quinta-feira, julho 24, 2014

DRUMMOND, ANDRÉE CHEDID, JOANNA HOGG & JUDITH GODRÈCHE DRUMMOND

 


CHUTANDO O BALDE E LIGANDO O PITOCO DO FODA-SE!!!... (Imagem: Acervo ArtLAM - Olha lá! Não me diga de boas novas ou de más velhas, estou mais pra Poética do Bandeira. E de saco cheio da saparia papagaiada: só repetindo clichês! Eu sei: não se pode ser autêntico meio expediente, nem honesto pela metade. E se vai pro tudo ou nada, proteja o furico e meta a sola pra cima. Saiba que o Brasil é tão grandão que o Sol esturrica num canto e tudo alagado do outro lado, afora dar de cara com a maior anomalia paradoxal no pau da venta em qualquer lugar que der as caras. Há sempre a surpresa na esquina. Mas quando apurar direitinho: é o mesmo do próprio, talqualzinho aqui, ali, acolá, alhures. Não muda não é? Muda, quando muito, só de paisagem; o resto: cara dum, cu de outro. Alguns disfarces à primeira vista, nada que dê pra levar que alguém morreu e passa bem. Nunca será às pressas que se destrincha a coisa. Só no amiudado, pormenores entregam tudo: é só puxar o fiapo que tudo despenca, noves fora nada. Melhor saber logo que pra viver não há fórmula ou panaceia: a vida precisa de tempo e dedicação. E discernimento. Não adianta levar nas coxas ou na pontinha dos dedos. No fim só dá babau. Tem de arregaçar as mangas e sustentar a lapada na caixa dos peitos. Quando baixar a poeira geral, pelo menos, uma possível constatação: o mundo não acabou pra mim, nem pra ninguém. Quase. Está tudo numa peínha de nada, sobrevivendo. Então vamos aprumar a conversa & tataritaritatá!!! Veja mais aqui, aqui e aqui.

 


DITOS & DESDITOS - Até então, quando eu estava refletindo sobre meu eu mais jovem, vi uma garota que não sabia o que estava fazendo. Ao reler essas ideias, ou meus diários daquela época, eu sinto uma leve vontade de vivenciar isso de novo, mesmo que eu não diga que quero ter 20 anos de novo. Na verdade, a parte mais difícil foi descobrir que, fundamentalmente, não tinha mudado tanto. Acho que estou passando por um processo de confrontar quem eu era, e talvez quem eu sou agora. É muito difícil dissecar meu processo de trabalho, mas sei que existe um equilíbrio delicado entre reflexão e espontaneidade. Preciso planejar muito as coisas, mas também gosto de ter a liberdade de jogar algumas dessas ideias pré-concebidas no lixo. Principalmente durante as filmagens eu gosto de viver mais o momento, e tenho muitas ideias na cabeça: mudo partes da história, ou o rumo que ela leva porque vejo algo que está sendo desenvolvido entre os personagens... É difícil de descrever, na verdade. Costumo não chamar de improvisação o que faço, porque acho que é algo que não tem um plano ou uma estrutura, e meu trabalho é muito estruturado. Mas essa estrutura que me permito me dá muito liberdade. Também é verdade que trabalho de uma forma tão intuitiva que é difícil desvendar o que fiz. Criativamente, sinto-me mais confortável quando tenho um projeto, uma razão de ser. Pensamento da cineasta e roteirista britânica Joanna Hogg.

 

ALGUÉM FALOU: O que aconteceu comigo não deve acontecer com a próxima geração. Tive de contar esta história à próxima geração. Minha própria filha tinha 15 anos, era dançarina e atriz em uma escola de artes de Los Angeles. Ela estava andando de malha e eu tive esse medo. Pensei: 'O que aconteceu comigo nunca deve acontecer com ela'. Eu tive que escrever isso para ela e seus amigos. Para todas as meninas. O cinema não pode encobrir o tráfico ilícito de meninas. Pensamento da atriz e escritora francesa Judith Godrèche, que estreou no cinema aos 14 anos de idade, no filme The Disenchanted (1987), dirigido por Benoît Jacquot. Na mesma idade obteve o seu primeiro papel importante, em Les mendiants, do mesmo diretor. A fama veio com o filme La fille de 15 ans (1989), de Jacques Doillon. Em 1994 publicou seu romance Point de côté. E seguiu a carreira em diversos filmes.

 

O FILHO MÚLTIPLO - [...] Um sol novato explodiu num céu que até então havia evitado o verão. Ele se espalhou, fervilhando sobre a cidade, perfurando os telhados de vidro do salão; iluminava as locomotivas e os vagões, fazia brilhar os trilhos. Sob este clarão de luz, até a memória das nuvens, com a cor cinza com que pintam rostos e pedras, desvaneceu-se. Durante uma primavera bolorenta, o tempo se superou. O verão prometia ser triunfante. [...]. Trechos extraídos da obra L’enfant multiple (Flammarion, 1989), da escritora francesa Andrée Chedid (1920-2011), autora da frase poética: O que mais podemos fazer, mas jardinar nossas sombras enquanto estiver longe o universo queima e desaparece. Veja mais aqui e aqui.

 


 Imagem: A passos largos, acrílico sobre tela, 1,30x1,60m, 2005, do artista plástico Antonio Bedotti Organofone.



Ouvindo a Overture to Si j`etais Roi (1852), do compositor francês Adolphe-Charles Adam (1803-1856), com a Orchestre du Theatre National de l`Opera de Paris, regida por Hermann Scherchen.




EU ETIQUETA, DE DRUMMOND – “Em minha calça está grudado um nome / Que não é meu de batismo ou de cartório / Um nome... estranho. / Meu blusão traz lembrete de bebida / Que jamais pus na boca, nessa vida, / Em minha camiseta, a marca de cigarro / Que não fumo, até hoje não fumei. / Minhas meias falam de produtos / Que nunca experimentei / Mas são comunicados a meus pés. / Meu tênis é proclama colorido / De alguma coisa não provada / Por este provador de longa idade. / Meu lenço, meu relógio, meu chaveiro, / Minha gravata e cinto e escova e pente, / Meu copo, minha xícara, / Minha toalha de banho e sabonete, / Meu isso, meu aquilo. / Desde a cabeça ao bico dos sapatos, / São mensagens, / Letras falantes, / Gritos visuais, / Ordens de uso, abuso, reincidências. / Costume, hábito, premência, / Indispensabilidade, / E fazem de mim homem-anúncio itinerante, / Escravo da matéria anunciada. / Estou, estou na moda. / É duro andar na moda, ainda que a moda /Seja negar minha identidade, / Trocá-la por mil, açambarcando / Todas as marcas registradas, / Todos os logotipos do mercado. / Com que inocência demito-me de ser / Eu que antes era e me sabia / Tão diverso de outros, tão mim mesmo, / Ser pensante sentinte e solitário / Com outros seres diversos e conscientes / De sua humana, invencível condição. / Agora sou anúncio / Ora vulgar ora bizarro. / Em língua nacional ou em qualquer língua / (Qualquer principalmente.) / E nisto me comparo, tiro glória / De minha anulação. / Não sou - vê lá - anúncio contratado. / Eu é que mimosamente pago / Para anunciar, para vender / Em bares festas praias pérgulas piscinas, / E bem à vista exibo esta etiqueta / Global no corpo que desiste / De ser veste e sandália de uma essência / Tão viva, independente, / Que moda ou suborno algum a compromete. / Onde terei jogado fora / Meu gosto e capacidade de escolher, / Minhas idiossincrasias tão pessoais, / Tão minhas que no rosto se espelhavam / E cada gesto, cada olhar / Cada vinco da roupa / Sou gravado de forma universal, / Saio da estamparia, não de casa, / Da vitrine me tiram, recolocam, / Objeto pulsante mas objeto / Que se oferece como signo dos outros / Objetos estáticos, tarifados. / Por me ostentar assim, tão orgulhoso / De ser não eu, mas artigo industrial, / Peço que meu nome retifiquem. / Já não me convém o título de homem. / Meu nome novo é Coisa. / Eu sou a Coisa, coisamente”. Veja mais aqui e aqui.


ANTONIO CÂNDIDO –O poeta, ensaísta, professor universitário e critico literário Antonio Cândido, em sua obra Formação da Literatura Brasileira, um trabalho sem igual na cultura nacional e sob uma visão histórico-sociológica que estudou, em profundidade, os primeiros movimentos literários, falou que: “Comparada às grandes, a nossa literatura é pobre e fraca. Mas é ela, não outra, que nos exprime. Se não for amada, não revelará a sua mensagem; e se não a amarmos, ninguém o fará por nós. Se não lermos as obras que compõem, ninguém as tomará do esquecimento, descaso e incompreensão”. Veja mais aqui.


ANA MELLO – A escritora, professora e técnica Química gaúcha Ana Mello, é coordenadora do Poetrix no RS, autora do livro Minicontando (2009) e de vários e-books no Brasil e em Portugal. Atualmente ministra oficinas literárias para o público jovem e adulto. Entre suas obras poéticas destacamos Mulheres: “Bonitas ou feias, / gordas ou magras./ Amadas, esquecidas. / Dependentes ou não. / Carentes, envolventes. / Submissas, acreditas? / Quando amigas são fiéis. / Se inimigas são cruéis. / São mães e amam demais. / Perdoam e se doam. / Dizem não e cortam, / despedaçam o coração. / São avós e deixam tudo, / atendem pedidos / fazem carinho – fadas. / São amantes que choram, / riem e compartilham. / Trabalhadoras, sustentam, / enfrentam resignadas / duas, três jornadas. / Diferentes ou iguais / poderosas, virtuosas, evoluem. / Velhas ou meninas / puras ou impuras / cristalinas. / Masculinas e femininas / são controvérsia e emoção. / Ser mulher é um jeito / de viver, amar e crescer. /Por natureza ou opção”.


BENEDITO PONTES – Foi no Clube Caiubi de Compositores que conheci a obra musical do cantor, compositor, professor universitário e engenheiro civil alagoano, Benedito Pontes. Foi a partir daí que sou que ele já lançou Mãe Terra (2007), Quem for podre que se quebre (2008), O perigo é gostar (2010) e Linguagem Emocional (2014), apresentando uma riquíssima diversidade de ritmos e temas que vai do maracatu ao chorinho, da bossa ao xote, frevos e sons de sua verve musical. Para se ter ideia do seu talento, ele criou em parceria com a musicista, compositora e pianista Orietá Feijó o grupo Ero Dictus, com o objetivo divulgar a música erudita no Estado de Alagoas. Seus talento é inquestionável e eu aplaudo de pé esse grande artista.

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PATRICIA CHURCHLAND, VÉRONIQUE OVALDÉ, WIDAD BENMOUSSA & PERIFERIAS INDÍGENAS DE GIVA SILVA

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