A FOME E A LARANJEIRA - Faminto,
estrada afora. Nem a saliva rebuscada na língua, lazarado até os ossos, doendo
na alma, lívido até nas vísceras. Trôpego, famélico, diviso uma laranjeira:
sedenta boca e removo a casca, espremo e o sumo ácido farto lava a garganta
seca, festa pro estômago, saciedade provisória. Sorvo e ressorvo, sina de
esfaimado: o prazer de haurir a vida ali, gratuita, solidária. Na avidez caroço
engasga, forço ânsia de removê-lo, agonia dos náufragos, debater dos moribundos,
estertor dos sucumbentes. Tusso e teimo em tossir e num esforço expectorante do
âmago o algoz salta em minha mão. Desentalado, refrigério instantâneo, ojeriza furiosa
da pevide. Fito aquela minúscula ameaça, capaz de matar, coisa abominável de
jogá-la violentamente longe com a fúria de todas as vítimas. Nada mais, segui
minha caminhada no ermo de mim mesmo. A cabeça mistura ideias nos passos do
caminho, reviram sentimentos e emoções. Logo me vejo grão perdido na areia, gérmen
na aridez: solitário ser no oco do mundo, abandonado. Eu me refaço no que sou e
me cubro fuçando a Terra. Revolvo suas entranhas, cresço-me reprimido rasgando a
pressão de sua movediça digestão, para encontrar seus minúsculos sulcos aos tentáculos
que me vingam raiz ampliando-se para emergir flor na sua superfície. Sou-me
talo ao Sol e floresço com a feição de caule que cresce vertical por galhos que
frutificam e findo filho da laranjeira frondosa na orla de uma vereda perdida
na vida. Por isso escrevo. A árvore além de tudo embeleza a vida, sombra pros
deserdados, oxigênio pra viver e fruto pra chupar, matar a fome. Ela não sabe
nem de si, faz por fazer: cumpre sua missão. Eu apenas vivo isso e disso. ©
Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja mais aqui.
Curtindo o álbum Bach Concertos (Decca Records, 2013),
reunindo obras do compositor alemão Johann
Sebastian Bach (1685-1750), na interpretação da virtuosa e belíssima violinista
e violista holandesa Janine Jansen.
Veja mais aqui e aqui.
PESQUISA:
A INJUSTIÇA
[...] No contrato, o direito em si está como algo
de suposto, e a sua universalidade intrínseca aparece como o que é comum à
vontade arbitrária e à vontade particular. Esta fenomenalidade do direito - em
que ele mesmo e a sua existência empírica essencial, a vontade particular,
coincidem imediatamente - torna-se evidente como tal quando, na injustiça,
adquire a forma de oposição entre o direito em si e a vontade particular,
tornando-se então um direito particular. Mas a verdade desta aparência é o seu
caráter negativo, e o direito, negando esta negação, restabelece-se e,
utilizando este processo de mediação, regressando a si a partir da sua negação,
acaba por determinar-se como real e válido aí mesmo onde começara por ser em si
e imediato. Ao tornar-se particular, o direito é diversidade infinita que se
opõe à universalidade e à simplicidade do seu conceito: é a forma da aparência.
E tal pode ser ele imediatamente, em si, ou afirmado como tal pelo sujeito, ou,
ainda, como puramente negativo. A cada um destes casos corresponde o dano
involuntário ou civil, a impostura e o crime.
Trecho
extraído da obra Princípios da filosofia
do direito (Martins Fontes, 1997), do filósofo alemão Georg Wilhelm Friedrich Hegel (1770-1831). Veja mais aqui e aqui.
LEITURA
Companheiros
trabalhadores Espírito espalhados por todo o mundo, separadas por cinco anos
pelos exércitos, censura e o ódio das nações em guerra, enviamos-lhe, neste
momento em que as barreiras caem e fronteiras reabrir um apelo para reformar a
nossa união fraterna - mas uma nova unidade, mais forte e mais segura do que
existia antes. A guerra tem jogado confusão em nossas fileiras. A maioria dos intelectuais coloca sua ciência, sua arte, sua razão a
serviço de governos. Não quero acusar ninguém,
apresentar as suas reclamações. Sabemos que a
fraqueza das almas individuais e a força elemental de grandes correntes
coletivas: eles têm varrido estes, por um momento, porque nada tinha sido
esperado para resistir. Essa experiência, pelo menos,
serve-nos para o futuro! E em primeiro lugar, ver os
desastres que levaram a abdicação quase completa de inteligência do mundo e sua
escravização voluntária às forças desencadeadas. Pensadores, os artistas têm adicionado ao flagelo minar a Europa na carne
e no espírito quantidade incalculável de ódio venenoso; eles procuraram no arsenal do seu conhecimento, a sua memória, a imaginação
dos antigos e novos motivos, histórico, científico, lógico, ódio poética;
eles trabalharam para destruir a compreensão e amor
entre os homens. E ao fazê-lo, eles fizeram feio,
degradado, humilhado, pensamento degradado eles eram os representantes.
Eles fizeram o instrumento das paixões e
(inconscientemente, talvez) os interesses egoístas de um clã político ou
social, um estado, um país ou uma classe. E agora esse corpo a corpo selvagem, onde todas as nações lutando,
vitorioso ou derrotado fora maltratado, empobrecido, e em seu coração dos
corações - embora eles não vão admitir isso - envergonhado e humilhado seu
acesso de loucura, o pensamento comprometido em suas lutas com eles, caído.
Levante-se! Assumem o espírito destes compromissos, essas alianças humilhantes, estas
servidões escondidas! O Espírito não é o servo de nada,
nós é que somos os servos do Espírito. Nós não temos nenhum outro mestre. Somos feitos de suportar para defender a sua luz, para reunir em torno
dele todos os homens errados. O nosso papel,
o nosso dever é manter um ponto fixo, mostram a estrela polar, em meio ao
turbilhão de paixão, no meio da noite. Entre as paixões de orgulho e destruição mútua, não fazer uma escolha;
rejeitamos todos; Nós honramos a verdade só é livre, sem fronteiras, sem limites, sem
preconceitos de raça ou casta. Certamente nós
não perdemos o interesse na humanidade. Para isso trabalhamos, mas para ela toda. Não sabemos as pessoas. Sabemos que as
pessoas - única, universal e as pessoas que sofrem, que lutam, que cai e sobe,
e sempre à frente da estrada áspera encharcada de suor e sangue - Pessoas de
todos os homens, todos igualmente nossos irmãos . E isso é que eles são como nós, cientes desta fraternidade elevamos acima
de sua cega luta a Arca da Aliança - o Espírito Livre, e múltipla, eterna.
Déclaration de l'indépendance de l'Esprit (Declaração da Independência
do Espírito), publicada no jornal L’Humanité, em 26 de junho de 1919, pelo
escritor, biógrafo, músico francês e prêmio Nóbel de Literatura de 1915, Romain
Rolland (1866-1944), asinada por Albert Einstein, Rabindranath Tagore, Hermann
Hesse, Bertrand
Russel, Jane Addams, Upton Sinclair, Stefan
Zweig, entre
outros (incluída na obra Herman Hesse e
Romain Rolland: correspondências, entradas de diário e reflexões).
PENSAMENTO
DO DIA:
Eu sou
apenas uma célula do mecanismo revolucionário complexo dos povos para a paz nas
novas nações ... unidos no sangue mim.
Trecho extraído da obra O diário de Frida Kahlo – um autorretrato íntimo (José Olympio,
1994), da pintora mexicana Frida Kahlo
(1907-1954), reunindo suas cartas de amor, sua meditação pungente, suas crenças
políticas. Veja mais aqui e aqui.
IMAGEM
DO DIA;
Veja mais sobre Maceió, Marcel Proust, Amado Nervo,
Confucius, Dias Gomes, Ira Levin, Dori Caymmi, Albert Eckhout & Psicologia
Social aqui.
DESTAQUE
A xilogravura do artista plástico Fernando Saiki.
DESTAQUE II
Lançamento do livro
& recital Tempo de Amar, do poeta e
compositor Genesio Cavalcanti, e da seleção de curtas metragens Gente
de Minha Terra, que acontecerá neste sábado, a partir das 20h, no Teatro Cinema Apolo,
em Palmares – PE.
CRÔNICA DE AMOR POR ELA
Untitled nude abstract, by David Padworny.
CANTARAU: VAMOS APRUMAR A CONVERSA
Recital
Musical Tataritaritatá - Fanpage.