PAPO DE FABOS - Teve
um cara aí que disse que o Senado é um hospício! Num sei quem foi, nunca vi
mais gordo!Foi mesmo? Bingô. Acertou em cheio! Nada, errou feio. Oxe, errou?
Errou, porque pra mim não é um hospício, o Congresso todo é um pandemônio no
sentido grego da palavra! Grego? Sim: uma concentração de demônios! Vôte! E num
é não? Pra mim é a representação do povo! E o povo o que é? O povo é todo
mundo! Nada, tudo uns analfabetos, não sabem votar, tudo uns brucutus! E, por
acaso, você não faz parte desse povo? Eu não, sou letrado e não me misturo,
tenho consciência e se eu estivesse no poder eu daria um jeito no Brasil! Como
e que jeito? Oxe, eu sei como fazer, botava tudo na reta! Como, quem seria seus
ministros? Ué, minha família! Comigo é assim: pros meus tudo, pros inimigos o
paredão! Eita, isso é nepotismo! E tem melhor que minha família e os meus
amigos? Danou-se! Danou-se, nada! Sei escolher os amigos e tenho a melhor e a
mais honesta família do mundo! E o resto do povo? E eu sei!?! O povo que se
dane, eu resolvendo o meu, o resto que se fôda! Comigo é assim: conversa de
broco, ouvidos moucos, meu! Eu sei como dá jeito no Brasil! Ah, tá! Quer dizer
que os bons estão com você, o resto não presta! Claro, ora, vê se eu elegi
algum desses picaretas! E você votou em quem? Votei em branco, não tenho
responsabiliade nenhuma sobre a merdaria que grassa agora! Hum, pra você isso é
o certo? Todo dia de eleição, faço a minha parte: comprovo e vou lá, voto em
nenhum. A culpa é dos outros que não sabem votar! Ah, isso lhe exime de
qualquer responsabilidade, né? É, não faço parte dessa mundiça que não sabe
votar! Que coisa!?! Sou feito os gringos do primeiro mundo, sei como fazer, por
isso que o Brasil não presta, com um povo desse que nem é gente, um bando de
preguiçoso e burro! Destá! E você acha que está certíssimo, né? Mas mudando de
conversa, vamos deixar esse povo pra lá, tudo uns imprestáveis. Na verdade
preciso de um favor seu! Quando levo nisso? Ué, você é dos meus! Sou cristão: é
dando que se recebe! Preciso de um favor! Vamos lá, diga o que é e quanto vai
cair de ôia na minha algibeira! Não seja mercenário! Pra mim é assim: santo que
não me ajuda pode cair da parede! Ah, assim não dá! Comigo não tem venha nós, o
vosso reino, mostre logo dindim preu me animar e comprar a sua briga! Amigo é
pra ajudar na lição de Jesus! Ah, não sou igreja pra obrar caridade, amigo é
pra acudir o outro, comeu, lavou, deixa pra lá; se gostou, vai de novo até
abusar e jogar fora! Moral da história: dito pelo não dito, ficou que o Congresso
e todos os poderes da Nação são um pandemônio e o Brasil todo é um hospício,
eles não. © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja mais aqui, aqui e aqui.
Curtindo o álbum Hortus
Deliciarum (Opus 111 - Hymnaire de Pairis Anonymous, Naïve/1998-2003),
do octeto de vozes femininas Discantus,
dirigido por Brigitte Lesne com
composições da mística monja beneditina, compositora, poeta e dramaturga alemã Hildegard de Bingen (1098-1179), a
Sibila do Reno.
PESQUISA:
Preciso escrever sobre mim mesmo. Eu sou meu
laboratório. A privacidade das suas experiências não é minha conhecida, exceto
por revelações. Não há ponte entre homem e homem. [...] Eu adivinho e imagino, empatizo e sei lá que
mais. Pois estranhos somos, e estranhos ficamos, exceto algumas identidades em
que eu e você nos juntamos. Ou melhor ainda, onde você me toca e eu toco você,
quando a estranheza se faz familiar. Venha, faça os discursos que quiser. Você
fala de si, e não do mundo. Pois há espelhos no lugar da luz e do brilho das
janelas. Você vê a si mesmo, e não a nós. Só projeções, livre-se delas. Self
mais pobre, recupere aquilo que é apenas seu, torne-se essa projeção, entre
nela bem a fundo. O papel dos outros é o seu. Venha, recupere e cresça mais.
Assimile o que você negou. Se você odeia algo que existe, isso é você, embora
seja triste. Pois você é eu e eu sou você, você odeia em si mesmo, aquilo que
você despreza. Você odeia a si mesmo e pensa que odeia a mim. Projeções são a
pior coisa. Acabam com você, o deixam cego transformam montinhos em montanhas
para justificar seu preconceito. Recupere os sentidos. Veja claro. Observe aquilo
que é real, E não aquilo que você pensa.
Trecho
extraído da obra Escarafunchando Fritz:
dentro e fora da lata de lixo (Summus, 1979), do psicólogo, psicoterapeuta
e psiquiatra alemão Friederich Perls (1893-1970). Veja mais aqui, aqui,
aqui, aqui e aqui.
LEITURA
A imagem do lar
emergia continuamente e as lembranças dele o preenchiam. Também lá erguia-se na
praça principal uma igreja, cercada em parte por um velho cemitério e este por um
muro alto. Só alguns poucos meninos tinham escalado aquele muro, K. também não
o havia conseguido. Não era curiosidade o que os movia, o cemitério não tinha
mais nenhum segredo para eles, já haviam entrado várias vezes pela pequena
porta gradeada, o que queriam era somente conquistar o muro alto e liso. Uma
tarde — a praça quieta e vazia estava inundada de luz; quando K. a vira assim,
antes ou depois? — ele o conseguiu de uma maneira surpreendentemente fácil; num
lugar onde já fora vencido com frequência, ele escalou o muro na primeira tentativa,
com uma pequena bandeira entre os dentes. O cascalho ainda rolava debaixo dele quando
já estava em cima. Fincou a bandeira, o vento esticou o tecido, ele olhou para
baixo e à sua volta, pelo alto dos ombros, em direção à cruz que afundava na
terra, ninguém agora era maiordo que ele ali. Por acaso então passou o
professor, forçou-o a descer com um olhar irado, na descida K. feriu o joelho,
só chegou em casa com esforço, mas ele tinha estado com certeza em cima do
muro, o sentimento dessa vitória parecia-lhe na época o suporte para uma longa
vida, o que não fora completamente tolo, pois agora, tantos anos depois, vinha
ajudá-lo na noite de neve no braço de Barnabás. [...].
Trecho da obra O
castelo (Companhia das Letras, 2000), do escritor tcheco Franz Kafka
(1883-1924). Veja mais aqui, aqui e aqui.
PENSAMENTO
DO DIA:
[...] Pelo que
respeita especialmente à patifaria Panamá [...] Não faltam réus na porcaria Panamá, sejam eles castigados, como
merecem. [...] Quando um homem tem a
glória de Suez e perpetuo renome, é triste vê-lo metido com papeluchos falsos. [...].
Trecho da crônica de 12 de dezembro de 1892 (M.
Jackson Inc, 1938), escrita pelo escritor
Machado de Assis (1839-1908). Veja
mais aqui.
IMAGEM
DO DIA;
A arte da pintora, escultora, artista visual,
desenhista, gravadora, professora e artista multimídia Carmela Gross. Veja mais aqui e aqui.
Veja mais sobre Nascente
Poético, Goethe, Martin Heidegger, Victor Assis Brasil, Tônia Carrero, Peter Weir, Man
Ray, Giorgio Vasari & Swazi África aqui.
E mais: Edu Lobo, John Locke, Fagundes Varela, David
Plante, Jiří Růžek, Oscar
Pereira da Silva, Alessandra Negrini, Ana Carolina Lima, A esposa sábia & o
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DESTAQUE
A arte
do artista de rua Paulo Ito.
CRÔNICA DE AMOR POR ELA
A arte
do pintor italiano Renato Guttuso (1911-1987).
CANTARAU: VAMOS APRUMAR A CONVERSA
Injustiça, da designer e artista visual búlgara Luba Lukova.
Recital
Musical Tataritaritatá - Fanpage.