SOU UM PEDAÇO DE NADA ARRODIADO DE VIOLÊNCIA
POR TODOS OS LADOS - Viver torna-se cada dia mais difícil. Botou
o pé fora de casa, a guerra começa: caras fechadas e aborrecidas – muita gente
acorda de bragulha virada ou pra trás! -, reclamos e discussões ásperas com
ofensas e hostilidades – muita gente acorda reclamando que pisou em rastro de
corno! -, assaltos, infrigências no trânsito, bate-boca nas calçadas, desfalques
nas contas públicas, malversações e falcatruas, superfaturamentos, propinas,
fura-fila e privilégios, espancamentos, assassinatos! Ufa, peraí. Aqui não é a
resenha matutina das nossas emissoras de rádios, nem a manchete dos jornais que
espremidos só sobram sanguinárias notícias, nem os programas vespertinos da
televisão: a violência banalizada. A vida humana, no meio disso tudo, é nada. Apenas,
uma manchete de jornal, só pra vender, propagar o ódio e o medo. As muitas
formas de violência são geradas por dois modos de ação: a primeira, aquela
escondida nos ambientes fechados, gabinetes e escritórios de conivência e antiética,
ocasião em que se promovem a injustiça, o desrespeito, o escamoteio e o ludíbrio
do erário, da honra e da vida pública; a outra, aquela que surge como efeito e consequência
da primeira, em que o ódio, a insensatez e o poder da força irracional humana se
viram contra o próprio ser humano e quem quer que seja que se encontre próximo
ou ao alcance. Ambas são deploráveis, irrespondíveis e injustificáveis. Sim,
afinal estamos no século XXI com as mesmas práticas e comportamentos da mais
remota ignorância. Tradução: a gente não evoluiu nada. Enquanto a ciência vai
ao ápice para alcance da excelência, continuamos seres primitivos que mal
aprendemos a lascar a pedra direito. A indignação cedeu lugar ao banal e
costumeiro – todos pensam que tudo isso só acontece com os outros, nunca
conosco. A guerra é lá longe, as brigas são pra lá, os problemas são dos
outros: essa a cegueira incapaz de ver ao lado – bem do ladinho, tão próximo,
quase pegando você aí, olhe o bote! - tudo corroendo e se esvaindo
destrutivamente. É que o umbigo não permite olhar nem um palmo além do nariz,
muito menos o discernimento de que essa violência é responsabilidade de cada um
de nós. © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja mais aqui, aqui,
aqui, aqui, aqui e aqui.
Curtindo
o álbum Pedro Jóia ao vivo com a Orquestra de Câmara
Meridional (2015), do guitarrista, compositor e diretor musical
português Pedro Jóia.
PESQUISA:
[...] Onde há medo, há ameaças; e onde estão as
ameaças está a violência. [...] a
violência está em tudo que é capaz de imprimir sofrimento ou destruição ao corpo
do homem, bem como o que pode degradar ou causar transtornos à sua integridade
psicquica. Resumindo-se: violentar o homem é arrancá-lo da sua dignidade física
e mental. Na verdade, a violência devia ser um anacronismo entre homens desde há
tanto tempo doutrinados para o respeito pela vida e pelo semelhante. Isto só
mostra, contudo, a inutilidade das doutrinações – principalmente quando são de
uma tal hipocrisia que faz compreensível o nível atual da agressividade
irracional. [...].
Trecho
extraído da obra O que é violência urbana (Brasiliense, 1981), do professor e
filósofo Régis de Morais.
LEITURA
Junto ao poço cheguei, / Meu olho pequeno e triste / se fez fundo,
interior. / Estive junto a mim, / plena de mim, ascendente e profunda, / minha
alma contra mim, / golpeando minha pele, / afundando-a no ar, / até o fim. / A
escura poça aberta pela luz. / Éramos uma só criatura, / perfeita, ilimitada, /
sem extremos para que o amor pudesse agarrar-se. / Sem ninhos e sem terra para
o domínio.
Fonte, poema extraído da obra Canto
Villano. (1978 - Voz de la autora (Entre Voces),
da poeta peruana Blanca Varela
(1926-2009). Tradução de Antonio Miranda – Portal da Poesia Íbero-Americana.
Veja mais aqui e aqui.
PENSAMENTO DO DIA:
[...] Mas foi o próprio sistema quem criou as
condições objetivas dessa reação brutal: recolhendo para si todas as cartas,
ele força o Outro a mudar o jogo e a mudar as regras do jogo. As novas regras
do jogo são ferozes porque o jogo é feroz. A um sistema cujo excesso de poder
coloca um desafio insolúvel, os terroristas respondem por um ato cujo
intercambio é insolúvel e impossível. Então é o terror contra o terror. [...]
O terror não tem uma finalidade, é um
fenômeno extremo, isto é, ele está para além de sua finalidade, de certa forma:
ele é mais violento que a violência. [...] o que é insuportável é muito menos a infelicidade, o sofrimento ou a
miséria do que a potência e sua arrogância. O que é insuportável e inaceitável é
a emergência dessa recente potência mundial.
Trecho de
A violência mundial, extraído da obra
A violência do mundo (Anima, 2004), do
sociólogo e filósofo francês Jean Baudrillard (1929-2007). Veja mais
aqui, aqui e aqui.
IMAGEM DO DIA: GRATIDÃO/CONVITE
Manifesto a minha gratidão pela deferência e convite
generoso da poetamiga Soninha Porto, para o evento que será realizado
pela Associação Cultural Poemas à Flor da Pele (Imagens: arte de
Veja mais sobre Nascente Poético,
Jean-François Lyotard, Jorge Amado, Gonçalves Dias, Flavio Rangel & Millôr Fernandes, Damiano Damiani, Deusa
Opália, Emilia Biancardi & Raízes
Musicais da Bahia, Max Klinger & Ivoneide Lopes aqui.
DESTAQUE;
NEUROFILOSOFIA & NEUROCIÊNCIA COGNITIVA
A reunião regular do Grupo de Pesquisa de Neurofilosofia e Neurociência Cognitiva, cedeu
lugar para a reunião do projeto Café,
Sabor e Saberes, definindo a realização do curso As Pensadoras: As Grandes Mulheres Filósofas da História, a ser
ministrado pelo professor Álvaro Queiroz, a partir do dia 30 de agosto, no
auditório Iris II, do Cesmac – Maceió – AL. Veja mais aqui.
CRÔNICA DE AMOR POR ELA
A arte
do do arquiteto, engenheiro, cenógrafo, teatrólogo, pintor, escritor, filósofo
e músico Flávio de Carvalho (1899-1973).
CANTARAU: VAMOS APRUMAR A CONVERSA
Paz na
Terra
Recital
Musical Tataritaritatá - Fanpage.