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domingo, junho 19, 2016

ASCENSO, WALTER BENJAMIM, CHICO BUARQUE, NORA DORIAN, CACCIAPUOTI, BRUNELLESCHI & CINEMA BRASILEIRO



É DOMINGO NAS MÃOS – (Imagem: acervo LAM) - Dê-me a sua mão, as minhas são suas e faço delas a cuia pra gente beber água juntos. Vamos de mãos dadas, eu lhe trago flores, acordes de cordas ou teclas, um solo ao piano, uma pincelada na tela desenhando cantigas que emanam do coração. Vamos de mãos dadas semear os campos e colher da plantação o fruto da propícia estação. Vamos saber se é quente ou frio, se áspero ou liso, se viscoso, se grosso ou fino na qualidade dos tecidos, a dimensão dos sólidos, a textura de tudo. E no almoço ou na ceia puxo a cadeira por cortesia, aperto a da amiga e a do amigo, saúdo a todos ou faço discurseira, aliso a pele em sinais de afago ou afeto, roço a carne em sinal de carícia e pego com força em resposta à sedução, vasculhando inquieto por baixo das vestes em toda intimidade a descobri-la maior que o planeta. E bato nas costas abraçado, aliso o cabelo, estalo os dedos tagarelas e abro caminho, tenho as rédeas ou simplesmente agito diabolicamente pra tirar proveito da ocasião provocativa. E se falo pelos cotovelos dou ênfase na gesticulação, tudo tinindo ao polegar pra quem mais quiser – exceto no Oriente Médio onde é gesto obsceno. Ou em riste, atenção! Preste bem atenção! Belisco se negligenciar, seguro firme e mexemos a comida e a colher, o garfo à boca, o cigarro ou cachimbo, copo ou garrafa. Acendemos a luz e aponto com o fura-bolo praquilo que chamo atenção – dizem que é falta de educação. Se em situação aversiva, o maior-de-todos pro que desgosto ou reprovo até mandar tomar na tarraqueta. Do contrário, um sinal de Shaka, ou levo aos bolsos tímidos, espanto tudo, tanjo pra lá. Senão, lá vai figa, até pra quem um tantinho tem só um mindinho. Se estão soltas, brincamos de tudo e chamo o distante que já vem, ou aceno de adeus e já vou. Espalmo em riste a mandar parar, guarda-chuva pra não se molhar, rebato a bola, chapinho nas águas, atiro pedras, limpo as vistas e aparo nos olhos o Sol que incendeia. Com sono, levo à boca até quando espanto, faço soar o sino, conto até dez, identifico quantidades. Impaciente, assento os óculos no cotoco da venta, corro a lista e as entrelinhas no livro. Às pressas, vou ao corrimão, meço tamanhos e distâncias, dirijo o leme ou volante, paraí seu táxi, peraí condução. Quando saímos, carrego encomendas, tudo pesado na festa das sacolas. Quando fica difícil coço a orelha e o cocuruto– eita coceirinha desgramada –, pro alto rendido no imprevisto ou aplaudindo com as chicólatras. Ah, leio em Braille, teclo mensagens, digito texto das tripas coração, escrevo cartas e sou só paixão. Se vamos ao trabalho, as unhas cavando o chão, tiro leite das pedras, ordenha de vacas no curral, pego frutas no quintal. No outro expediente dou marteladas, manejo a tesoura, fabrico artefatos, manuseio brebotes e espremo as horas e o serviço com punho cerrado pro pugilato, ou espalmada pro karatê, ocupação em ofício de manufatura, traçando ferramentas, mecanismos, processos. Chegamos em casa já tarde da noite, viro a chave, puxo o trinco, abro a porta. É hora de descanso, agito a percussão ou seguro o queixo, assôo o nariz, bato punheta pra aprumar na inheta. Enfim, dou de paz e amor paratodos. E de mãos dadas somos das falanges aos tendões o carpo e o metacarpo entre mamíferos primatas e bípedes, a função dos quirodáctilos diante da dialética pé-mã0-cérebro de Morin, quando sabemos nossa identidade nas impressões digitais e nos perdemos nos caminhos das linhas até dar fé de Drummond: tenho apenas duas mãos e o sentimento do mundo. E com as duas juntas, prostrados em reverência ou firmando vitória, empunhamos o archote da vida na comunhão do amor. © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja mais aqui.


Imagem: a arte do pintor italiano Giuseppe Cacciapuoti.

O QUE SERÁ (À FLOR DA PELE)
Imagem: Under my skin, by Nora Dorian.
O que será que me dá / Que me bole por dentro, será que me dá / Que brota à flor da pele, será que me dá / E que me sobe às faces e me faz corar / E que me salta aos olhos a me atraiçoar / E que me aperta o peito e me faz confessar / O que não tem mais jeito de dissimular / E que nem é direito ninguém recusar / E que me faz mendigo, me faz suplicar / O que não tem medida, nem nunca terá / O que não tem remédio, nem nunca terá / O que não tem receita.
O que será que será / Que dá dentro da gente e que não devia / Que desacata a gente, que é revelia / Que é feito uma aguardente que não sacia / Que é feito estar doente de uma folia / Que nem dez mandamentos vão conciliar / Nem todos os unguentos vão aliviar / Nem todos os quebrantos, toda alquimia / Que nem todos os santos, será que será / O que não tem descanso, nem nunca terá / O que não tem cansaço, nem nunca terá / O que não tem limite.
O que será que me dá / Que me queima por dentro, será que me dá / Que me perturba o sono, será que me dá / Que todos os tremores me vêm agitar / Que todos os ardores me vêm atiçar / Que todos os suores me vêm encharcar / Que todos os meus nervos estão a rogar / Que todos os meus órgãos estão a clamar / E uma aflição medonha me faz implorar / O que não tem vergonha, nem nunca terá / O que não tem governo, nem nunca terá / O que não tem juízo.
O que será (à flor da pele), de Chico Buarque. Veja mais aqui, aqui, aqui e aqui.
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PESQUISA

Enciclopédia do cinema brasileiro (Senac, 2000), organizado por Fernão Ramos e Luiz Felipe Miranda, trazendo verbetes sobre a produção cinematográfica nacional. Veja mais aqui, aqui e aqui.

LEITURA 
- Mas D. Nina,
aquilo que é o tal de cinema?
O homem saiu atrás da moça,
pega aqui, pega acolá,
pega aqui, pega acolá,
até que pegou-la.
Pegou-la e sustentou-la!
Danou-lhe beijo,
danou-lhe beijo!…
Depois entram pra dentro dum quarto!
Fêz-se aquela escuridão
e só se via o lençol bulindo…
…………………………………….
- Me diga uma coisa, D. Nina:
isso presta pra moça ver?
(Cinema, do livro Poemas de Ascenso Ferreira, Nordestal, 1981). Veja mais aqui e aqui.

PENSAMENTO DO DIA:

[...] Para o homem hodierno, a imagem do real fornecida pelo cinema é infinitamente mais significativa, pois se ela atinge esse aspecto das coisas que escapa a qualquer instrumento – o que se trata de exigência legítima de toda obra de arte – ela só consegue exatemente porque utiliza instrumentos destinados a penetrar, do modo mais insensivo, no coração da realidade. [...].
Trecho do livro A obra de arte na época de suas técnicas de reprodução (Abril Cultural, 1980), o filósofo, sociólogo, ensaísta e crítico literário alemão Walter Benjamim (1892-1940). Veja mais aqui, aqui, aqui, aqui e aqui.

IMAGEM DO DIA

Dia do Cinema Brasileiro.

Veja mais sobre Doro & o Big Shit Bôbras, Salman Rushdie, Ludwig Uhland, Paul McCartney, Blaise Pascal, Andre Derain, Ridley Scott, Sean Young, Paulina Bonaparte & Venus Victrix, Antonio Canova & Cesar Obeid aqui.

CRÔNICA DE AMOR POR ELA
Imagem: The erotic line, do artista plástico Umberto Brunelleschi.
Veja aqui e aqui.

CANTARAU: VAMOS APRUMAR A CONVERSA
Recital Musical Tataritaritatá.
Veja aqui.

segunda-feira, julho 21, 2014

EEVA-LIISA MANNER, SELENA KITT, JULIANNE DAVIDOW & TIA MARIA!...

 


SALVE TIA MARIA!... – A negra feiticeira era temida. Tia Maria era uma mulher madura cuja fama corria longe! Tornou-se vivandeira que idosa engajou-se à Coluna Prestes a partir de São Paulo, percorrendo milhares de quilômetros pelos sertões do Brasil, por 13 estados brasileiros. Por essa ação ela julgava combater a injustiça e as desigualdades sociais. Era a cozinheira dedicada no destacamento de Juarez Távora. Passou privações, combateu, dividia tarefas, integrou marcha armada e os confrontos. Ao lado dela a valente enfermeira austríaca Hermínia, a brava enfermeira alemã Elza Schimidk, a combatente aguerrida Alzira generala rebelde, a destemida amazona Santa Rosa que pariu seu filho em combate; a espevitada mulata Onça; a belíssima Albertina que foi estuprada e degolada brutalmente pelos soldados governistas; a Cara de Macaca, a Isabel-Pisca-Pisca, a Chiquinha, Anna Alice, Maria Emília, Tia Manoela Gorda, Ai Jesus, Etelvina, Cândida, Eufrázia, Ernestina, Emília Dias, Chuvinha, Xatuca, Ernestina, Lamparina, Gaúcha, Amália, Letícia, Maria Revoltosa e Ótima, todas apaixonadas pela causa e corajosas livres, donas de si. Era ela que protegia a Coluna, diziam unanimemente. Até os soldados legalistas acusavam-na de terrível feiticeira! Tanto é que em um sangrento combate em Piancó, na Paraíba, junto com outros combatentes extraviados, foi presa e barbaramente assassinada, padeceu nas mãos dos inimigos, uma morte com requinte de crueldade: separada dos demais por causa dos seus supostos poderes mágicos de usar a força dos mortos para garantir a vida dos vivos, ela foi levada ao cemitério para ser executada. Foi torturada e obrigada a cavar a própria cova. Depois esfaqueada para se tornar uma real lenda. Veja mais aqui, aqui e aqui.

 


DITOS & DESDITOS - É hora de seguir em frente e focar nas coisas que negligenciamos: arte, beleza e a união do humanismo e da religião. Recomendo ao leitor que leia o livro com atenção. pense nas palavras que você lê e reserve um tempo com as imagens. existe aqui a possibilidade de uma nova vida, de encontrar uma saída para as filosofias desumanizantes que controlam o nosso mundo. Pensamento do psicoterapeuta estadunidense Thomas Moore, autor da obra: Cuidado da Alma: Um Guia para Cultivar Profundidade e Sagrado na Vida Cotidiana.

 

ALGUÉM FALOU: O desejo erótico é na verdade um desejo de fundir-se com algo maior do que você mesmo. Pois todo tipo de amor é uma força que contém a promessa de nos levar além das limitações de nossas vidas individuais. Pensamento da escritora e professora estadunidense Julianne Davidow.

 

A VERDADE – [...] a verdade não existe fora do poder ou sem poder [...]. A verdade é deste mundo; ela é produzida nele graças a múltiplas coerções e nele produz efeitos regulamentados de poder [...]. Trechos extraídos da obra Microfísica do poder (Graal, 1979), do filósofo, historiador, filólogo, teórico social e crítico literário francês Michel Foucault (1926-1984). Veja mais aqui e aqui.

 

A REUNIÃO - [...] Ela tinha um gosto doce, como laranja, sol líquido em minha boca enquanto nos beijávamos, nossas línguas brincando juntas. [...] Ficamos assim por um tempo, respirando juntos, observando as sombras tremulando nas paredes e nos rostos uns dos outros. Ela brincou com uma mecha molhada do meu cabelo, enrolando-a no dedo. Deveria ter sido estranho, mas de alguma forma não foi. Senti algo se movendo entre nós, como luz ou calor, crescendo a cada respiração. [...]. Trechos extraídos da obra A Baumgartner Reunion (Createspace Independent, 2009), da escritora estadunindense Selena Kitt, que na sua antologia fumegante expressou: O desejo não quer exposição, nem luz nem sol. A luxúria busca a escuridão, um calor profundo e secreto, algo enterrado, um tesouro a ser encontrado.

 

POEMAS - A CIDADE - Como as casas ascenderam nesta cidade, \ os abismos se aprofundaram, a água escureceu, \ logo estará rastejando pelas ruas.\ As grades estão enferrujadas, \ o lençol freático está subindo, \ os porões estão afundando.\ O medo está a aumentar, ou a ser encoberto \ por trás de uma discrição estrangulada, \ de surtos de criminalidade.\ Teremos que ir para os barcos, \ vocês não ouvem a agitação da água, \ ir para os barcos e esquecer os chapéus.\ Ou se você mergulhar, oh, corajosamente, \ leve a palavra \ para o outro lado das luzes de socorro. II - Meu quarto, com cheiro de floresta, \ fica cada vez mais vermelho \ com o sol poente.\ O coração das paredes de sequóia está escurecendo, \ a luz difratada está fria.\ A noite é vermelha e velha \ como um espectro de ferro. III - Se a dor fumegasse, \ a fumaça envolveria a terra. \ No entanto, sob esta dor há fogo, \ meu coração que queima, queima \ e não queima. IV - E agora coloque gelo na sua música. \ Isso se transformará em matemática. \ Coloque gelo na sua música agora. V - Abro-o à luz de um lampião – \ um livro amarelado que cheira a grama e mofo.\ Folheando as páginas, um som de chuva \ e uma leve brisa atravessa\ de página em página de um campo de batalha. \ A fumaça do cartucho se espalha como relógios de dente-de-leão.\ alvoroço. Silêncio. Muitos cavalos estão vagando \ e homens sem cavalos. Através de frestas nas venezianas\ sons e cheiros camponeses. Os gritos da andorinha. \ Anis, salsa bovina. Papoula, relógios de dente de leão\ e cartuchos nas páginas de um livro. \ O círculo de luz suave da lâmpada investe em um campo de sangue. Poemas da poeta, dramaturga e tradutora finlandesa Eeva-Liisa Manner (1921- 1995), que sobre a guerra de sua infância, ela expressou: Os anos de guerra obscureceram minha juventude. Eu tinha dezassete anos quando os aviões russos começaram a bombardear a minha cidade natal, Wiborg, em 30 de Novembro de 1939, danificando-a gravemente. No armistício, Wiborg teve de ser cedida, permaneceu atrás da fronteira – uma fonte inesgotável de nostalgia para quem tinha um gosto felino e perseverante pela propriedade rural. Mesmo aos dez anos de idade, tive sonhos arrepiantes sobre a destruição de Wiborg e, desde então, tenho sido assombrado por reflexões sobre a natureza e o mistério do tempo. Acredito que temos uma falsa concepção do tempo; tudo já aconteceu em algum lugar de uma dimensão desconhecida.

 



PHILIPPE ARIÈS – O historiador e filósofo francês Philippe Ariès (1914-1984), em seu livro História social da criança e da família, defendendo que a etapa da infância é aquela que compreende o processo de formação biológica da criança que se encontra suscetível à socialização e que, por isso, para essa criança são necessários cuidados especiais. As suas ideias de realizar uma abordagem histórica acerca do tratamento dado à criança desde tempos mais remotos, promoveu uma nova ótica para a educação infantil, organizando-se o entendimento acerca da criança, a partir da identificação da classificação da criança-adulto ou infância negada, a criança-filho-aluno ou criança institucionalizada e a criança-sujeito social ou sujeito de direitos. Tais entendimentos levaram a necessidade de compreensão do ser a criança como um sujeito social, redesenhando a educação infantil com o compromisso da escola e da família. Veja mais aquiaqui.


Imagem: Nu, do pintor tcheco Emil Orlik (1870-1932)

Ouvindo o Concerto For Piano, Violin, Cello & Orchestra In C Major Op.56 'Thriple Concerto, de Ludwig Van Beethoven (1770 – 1827), com o violino de Isaac Stern (1920 – 2001), piano de Emanuel Ax e regência de Michael Stern com a London Symphony Orchestra (1992).

A OBRA DE ARTE NA ERA DA SUA REPRODUTIVIDADE TÉCNICA, DE WALTER BENJAMIN - [...] No interior de grandes períodos históricos, a forma de percepção das coletividades humanas se transforma ao mesmo que seu modo de existência. O modo pelo qual se organiza a percepção humana, o meio em que ela se dá, não é apenas condicionado naturalmente, mas também historicamente. A época das invasões dos bárbaros, durante a qual surgiram as indústrias artísticas do Baixo Império Romano e a Gênese de Viena, não tinha apenas uma arte diferente da que caracterizava o período clássico, mas também uma outra forma de percepção. Os grandes estudiosos da escola vienense, Riegl Wickhoff, que se revoltaram contra o peso da tradição classicista, sob o qual aquela arte tinha sido soterrada, foram primeiros a tentar extrair dessa arte algumas conclusões sob a organização da percepção nas épocas em que ela estava e vigor. [...] Em suma, o que é a aura? É uma figura singular, composta de elementos espaciais e temporais: a aparição única de uma coisa distante por mais perto que ela esteja. Observar, em repouso, numa tarde de verão, uma cadeia de montanhas no horizonte, ou um galho, que projeta sua sombra sobre nós, significa respirar a aura dessas montanhas, desse galho. Graças a essa definição, é fácil identificar os fatores sociais específicos que condicionam o declínio atual da aura. Ela deriva de duas circunstâncias, estreitamente ligadas à crescente difusão e intensidade dos movimentos de massas. Fazer as coisas "ficarem mais próximas" é uma preocupação tão apaixonada das massas modernas como sua tendência a superar o caráter único de todos os fatos através da sua reprodutibilidade. Cada dia fica mais irresistível a necessidade de possuir o objeto, de tão perto quanto possível, na imagem, ou antes, na sua cópia, na sua reprodução. Cada dia fica mais nítido a diferença entre a reprodução, como ela nos é oferecida pelas revistas ilustradas e pelas atualidades cinematográficas, e a imagem. Nesta, a unidade e a durabilidade se associam tão intimamente como, na reprodução, a transitoriedade e a repetibilidade. Retirar o objeto do seu invólucro, destruir sua aura, é a característica de uma forma de percepção cuja capacidade de captar "o semelhante no mundo” é tão aguda, que graças à reprodução ela consegue captá-lo até no fenômeno único. Assim se manifesta na esfera sensorial a tendência que na esfera teórica explica a importância crescente da estatística. Orientar a realidade em função das massas e as massas em função da realidade é um processo de imenso alcance, tanto para o pensamento como para a intuição. [...] Uma das tarefas mais importantes da arte foi sempre a de gerar uma demanda cujo atendimento integral só poderia produzir-se mais tarde. A história de toda forma de arte conhece épocas críticas em que essa forma aspira a efeitos que só podem concretizar-se sem esforço num novo estágio técnico, isto é, -numa nova forma de arte. As extravagâncias e grosserias artísticas daí resultantes e que se manifestam sobretudo nas chamadas "épocas de decadência" derivam, na verdade, do seu campo de forças historicamente mais rico. Ultimamente, foi o dadaísmo que se alegrou com tais barbarismos. Sua impulsão profunda só agora pode ser identificada: o dadaísmo tentou produzir através da pintura (ou da literatura) os efeitos que o público procura hoje no cinema. [...] A massa é a matriz da qual emana, no momento atual, toda uma atitude nova com relação à obra de arte. A quantidade converteu-se em qualidade. O número substancialmente maior de participantes produziu um novo modo de participação. O fato de que esse modo tenha se apresentado inicialmente sob uma forma desacreditada não deve induzir em erro o observador. Afirma-se que as massas procuram na obra de arte distração, enquanto o conhecedor a aborda com recolhimento. Para as massas, a obra de arte seria objeto de diversão, e para o conhecedor, objeto de devoção. Vejamos mais de perto essa crítica. A distração e o recolhimento representam um contraste que pode ser assim formulado: quem se recolhe diante de urna obra de arte mergulha dentro dela e nela se dissolve, como ocorreu com um pintor chinês, segundo a lenda, ao terminar seu quadro. A massa distraída, pelo contrário, faz a obra de arte mergulhar em si, envolve-a com o ritmo de suas vagas, absorve-a em seu fluxo. O exemplo mais evidente é a arquitetura. Desde o início, a arquitetura foi o protótipo de uma obra de arte cuja recepção se dá coletivamente, segundo o critério da dispersão. As leis de sua recepção são extremamente instrutivas. [...] A crescente proletarização dos homens contemporâneos e a crescente massificação são dois lados do mesmo processo. O fascismo tenta organizar as massas proletárias recém-surgidas sem alterar as relações de produção e propriedade que tais massas tendem a abolir. Ele vê sua salvação no fato de permitir às massas a expressão de sua natureza, mas certamente não a dos seus direitos. Deve-se observar aqui, especialmente se pensarmos nas atualidades cinematográficas, cuja significação propagandística não pode ser superestimada, que a reprodução em massa corresponde de perto à reprodução das massas. Nos grandes desfiles, nos comícios gigantescos, nos espetáculos esportivos e guerreiros, todos captados pelos aparelhos de filmagem e gravação, a massa vê o seu próprio rosto. Esse processo, cujo alcance é inútil enfatizar, está estreitamente ligado ao desenvolvimento das técnicas de reprodução e registro. De modo geral, o aparelho apreende os movimentos de massas mais claramente que o olho humano. Multidões de milhares de pessoas podem ser captadas mais exatamente numa perspectiva a voo de pássaro. E, ainda que essa perspectiva seja tão acessível ao olhar quanto à objetiva, a imagem que se oferece ao olhar não pode ser ampliada, como a que se oferece ao aparelho. Isso significa que os movimentos de massa e em primeira instância a guerra constituem uma forma do comportamento humano especialmente adaptada ao aparelho. As massas têm o direito de exigir a mudança das relações de propriedade; o Fascismo permite que elas se exprimam conservando, ao mesmo tempo, essas relações. Ele desemboca, consequentemente, na estetização da vida política. [...] É a forma mais perfeita do  art pour l'art. Na época de Homero, a Humanidade oferecia-se em espetáculo aos deuses olímpicos agora, ela se transforma em espetáculo para si mesma. Sua auto-alienação atingiu o ponto que lhe permite viver sua própria destruição como uni prazer estético de primeira ordem. Eis a estetização da política, como a pratica o fascismo. O comunismo responde com a politização da arte. A OBRA DE ARTE NA ERA DA SUA REPRODUTIVIDADE TÉCNICA – O livro A obra de arte na era da sua reprodutividade técnica, do filósofo, sociólogo ensaísta, critico literário e tradutor judeu alemão, Walter Benjamin (1892-1940), é um ensaio que foi publicado em 1936, tratando da reprodutibilidade técnica, autenticidade, destruição da aura, ritual e política, valor de culto e valor de exposição, fotografia. valor de eternidade, fotografia e cinema como arte, cinema e teste, o intérprete cinematográfico, exposição perante a massa, exigência de ser filmado, pintor e cinegrafista, recepção dos quadros, camundongo Mickey, Dadaísmo, recepção tátil e recepção ótica e estética da guerra. Foi produzido em um esforço para descrever uma teoria materialista da arte, que seria "útil para a formulação das exigências revolucionárias na política da arte", fazendo uma comparação entre teatro e cinema, fotografia e pintura, de como a aura foi deturpada ao longo dos anos e de como a existência parasitária no ritual foi perdendo-se com a ideologia burguesa. Veja mais aqui, aqui, aqui, aqui e aqui.

REFERÊNCIA
BENJAMIN, Walter. A obra de arte na era da sua reprodutividade técnica. São Paulo: Abril Cultural, 1980.

NEUSOPSICOLOGIA HOJE – O livro Neuropsicologia hoje, organizado por Vivian Maria Andrade, Flavia Heloisa dos Santos e Orlando F. A. Bueno, aborda acerca dos aspectos instrumentais e metodológicos da avaliação psicológica, bases estruturais do sistema nervoso, conceito de inteligência, atenção, neurobiologia da atenção visual, funções executivas, memória e amnésia, neurobiologia da linguagem, neuropsicologia do desenvolvimento, memória operacional e estratégias de memória, avaliação neuropsicológica infantil, reabilitação cognitiva pediátrica, epilepsia, avalia neuropsicológica em traumatismo craniencefálico, aspectos cognitivos da esclerose múltipla, modelo de reabilitação e atendimento interdisciplinar, Doença de Parkinson e seus aspectos neuropsicológicos, aspectos neuropsícológicos associados ao uso de cocaína, envelhecimento e memória, avaliação e reabilitação neuropsicológica no idoso e redução da assimetria hemisférica em adultos mais velhos sob a perspectiva do modelo Harold, entre outros temas. REFERÊNCIA: ANDRADE, Vivian; SANTOS, Flavia; BUENO, Orlado (Orgs.). Neuropsicologia hoje. Porto Alegre: Artmed, 2004. Veja mais aqui e aqui.

EDUCAÇÃO SEXUAL - a obra Educação sexual em 8 lições: como orientar da infância à adolescência – um guia para professores e pais, da sexóloga Laura Miller, abordando o tema sexualidade de forma franca, aberta e esclarecedora, com base nos livros, colunas e textos para jornais, revistas e internet, e como psicóloga clínica com atendimento a jovens, adultos, casais e famílias em seu consultório particular em São Paulo. MILLER, Laura. Educação sexual em 8 lições: como orientar da infância à adolescência – um guia para professores e pais. São Paulo Academia do Livro, 2013. Veja mais aqui, aqui, aqui e aqui.



RUY JOBIM NETO - O autor teatral, roteirista, cartunista e blogueiro Ruy Jobim Neto tem um currículo invejável. Para começar é formado em cinema pela ECA/USP. É o criador do personagem Cão Jarbas (1989). É autor do livro Na Tigela com Jarbas (2002) e das revistas bimestrais Brincadeiras do Jarbas, lançadas em novembro de 1996. Também autor dos temas Santos Dumont, Zumbi, Guararapes e O padre do voador da coleção Heróis do Brasil. No teatro, entre outras tantas, é autor das peças teatrais Virgens à deriva (2007), Ao primeiro que viu a maré (que em 2011 foi traduzida e encenada em Londres), a premiada Do claustro (2008), Sobre o teu corpo duvidei (2008), Andares acima (2008), De eterno flerte, adoro ver-te (2008), Bem longe da Traçalândia (2009), Lourenço (2009), Dois para o saguão (2009) e lá vai mais um bocado. No cinema, roteiro e direção do filme Horário de meu verão (2010), curta-metragem Hyppólita (2011), roteiro e direção do O dia D E. J. Carvalho (2012), Alguém para conversar contigo quando anoitecer (2012), Todo dia é dia de ator (2012), Legendas (2013) e Barcos da Terra (2013) e deve ter mais. Além de tudo isso é integrante da Cia Mestremundo de Histórias, ministra aulas de Histórias em Quadrinhos, oficinas culturais, interpretação para locução de rádio, escreve crítica de cinema e vídeo, participou do Salão de Humor de Piracicaba, já contracenou com o ator Cláudio Mamberti, foi indicado como melhor ator coadjuvante no Mapa Cultural Paulista de 1995, pela participação no elenco O enigma dos Turins, edita quatro excelentes blog na rede e, acima de tudo, é um cara arretado! Pronto. O objetivo desse registro aqui é aplaudir de pé o trabalho desse grande artista. Abração amigo Ruy, sucesso procê!

Ouvindo Just like a woman, do Bob Dylan, na sensualíssima voz da Charlotte Gainsbourg

CHARLOTTE GAINSBOURG – Quem já teve a oportunidade de ouvir ou ver a maravilhosa arte da cantora e atriz francesa Charlotte Gainsbourg, sabe o que eu quero dizer. O primeiro deles La tentation d'Isabelle, do diretor Jacques Doillon (1985), depois Anna Oz, do diretor Eric Rochant (1996), Ma femme est une actrice dirigido por Yvan Attal (2001), entre muitos outros. Mas o destaque aqui vai para o provocador e encantador filme Nymphomaniac (2014), do cineasta dinamarquês Lars Von Trier, em que ela protagoniza de forma exuberante e provocadora toda trama proposta na busca por algo e carregado de um tema tabu, exigindo que se assista completamente despido de moralismo ou preconceito.


MARCO LEAL – O meu primeiro contato com o trabalho musical com o cantor e compositor Marco Leal foi no Clube Caiubi de Compositores, o espaço mais democrático da música brasileira. Dele recebi o sei cd Namoradeira que curti bastante, destacando as faixas Festa de São João e O samba do morro. Parabéns, amigo Marco Leal, sucesso procê!!!


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