quarta-feira, janeiro 09, 2008

MANOEL BENTEVI, FECAMEPA, SINHÔ, MCLUHAN, CAMILERI GIULIA GAM, ANNA BONAIUTO & PARAFILIA!



TODA VEZ QUE ACELERO MEU MOTOR,
A FUMAÇA DA GASOLINA SAI POR TRÁS!




Da bobina para o distribuidor
Há um cabo que passa uma centelha clara.
Meto o pé no arranco, ele dispara.
Toda vez que acelero meu motor,
O combustível entra no carburador,
A entrada de ar transforma o gás,
Com a compressão que ele faz,
Forma o jato, o êmbolo vai subindo
Vai queimar na cabeça do cilindo,
A fumaça da gasolina sai por trás.

In: BENTEVI, Manoel. Desmanchando o nordeste em poesia. Palmares: Bagaço, 1986.
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MANOEL BENTEVI
POETAS DE PALMARES




FECAMEPA – QUANDO O BRASIL DÁ UMA DEMONSTRAÇÃO DE QUE DEVE MESMO SER LEVADO A SÉRIO!!! - Gentamiga do meu Brasil varonil, o nosso país resolveu dar uma demonstração de que deve ser mesmo levado a sério, nem que seja no jeitinho, no baticum ou na porrada. Será? Isso mesmo, dando cabo das ações escusas de afanadores do erário público e na defesa do patrimônio de pobres, oprimidos, comprimidos e Fabos caboetas. Finalmente a esmagadora população brasileira poderá constatar pela primeira e única vez, a condenação dos facínoras e inimigos públicos número 001 da nação de Pindorama. Isso numa indubitável iniciativa hercúlea de verdadeira operação mãos-limpas, o Judiciário brasileiro resolveu julgar definitivamente todas as megasuperhiperultra operações realizadas pela Polícia Federal de uma só vez, juntando num balaio só as navalhas, xeque-mate, paraíso, pinóquio, tsunami, ciclone, sanguessuga, alcatéia, guabiru, anaconda, pandora, saia-justa e o escambau, todas realizadas de 2003 até 2007, sobrando os casos anteriores a esta data, inclusive, os que foram antes disso porque não tem como pegar mais os que já mudaram de nome, de domicilio e estão gozando fantasminha impune por aí pelo meio do mundo. O negócio era para passar a limpo todas as maracutaias ocorridas no nosso território desde o achamento e a invasão dos portugueses em 1500. Mas como seria uma laboriosa empreitada impossível de desenocegar tudo, resolveram mesmo dar cabo só das mais recentes. O restante foi levado na base da prescrição e validade vencida das tramóias. Finalmente, o catatau todo foi encaminhado sob o maior segredo de justiça para uma comarcazinha isenta do interior na cidade de Quiprocolândia, onde um juiz insone e ineivado tascou condenação a todos os envolvidos e indiciados à pena máxima. Tei bei! A OAB em peso ficou de cabelo em pé e insatisfeita com as condenações e alegando cerceamento de defesa, recorreu da sentença em nome do direito da ampla defesa e do contraditório, sendo inicialmente julgada procedente pelo Tribunal de Justiça do Estado do Amapá. Chupa essa manga aí, vai! Mas a pendenga foi engrossando e, utilizando-se de todos as brechas da processualísticas, os causídicos contumazes em seguida impetraram novo recurso, também julgado procedente pelo Tribunal de Justiça do Estado de Santa Catarina sendo, ainda, posteriormente, julgado unanimemente culpados em um por um de todos os tribunais estaduais da federação, findando como bomba espoletada no plenário tanto do STF como do STJ que levou o julgamento para a prorrogação, chegando nos pênaltis e, por fim, foi tudo decidido na porrinha mesmo, resultando na emissão da sentença conjunta sobre o calhamaço todo das duas superiores instâncias judiciais. Como ninguém teve acesso ao resultado final da lengalenga, muito menos ninguém comeu bosta de cigano para adivinhar os envolvidos que estão nas pilhas dos processos acorrentados sob uns 5 mil cadeados, o Doro, o repórter mais prestigiado do planeta, num golpe de mágica insuplantável com os ajeitados de molha-mãos e outras escorregadias participações de funcionários públicos, traz a relação dos condenados em primeira mão: CONDENADOS: a perereca de Paranapiacaba, o bugio, a jararaca-ilhoa, o mico-leão-preto, as cobras dormideira-da-queimada-grande, macaco-prego-de-peito-amarelo, a jararaca-de-alcatrazes, o mico-leão-de-cara-preta, o rato-candango, o peixe-boi-marinho, a jiboia-de-cropan, a tartaruga-de-couro e a baleia azul. Kabum! Um escândalo. Mas, tem mais: entre os indiciados uma ruma de suspeitos já com a condenação pronta: o Saci-Pererê, o lobisomem-zonzo, João-Grilo, o Caipora, Macunaíma, o Boitatá, João Ternura, Riobaldo e Diadorim, a mula-sem-cabeça, Cheiroso Dolabela, a perna-cabeluda, Manuelzão e Miguilim, a cobra-grande, Biritoaldo, a mãe-do-ouro, Tolinho e Bestinha, o papafigo, Urinácio, o Padre Bidião, Alamoa, Anhangá, Mani, Matita-Perê, Urutau, Fudêncio, o Mané-Gostoso, o Nego-Bom, o 6º Beatle, as vítimas do Césio 147, as vítimas dos edifícios-do-Sérgio-Naya, o Visconde de Sabugosa, o louro José, o cartola e fanfarrão Zico Góis, o mestre Fiorda do Pânico, o empresário João Ponês, o baixinho da Kaiser, o Carlinhos da Bombril, os que se lascaram no Bateau Mouche e a tonga da mironga do kabuletê. Agora sim, agora vai! Com essa demonstração de firmeza jurídica, de democracia consolidada e freio-de-arrumação nas mazelas brasileiras, agora, sim, ninguém mais neste planeta poderá mangar que o Brasil não deve ser levado a sério. E o brasileiro, finalmente, pode dormir com a alma lavada. E vamos aprumar a conversa & tataritaritatá. Veja mais aqui.

UM SINHÔ COMPOSITOR – Curtindo o álbum duplo Um Sinhô compositor (Independente, 2010), projeto realizado e produzido por Luiz Henrique, reunindo a obra do compositor, instrumentista e sambista brasileiro Sinhô (José Barbosa da Silva, 1888-1930), do qual destaco a sua belíssima Amar a uma só mulher: Amar a uma só mulher deixando as outras todas sempre em vão Pois a uma só a gente quer com todo fervor do coração Quem pintou o amor foi um ceguinho mas não disse a cor que ele tem Penso que só Deus dizer-nos vem ensinando com carinho a pura cor do querer bem Quem pintou o amor foi bem querido Decorou também a ingratidão e deixou rascunhos da paixão como lema preferido a uma só no coração.

OS MEIOS DE COMUNICAÇÃO COMO EXTENSÕES DO HOMEM – Na obra Os meios de comunicação como extensões do homem (Cultrix, 1964), do educador, filósofo e teórico da comunicação canadense Marshal McLuhan (1911-1980), destaco o trecho para reflexão: Depois de três mil anos de explosão, graças às tecnologias fragmentárias e mecânicas, o mundo ocidental está implodindo. Hoje, depois de mais de um século de tecnologia elétrica, projetamos nosso próprio sistema nervoso central num abraço global, abolindo tempo e espaço (pelo menos naquilo que concerne ao nosso planeta). [...] O exame da origem e do desenvolvimento das extensões individuais do homem deve ser precedido de um lance de olhos sobre alguns aspectos gerais dos meios e veículos – extensões do homem – a começar pelo jamais explicado entorpecimento que cada uma das extensões acarreta no individuo e na sociedade. Veja mais aqui.

PARAFILIA & DESVIOS SEXUAIS – O desvio sexual ou parafilia é o comportamento sexual que não segue os padrões mais comuns de um povo em uma determinada época. O desvio geralmente é uma conduta sexual minoritária no convívio social e está ligado a um comportamento sexual diferencia, se relacionando diretamente com a preferência sexual, sua relação de desejo, fantasias e as formas de percepção do prazer sexual. As parafilias surgem com as descobertas sexuais e as respectivas experiências. A presença do objetos na prática sexual ou utilização de animais, o relacionamento com pessoas como crianças ou idosos, o uso da violência ou associada à dor, a atração especial por roupas íntimas, observar ou ser observado nas práticas sexuais, a observação ou exposição dos órgãos sexuais, desejo por pessoas do mesmo sexo, vestir-se com roupas do sexo oposto, entre outros, são alguns dos exemplos que são identificados como desvio sexual. Esse desvio se caracteriza pela condição de fixação do desejo em uma determina situação, passando a ser a forma ideal para obtenção do prazer. Veja mais aqui.

A ÓPERA MALDITA – No livro A ópera maldita (Bertrand Brasil, 2004), do aclamado escritor e diretor teatral italiano Andrea Camileri, conta a história de uma ópera que na noite da inauguração de um teatro em uma pequena cidade, ocorre a revolta com vandalismo por parte dos habitantes, transformando todo o lugar, utilizando-se na narrativa dos mais diferentes dialetos de sua língua, definido com teores culturais, sociais e características psicológicas de cada personagem. Da obra destaco o trecho: [...] Mas o que entendeu Sua Excelência? Falar latim, aqui na Sicilia, significa ficar claro. E quando quiserem um falar obscuro? Falamos em siciliano, Excelência. Então vá em frente com o latim. Excelência, por que insiste em querer empinar esse papagaio do Birralo exatamente em Vigàta, onde há ventos contrários? Creia-me [...] isso não dará boa coisa.

DILÚVIO EM TEMPOS DE SECA – Quando tive oportunidade de assistis em 2004, no Sesc Consolação, em São Paulo, à montagem da peça Dilúvio em tempos de seca, de Marcelo Pereira, apreciei bastante a performance da atriz Giulia Gam. A peça conta a historia de um encontro entre um homem e uma mulher numa noite de chuva torrencial e inundação da cidade, sós e carentes de afeto. Veja mais aqui.


AMOR MOLESTO – O filme Amor molesto (1995), dirigido por Mario Martone, conta a historia de uma mulher que morre misteriosamente e ninguém sabe com que ela estava na noite fatal. A sua filha a considerava uma pessoa leviana e inconseqüente e sabia que a mãe era uma mulher insatisfeita e que escapava da vigilância obsessiva do marido para ter casos secretos e arriscaos. O destaque do filme fica por conta da atriz italiana Anna Bonaiuto.



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    Imagem: Acervo ArtLAM . Ao som dos álbuns Triphase (2008), Empreintes (2010), Yôkaï (2012), Circles (2016), Fables of Shwedagon (2018)...