segunda-feira, abril 13, 2015

O BEIJO QUE SE FAZ POEMA

O beijo de Eisenstaedt

“(...) Colada à tua boca a minha desordem. O meu vasto querer. O incompossível se fazendo ordem. Colada à tua boca, mas descomedida... (...) eu te sorvo extremada à luz do amanhecer”. (Hilda Hilst, Do desejo).

O BEIJO QUE SE FAZ POEMA

Luiz Alberto Machado

O beijo de Rodin

A DELÍCIA DO BEIJO RELUZENTE

A tua reluzência de indelével pajuçara te faz dominante na alcova serena de nossa entrega, onde eu juro querer-te a mais da conta sob a sedução de um espectador vidrado na tua dança gambeta que torna a nossa fogueira nefanda mais queimante no galardão da oferenda e a nos premiar um gozo próximo da overdose real.

Ah, quanta majestade nua saltatriz para a minha sentinela indômita que no desespero procura alcançar tua freguesia inteira e fazer-te minha, capaz de invadir tripetrepe todos os teus esconderijos de Ménade lépida, de Tiade acessível à palma da minha mão pedinte.

Ah, vem, Iara minha, vem com o teu beijo alucinado litigar nossos vadios desejos com a chama que faísca de teus lábios de cocksucker gulosa, de gulp-girl mais que desejada, para que eu possa enlouquecido blow-job ofertar-te minha satisfação de sorvete de morango lambido e chupado.

Ah, vem, Iara minha, Iara nua, vem tépida como a quintessência de tua manifestação que eu quero à mão-tenente explorar teu rendengue com minha língua a apoderar-se do teu chanisco com tucuras providentes até que nossa perversão possa explodir tua compleição robusta ingênita e possuir-te inteira com teu sabor agridoce de freguesia desejada.

Ah, vem, Iara minha, Iara nua, quero possuir-te toda de popa à proa, minha enlouquecida musa, minha transbordante Vênus de Milo que remexe audaciosa, que se vira lúbrica, que se arrepia a dar-me o dorso nu, os ombros de santantonio para que eu possa probo mais diligente ocupar-me de tuas ancas, que pai-joão delicioso, que pódice saboroso, que capitel de sonhos desejados!

Ah! Iara minha, como sou feliz em fazer-te mais que lua possuída a me saciar nos teus queixumes de fogosa insone, nos teus dotes de gostosa imune, na tua alma de maravilha realizada.


O beijo de Rubens Gerchman

AH, ESSES LÁBIOS...

Ah esses lábios que me fazem drupa orvalhada na gula dos seus desejos incendiários e se torna alvo perfeito pelo deleite de fruta madura na sede do meu corpo.

Ah esses lábios são parcelas alquímicas na tesão que inflama a promessa de todas as delícias recônditas dos que desejam demais;

E que molhados de gozo me carregam volúpia adentro dos sabores maciços mais apetitosos no mormaço de todas minhas lascívias de verão.

São lábios bons de beijar pela reserva de mel que prova que não sou nada além da cobiça de ser sugado pela avareza dessas fatias de prazer na felação de todas as translúcidas luzes de se ser.

São bons de chupar por serem salientes amálgamas que guardam a língua profana na festa dos meus bacos ressurgidos com sua porção mágica de me fazer homem de devaneios e subverte a banda lunar do meu vulcão ardente na orgíaca saliva que me lambuza todo na folia do sêmen que brota e renasce entre o batom da carne que beija o falo e sou sol mais que no meio-dia.

Ah esses lábios querentes e requerentes de mim onde sou inteira nau adusta do dar-se em si até finar as horas na erupção de nossas vertigens em transe.

O beijo de Ricardo Paula.

BEIJU

Ela dá de ombros e eu só escombros nos assomos dela. É quando revela secreta, peito nu, alma aberta, toda delícia, verdadeira sevícia no meu bocejo. Ela me dá um beijo e se mostra atiçada e vem toda ouriçada pra cima de mim. E assim acende o beiju abalando Bangu e toda redondeza. E se faz minha presa e, também, a caçadora, a total predadora e rendida de graça. Quando meu beijo perpassa, ela rasteja lagartixa que bem muito se espicha sobre meu território. E no seu envoltório, se arrasta, rasteja, arrebata, viceja e me faz mais feliz.

O beijo da Esfinge, de Franz von Stuck.

BEIJO

Dos lábios rubros dela, ah botão de rosa convidativo, o mormaço do desejo escaldante que me contagia e meu coração bate furioso para dizer alguma coisa, não há de dizer nada, apenas beijá-la, um beijo além da foto de Eisenstaedt, um beijo real para lá dos de concreto de Rodin, um beijo além da poesia.

Ah, dos lábios rubros dela carne da minha boca mil vezes toda química do afeto e eu suplicante mais que duzentas pulsações cardíacas, enlouquecendo para morder seus mamilos, abocanhar seus suspiros, até os seus pecados e é só o que respiro.

Ah, o beijo e dela nua e linda, o beijo da mulher amada ateando meu incêndio e eu com a mão no fogo inextinguível na boca demolidora dos lábios inguinais onde sou raio de corisco enquanto ela troveja no que sou de canibal.

O beijo dela eu devoro a carne fresca da mulher amada e desliza em sonhos e chove a nossa torrencial descarga de suor que vem da cascata de desejo.

O beijo dela e o meu na flor escarlate provocativa de todo sangue vivo pelo azougue de vitalidade do útero acolhedor de égua assustada, acuada, fugidia com seu jeito veloz de eviscerar fragrâncias refugiando minha loucura.

O beijo e eu na mulher amada, o rosto, o riso, os seios, o corpo todo e a gente nenhuma âncora decolando no tempo piromaníaco, onde a gente faz a festa na ferocidade do cio, um ao outro a refeição do dia e eu, os lábios dela, a vida dela, o gozo dela.



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