DIÁRIO DO GENOCÍDIO NO FECAMEPA – UMA: SABE
AQUELA... DE ESBORRAR PASSANDO DA CONTA!?! - Gentamiga,
vamos colocar um papo aqui na roda. Seguinte, o Fecamepa evoca uma simplicíssima reflexão: suponhamos que um certo
desgoverno Coisonário, fictício que
seja, aliciasse a todos com rebuço das suas desastrosas paixões obcecadas pelo
poder e suas tempestades emocionais em que a mentira sobrepuja a verdade, o
Estado sobre a Justiça, a guerra e a morte sobre a vida, o ódio sobre o amor e,
disso, assim mesmo, fosse detectada um tanto de intriga, ódio e difamação. Sim,
desse jeito mesmo e nos bastidores armasse de tudo sob sigilo ultrassecreto,
sonegasse informações, escondesse dados, extinguisse conselhos civis, insultasse
a imprensa, os outros poderes e a inteligência da população; enrolasse e levasse
nas coxas as questões atinentes ao desemprego, a pandemia e a crise econômica, dificultasse
a aposentadoria, enfraquecesse o SUS para que a saúde fosse tratada por qualquer
coisa sob manobras e subnotificações; o meio ambiente e todos os ecossistemas passassem
a ser torrados por fogaréu geral, com liberação de agrotóxicos e explosão dos índices
da violência nas áreas rurais e urbanas; privatizasse para atender interesses
das elites em detrimento da população; produzisse doidices polêmicas e
desequilibradas no território familiar, da mulher e dos direitos humanos; provocasse
relações internacionais com protocolos aviltados e desconformes; perdoasse dívidas
do agronegócio e evangélicos, entregasse a Base de Alcântara, fomentasse o fascismo
e práticas totalitárias, interferisse em todo aparelho estatal, propagasse notícias
falsas aos montes, tivesse ligação íntima com as milícias e desenvolvesse uma
gestão para lá de desastrosa que redundasse num sem número de denúncias-crimes
requerendo o impeachment e outras
tantas mais além de tudo, isso no campo da suposição, será que poderia ser real
mesmo ou eu estou ficando doido de ver isso no aqui agora? Sério, em que lugar
do mundo se sustentaria e estaria de pé mandando e desmandando? Acredito que
qualquer um diante disso daria uma de Mary Shelley e, de queixo caído, diria: Contemplei o coitado... o desgraçado monstro que eu havia criado. E, com
certeza seguiria o mote dela, acrescentando como glosa: O mundo precisa de justiça, não de caridade. Então vem sempre aquela
voz me dizer que: o começo é sempre hoje. Com certeza, qualquer desgraça
pouca não é só bobagem, e que nunca é tarde para se faz alguma coisa
concordando imediatamente com Florence Nightingale: É necessária uma certa
dose de estupidez para se fazer um bom soldado. Quanto mais um capitão que
deu baixa em condições de extremo desatino! Será que estou fazendo a leitura
certa da realidade ou estou inventando? Ora, ora, já não passou da hora da
gente cobrar providências mais enérgicas? Sei não, ora, ora. Faço a minha parte
mais que indignado, de luto pelos milhares que já se foram e na luta para tirar
da minha frente situação tão calamitosa. Vamos simbora, gente! Ah, já ia me esquecendo: vem aí as desventuras do Capitão
Cloroquina, o anti-heroi Coisonário, aguardem.
DUAS DO TEATRO EXPERIMENTAL DO NEGRO – Nossa! Vamos pras cenas. Primeiro: que o ator,
escritor, dramaturgo, artista plástico, professor universitário e ativista dos
direitos humanos e civis das populações negras, Abdias do Nascimento (1914-2011), que era militar e foi perseguido,
preso diversas vezes e, inclusive, expulso do exército por sua atuação no
combate à discriminação racial. Segundo: que este autor criou em 1944, o Teatro
Experimental do Negro, promovendo apresentações teatrais, além de convenções e congressos
para debates acerca das questões raciais brasileiras, combatendo o mito da
democracia racial ocorrida nos anos 1960 e, consequentemente, não resistindo
aos embates, o teatro foi extinto por dificuldades financeiras em 1961. O depoimento
acerca de tudo isso está no texto Teatro
Experimental do Negro: trajetórias e reflexões (Estudos Avançados, 2004),
oriundo da peça teatral homônima de 1959, em que ele expressa: Era previsível, aliás, esse destino polêmico
do TEN, numa sociedade que há séculos tentava esconder o sol da verdadeira prática
do racismo e da discriminação racial com a peneira furada do mito da “democracia
racial”. Mesmo os movimentos culturais aparentemente mais abertos e
progressistas, como a Semana de Arte Moderna, de São Paulo, em 1922, sempre
evitaram até mesmo mencionar o tabu das nossas relações raciais entre negros e
brancos, e o fenômeno de uma cultura afro-brasileira à margem da cultura
convencional do país. Por conta disso, se faz necessário mencionar que o autor
possui diversas obras, a exemplo de Race and ethnicity in Latin America - African
culture in Brazilian art (1994); Brazil, mixture or massacre?
essays in the genocide of a Black people (1989); Racial Democracy in
Brazil, Myth or Reality?: A Dossier of Brazilian Racism (1977); O
Quilombismo (Vozes, 1980); O
Genocídio do Negro Brasileiro (Paz e Terra, 1978), entre outros publicados
no Brasil e no exterior, além de filmes que vão desde O homem do Sputnik
(1959), Cinco vezes favela (1962), Cinema de Preto (2005) e de documentários
sobre sua trajetória. Homenagem feita e justa nestes tempos obscuros de
execrável racismo. Veja mais aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui,
aqui, aqui & aqui.
TRÊS DECEPÇÕES EM CIMA DA BUCHA & A
RESILIÊNCIA EM DIA - Imagem do
fotógrafo tcheco Jiří Růžek – Apesar de tudo, nunca esmoreci. Situação aversiva que
fosse, nunca baixei o badalo. Escapava fedendo, arriava aos farrapos e, no
outro dia, pronto para outra e novinho em folha. Isto quer dizer que enverguei
de quase torar de sobrar os farelos, mas depois de ter morrido um tanto de vezes,
ressuscitava. Foram tantas mesmo que perdi a conta, já me acostumei a dormir
entre escombros e acordar como se fosse a primeira vez e nada tivesse
acontecido antes. Nunca esqueci Helen Keller: Nunca se
pode concordar em rastejar, quando se sente ímpeto de voar. Ah,
mas tem os que atrapalham e como tem! Não só jogam do contra, como impedem ou
fazem de tudo para que não se consiga o que quer que seja. E se conseguir, dizem
que botam o olho gordo daquilo se perder, quebrar ou emperrar na hora. O que me
ofereciam de figa, simpatias e protetores curiosos, oxe, meio mundo de tranqueira
para me proteger dos agouros dos maledicentes. Na minha, só me valia dos ditos
daquela escritora britânica Eleanor
Hibbert (1906-1993) com seus trocentos pseudônimos: Realmente acredito que existem algumas
pessoas que odeiam contemplar a felicidade dos outros. Nunca se arrependa. Se
for bom, é maravilhoso. Se for ruim, é experiência. Foi disso que aprendi
a levar tudo como lição. Se não deu, aprendi, mesmo cônscio do fracasso
recorrente. Ora, foi muito aprendizado, enormes aprendizagens. Trocando em
miúdos, vivi plenamente, nada a reclamar. Até mais ver.
A FOTOGRAFIA DE MAÍRA ERLICH
Gosto de enxergar a fotografia como algo muito além de ser só um
registro, a fotografia tem muitas oportunidades de ser algo maior, mais
profundo e transformador para muita gente. Você produzir uma foto que faça uma
pessoa repensar todo o mundo dela eu acho isso um poder incrível.
A arte
da premiada fotógrafa Maíra Erlich. Veja mais aqui & aqui.