu próximo –
e, se ele for alto, moreno e bonitão, será muito fácil. O beijo do homem é a
sua assinatura. O cara espantou-se: O que tem a ver uma coisa com outra? E
ela charmosamente e sob a mesma rubrica da diva, arrematou: Quando sou boa, sou ótima. Mas, quando sou
má, sou muito melhor! Viva ela! TRÊS:
AH, SOBRE COPERNICANISMO AO CONTRÁRIO. DE NOVO? Falei outro dia aqui do
copernicanismo ao contrário. Hem? Aliás, vez em quando menciono aqui. Como? Isso
mesmo. E toda vez que faço menção, há sempre aquelas pestanas inquiridoras pra
minha banda. Que droga é nove, meu? Tá, explico usando o autor da ideia, Augusto Boal: é quando os povos descobrem que são o sujeito da
história, o motor da sociedade, o centro do nosso universo: não mais satélites.
O que? Adiantou nada, as sobrancelhas cerradas continuam na mesma, não tem quem
entenda assim de chapa, quem sabe um dia. E vamos aprumar a conversa! © Luiz
Alberto Machado. Direitos reservados. Veja mais abaixo e aqui.
DITOS
& DESDITOS: [...]
enquanto habito um “mundo físico”, em que
“estímulos” constantes e situações típicas se reencontram – e não apenas o
mundo histórico em que as situações nunca são comparáveis –, minha vida comporta
ritmos que não têm sua razão naquilo que escolhi ser, mas sua condição no meio
banal que me circunda. Assim, em torno de nossa existência pessoal aparece uma
margem de existência quase impessoal, que é por assim dizer evidente, e a qual
eu reporto o zelo de manter-me em vida, em torno do mundo humano que cada um de
nós faz, aparece um mundo em geral ao qual é preciso pertencer em primeiro
lugar para poder encerrar-se no ambiente particular de um amor ou uma ambição.
[...]. Trecho extraído da obra Fenomenologia da percepção
(Martins Fontes, 1999), do filósofo
fenomenólogo francês Maurice Merleau-Ponty (1908-1961). Veja mais aqui.
AS MULHERES DA
MINHA TERRA - Irmãs,
do meu torrão pequeno / Que passais pela estrada do meu país de África / É para
vós, irmãs, a minha alma toda inteira / — Há em mim uma lacuna amarga — / Eu
queria falar convosco no nosso crioulo cantante / Queria levar até vós, a
mensagem das nossas vidas / Na língua maternal, bebida com o leite dos nossos
primeiros dias / Mas irmãs, vou buscar um idioma emprestado / Para mostrar-vos
a nossa terra / O nosso grande continente, / Duma ponta a outra. / Queria
descer convosco às nossas praias / Onde arrastais as gibas da beira-mar / Sentar-me,
na esteira das nossas casas, / Contar convosco os dez mil réis / Do caroço
vendido / Na loja mais próxima, / Do vinho de palma / Regateado pelos caminhos,
/ Do andim vendido à pinha, / Às primeiras horas do dia. / Queria também / Conversar
com as lavadeiras dos nossos rios / Sobre a roupa de cada dia / Sobre a saúde
dos nossos filhos / Roídos pela febre / Calcurreando léguas a caminho da
escola. / Irmã, a nossa conversa é longa. / É longa a nossa conversa. / Através
destes séculos / De servidão e miséria... / É longa a estrada do nosso penar. /
Nossos pés descalços / Estão cansados de tanta labuta... / O dinheiro não chega
/ Para vencer a nossa fome / Dos nossos filhos / Sem trabalho / Engolindo a
banana sem peixe / De muitos dias de penúria. / Não vamos mais fazer “nozados”
longos / Nem lançar ao mar / Nas festas de Santos sem nome / A saúde das nossas
belas crianças, / A esperança da nossa terra. / Uma conversa longa, irmãs. / Vamos
juntar as nossas mãos / Calosas de partir caroço / Sujas de banana / “Fermentada”
no “macucu” / Na nossa cozinha / De “vá plegá”... / A nossa terra é linda,
amigas / E nós queremos / Que ela seja grande... / Ao longo dos tempos!... / Mas
é preciso, Irmãs / Conquistar as Ilhas inteiras / De lés a lés. / Amigas, as
nossas mãos juntas, / As nossas mãos negras / Prendendo os nossos sonhos
estéreis / Varrendo com fúria / Com a fúria das nossas “palayês” / Das nossas
feiras, / As coisas más da nossa vida. / Mas é preciso conversar / Ao longo dos
caminhos. / Tu e eu minha irmã. / É preciso entender o nosso falar / Juntas de
mãos dadas, / Vamos fazer a nossa festa...! / A festa descerá / Ao longo de
todas as vilas / Agitará as palmeiras mais gigantes / E terá uma força grande /
Pois estaremos juntas irmãs / Juntas na vida / Da nossa terra / Mas é preciso
conhecer / A razão das nossas secretas angústias. / Procurar vencer Irmãs / A
fúria do rio / Em dias de tornado / Saber a razão / Encontrar a razão de
tudo... / “Os nossos filhos / O nosso filho morreu / Roído pela febre”... / Muitos
pequeninos / Morrem todos os dias / Vencidos pela febre / Vencidos pela vida...
/ Não gritaremos mais / os nossos cânticos dolorosos / Prenhes de eterna
resignação... / Outro canto se elevará Irmãs, / Por cima das nossas cabeças. / Vamos
procurar a razão. / A hora das nossas razões vencidas / Se avizinha. / A hora
da nossa conversa / Vai ser longa. / De roda do caroço / De roda das cartas / escritas
por outrém, / Porque a fome é grande / E nós não sabemos ler. / Não sabemos
ler, irmãs / Mas vamos vencer o medo. / Vamos vencer nosso medo / De sermos sós
na terra imensa. / Jamais estaremos solitárias... / Porque a nossa força há-de
crescer. / E então conquistaremos / para nós / para os filhos gerados no nosso
ventre, / Nas nossas horas de Angústia / — Para nós — / A nossa bela terra / No
dia que se avizinha / Saindo das nossas bocas, / Uma palavra bela / Bela e
silenciosa / A palavra mais bela / Ciciada no nosso crioulo, / A palavra sem
nome / Entoada no silêncio / Num coro gigante / Correndo ao longo das nossas
cascatas, / Das cachoeiras mais distantes, / O canto do silêncio, Irmãs / Há-de
soar / Quando chegar a Gravana. / E por hoje, Irmãs / Aguardemos a gravana / Ao
longo das nossas conversas / No serão das nossas casas / sem nome. Poema extraído da obra É nosso o solo sagrado da terra (Ulmeiro, 1978), da poeta são-tomense Alda Espírito Santo (1926-2010).
ESPETÁCULOS POPULARES DO NORDESTE
[...] fornecer aos leigos um resumo fiel dos
espetáculos do povo do Nordeste; [...] preservar
a arte popular e fornecer elementos aos artistas eruditos que descubram o verdadeiro
caminho do teatro brasileiro.
ESPETÁCULOS POPULARES DO NORDESTE - A obra Espetáculos populares do Nordeste
(Massangana, 2007), do advogado, escritor, crítico literário,
jornalista, dramaturgo, diretor, teatrólogo e tradutor Hermilo Borba Filho
(1917-1976), trata sobre o bumba-meu-boi, fandango, mamulengo e pastoril, com
uma bibliografia e cronologia. Veja mais aqui & aqui.
A ARTE DE PATTIE BOYD
Não posso reescrever a história. Sempre estará ligada a
Beatles, George e Eric.
PATTIE BOYD – A arte da fotógrafa,
atriz e ex-modelo britânica Pattie Boyd,
que foi musa e casada com George Harrison e Eric Clapton. Foi modelo de sucesso
internacional durante as décadas de 1960-70, tornando-se fotógrafa profissional
com exposições em galerias ao redor do mundo. Ela escreveu um livro de
memórias, Wonderful tonight: George
Harrison, Eric Clapton and me. Veja mais aqui.
PERNAMBUCO ART&CULTURAS
CONVERSA
DE CAMARIM
A obra Conversa de camarim: o teatro no Recife na
década de 1960 (SC/FCCR, 2007), do dramaturgo, filósofo, jornalista,
professor, poeta, diretor, encenador e crítico de teatro, Benjamim Santos,
aqui.
Cais
Companhia de Dança & Dielson Pessoa aqui.
Célia Labanca & Das coisas da minha terra aqui.
Asas do
tempo, do escritor Fernando Nascimento Barreto aqui.
A arte
de Mabelle Batista aqui.
O
mamulengo de Glória do Goitá aqui.
A fúria
dos inocentes aqui.
&
OFICINAS ABI – 2º SEMESTRE 2020