O AMOR AMANHECIA E ERA A VIDA... “Navegar é preciso,
viver não é preciso...”. - O meu sonho nascia na vigília. A minha lucidez já era pura alucinação
no meio do meio dia: a metafísica de Pessoa, de nada, o onírico. Desde menino
meus olhos entressonhavam como se Galileu investigasse os céus para me projetar
feito Archytas. E o passarinho ali parou de cantar para se rir do meu pombo
mecânico: alçar voo para sair gritando como Arquimedes a descoberta da
flutuação dos objetos: Heureka! E quem era eu voando na pipa chinesa de Roger
Bacon, pelo campo atmosférico até chegar à troposfera viajando na carruagem
aérea do rei Supama. O passarinho mais se ria... E era porque eu mais devaneava
como se alcançasse a estratosfera nos veículos aéreos do Ramayana e me sentia
pelas alturas como Ramado do Sri Lanka até Ayodhaya, pousando em Uttakosala. E
depois pela mesosfera na viagem espacial de Arjuna para alcançar a cidade de
Kuvera. E dali, ao contrário de João de Almeida Torto, com o voo de Mirita até
a exosfera para nunca mais voltar. Fiz tudo isso sem sair do lugar. Ao meu lado
não era o Passarim de Jobim, mas uma
simples ave canora que, ao seu modo, insinuou que a minha cabeça era o vento no
ninho das quimeras. Era a minha vez de sorrir, realmente, minhas orelhas são asa-delta,
então. Sabia: entre onde eu vivo e a galáxia não há distância. Ansiava por alturas sem nunca ignorar o conselho de
Dédado, eis a diferença. Como quem vai pelas nuvens, me fiz Exupéry: “Nós
não pedimos para ser eternos, mas apenas para não ver os atos e as coisas
perderem subitamente seu sentido. O vazio que nos rodeia faz-se então sentir”.
Divagava feito Leonardo da Vinci no seu ornithopter:
“depois que alguém voa, passa o resto dos seus dias olhando pra cima
querendo voltar pra lá”. Quantas vezes não fui Bartolomeu de Gusmão na
passarola, ou na máquina voadora de Swedenborg a repetir: “[...] Temos
provas suficientes e exemplos na natureza que voar sem perigo é possível,
embora quando as primeiras tentativas sejam feitas, possivelmente teremos que pagar
pela experiência com um braço ou uma perna”. Eu sabia, mas quantas vezes eu
não esvoacei no balão de ar quente dos irmãos Etiene e Joseph Montgolfier,
feito a dupla Jean-François de Rozier e François d´Arlandes, porque me sentia
mais que eu e todo mundo em mim mesmo. Quantas vezes não me senti montado no
aeróstato dirigível ou no balão motorizado de Henri Giffard rasgando a
imensidão para alcançar estrelas. Quantas vezes eu me senti sobrevoando com o
planador do Sir George Cayley ou no monoplano do inventor neozelandês Richard
Pearse, ou no biplano de Hiram Maxim, porque queria ir o mais longe que
pudesse. Quantas vezes eu não flutuei pelo horizonte no aerodrome de Samuel Langley e voltei no 14-Bis de Santos Dumont
zoando do Flyer dos irmãos Wright,
feliz da vida! Ah! Não conto o tanto de vezes em que dei rasantes no
hidroaeroplano de Henri Fabre, aos rodopios no girocóptero de Juan de La Cierva
e, quase caindo, reaprumei a direção todo desajeitado no ekranoplano do russo Alexeev Rostislav Evgenievich. E muitas foram aquelas
em que subi no helicóptero de Paul Cornu, me danando no supersônico concorde de
Chuck Yager, mudando de rota com o foguete R.7 da missão Sputnik, para chegar
em qualquer lugar no zênite só pra me sentir Yuri Gagarin na Vostok e, no
ápice, sacar que a Terra era azul mesmo. E, depois da constatação do espetáculo
azulado, me refiz Alan Shepard no foguete Radstone, quando eu já era Neil
Armstrong na Apolo 11 seguindo incólume feito o Hubble rumo sem saber para
onde. Só sei que pronde fui e se cheguei ou me perdi de mim, me fiz na
imensidão com os pés no chão e a cabeça nos ares, decolando para o Tudo sem
precisar me achar e foi o que aprendi porque me ensinou tal passarinho... Veja
mais aqui, aqui, aqui & aqui.
DITOS & DESDITOS - Alguém
que já está tão fisicamente destruído e, ainda por cima, tão completamente
desprovido de espontaneidade mental, não pode ser salvo por uma vida sexual
mais natural. É muito tarde. E a vida da sua imaginação decaiu. Pensamento da
escritora sueca Victoria Benedictsson (1850-1888). Veja mais aqui.
ALGUÉM FALOU: Fui a
rainha da disfunção e cometi todos os erros que alguém pode cometer. Siga as
tendências de negócios sólidas, não as tendências da moda. Qual é o meu lema
quando se trata de dinheiro? Não coloque tanta ênfase nisso! Eu encontro a luz
e trabalho, trabalho, trabalho... Pensamento da supermodelo, fotógrafa,
atriz e escritora estadunidense Janice Dickinson.
DEFINIÇÃO DA DIVINDADE - […]
dedicada a uma
resposta das dificuldades históricas que foram colocadas contra a afirmação de que o Tempo é o fluxo do movimento cósmico. Esse feito, seremos livres para propor o seguinte: - A pálida luz que treme nas paredes ornamentadas dos nossos templos cristãos é o sorriso irônico da Esfinge, envergonhada e divertida, ao uma vez, que seu segredo não foi arrancado dela. [...]
a espada do mundo (o mistério do mundo: o logos e a cruz) é, portanto, aquele Santo Graal que os Cavaleiros da Cross (um Sir Galahad e um Sir Percivaie) em missão para
descobrir, a busca do Graal sendo o antigo empreendimento da mente do homem descobrir novamente o significado (que o homem perdeu)
que está por trás da cultura mais antiga da humanidade.[...] Pois
o logos é este cálice através do qual brilha o vinho da vida do cosmos encarnado; no qual palpita o sopro do universo sempre vivo; em que brilha o sangue vermelho do corpo do Absoluto. [...]. Trechos
extraídos da obra The Definition of the Godhead (Egoist, London,
1928), da filósofa, anarcofeminista, sufragista e editora britânica, Dora
Marsden (1882- 1960). Veja mais aqui.
SONETO DE VERÃO - A presa está ao alcance, e ainda o pássaro \ O galho dobrado na curva não voa; \ A árvore teme engolir o calor do sol, \ Na calma calma tudo se projeta, possuído pela pressa. \ Quando o pensamento não tem forças para perseguir o seu fim, \ Está tenso como a superfície de um poço, \ Sob as sombras imóveis dos capitães das águas, \ O terror capta o cheiro das palavras presas no vazio. \ A grama trêmula não pode tremer \ A membrana do cogumelo treme de febre, \ Está pronto para explodir, mas em terror mudo \ Mantém-se firme na haste. \ Nenhum movimento se cruza \ O ar preso em horror indolente. \ O poderoso meio-dia se esgueira pela floresta.
Poema da escritora e tradutora tcheca Jiřina Hauková (1919- 2005).
DESAPARECIDO – o drama Missing
(Desaparecido - Um Grande Mistério, 1982), dirigido por Costa-Gavras, baseado
no livro The Execution of Charles Horman: An American Sacrifice, de Thomas
Hauser, por sua vez inspirado na história verídica de Charles Horman, narra a
história dele, um jovem escritor e jornalista estadunidense que vive com a
esposa Beth em Santiago do Chile durante o governo da Unidade Popular. Ele vive
à custa dos artigos de jornais que traduz para uma publicação considerada
subversiva e, assim como todos os membros da redação desta, é levado para
interrogatório durante o golpe de estado liderado pelo então comandante das
Forças Armadas chilenas, general Pinochet. Mas Charles não retorna para casa. Ed,
o pai de Charles, desloca-se para o Chile e, junto com Beth, retoma os passos
do filho antes de desaparecer. Ambos buscam o apoio de órgãos governamentais
tanto estadunidenses quanto chilenos, mas não o recebem de forma adequada e,
pelo contrário, o que deveria ser um ponto de apoio se torna um obstáculo.
Assim sendo, Ed, até então alienado sobre a política externa, começa a perceber
que existem fortes indícios de que o governo de sua nação contribuiu para o
golpe e, consequentemente, para o desaparecimento de seu único filho. Em uma
discussão com os membros da embaixada dos EUA no Chile, Ed se lamenta por não
ser cidadão de um país cuja embaixada ofereceu asilo aos perseguidos políticos.
Por fim, Ed e Beth descobrem que Charles foi assassinado no Estádio Nacional e
enterrado numa parede, uma maneira comum da repressão chilena esconder os
corpos dos torturados. Revoltado, Ed tenta inutilmente processar Henry
Kissinger, o então Secretário de Estado de seu país. Veja mais aqui, aqui, aqui
& aqui.