TRÍPTICO DGF – AQUELA DA... ENTRE A ESCOLHA
& O ARREPENDIMENTO - Das escolhas as minhas culpas, carrego o
mundo e sem resmungar. Já havia aprendido com Neruda: Você é livre
para fazer suas escolhas, mas é prisioneiro das consequências. No rádio a
barulhada do reporte instando Doro: Candidato,
você compra voto? Sou um liso, faço, viro e mexo, dou nó em pingo d’água! Mas
se tivesse bufunfa, compraria todos os votos e seria o maioral, aí você veria o
que é governar, oxente! E ao votar, o senhor vende seu voto? Só voto em quem
pagar mais! Não dou meu voto de graça, nunca, ora se! (Ploft! Pausa pros nossos
comerciais!). Doro nunca ouviu Kant: Se o homem faz de si mesmo
um verme, ele não deve se queixar quando é pisado. Muito menos Sílvio de Almeida: Não é a politica que transforma homens em corruptos, é
votar em bandidos que torna a politica suja! Sei o que é um voto moral e a praga do voto vendido, porque sempre soube do que dizia Orson Scott Card: Se os porcos
pudessem votar, o homem com o balde de comida seria eleito sempre, não importa
quantos porcos ele já tenha abatido no recinto ao lado. Mas acontece que no Fecamepa tudo é possível, ora! Na dúvida, a descarga.
DUAS: A VERGASTA DO ERRO - Quando soube
de Catarina Helena Abi-Eçab,
lembrei-me de Labibe, aquela mesma
que foi abatida num primeiro de abril & as que são esmagadas no Bom Pastor. Era sessão de estreia do premiado
drama documentário O cárcere e a rua
(2004), da cineasta, cientista política e jornalista Liliana Sulzbach,
que conta a história de presidiárias da Penitenciária Madre Pelletier: Meu interesse não era mostrar a rotina de
uma cadeia feminina, mas a capacidade do ser humano de se adaptar às
adversidades, independentemente da idade. A diretora também dirigiu os
curtas A cidade (2012), A invenção da infância (2000), O branco (2000), Continuidade (1997), O pulso
(1997) e Batalha naval (1992), além
de ter trabalhado na Spiegel TV Alemanha, como autora e diretora de
documentários, e na Hamburger Kino Kompanie/Hamburgo como assistente de direção
e montagem de longas-metragens, entre outras atuações na área. Lembrei mais do
que ouvi de Beauvoir: O presente não
é um passado em potência, ele é o momento da escolha e da ação. Sigo adiante com almãos à obra, pé na estrada.
TRÊS: A REMISSÃO NO AMOR – Imagem: Erato, arte da escultora estadunidense Paige Bradley. - Ah, o amor serenou e brotou em mim como se fora a Flor de lis: a pureza corpalma na comunhão sagrada do Tao. Olvidei de Almodóvar: Existe a necessidade absoluta de se sentir desejado e neste círculo do desejo é muito raro que dois desejos se encontrem e se correspondam o que é uma das grandes tragédias do ser humano. Sim, porque é mutual: eu a amo e ela a mim. O meu desejo acende a gula com a sua sedução amável de Erato e me dá a lira para que o canto seja sempre entoado e todas as canções e poemas sejam meus para ela. E me chega nua coroada de mirto e rosas, a dispensar o arco e se armar do meu sexo para suas façanhas urgentes e prazerosas, a me dar o que de céu é o paraíso na minha vida infernal. Sou-lhe grato e súdito, beijo-lhe os pés, as pernas, coxas e sexo, enquanto sou hinos em seu louvor da música das esferas cosmogônicas, para saborear da vida como quem ama e é amado. Até mais ver.
OFICINA CERÂMICA FRANCISCO BRENNAND
Não interrompam este silêncio, não interrompam este sonho. Ausente das regras: não pinto como um bom pintor; nem como um pintor antigo, nem como pintor moderno. Não pinto também como um mau pintor, seja ele um louco que pinta, ou um pintor enlouquecido. Nada disso: não pinto mal nem bem, pinto às vezes como Francisco Brennand.
Trecho extraído
da obra Oficina cerâmica Francisco
Brennand (AIP-Perfis Pernambucanos, 1997), da jornalista, historiadora,
professora e escritora, Marilourdes Ferraz, tratando sobre a vida e a obra do artista, escultor e ceramista Francisco Brennand (1927-2019), autor
da Oficina Cerâmica e do Parque das Esculturas, observando-se na obra o
guerreiro, as peculiaridades de mestre em cerâmica, o diário de um artista
quando jovem, o mestre dos sonhos, depoimentos e fotografias. Veja mais aqui,
aqui, aqui e aqui.