terça-feira, janeiro 29, 2008

WALTER BENJAMIM, CARL ROGERS, CÂMARA CASCUDO, FERNANDO VERISSIMO, FREINET, ROSZAK, GEIR CAMPOS, ELLEN TROTZIG, EPOMINA, ÍSIS NEFELIBATA & BIG SHIT BÔBRAS


 A arte da artista plastic norueguesa Ellen Trotzig (1878-1959)


BIG SHIT BÔBRAS: LIDERANÇA, A SEGUNDA EMBOANÇA.- Arte: Derinha Rocha. - O FECAMEPA, o festival que transformou o escambau no mais revolucionário modelo educacional do universo, tem a honra de apresentar: o BIG SHIT BÔBRAS! E com vocês, o mais requintado, o inimitável, o apoteótico galã número 1 da Alagoinhanduba AMFM, Zé Peiudo! - Gente da minha gente -, aparece Zé-Peiúdo todo engalanado e com uma voz pastosa de quem comeu e não gostou -, vamos ao primeiro momento de decisão dentro do sobrado onde estão reunidos os mais audaciosos participantes do maior reality show da paróquia, o Big Shit Bôbras! Como vão todos? - Maiômeno -, delatou Zé-Corninho? - Mais ou menos, Zé-Corninho, por que? - Issaqui é um fartura! - Tem de tudo, né? - Hum... de tudo? Só tem porquera e farta de desorganização. - Você quer dizer falta de organização? - De desorganização mermo.... - Cala boca, viado -, gritou Robimagaiver -, esse cara num sabe de nada! Isso é um bocó da peste. - Ô seu Zé-Peiudo!? -, chamou Mamão. - Diga Mamão! - Quano é qui a genti vai forunfar liberado, hem? -, perguntou Mamão. - Cala boca, abestalhado! -, gritou Vera -, olhai, seu Zé-Peiudo, diga logo ao que veio que a gente tem mais o que fazer. - Bom, bom -, disse Zé-Peiudo -, pois bem, estão todos reunidos aí? - Sim, todos! - Então vocês terão que escolher o líder de vocês. - Opa, isso é comigo -, adiantou-se Doro. - Sai pra lá, rafamé, o nosso líder é o Padre Bidião -, exigiu Afredo Bocoió. - Nada disso, eu sou o líder! -, sentenciou Zé Bilôla. - Ôxe, que macharia mais retardada, a líder sou eu, Vera, a maioral! -, sapecou Vera com o apoio e aplauso das outras mulheres. - Então, meus amigos e amigas – retomou Zé Peiúdo -, temos, então, 4 concorrentes: o Doro, o padre Bidião, o Zé Bilôla e a Vera. Vamos começar a votação. - Já instou inleito! -, disse o Doro. Começa então a maior corta-brocha, todo mundo se achando no direito de liderar a todos, um horror. Como ninguém se entende na derriça, Zé Peiúdo tenta resolver a querela com voto em secreto, mas a mundiçada não aceitou. - Quem quiser votar que declare seu voto! -, sacudiu Vera. - Assim nós inleitores nos sintiremos acuados, ora! -, argüiu Zé-Corninho. - O voto, como em qualquer lugar do mundo, é secreto! -, bateu o martelo Zé-Peiúdo e saiu distribuindo uma cédula de votação a cada um para que fossem individualmente à cabine de votação. Um ré-pra-trás da gota! Ao cabo de umas 3 horas, os trastes deram por votados. Zé Peiúdo então, abriu a urna e começou a contagem mencionando o nome dos contendores. Resultado: Vera, 13 votos, Padre Bidião, 5 votos, Doro 3 votos, Zé Bilôla, 3 votos. - Eita, se tem 12 homi e 12 mulé, por que a Vera tevi 13 votos? -, perguntou Doro. - Alguém cagou fora do caco -, disse Robimagaiver. - E eu já desconfio de quem seja.... -, desconfiado Doro fitava de soslaio pro Zé-Corinho. - Num foi eu não -, se defendeu Zé- Corninho. Um a um dos marmanjos tiveram conferência detalhada das feições pelo Doro e o Ribimagaiver, menos o padre Bidião que era insuspeito. As mulheres comemoravam a vitória. E no meio da conferência, obviamente, a culpa recaiu mesmo exatamente no Zé-Corninho que, pela segunda vez consecutiva, melava o voto. - Foi você seu corno! -, disse Robimagaiver já metendo uns bofetes bem dados no dissidente, apoiado por Mamão, Afredo, Doro e Zé Bilôla. - Minha gente, vamos se organizar -, chamou na grande o Zé Peiúdo -, e agora a líder Vera que ganhou 10 pontos, o quarto mais ajeitado da casa, o direito de escolher um parceiro para furunfar, indicar 3 nomes pro primeiro paredão, direito a não fazer nada e mandar todos cumprirem suas tarefas, isenta do quizz, imunidade para fazer o que bem entender, fiscalização das condutas e castigar os infratores, agora vai dar a sua primeira determinação. Com vocês, a líder Vera! - Meus amigos, amigas, eleitores e radiouvintes, quero agradecer a minha mãe por ter me parido, ao meu pai por ter me educado, aos meus avós por terem me mimado, aos meus tios e tias por me ajudarem a ser quem sou, aos meus amigos e amigas por dividirem comigo a vida toda, menos os meus 3 ex-maridos que são tudo uns feladasputas! Também quero agradecer a rádio Alagoinhanduba AM/FM, na pessoa do seu ilustre locutor, o safado do Zé Peiúdo que já me tentou umas 5 vezes mas tasquei-lhe processo de assédio nas costelas para ele aprender a ter vergonha na cara à base de óleo de peroba e chamo atenção das minhas colegas, amigas e eleitoras: macho tem que se foder de rachar o tampo. E vou começar com a minha primeira determinação assim: todos os homens deste sobrado têm que ficar nu, de 4 com o fiofó pra cima, com uma vela de 7 dia acesa e enfiada no bocal da quartinha até queimar as pregas dos nojentos. Pronto esta é a minha primeira determinação. Virou um escarcéu! Zé Peiúdo estava entre corado de vergonha e lívido de decepção pelas denúncias da Vera. Mas se riu meio amarelado com a determinação: - Isso é um vitupério! -, mangou o locutor. O bafafá não chegou a um consenso, mulheres e homens trocavam de posição, fixando a maior discórdia já vista. Ao lado de Vera somente Rolivânio, Penisvaldo, Vaginalda e Bucetildes que, depois disso, formaram a maior panelinha. O restante, tudo do contra. Vera exigiu cumprimento da sua determinação. Não houve acordo. Zé Peiúdo partiu para votação, se juntaram e novamente depositaram seu voto na urna. Resultado: 5 votos pró-Vera, 21 do contra. Foi a primeira desmoralização da liderança. Ela perdeu, então, mais da metade dos poderes. - Isso é uma sacanagem, fui traída! -, gritou Vera puta-da-vida! Aí fechou a conta e mandou ver. Veja mais aqui.

PENSAMENTO DO DIAA narrativa revelará sempre a marca do narrador, assim como a mão do artista é percebida, por exemplo, na obra de cerâmica. Pensamento do filósofo, ensaísta e critico literário alemão Walter Benjamim (1892-1940). Veja mais aqui e aqui.

O MÉTODO NATURAL - [...] Observem, diante de um livro ou de uma página de jornal, a criança que aprendeu a ler segundo o método tradicional; faz um grande esforço de reconhecimento das peças a desmontar que combina laboriosamente. A mecânica funciona: lê de uma maneira certa, sem erros de pronúncia. Mas perguntem-lhe o sentido daquilo que leu: terá de reler o texto para o compreender, porque o lera da primeira vez para o decifrar. [...] E que não se julgue que este é um erro menor. Este divórcio entre a mecânica e o pensamento corre o risco, pelo contrário, de definiivo. Está na origem de uma nova forma de analfabetismo, para a qual ainda não se criou a denominação apropriada: as crianças, os adolescentes e os homens que são afetados por ele sabem decifrar mas nada compreendem do que lerem. [...]. Trecho extraído de O método natural: a aprendizagem da língua (Estampa, 1977), do pedagogo e pedagogista francês Celestin Freinet (1896-1966). Veja mais aqui.

CONHECIMENTO, INFORMAÇÃO & TECNOLOGIA - [...] Os computadores podem ser altamente vantajosos para canalizar uma grande quantidade de informação através de programas científicos e técnicos. Mas, mesmo nesse caso, devemos ter em mente que há ideias fundamentais de tipo não-matemático (podemos chamá-las de insights ou, talvez, de artigos de fé) que governam todo o pensamento científico... Quase toda ciência moderna foi desenvolvida a partir de uma série de ideias metafísicas e estéticas como: o universo consiste de matéria em movimento (Descartes); a natureza é governada por leis universais (Newton); conhecimento é poder (Bacon). Nenhuma dessas idéias é uma conclusão adquirida através de pesquisas científicas; nenhuma delas é o resultado de processamento de informações. Pelo contrário, são premissas que tornam possível a pesquisa científica e conduzem à descoberta de dados seguros. Novamente, são ideias-mestras sobre o mundo, e, enquanto tais, transcendem a informação. Elas emergem de uma dimensão da mente, de uma capacidade para insights que talvez tenha afinidade com o poder artístico e inspiração religiosa [...]. Extraído de O culto da informação (Brasiliense, 1988), do professor e pesquisador estadunidense Theodore Roszak (1933-2011). Veja mais aqui.

O AMOR DE EPOMINAEpomina, também registrada como Peponila, era esposa do governador e aristocrata gaulês da tribo dos lingões e chefe dos éduos, Julio Sabino, ativo no Império Romano à época da Revolta Batava de 69. Sob alegação de ser um descendente dos Césares, após o suicídio de Nero, ele tentou tomar vantagem e estabelecer um Estado gaulês independente. Mesmo formando a colização com outros líderes e aderindo à Revolta Batava, ele foi derrotado pelos sequanos e pelas legiões liderada por Galo. Ele consegue fugir e ocultar-se. Sua esposa julga-o morto, a princípio, e já estava disposta a acompanhar o esposo ao outro mundo, quando recebe noticias dele. Procurando- às ocultas, encontraram-se e combinaram viver, doravante, de modo a não despertar as suspeitas dos inimigos. Continuará fingindo estar viúva, mas não deixará de encontra-lo. E assim vivem durante dez anos, tendo filhos e educando-os no esconderijo, sempre oculto à argúcia dos funcionários romanos. Mas lá um dia, suspeitou-se de tanta viagem dela e, seguindo-a, deu-se com o esconderijo deles. Apesar de toda a dedicação dessa heroína do amor conjugal, Vespasiano não quis comover-se e dar final no caso. Mandou matar os dois, despachando-os juntos. A história foi registrada pelo filósofo grego Plutarco e, posteriormente, aparece como heroína na obra Os miseráveis, de Victor Hugo. Veja mais aqui.

OS COMPADRES CORCUNDASEra uma vez, dois compadres corcundas, um Rico outro Pobre. O povo do lugar vivia zombando da corcunda do Pobre e não reparava no Rico. A situação do Pobre, que era caçador, andava meio mal. Certo dia, sem conseguir caçar nada, já tardinha, sem querer voltar para casa, o Pobre resolveu dormir ali mesmo no mato. Quando já ia pegando no sono ouviu uma cantiga ao longe, como se muita gente cantasse ao mesmo tempo. Saiu andando e andando no rumo da cantiga que não parava. Depois de muito andar, chegou numa clareira iluminada pelo luar e viu uma roda de gente esquisita, vestida de diamantes que brilhavam com a lua. Velhos, rapazes, meninos, todos cantavam e dançavam de mãos dadas, o mesmo verso, sem mudar: – “Segunda, Terça-feira, Vai, vem! Segunda, Terça-feira, Vai, vem!” Tremendo de medo, escondeu-se numa moita e ficou assistindo aquela cantoria que era sempre a mesma durante horas e horas. Depois ficou mais calmo e foi se animando. E como era metido a improvisador, entrou no meio da cantoria entoando: – “Segunda, Terça-feira, Vai, vem! E Quarta e Quinta-feira, Meu, bem!” Imediatamente todos ficaram em silêncio, e o povo espalhou-se à procura de quem havia falado. Pegaram o corcunda e o levaram para o meio da roda. Um velhão, então, perguntou com voz delicada: – Foi você quem cantou o verso novo da cantiga? – Sim, fui eu, Senhor! – Quer vender o verso? – perguntou o Velhão. – Olha, meu senhor, não a vendo. Melhor, dou-lhes de presente, porque gostei demais do baile animado. O Velho achou graça e todo aquele povo esquisito riu também. – Pois bem – disse o Velhão – uma mão lava a outra. Em troca do verso eu te tiro essa corcunda e esse povo te dá um Bisaco novo! O Velho passou a mão nas costas do caçador Pobre e a corcunda , como numa mágica, sumiu. As pessoas lhe deram um Bisaco novo e disseram que ele deveria abrir somente quando o sol nascesse. O Caçador meteu-se na estrada e foi embora. Assim que o sol nasceu abriu o bisaco e o encontrou cheio de pedras preciosas e moedas de ouro. No outro dia comprou uma casa com todos os móveis, comprou uma roupa nova e foi à missa porque era domingo. Lá na igreja encontrou o compadre Rico, também corcunda. Ele quase caiu de costas, ficou muito surpreso com a mudança. Mais espantado ficou quando o compadre, antes pobre e agora rico, contou tudo que aconteceu ao compadre Rico. Cheio de ganância, o Rico resolveu arranjar ainda mais dinheiro e livrar-se da corcunda nas costas. Esperou uns dias e depois se meteu no meio do mato. Tanto fez que ouviu a cantoria e foi na direção da toada. Achou o povo esquisito dançando numa roda e cantando: – “Segunda, Terça-feira, Vai, vem! Quarta e quinta-feira, Meu, bem!” O Rico não se conteve. Abriu o par de queixos e foi logo berrando: – “Sexta, Sábado e Domingo, Também!” Como antes, todos ficaram em silêncio. O povo esquisito voou para cima do homem atrevido e o levaram para o meio da roda onde estava o Velhão. Esse gritou, furioso: – Quem mandou se meter onde não é chamado, seu corcunda besta? Você não sabe que gente encantada não quer saber de Sexta-Feira, dia em que morreu o filho do alto?! O corcunda Rico olhou sem reação e nada disse. O Velhão continuou exclamando em voz alta: – Gente encantada não quer saber de Sábado, o dia em que morreu o filho do pecado, e nem de Domingo, dia em que ressuscitou quem nunca morre! Não sabia disso? Pois fique sabendo! E para que não se esqueça da lição, leve a corcunda que deixaram aqui e suma-se da minha vista, senão acabo com seu couro! O Velhão passou a mão no peito do corcunda Rico e deixou ali a corcunda do compadre Pobre. Depois, deram uma carreira no homem, que ele não sabe como chegou em casa. E assim viveu o resto de sua vida: Rico, mas com duas corcundas, uma na frente e outra atrás. As corcundas tornaram-se seu fardo, para ele deixar de ser ambicioso. Extraído da obra Contos tradicionais do Brasil (Global, 2006), do historiador, antropólogo, advogado e jornalista Luís da Câmara Cascudo (1898-1986). Veja mais aqui.

A TEORIA CENTRADA NA PESSOA - O psicólogo norte-americano Carl Rogers (1902-1987), é o criador da abordagem psicoterapeuta Terapia Centrada na Pessoa e elaborou uma teoria da personalidade com base em único fator motivacional semelhante ao conceito de autorrealização de Maslow, não resultando do estudo de pessoas emocionalmente saudáveis, mas da aplicação da sua teoria nos seus pacientes dos centros de aconselhamento da universidade. Essa teoria expressa a visão de Rogers sobre a personalidade humana e a coloca na responsabilidade pela melhora na pessoa ou no paciente, não no terapeuta, assumindo que as pessoas seriam capazes, consciente e racionalmente, de mudar os próprios pensamentos e comportamentos do indesejável para o desejável. Não acredita no individuo permanentemente reprimido por forças inconscientes ou por experiência da infância. Para ele, a personalidade é moldada pelo presente e pela maneira como o individuo percebe a circunstância. A maior força motivadora da personalidade é o impulso para a realização do self. Embora essa anciã pela autorrealização seja inata, pode ser incentivada ou reprimida por experiências da infância e por aprendizagem. Por isso, enfatizava a importância da relação entre mãe e filho por ela afetar o senso de self em evolução da criança. Se a mãe satisfaz a necessidade de amor do bebê, que ele chamou de atenção positiva – o amor incondicional da mãe pelo bebê -, ele provavelmente terá uma personalidade saudável. Se a mãe condiciona o amor pelo filho a um comportamento adequado (atenção positiva condicional), ele internalizará essa sua atitude e desenvolverá condições de valor. Nesse caso a criança se sentirá valorizada somente sob determinadas condições e tentará evitar comportamentos considerados reprováveis. Consequentemente, a noção de si mesma não se desenvolverá plenamente. A criança não será capaz de expressar todos os aspectos de si própria porque aprendeu que alguns desses comportamentos produzem rejeição. Desse modo, o principal requisito para o desenvolvimento da saúde psicológica é a atenção positiva incondicional na infância. A autorrealização consiste no mais alto nível da saúde psicológica, uma vez que as pessoas plenamente funcionais ou psicologicamente saudáveis apresentam características como mente aberta para aceitar qualquer tipo de experiência e de novidades, tendência a viver plenamente cada momento, capacidade para se orientar pelos próprios instintos e não pelas opiniões ou razões de outras pessoas, senso de liberdade em pensamento e ação, algo grau de criatividade e a necessidade continua de maximizar seu potencial. Ele descrevia as pessoas plenamente funcionais como sendo realizadas e não realizadas, para indicar que a evolução do self está em constante andamento. Essa ênfase está assentada na espontaneidade, na flexibilidade e na capacidade continua de crescimento. O CAMPO DA EXPERIÊNCIA – Há um campo de experiência único para cada individuo, este campo de experiência ou campo fenomenal contém tudo o que se passa no organismo em qualquer momento e que está potencialmente disponível à consciência. Inclui eventos, percepções, sensações e impactos dos quais a pessoa não toma consciência, mas poderia tornar se focalizasse a atenção nesses estímulos. É um mundo privativo e pessoal que pode ou não corresponder à realidade objetiva. Dentro do campo de experiência está o self que é uma gestalt organizada e consistente num processo constante de formar-se e reformar-se à medida que as situações mudam. O sel ideal é o conjunto das características que o individuo mais gostaria de poder reclamar como descritivas de si mesmo. Assim como o self, ele é uma estrutura móvel e variável que passa por redefinição constantemente. A congruência é definida como o grau de exatidão entre a experiência da comunicação e a tomada de consciência. Ela se relaciona às discrepâncias entre experienciar e tomar consciência. A incongruência ocorre quando há diferença entre a tomada de consciência, a experiência e a comunicação desta, sendo definida como habilidade de perceber com precisão e ao mesmo tempo como inabilidade ou incapacidade de comunicação precisa. As forças positivas em direção à saúde e ao crescimento são naturais e inerentes ao organismo.  Uma vez que todos os indivíduos possuem a capacidade de experienciar e de se tornarem consciente de seus desajustamentos. Comportamentos ou atitudes que negam algum aspecto do self são chamados de condições de valor. A personalidade e a identidade são uma gestalt continua. O valor dos relacionamentos é de interesse central porque a interação com o outro capacita um individuo a descobrir, encobrir, experienciar ou encontrar seu self real de forma direta. O casamento é um relacionamento não usual, é potencialmente de longo prazo, intensivo e carrega dentro de si possibilidade de manutenção do crescimento e do desenvolvimento, seguindo as mesmas leis que mantêm a verdade dos grupos de encontro, da terapia e de outros relacionamentos: dedicação e compromisso; comunicação-expressão de sentimentos; não aceitação de papéis; e tornar-se um self separado. O individuo saudável toma consciência de suas emoções, sejam ou não expressas. Sentimentos negados à consciência distorcem a percepção de e a reação às experiências que os desencadearam. As três maneiras de conhecer, de verificar hipóteses acessíveis ao individuo psicologicamente maduro é o conhecimento subjetivo que é o discernimento entre amar e odiar, entender e apreciar uma pessoa, uma experiência ou um evento; o conhecimento objetivo é uma forma de testar hipóteses, especulações e conjeturas em relação a sistemas de referência externos; o conhecimento interpessoal ou conhecimento fenomenológico que é a essência da terapia centrada no cliente: uma prática da compreensão empática. Veja mais aqui.
REFERÊNCIAS
ATKINSON, Richard; HILGARD, Ernest; ATKINSON, Rita; BEM, Daryl; HOEKSENA, Susan. Introdução à Psicologia. São Paulo: Cengage, 2011.
DAVIDOFF, Linda. Introdução à Psicologia. São Paulo: Pearson Makron Books, 2001.
FADIMAN, James; FRAGER, Robert. Teorias da personalidade. São Paulo: Harbra, 2002.
GAZZANIGA, Michael; HEATHERTON, Todd. Ciência psicológica: mente, cérebro e comportamento. Porto Alegre: Artmed, 2005.
MORRIS, Charles; MAISTO, Alberto. Introdução à psicologia. São Paulo: Pretence Hall, 2004.
MYERS, David. Psicologia. Rio de Janeiro: LTC, 2006.
SCHULTZ, Duane; SCHULTZ, Sydney. Historia da psicologia moderna.São Paulo: Cengage Learning, 2012.

A COMADRE - O veraneio terminou mal. A ideia dos dois casais amigos, amigos de muitos anos, de alugarem uma casa juntos deu errado. Tudo por culpa do comentário que o Itaborá fez ao ver Mirna, a comadre Mirna, de biquíni fio dental pela primeira vez. Nem tinha sido um comentário. Mas um som indefinido. – Omnahnmon! Aquilo pegara mal. A própria Mirna sorria sem jeito. O compadre Adélio fechara a cara, mas decidira deixar passar. Afinal era o primeiro dia dos quatro na praia, criar um caso naquela hora estragaria tudo. Eram amigos demais para que um simples deslize – o som fora involuntário, isto era claro – acabasse com tudo. E, ainda por cima, a casa já estava paga por um mês. Naquela noite, no quarto, a Isamar pediu satisfação ao marido. – Pô, Itaborá. Qual é? – Não pude controlar, puxa. – Na cara do Adélio! – Eu sei. Foi chato. Mas saiu. Que eu posso fazer? – Nós conhecemos a Mirna e o Adélio há o quê? Quase dez anos. – Mas eu nunca tinha visto a bunda da Mirna. – Ora, Itá! – Não entende? A gente pode conviver com uma pessoa dez, vinte anos, e ainda se surpreender com ela. A bunda de Mirna me surpreendeu, é isso. Me pegou desprevenido. – Vai dizer que você nunca nem imaginou como era? – Nunca. Juro. Nem me passou pela cabeça. E de repente estava ali, toda. Toda ali. – Pois vê se te controla. Pelo resto do veraneio o Itaborá fez questão de nem olhar para o fio dental da comadre. Quando os quatro iam para a praia, se apressava para caminhar na frente. Se por acaso as nádegas da comadre passassem pelo seu campo de visão, olhava para o alto, tapava o rosto com o jornal, assobiava. Um dia, o Itaborá e o Adélio sentados no quintal, a Mirna recém-servira a caipirinha, de biquíni, e se dirigia de volta para casa, e o Itaborá suspirou. – O que foi – perguntou o Adélio, agressivo. – Essa política econômica – disse o Itaborá. – Sei não. Não levo fé. – Ah – disse o Adélio. Até o fim do veraneio ficou aquela coisa chata entre os quatro. O Itaborá não podia tossir que todos olhavam, desconfiados. Extraído da obra O marido do doutor Pompeu (Circulo do Livro, 1987), do escritor, cartunista, tradutor, roteirista e autor teatral Luis Fernando Veríssimo. Veja mais aqui.

TAREFA - Morder o fruto amargo e não cuspir / mas avisar aos outros quanto é amargo, / cumprir o trato injusto e não falhar / mas avisar aos outros quanto é injusto, / sofrer o esquema falso e não ceder / mas avisar aos outros quanto é falso; / dizer também que são coisas mutáveis... / E quando em muitos a noção pulsar / — do amargo e injusto e falso por mudar — / então confiar à gente exausta o plano / de um mundo novo e muito mais humano. Extraído da obra Tarefa (Civlização Brasileira/Massao Ohno/INL, 1981), do escritor, jornalista e tradutor Geir Campos (1924-1999).


Seleção art by Ísis Nefelibata



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