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domingo, novembro 14, 2021

JHUMPA LAHIRI, BALTASAR GRACIÁN, JULIANA VALVERDE & JUAREIZ CORREYA.

 

 

TRÍPTICO DQP – A palavra calada... - Ao som dos álbuns Um cravo bem variado (Vol. 1,1996 – Vol. 2, 2006) e Um pouco de tudo (A Little bit of Everything, 2016) da pianista Regina Schlochauer. - Lá vou eu dia mais dia menos insulado em minhas próprias ideias e arroubos. Sigo como quem perdeu a vírgula e foi expatriado, quando não estranho em meu próprio país. Apesar de esgotado como se não tivesse mais nada a fazer, não preciso agradar, nem quero, diante de mim só desvios por descaminhos e bifurcações, nenhum pouso certo. Escapo e me seguro como posso para não ser levado de roldão, porque não quero me salvar dessa enlouquecida dissimilitude no meio de dogmas, superstições e notícias falsas - quantas insuficiências, privações. Na verdade, quanta gente ofendida, mal-humorada, umbigocentrista com seus acicates... Vira e mexe, o que rende? Não mais que loas irreveláveis. Vale dizer, o que quer que se faça, a crassa ignorância de acólitos vetores ressentidos, abraçados com seus próprios rancores e a repetirem aos borbotões o que nunca leram do vetusto Oráculo manual y arte de prudência (Sextante, 2006), do escritor espanhol Baltasar Gracián y Morales (1601-1658): Não se vive seguindo uma só opinião, um só costume ou um só século... Não há nada tão amável quanto a virtude, nem tão detestável quanto o vício. Só a virtude basta a si mesma. Faz-nos amar os vivos e lembrar os mortos... Um homem atento percebe que é ou será visto. Sabe que as paredes têm ouvidos e que o que é malfeito acaba sendo conhecido... Ah, não! Quantas máscaras pros seus disfarces de homo habilis, rudolfensis, erectus, heidelbergensis, neanderthalensis, ergasters, sapiens, fabers, communicans, o ludens do Huizinga, o videns do Sartori, – até o Homo Deus de Yuval Noah Harari:... estamos à beira de uma revolução importante. Os humanos correm o risco de perder seu valor econômico porque a inteligência está se desvinculando da consciência... - e o retrocedens (Vixe! Nossa! Será mesmo?). Nada por acaso. É como se um guarda-chuva encontrasse de novo uma máquina de costura sobre a mesa de autópsia para copularem desordenada e explicitamente. E, por causa disso, o tempo parasse de não mais. Sou salvo porque, de repente, ela chega e ao presenciar todo meu espanto, recitou-me um trecho d’O haver de Vinicius de Moraes: Resta, acima de tudo, essa capacidade de ternura / Essa intimidade perfeita com o silêncio / Resta essa voz íntima pedindo perdão por tudo / - Perdoai-os! porque eles não têm culpa de ter nascido... Ah, como é prazeroso tê-la ali, revê-la, ouvi-la. Em retribuição, saquei do violão e entoei a canção que fiz para A palavra calada de Vital Corrêa de Araújo: desfibra a palavra quando cala / quando o caule da árvore da fala / que é vento verbo e alicerce / anoitece / quando as seivas todas são sugadas / e o trêmulo das folhas proibido / quando os discursos são lacrados / dentro das praças sitiadas / e o som negado aos ouvidos / e o grito cortado na garganta / e o medo aberto no meio abrupto do dia / desfibra a palavra quando a árvore da fala / e os frutos dos gritos são demolidos / pelos silêncios vivos. Sim, anoitecia. Ao final, ela me premiou um sorriso, sabia: era a minha forma de escapar da loucura.

 


Não era apenas uma... – Imagem: arte da artista visual Juliana Valverde: Sigo meu caminho rumo a regeneração fazendo colagens, recortando colando ressignificando ideias relações inquietações através arte arquitetura educação. - Sim, ela me salvou da loucura extrema, muito embora eu saiba que não detenho nenhuma sanidade mental no meio desse genocídio que virou o meu país, no meio desse tempo escatológico de últimos instantes. Sim, foi nos braços dela de Vênus restaurada de Man Ray, como se fosse Juba na pele da atriz neozelandesa Kerry Fox, a me envolver nas cenas do Intimité (2001) de Patrice Chéreau, por todas as manhãs, tardes e noites: embaraçados e sem tem ter o que dizer se não sabíamos nada um do outro. Nela, nada se equiparava: a vida é música e sequer sei em que direção sopra o vento. Para quem audiófilo ou melômano tanto faz – afinal, como já dissera o ensaísta e critico literário inglês, Walter Pater (1839-1894): Toda arte aspira à condição de música. E ela era música e nela sequer sabia por quantos anos consecutivos. Era ela, nada mais.

 


A semana passou... – Tudo passou e passa. E era Admmauro Gommes no Congresso Nacional de Escritores que a Semed-Palmares promoveu no meio da exposição da Biblioteca Municipal das artes do Pintando na Praça, oportunidade em que revi amigamigos & outras personagens de décadas passadas. No Teatro Cinema Apolo, o Carlos Calheiros me levou para um bate-papo na Associação dos Artesãos Palmarenses e, todos os dias, sem desgrudar das comemorações da antologia dos 70 Setembros, do poetamigo Juareiz Correya e o seu Poema vago olhando a cidade: Minha cidade / ficará gravada / num poema lívido e vago. / Não será preciso citar becos e ruas / inevitáveis em sua anatomia. / Nem correr com a memória / as lembranças, e os minutos de agora. / Minha cidade / não será vista / num poema sentimental. / Conservarei oculto até o seu nome / neste poema / de amor silente / às suas coisas, a ela mesma. E esta cidade sou eu dedilhando a minha canção para o poema dele Ponte sobre águas turvas e a gente às gaitadas cultuando Ascenso e festejando Hermilo com os versos do Americanto amar América e eu me sentisse abraçado com José Terra e João Guarani ainda meninos na sala da minha casa, com a maior torcida por Mariama, cantando juntos como se eu fosse Paulo Diniz no Poema para Léa. E era a Livro7 e os sonhos do Recife, os amigos e as rodadas dos pileques exaltados por becos e ruas, os versos e os desenganos, a teimosia, o abraço fraterno e a urgência de vida... Saudades demais... E a salvação novamente é dela no meio do meu naufrágio, sussurrando nua Jhumpa Lahiri ao meu ouvido: Há momentos em que me assombro com cada quilômetro que viajei, cada refeição que fiz, cada pessoa que conheci, cada quarto em que dormi. Por comum que pareça, há momentos em que tudo fica além da minha imaginação... Esta é a verdade sobre os livros: eles permitem que você viaje sem mover seus pés. Tudo é vivo, transpira e geme... Até mais ver.

 

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segunda-feira, agosto 16, 2021

ELENA PONIATOWSKA, MARIO ARREGUI, LOUISE FARRENC & HELENA LOPES

 

 

TRÍPTICO DQP – UM SÁBADO & OUTRO... Imagem: Artes de Priscila Artes – Priscila Silva, ao som das Symphonies 1 & 3, da compositora francesa Louise Farrenc, na interpretação da Insula Orchesta & Laurence Equilbey. – O primeiro, um sábado ensolarado. A praça estava invadida pela barulhada de um dia de feira. No centro, gente; na verdade, artistas ou quase, ao menos. Um grupo oriundo do Recife dava o tom do evento: eram os renomados. Da terra, outros tantos, cada qual, seus apetrechos e expressões. Estava bonito, como sempre: era dia de homenagear Murillo La Greca! Tudo muito bom. No segundo, outro dia azulado na Biblioteca de Fenelon, a gente conversava sobre Planejamento e elaboração de projetos. Era uma promoção da ABI e as ideias rolando sobre o que fazer desta uma outra cidade mais humana, mais artística, mais Palmares. Assim foram estes e que outros destes sábados possam acontecer.

 


DOIS OLHOS NOS MEUS - Imagem da pintora, gravadora e professora Helena Lopes, ao som da canção Seu olhar do álbum Dia Dorim Noite Neon (WEA, 1985), de Gilberto Gil: - A magia do olhar de quem chega... – Entre a praça e a biblioteca, o olhar dela pousou no meu: faíscas, relâmpagos, o coração era a Terra convulsa. Aproximou-se e o espanto como um raio de Sol, era a premiada escritora, ativista e jornalista mexicana Elena Poniatowska Amor: Hoje não quero ser meiga, calma, decente, submissa, compreensiva, resignada, qualidades que os amigos sempre valorizam. Nem quero ser maternal... As mulheres são desprezadas, consumidas, descartadas, estigmatizadas, enforcadas para sempre na árvore patriarcal e enforcadas lá... Sim, eu sei. Olhou pros lados e, de repente, um sorriso só dela, seus olhos de novo nos meus e...: Pela primeira vez em quatro longos anos, sinto que você não está longe, estou cheio de você, isto é, de tinta... Para esquecer, você deve primeiro lembrar... Você começa a saber o que é um governo, você percebe o que é, quando este governo joga os tanques na rua. Sim, sei, mesmo que seja só escárnio ou impotência, tudo está muito difícil. Deveras, tudo me parece um filme horroroso que na verdade vivi na infância, por toda minha adolescência e quase nem adulteci direito por isso: a revolta no peito pela injustiça de todos os mandos. Por um instante senti um gosto de sangue na boca, como se ouvisse Isaac Asimov: Examinem fragmentos de pseudociência e encontrarão um manto de proteção, um polegar para chupar, umas barras de saia para se agarrar. E o que oferecemos nós em troca? Incerteza! Insegurança! Ela percebeu o tanto de injuriado fiquei naquele momento e voltou a sorrir com um olhar meigo e parecia me dizer aquela frase extraída d’A vassoura da bruxa nos Cavalos do Amanhecer (L&PM, 2003), do escritor uruguaio Mario Arregui (1915-1985): Muitas coisas foram ditas, repito, mas não houve quem fosse capaz sequer uma aproximação daquela frase antiquíssima (nascida na costa oriental do Mar Egeu há quase vinte e cinco séculos) que asseverava que ninguém fica tão unido a ninguém como o homicida a sua vítima. Sim. E é como se o mato queimasse dentro mim, labaredas amazônicas e pantaneiras, e eu tostasse atávica herança como espólio de cinzas.

 


TRÊS VEZES ME FALOU ELA... - E era ela na tarde renascida da manhã sonhada na noite anterior, e eu pudesse vê-la sorrir desnudada entre meus braços e suas outras almas, a me dizer do que lera outro dia e que estava escrito Nas suas veias corria tinta de jornal (AIP, 1980), de Múcio Borges da Fonseca, sobre a trajetória do jornalista Josimar Moreira de Melo (1927-1865), ecoando como se lesse no meu íntimo: Nunca me senti tão cansado em minha vida... Há os que esperam o meu fracasso – um esforço de quatro anos, no decorrer dos quais quase fui largado no meio do caminho e pude contar com a ajuda, a amizade e o apoio de um amigo que agora espera de mim esse esforço... E me sorria como se soubesse o que eu pensava, a me dizer Millôr: Como são admiráveis as pessoas que nós não conhecemos bem. Não devemos resistir às tentações: elas podem não voltar. E gargalhou no meio do tempo com meu tronco entre seu sexo, coxas e pernas. E me fitou enviesada como se quisesse dizer exatamente o que dissera outras vezes Bukowski, e me fazendo de gangorra rodopiante: Não, eu não odeio as pessoas. Só prefiro quando elas não estão por perto. Se você vai tentar, vá até o fim, caso contrário, nem comece. Cheguei numa fase da minha vida que vejo que a única coisa que fiz até agora foi fugir, fugir de mim mesmo, do meu nada, e agora não tenho mais para onde ir, nem sei o que vou fazer, fui péssimo em tudo. Adivinhei? E perguntou outras vezes e tantas como se quisesse saber para onde vou, e refaz a indagação com ar de enigmática, como se eu soubesse de algo além daquele momento que ela me premiava e eu só tinha a minha vida e ela para me amparar ali no seu abraço e corpo, nada mais. Até mais ver.

 

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sexta-feira, março 02, 2018

BAUDELAIRE, CARSON, MAURIAC, STEPHEN CRANE, AMARAL VIEIRA, PLÍNIO MARCOS, ROSINHA DE VALENÇA,CIRANDA FEMININA NA MATA SUL & BIBLIOTECA FENELON BARRETO

CIRANDA FEMININA NA MATA SUL - Um grande evento aconteceu nesta quinta-feira, 1º de março, na Biblioteca Fenelon Barreto: o lançamento do livro Cirandas feministas na Mata Sul: uma luta em movimento, publicação da SOS Corpo, uma obra coletiva coordenada Analba Brazão e Simone Ferreira, trazendo trabalhos como Nós fizemos história pra ficar na memória e nos acompanhar, de Simone Ferreira; Articulando o enfretamento à violência, de Eliane Nascimento e Magal Silva; Mulheres de garra e coragem, de Alexasandra Maria Bezerra da Slva, Eliane Nascimento, Flavia Roberta e Zeza Bezerra; Lutas, desafios e conquistas, de Edilma Aquino, Edvânia de Paula e Vanessa Silva; Educando para transformar, de Alda Moura, Janeceli Maria da Silva, Marcela Cristiana Santos da Silva e Tattyanne Elly; Lutando pelo fim da violência, de Graça Queiroz e Wullima Gonçalves; Pelos direitros das mulheres no campo e na cidade, de Solange Rego, Cristiane Maciel, Benedita Ferreira e Edilene Maia (Rosa); Loucuras contra a violência na Mata Sul, de Janikelle Maria da Silva e Theóphila Lucena; e Tecendo redes pelo fim da violência, de Analba Brazão Teixeira. Trata-se da reunião de depoimentos e estudos, com o objetivo de tornar pública a realidade de luta das mulheres na Mata Sul pernambucana. O evento foi promovido pela Articulação de Mulheres da Mata Sul, sob a condução de Eliane Nascimento, Alexsandra Bezerra e Maria Solange do Rego, com apoio da Semed-Palmares e da Biblioteca Fenelon Barreto. Como aqui eu empunho o mote de que o melhor do Dia do Homem é saber que Todo Dia é Dia da Mulher, glosando uma campanha iniciada em 2004, pelas amigas Mirita Nandi, Ana Bia Luz e a saudosa Derinha Rocha, e que nos últimos tem sido não só bandeira deste espaço, como também manifestação de apoio às causas femininas, registro em foto tudo que aconteceu durante o lançamento na fanpage Todo Dia é Dia da Mulher. Tal iniciativa traz o resultado das lutas e conquistas das mulheres que, inclusive, tenho registrado na minha palestra realizada desde 2008, História da Mulher, em faculdades, escolas, instituições públicas e organizações em geral, abordando a trajetória da mulher desde os primórdios da humanidade até o momento atual, resultando de pesquisa realizada nos últimos trinta anos, culminando com as lições por elas expressadas na comunhão dos seus propósitos, nas quais, ao defenderem suas causas, levavam além das suas reivindicações, outras conduções difusas na defesa dos direitos de todos e todas, ou seja, das crianças, dos idosos, dos excluídos, dos discriminados, e, inclusive, dos próprios homens. Exemplos esses que além da delicadeza, da maternidade, da incansável batalha e da comunhão de interesses, trazem os ensinamentos de que a vida ideal, para quem quer que seja, todos e todas, é pela via da comunhão, parafraseando Paulo Freire: Ninguém se liberta sozinho; ninguém liberta ninguém; o ser humano se liberta em comunhão. © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja mais aqui.

RÁDIO TATARITARITATÁ:
Hoje na Rádio Tataritaritatá é dia de especial com a música do compositor, pianista, musicólogo e pedagogo Amaral Vieira: Recital Piano Tokyo Metropolitan Art Theatre, Songs fromm my heart & Song fo solidarity; da saudosa violonista, cantora e compositora Rosinha de Valença (1941-2004): Ipanema Beat, Um violão em primeiro plano & Ao vivo; & muito mais nos mais de 2 milhões de acessos ao blog & nos 35 Anos de Arte Cidadã. Para conferir é só ligar o som e curtir.

PENSAMENTO DO DIA – [...] Todas as belezas contêm, assim como todos os fenômenos possíveis, algo de eterno e algo de transitório, de absoluto e de particular. A beleza absoluta e eterna inexiste, ou melhor, é apenas uma abstração empobrecida na superfície geral das diferentes belezas. O elemento particular de cada beleza vem das paixões, e como temos nossas paixões particulares, temos nossa beleza particular [...]. Pensamento do escritor, tradutor, crítico de arte e poeta francês, Charles Baudelaire (1821 - 1867), extraído da biografia Baudelarie (LP&M, 2010), de Jean-Baptiste Baronian. Veja mais aqui.

A OBRIGAÇÃO DE SUPORTAR – [...] A rapidez da mudança e a velocidade com que novas situações se criam acompanham o ritmo impetuoso e insensato do Homem, ao invés de acompanhar o passo deliberado da Natureza. A radiação, agora, não é mais apenas a radiação, de plano secundário, das rochas; nem é mais o bombardeio dos raios cósmicos, e menos ainda os raios ultravioletas do Sol, que já existiam antes que houvesse qualquer forma de vida sobre a Terra. A radiação, agora, é criação não-natural (sic) dos malfazeres do Homem como o átomo. As substâncias químicas, em relação às quais a vida é solicitada a efetuar os seus ajustamentos, já não são mais meramente o cálcio, o silício e o cobre, juntamente com todo o resto dos minerais lavados pelas chuvas, e por elas levados para longe das rochas, a caminho dos rios e dos mares; tais substâncias são as criações sintéticas do espírito inventivo do Homem; são substâncias compostas nos laboratórios, e que não têm as contrapartes na Natureza. [...] Entre tais substâncias, figuram muitas que são utilizadas na guerra do Homem contra a Natureza. [...]. Trechos extrados da obra A primavera silenciosa (Melhoramentos, 1962), da bióloga marinha, escritora, cientista e ecologista estadunidense Rachel Carson (1907-1964), trazendo entre tantas subjetividades a reflexão sobre o peso que terá que carregar em torno das ações insustentáveis na transformação do mundo. Veja mais aqui.

O DESERTO DO AMOR - [...] Aquele corpo que estava ali, aquela fonte carnal dos seus sonhos, dos seus devaneios desolados, dos seus deleites, já não suscita nele senão uma curiosidade intensa, uma atenção decuplicada. A doente falava agora sem delirar, mas com abundancia: o doutor admirava-se ao ver que Maria, cuja locução era comumemnte tão sempre as encontrava, se tornasse de súbito quase eloqüente, atingisse sem esforço a expressão mais adequada, o termo erudito. Que mistério pensava ele, esse cérebro a que um choque decuplica o poder! [...]. Trecho extraído da obra O deserto do amor (Delta, 1966), do escritor francês & Prêmio Nobel de 1952, François Mauriac (1885-1970).

TRÊS POEMASO CAMINHANTE – O caminhante, / ao perceber a estrada da verdade, / foi assaltado de admiração. / Estava coberta de grama selvagem. / “Ah! Declarou: / “Vejo que por aqui ninguém passou ; há muito tempo”. / E viu mais tarde que era toda a grama / singular faca. / “Bem”, murmurou por fim consigo mesmo, / “Sem dívida haverá outras estradas”. UM SÁBIO – Veio um dia um sábio a mim/ e disse eu sei o rumo, venha! / Fiquei mais que alegre. / Juntos nos apressamos. / Credo, muito cedo, chegamos / onde os meus olhos eram inúteis. / Eu não sabia o caminho dos meus pés; / Agarrei-me à mão do amigo. / Por fim exclamou: / “Estou perdido”. VI UMHOMEM PERSEGUINDO O HORIZONTE: Vi um homem perseguindo o horizonte. / A toda velocidade rodava e rodava. / Perturbado com isso / aproximei-me do homem. / “É inútil, disse, / não conseguirá”. – “Você mente”, gritou, / e partiu novamente. Poemas do poeta e jornalista estadunidense Stephen Crane (1871-1900).

NAVALHA NA CARNE
(Os dois riem). Zé: Daí, no dia seguinte, fui trabalhar. Cheguei lá, recebi o bilhete azul. Puta sacanagem. Nina: A gente nunca podia imaginar. Zé: Claro que eu ouvia falar que ia ter corte. Mas, pombas! Nunca pensei que ia embarcar nessa canoa furada. Pensei que spo iam chutar os outros. Eu nunca perdia dia de serviço. Trabalha direito. O mestre estava contente comigo. E tinha uma porrada de mau elemento lá. Mas não quiseram nem saber. Mandaram todos pras picas. Nina: Paciência. Zé: O pior é que michou a televisão. Nina: Não vamos morrer por causa disso. Zé: Mas eu queria tanto te dar uma. Nina: Quando você puder, você dá. Zé: Amanhã vou me bater por ai. Tenho que dar uma sorte. Nina: Vai firme que Deus há de ajudar a gente. Zé: Eu só não me entrego porque você sempre acredita. Isso me joga para frente paca. Poxa, Nina, como você é positiva. Você bacana pra chuchu. Nina: Sou tua mulher, Zé. (Zé abraça Nina e luz apaga devagar).
Trecho extraído da peça teatral Navalha na carne (Circulo do Livro, 1978), do escritor, ator, jornalista e dramaturgo Plínio Marcos (1935-1999). Foi transformada em filme em 1997, num drama escrito e dirigido Neville d’Almeida, com destaque para atuação de Vera Fischer. Veja mais aqui.

Veja mais:
O sonho de infância &os dissabores da vida, o teatro de Eurípedes, a música de Diná de Oliveira, a pintura de Mohammed Al-Amar, a arte de Ferenc Gaál, Crônica de Amor por Ela & Todo dia é dia da Mulher aqui.
As mulheres soltam o verbo, o verso & o sexo porque todo dia é dia delas aqui.
William Shakespeare, Émile Zola, Giovani Casanova, Federico Fellini, Emmylou Harris, Hans Christian Andersen, Harriet Hosmer, Max Ernst, Raínha Zenóbia & Os contos de Magreb aqui.
Literatura e História do Teatro aqui.
Pequena história da formação social brasileira, de Manoel Maurício de Albuquerque aqui.
A linguagem na Filosofia de Marilena Chauí aqui.
A poesia de Chico Buarque aqui.
Vigiar e punir de Michel Foucault aqui.
Norberto Bobbio e a teoria da norma jurídica aqui.
Como se faz um processo, de Francesco Carnelutti aqui.
As misérias do processo penal, de Francesco Carnelutti aqui.
Boca no trombone aqui.
Todo homem que maltrata uma mulher não merece jamais qualquer perdão aqui.
Teóphile Gautier, Ricardo Machado, Neurodesenvolvimento & transdisciplinaridade aqui.
James Baldwin, Naná Vasconcelos, Raul Villalba, Wanderlúcia Welerson Sott Meyer, Ronald Augusto, Monique Barcello & Lia Rosatto aqui.
A literatura de Antonio Miranda aqui.
Biziga de amor & Programa Tataritaritatá aqui.
O Teatro da Espontaneidade & Psicodrama aqui.
Walt Withman, Mariza Sorriso, Holística, Psicologia Social & Direito Administrativo aqui.
Todo dia é dia da mulher aqui.
O Trabalho da Mulher aqui.
Saúde da Mulher aqui.

II PRÊMIO LEITOR DESTAQUE FENELON BARRETO
Entrega da premiação à leitora Cíntia Mendes da Silva, contemplada com o Prêmio Leitor Destaque, da Biblioteca Fenelon Barreto.

DOAÇÃO DE LIVROS
Doação de livros do escritor e médico Arlindo Gomes Sá, da Sociedade Brasileira de Médicos Escritores (SOBRAMES), junto com sua esposa Tânia Griz Gomes de Sá, para a Biblioteca Fenelon Barreto, na pessoa do seu diretor João Paulo de Araujo.

sexta-feira, setembro 08, 2017

SHELDRAKE, ALCÂNTARA MACHADO, DVOŘÁK, EDWARD WILSON, PACO DE LUCÍA, BLUMENTAU, FERNANDA ABREU, PAULO JOSÉ DOS SANTOS & BIBLIOTECA FENELON

OS IMPREVISTOS DE CADA COISA – Imagem: arte do fotógrafo estadunidense Ansel Adams (1902-1984). - A cada passo em cada rua ouço os sussurros que evaporam das histórias proibidas de cada lar, misturando as minhas pisadas com seus resmungos, meus pensamentos e suas infâmias, minhas lembranças e seus castigos, minhas divagações e suas dissimulações, choros, arrependimentos, projeções. Em cada uma das casas os seus desfechos e vigências nas corrosivas relações com suas anomalias extraordinárias, invadindo minhas ideias e sinto que só há coisa de sofrer e sonhar, como a que vejo, lar ideal, o pai trabalhador com afinco só pensa em ganhar dinheiro e do muito pro sonho do carro novo, a reforma da casa, a vida boa pra ser o primeiro em todas as vitórias e conquistas e poder na missa domingueira agradecer pelas bênçãos recebidas por ser salvo da miséria e das desgraças da pobreza, às portas do céu enquanto pisa todos que lhe aparecem pela frente durante a semana na sua travessia laboral, pé na goela, língua de fora, sem saber quase nada da família, nem da mulher, nem do filho desmunhecando na esquina pro seu colapso nervoso, nem da filha dando uns tapas no braquearo pra perder a virgindade com o professor que é seu príncipe encantado e pra desastre de sua segunda ponte de safena, sem saber da esposa, mãe zelosa rezadeira noitedia com o terço na mão a pedir de joelhos pros filhos que o pai ignora e ela não sabe o que fazer porque cresceram e se tornaram indomáveis de geração diferente da sua, sem respeitar mais ninguém e o marido só dedicado ao trabalho vai culpá-la por não ter feito a sua parte e a coisa vai ficar feia porque ela sabe que ele já caiu nas graças da secretária que é muito mais nova, é muito mais bonita, é muito mais tudo que ela que ficará na rua da amargura sem saber o que fazer, já que não sabe mais nada, está perdida, sem saber segurar o marido nem cuidar dos filhos, à beira do suicídio, com remédios tantos e dietas exageradas para não engordar e reconquistar o marido que não quer saber dela nem de nada de casa, só do trabalho e vencer na vida, o que será a perda total dela e dos filhos, justo eles, o casal bem sucedido, invejado por todos do bairro, dos familiares, os bem casados, quase trinta anos, eles ainda poderiam ser felizes, mas ela não sabe, nem ele sabe o que se passa, nem seus filhos estão nem aí pro que está acontecendo e tudo está ruindo e precisam ser felizes sem saber como fadados ao mais clamoroso fracasso que não aprendem e um dia acordam estranhos cada qual no seu lugar, saudades um do outro, lembranças de infância e o mundo continua a rodar apesar dos pesares pros que estão vivos e pros que já se foram dessa pra melhor. © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja mais aqui.

RÁDIO TATARITARITATÁ: 24 HORAS NO AR!!!
Hoje na Rádio Tataritaritatá: Romance para piano & violino op.11, Piano Works & The Best do compositor checo Antonín Dvořák (1841-1904); Valsas de Chopin, Concert de Clementi C Major & Concerto p. 17 de Paderewsky com da pianista e compositora polonesa Felicja Blumental (1908-1991); o guitarrista espanhol de flamenco, compositor, produtor e violonista Paco de Lucía (1947-2014) no Festival Jazz Montreux, no Burghausen 2004 e interpretando o Concierto di Aranjuez; e os álbuns Raio X, MTV ao Vivo & Da Lata da cantora, compositora, instrumentista, bailarina e escritora Fernanda Abreu. Para conferir é só ligar o som e curtir.

A DIVERSIDADE DA VIDA – Na bacia amazônica, a maior violência às vezes começa como uma luz vacilante além do horizonte. Lá, na redoma perfeita do céu noturno, sem o menor vestígio de luz produzida por fonte humana, uma tempestade lança seus sinais premonitórios e inicia uma lenta jornada até o observador, que pensa: o mundo está prestes a mudar. [...] alguns tipos de plantas e animais são dominantes, proliferando novas espécies e disseminando-se por extensas regiões do mundo. Outros acabam acuados até se tornarem raros e ameaçados de extinção. existiria uma única fórmula para essas diferenças biogeográficas entre os vários tipos de organismos? Esse processo, devidamente expresso, seria uma lei — ou pelo menos um princípio — de sucessão dinástica na evolução. [...] No meio do caos, algo ao meu lado chamou-me a atenção. Os raios pareciam luzes estroboscópicas iluminando a orla da floresta tropical. a cada intervalo eu podia vislumbrar a sua estrutura estratificada: a abóbada superior a trinta metros do solo, árvores médias espalhadas irregularmente um pouco abaixo e, mais embaixo ainda, uma profusão de arbustos e pequenas árvores. a floresta permaneceu emoldurada por alguns instantes nessa ambiência teatral. sua imagem se tornou surrealista, projetada na selva ilimitada da imaginação humana, lançada de volta no tempo cerca de 10 mil anos. ali nas proximidades eu sabia que morcegos-de-ferradura estavam voando em meio à coroa das árvores em busca de frutos, víboras arborícolas enrolavam-se nas raízes de orquídeas, prontas para dar o bote, jaguares caminhavam pelas margens do rio. em torno deles, oitocentas espécies de árvores, mais do que todas as nativas da América do Norte, e mil espécies de borboletas, 6% de toda a fauna do mundo, aguardavam o amanhecer. [...] Os mistérios ainda insolúveis da floresta pluvial tropical são informes e sedutores. são como ilhas sem nome escondidas nos espaços vazios dos mapas antigos, como formas obscuras vislumbradas ao se descer a parede extrema de um recife até as profundezas abissais. Eles nos instigam e provocam estranhas apreensões. O desconhecido e o prodigioso são drogas para a imaginação científica, despertando uma fome insaciável depois de um único bocado. esperamos de coração que nunca venhamos a descobrir tudo. rezamos para que haja sempre um mundo como esse, em cuja fronteira eu estava sentado na escuridão. A floresta pluvial tropical, com sua riqueza, é um dos últimos repositórios na Terra desse sonho imemorial. [...]. Trechos extraídos da obra Diversidade da vida (Companhia das Letras, 2012), do entomologista e biológico estadunidense Edward Osborne Wilson, renomado cientista reconhecido por seu trabalho nas áreas de ecologia, evolução e sociobiologia.

DAS GALÁXIAS ÀS CÉLULAS: A TEORIA DOS CAMPOS MORFOGENÉTICOS - [...] Os campos morfogenéticos ou campos mórficos são campos que levam informações, não energia, e são utilizáveis através do espaço e do tempo sem perda alguma de intensidade depois de ter sido criado. Eles são campos não físicos que exercem influência sobre sistemas que apresentam algum tipo de organização inerente. […] centrada em como as coisas tomam formas ou padrões de organização. Deste modo cobre a formação das galáxias, átomos, cristais, moléculas, plantas, animais, células, sociedades. Cobre todas as coisas que têm formas e padrões, estruturas ou propriedades auto-organizativas. [...] Todas estas coisas são organizadas por si mesmas. Um átomo não tem que ser criado por algum agente externo, ele se organiza só. Uma molécula e um cristal não são organizados pelos seres humanos peça por peça se não que cristalizam espontaneamente. Os animais crescem espontaneamente. Todas estas coisas são diferentes das máquinas que são artificialmente montadas pelos seres humanos. [...] Esta teoria trata sistemas naturais auto-organizados e a origem das formas. E eu assumo que a causa das formas é a influência de campos organizacionais, campos formativos que eu chamo de campos mórficos. A característica principal é que a forma das sociedades, idéias, cristais e moléculas dependem do modo em que tipos semelhantes foram organizados no passado. Há uma espécie de memória integrada nos campos mórficos de cada coisa organizada. Eu concebo as regularidades da natureza como hábitos mais que por coisas governadas por leis matemáticas eternas que existem de algum modo fora da natureza. [...]. Trechos extraídos da obra Uma nova ciência da vida: a hipótese da causação formativa e os problemas não resolvidos da Biologia (Cultrix, 2014), do biólogo, bioquímico e escritor britânico Rupert Sheldrake.

MANA MARIA – [...] ouvindo os gracejos que dirigiam para a italianinha, para a vagabunda. Ela não ouviu nenhum. E o mais esquisito é que quando mana Maria se aproximava muitas vezes os gracejos dirigidos à italianinha ou à mulatinha cessavam. Por respeito dela, mana Maria. Isso lhe dava um amargor e ao mesmo tempo um orgulho indefiníveis. Era respeitada. Não era desejada. [...] Dobrou a esquina. Ninguém. É bom surpreender assim as ruas desertas no silêncio noturno. De dia a atenção se perde no bonde que passa, na casca de banana, no pregão dos vendedores ambulantes, nuns olhos, num palavrão, num anúncio. A gente vê perto e vê baixo. Das casas só tem importância a vitrina das de comércio, o número das de moradia. De noite, tudo muda. Não há perigo de esbarros, de atropelamentos. A vista se alonga desembaraçada. É possível parar, erguer a cabeça, embasbacar, cismar, examinar, não há respeito humano. E a rua: postes, árvores, jardins. fachadas. Os homens dormem: a rua vela. Ele não saberia exprimir (não era literato, graças a Deus) a sensação gostosa que lhe davam essas voltas a pé para casa noite alta. Mas era evidente que se sentia mais forte, mais homem, o único homem. De dia se anulava na multidão, era ninguém. De noite ganhava outro relevo na sua solidão, uma certeza mais grata de sua realidade. Ouvia os próprios passos, via a própria sombra. Dobrou a esquina. Ninguém. Era como se a rua dissesse: - Pode passar, trânsito livre. Depois na noite vazia, silenciosa, o cheiro dos jardins é mais forte, a feitura das casas mais branda, as calçadas mais largas, as esquinas mais misteriosas. A imaginação tem campo livre. Os homens são prisioneiros das casas, tranca na porta, cadeado no portão. Está reintegrada a rua na posse de si mesma, no gozo de sua liberdade. Tal como é e não como a fazem e sujam os homens, a desfiguram os homens de dia. Deserta a cena, vive o cenário. Através das venezianas no terceiro andar da casa de apartamento se escoa uma luz vermelha. Se ele fosse ver a Zoraide? Quase uma hora. Tarde demais. Dobrou a esquina. Alguém. Ainda distante, na mesma calçada, cambaleando. Embriagado. Melhor atravessar a rua. Detestava bêbados, tinha pavor de bêbados. O vulto colou-se à árvore. Depois se equilibrou na guia do passeio, pesadamente desceu ao leito da rua. Joaquim resolveu não mudar de calçada. Agora o bêbado olhava o céu. Lua cheia. Tirou a palheta. Era o Platão de Castro. Joaquim apressou o passo. [...]. O homem agradeceu (quem pagaria para tratarem o túmulo quando ela morresse?), mana Maria foi andando devagar. Olhou o relógio: 11 horas. Na área principal deu com um enterro que chegava. Atrás do caixão um velho caminhava, o lenço nos olhos, amparado por dois moços também chorosos. O padre com o livro de orações protegia a vista contra o sol forte. Pouca gente. O sino da capela tocou. Mana Maria deu 400 réis para a negra velha. Não costumava dar esmolas não. Mas sentiu que ali devia dar. Estava um pouquinho comovida. No enterro dela não viria ninguém. Era capaz até de faltar gente para carregar o caixão. Morreria num hospital. Para não dar trabalho para ninguém. Foi descendo a Rua da Consolação ao longo do muro do cemitério. Na frente dela duas meninas de sandália carregavam uma cesta de lavadeira. Como um caixão. Uma de cada lado segurando na alça. Apressou o passo, na esquina tomou um táxi. Do automóvel ainda viu as meninas que haviam pousado a cesta na calçada, descansavam alegres. Trechos extraídos da obra Mana Maria (Nova Alexandria, 2002), do escritor Alcântara Machado (1901-1937). Veja mais aqui.

STORYTELLING: HISTÓRIAS PROIBIDAS – O drama-comédia Storytelling (2001), dirigido pelo cineasta Todd Solondz,, é composto de duas partes, a primeira ficção, trata de um grupo de estudantes universitários em uma sala de aula de um professor que se prepara para usar e abusar de suas alunas brancas; a segunda, não-ficção trata de um jovem que abandona tudo na vida para seguir seu sonho e enfrenta o fracasso. Há que se observar que o termo Storytelling é relacionado com uma narrativa e significa  a capacidade de contar histórias relevantes, consistindo num método que utiliza palavras ou recursos audiovisuais para transmitir uma história que pode ser contada de improviso ou polida e trabalhada, sendo muito usado no contexto da aprendizagem e na forma de transmissão de elementos culturais como regras e valores éticos. Veja mais a respeito do filme aqui.

BIBLIOTECA PÚBLICA MUNICIPAL FENELON BARRETO
Corpo funcional da Biblioteca, comandada pelo diretor João Paulo Araújo. Veja a história, missão, ações e eventos aqui.

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RIO UNA
Meu Rio Una, eu já vi,
Teu nome bonito e franco,
Que não vem do homem branco,
Mas vem da língua Tupi
Quem entende o guarani
Sabia te pronunciar
Ficava a te olhar
Dia e noite estava vendo
As tuas águas correndo
Porque não pode parar.
Meu Rio Una nasceu
No agreste capoeira
Pouquinha água ligeira
Correndo no leito seu
Mas contente desceu
Se uniu ao Rio Riachão
Cajazeira Boqueirão
Bravo, Mandrágua, Taquara
E lá águas limpas e claras
Correndo no nosso chão.
Passa por Cachoeirinha
Cachoeira Grande e Altinho,
Ruma pro sul baixinho
Igual canta a andorinha
Banha-se da vizinha
Com sua amizade ingrata
A esquerda recebe o Rio Prata
As direitas o Rio Mentiroso
O seu afeto amoroso
De sua margem sem frata
O Una não banha Catende,
Porém  banha Batateiras
Pouquinha água ligeira
Correndo no nosso chão
No riacho do sertão
Que mearim faz terra da cana
É nossa terra bacana
Correndo no nosso chão
Quando chega em Palmares
Recebe o Rio Verdinho
Recebe o Camevozinho
Que abastece os nossos lares
Indo com vizinho intermediário
Das terras do Mulungu
Tiraram a água do Prata Para Caruaru
E deixaram de ir pra Palmares
Quando chega na Barra do Una
Endireita o seu leito
Fazendo um curso perfeito
Como já é de costume
De observar os cardumes
Do peixe que vai pro mar.
Poema do poeta popular Paulo José dos Santos, autor dos cordéis Por causa da carestia o mundo não presta mais, Nessa era em que estamos, Interpretação de Trombetas, Palmares eu prezo ser seu filho, entre outros. Veja mais aqui.
 

VERA IACONELLI, RITA DOVE, CAMILLA LÄCKBERG & DEMOROU MUITO

    Imagem: Acervo ArtLAM . Ao som dos álbuns Tempo Mínimo (2019), Hoje (2021), Andar com Gil (2023) e Delia Fischer Beyond Bossa (202...