RECOMEÇAR DO QUE VAI E VEM (Imagem: arte da poeta, artista visual e blogueira Luciah
Lopez)- E não
fizera a vida mais que migrante das horas no trâmite entre a vigília e a
modorra, para quem aprendeu das quedas o andar e fez do caminho a solidão e
solitário o silêncio, nem tão noite, nem tão dia assim, entre as lâminas
suspensas do tempo, as armadilhas desarmadas do espaço, por entressonhos que vêm
e vão carregados no vaivém de nuvens que nunca passarão enquanto a noite
sucumbir ao dia e vencer a tarde para madrugar a vida a vau ao léu. E no limite
de nenhum onde, o fim da linha entre coações hostis e suplícios tantalizados, a
luz dela qual estrela radiante, faz-se o império da prometida que veio no
vento, concebida pela derradeira paixão: o amor que queima na garganta na sede
ferve o sangue rubro pra se ver invadido por sua rumorosa maré. Olhos ao flagra,
magia do amor a nos impelir um ao outro e eu não tendo mais ao que ganhar ou
perder. Fui levado pelas ondas que invadiram minhas entranhas e preencheram
meus vazios, como se ela transbordasse de si a me tomar em seus braços
inquietos pelos flancos para afogar os meus desertos e represar meus desaguares
com a sua quentura de terra venturosa. E do seu ser o vigor da minha
vitalidade. E do seu olhar a infinitude do horizonte. E da sua entrega o
universo em expansão. E do seu ventre luminescente as águas de todos os rios e
mares lavando a culpa do destino e a purificação geral. E a rosa do seu sexo
desabrochou à minha boca na nascente das suas manhãs ensolaradas a me embriagar
com o elixir de suas entranhas pra saber-me vivo no seu eriçado orgasmo
impetuoso em brasa vermelha com todas as formas de alvoroço explodindo aos
estouros os gritos da pólvora dos prazeres a transpirar vida e a me derramar
mãos agitadas na carne movediça e sou todo braços de arca urrante no dilúvio
com toda verve de quem se fez azul na sua paz anil e a minha voz nas veias a
poetar que depois de todas as horas do dia é hora de recomeçar. © Luiz Alberto
Machado. Direitos reservados. Veja mais aqui.
Curtindo
o álbum Closer to the people
(earMusic, 2016), da cantora e compositora Tanita
Tikaram.
PESQUISA:
Quando o assunto é educação e juventude,
muitas são as carências que ainda se registram em termos de equidade e
qualidade, ou seja, é essa combinação explosiva que, por um lado, permite aos
jovens tomar consciência das oportunidades e possibilidades existentes na
sociedade, mas, por outro, muitas vezes não lhes dá condições para
aproveitá-las. O resultado passa a ser uma grande frustração, que desanima os
jovens e os empurra ao abandono e à deserção escolar, especialmente aqueles provenientes
dos estratos pobres e excluídos [...] A juventude sempre foi vista como uma breve
transição para a idade adulta. A ordem era trabalhar cedo, casar logo e
constituir família. Os anos 60 romperam com este padrão. Rebeldes, os jovens
daquela década lutaram por várias causas, como liberdade política, sexual e
igualdade entre os sexos, e criaram um ideal de juventude até hoje cultuado.
Vinte anos depois, o espírito de rebeldia mantinha-se vivo, mas as causas eram
mais difusas. Hoje, a ditadura é uma lembrança e o conflito de gerações quase desapareceu.
Trecho do texto As
trajetórias das juventudes brasileiras (Correio Brasiliense, 2008), da
professora e coordenadora da FLACSO, Miriam
Abramovay - Juventudes e sexualidade (2004).
LEITURA
Não te arrependas de nada. / Um verso está
sempre certo / mesmo quando errado. A verdade / também, mesmo quando dói / ou
fere ou parece inoportuna. / A verdade nunca é inoportuna, / o teu
inconformismo é o preço / da nossa libertação e teus versos / florescem no
coração do povo. / Não. Não te arrependas de nada. / Não torças o verso, não
obrigues a palavra: um poeta está /
sempre certo. não permitas que o óxido / dos políticos entre na lâmina / dos
teus versos. Um poeta não se vende, / não se compra, não se emenda. / A um
poeta corta-se-lhe / a cabeça.; e uma cabeça / cortada não dói, mas tem / uma
importância danada.
Carta ao poeta Eugênio Evtushenko a poposito
de uma suposta autocrítica, poema extraído da obra Mangas verdes com sal (Minerva, 1969), do poeta, jornalista e
critico literário moçambicano Rui
Knopfli (1932-1997).
PENSAMENTO DO DIA: A ARTE DE POUND
[...] as
artes nos forneces os melhores dados de que dispomos para determinar que tipo
de criatura é o homem. Como nossa maneira de tratar o homem deve ser
determinada pelo conhecimento ou concepção que dele tenhamos, as artes fornecem
dados para a ética. Esses dados são válidos, ao passo que os dos psicólogos
generalizadores e os dos teóricos sociais habitualmente não o são, porque o
artista sério é cientifico enquanto oteórico é em geral empírico, à maneira
medieval. [...] o artista sério é
cientifico na medida em que apresente a imagem do seu desejo, de seu ódio ou de
sua indiferença precisamente como tal; precisamente como a imagem de seu
próprio desejo, ódio ou indiferença. Quanto mais preciso o registro que faz,
tanto mais duradoura e inatacável sua obra de arte. [...] Todo artitsta que deseje particularmente a
sua admiração, leitor é, por isso mesmo, menos artista. [...] O artista sério pode gostar de se ver num
palco; pode ser, independente de sua arte, o imbecil que você quiser, mas as
duas coisas não estão ligadas ou, pelo menos, não são concêntricas. [...] O artista sério se encontra habitualmente, ou
com freqüência, tão distante do aegrum vulgus quanto o cientista sério. [...]
Só a arte, não ciência alguma, é que nos
fornecerá os dados capazes de nos ensinar de que maneiras os homens diferem.
Trecho extraído da obra A arte da poesia: ensaios de Ezra Pound (Cultrix, 1976), do poeta, músico e crítico literário estadunidense Ezra Pound (1885-1972). Veja mais aqui,
aqui e aqui.
IMAGEM DO DIA:
A arte da nadadora, escritora, atriz de vaudeville e
cinema australiana Annette Kellerman
(1886-1975).
Veja mais sobre Para viver o personagem de homem, Fritz
Perls, Helena Blavatsky, Miguel Torga, Pat Metheny, Jacob Levy Moreno, Andrés
Wood, Howard Hodgkin, Luiza Mara Silva Lima & Stock aqui.
DESTAQUE
A boca que eu beijo possui meu corpo / numa
chama labareda / que restitui a cor na minha pele / e escava e expõe a mulher
que há em mim... / Me rasga sem transgredir, cicatriza beijos / num sobe e
desce que me aquece / enquanto desenha paisagens sem fim / e escreve poemas de
amor / integrando-se em mim quando anoitece em meus braços... / Essa boca que
eu beijo não me abandona / mas alucina enquanto passeia em minhas planícies / protelando
a insônia e bebendo do meu prazer... / Me precisa e me quer, me deseja / silenciosamente
íntima me despe de meus medos / e me possui em levas de gozo e amor... / Essa
boca que eu beijo é tão minha / e tão amiga, tão sublime e tão voraz. / É meu
ar, minha água, minha essência, / é meu começo e meu fim...
A boca que eu beijo, poema/imagens: arte da poeta, artista visual e blogueira Luciah
Lopez. Veja mais aqui.
CRÔNICA DE AMOR POR ELA
A arte
do pintor russo Aleksandr Gerasimov
(1881-1963).
CANTARAU: VAMOS APRUMAR A CONVERSA
Paz na
Terra
Recital
Musical Tataritaritatá - Fanpage.